Buscar

POLÍTICA URBANA E AMBIENTAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

POLÍTICA URBANA 
E AMBIENTAL
Autora: Rosane Biasotto
Dados Pessoais
Nome: _________________________________________________________
Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________
Endereço: _____________________________________________________
Cidade: _____________________________________ UF: _______________
CEP: ________________ Telefone: _________________________________
E-mail: ________________________________________________________
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI 
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro 
Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 
INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-
9090 - www.uniasselvipos.com.br
Programa de Pós-Graduação EAD
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Prof. Henrique Gaspar Barandier 
 Revisão Gramatical: Profa. Marli Helena Faust
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
350
B579p Biasatto, Rosane
 Política urbana e ambiental / Rosane Biasatto. 
 Indaial : Uniasselvi, 2012. 
 126 p. : il 
 
 
 ISBN 978-85-7830-622-9
 1. Administração pública; 2. Política.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, 
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência 
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz 
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de 
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. 
A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos 
servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar 
condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de 
controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. 
Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este 
modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, 
da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos 
adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do 
IBAM com a UNIASSELVI. 
Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais 
que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação 
para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais 
do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação 
da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca 
pelo desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como 
docentes universitários.
A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, 
aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para 
o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para 
enriquecer o cenário que se quer alcançar. 
O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada 
de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; 
e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a 
articular-se com ele como cidadãos.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto 
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância
Grupo UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Rosane Biasotto
Arquiteta e urbanista, doutoranda em 
Planejamento Urbano e Regional - IPPUR/
UFRJ. Mestre em Geografia Urbana - GEO/UFRJ. 
Atualmente coordena o programa de assessoria 
aos Planos Locais de Habitação de Interesse 
Social, na Fundação Bento Rubião. Entre 2001 e 
2010 atuou como coordenadora técnica do Instituto 
Brasileiro de Administração Municipal - IBAM na Área 
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – DUMA 
e professora de Escola Nacional de Serviços Urbanos – 
ENSUR/IBAM. Experiência profissional em planejamento 
urbano e regulamentação de instrumentos de política 
urbana, tendo participado, desde 1992, de estudos e 
pesquisas urbanas e elaboração de planos diretores e 
legislação urbanística. Professora visitante da Faculdade 
de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de 
Urbanismo – FAU/DPUR no período de 2003 e 2004. 
Foi assessora técnica do Gabinete da Secretaria 
Municipal de Urbanismo da Prefeitura da Cidade 
do Rio de Janeiro entre 1999 e 2001. 
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
o município na organização do TerriTório ..................................9
CAPÍTULO 2
inTegração daS políTicaS SeToriaiS no TerriTório 
e o direiTo à cidade .................................................................. 33
CAPÍTULO 3
o eSTaTuTo da cidade e o plano direTor ................................. 57
CAPÍTULO 4
inSTrumenToS TradicionaiS de conTrole do uSo e 
ocupação do Solo urbano ...................................................... 85
CAPÍTULO 5
incluSão TerriTorial e aceSSo à moradia adequada ............... 109
7
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
A política urbana no Brasil, desde a década de 80, vem passando por intensas 
mudanças no seu marco normativo. Essas mudanças nem sempre resultam 
em transformações de curto prazo nos processos de produção e reprodução 
social das cidades, porém são referências importantes para a indução de um 
desenvolvimento urbano sustentável. 
Para acompanhar essas mudanças é preciso conhecer e compreender o 
papel do poder público municipal no planejamento e gestão das cidades, desde 
a promulgação da Constituição Federal de 1998 e a aprovação do Estatuto da 
Cidade em 2001.
O curso propicia uma visão atualizada sobre os temas centrais do 
planejamento e a gestão do solo urbano no Brasil, organizando de maneira 
didática as normas que orientam a política urbana e buscando facilitar futuras 
pesquisas e aprofundamentos que sejam de interesse do aluno.
A pesquisa sistemática sobre os processos de reprodução das cidades e o 
acompanhamento do debate nacional em torno do marco normativo da política 
urbana são atividades permanentes para aqueles que pretendem atuar no campo 
do planejamento e gestão urbana. 
Destacam-se as interfaces que existem entre o planejamento urbano e as 
políticas públicas setoriais, especialmente de saneamento ambiental, preservação 
ambiental, cultural e histórica e a mobilidade urbana e o transporte. A integração 
das políticas setoriais é enfatizada a partir de conceitos e noções básicas que estão 
articulados sob a ótica do “Direito à Cidade”, considerando, simultaneamente, as 
dimensões ambiental, social, cultural e econômica. 
A integração das políticas setoriais no território, portanto, pressupõe 
um processo contínuo de planejamento e gestão das cidades que propicie o 
aperfeiçoamento de mecanismos de articulação entre as ações nos três níveis de 
governo (Federal, Estadual e Municipal).
A expectativa em relação ao desenvolvimento urbano sustentável no país 
concentra-se na possibilidade de garantir a promoção do acesso à terra e à 
moradia adequada. 
O plano diretor é um instrumento privilegiado tanto para induzir a ocupação 
8
de áreas vazias ou subutilizadas como para orientar a captura e a redistribuição 
da valorizaçãofundiária gerada por investimentos públicos e promover a 
regularização fundiária e a reserva de terras urbanas para a habitação de 
interesse social. 
A renovação das práticas de planejamento e gestão em prol de cidades 
menos desiguais exige que os agentes municipais atuem de maneira mais 
proativa na condução do crescimento e da expansão das cidades. 
O desafio, portanto, é dar concretude às diretrizes do Estatuto da Cidade por 
meio de práticas de gestão renovadas. Entre as questões de maior importância no 
debate sobre a política urbana destaca-se a promoção e garantia da função social 
da propriedade e das diretrizes do Estatuto da Cidade que visam à ampliação do 
acesso à terra urbanizada, sobretudo para as populações socialmente vulneráveis. 
Observa-se que a eficácia e a eficiência dos instrumentos de planejamento e 
gestão do solo urbano, embora orientados por um conjunto expressivo de normas 
federais, dependem fortemente da capacidade dos Municípios de atuarem na 
indução do desenvolvimento urbano. 
Os instrumentos tradicionais de controle de uso e ocupação do solo urbano 
e os novos instrumentos do Estatuto da Cidade são interdependentes e precisam 
estar associados de maneira coerente para que possam produzir os efeitos 
desejados. Não há uma maneira única de regulamentar os instrumentos da 
política urbana, pois dependem das condições políticas, institucionais e culturais 
locais e regionais. 
O sucesso de uma política urbana voltada para a promoção da inclusão 
territorial e do acesso à terra urbanizada e bem localizada para todos envolve os 
diferentes agentes sociais que atuam na reprodução das cidades.
A autora.
CAPÍTULO 1
o município na organização 
do TerriTório 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Compreender o papel do poder público municipal no planejamento e gestão 
das cidades no período demarcado pela Constituição Federal de 1998 e a 
aprovação do Estatuto da Cidade. 
 3 Compor um panorama recente da legislação federal que fundamenta o 
planejamento e a gestão do solo urbano. 
11
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
conTexTualização
A compreensão do papel do Município após a promulgação da Constituição 
Federal em 1988 (CF/88) e a aprovação da Lei Federal nº 10.257, de 2001, 
denominada Estatuto da Cidade, é essencial para iniciarmos o estudo sobre a 
política urbana no Brasil. 
A Constituição Federal de 1988 representa um marco histórico na 
reconstrução da democracia brasileira e no fortalecimento da autonomia 
Municipal, sobretudo na política urbana fundamentada pelos princípios da função 
social da cidade e da propriedade. 
O Estatuto da Cidade, baseado nesses princípios constitucionais, estabelece 
as diretrizes e cria os instrumentos que visam na sua origem à promoção do “Direito 
à Cidade” e do “Direito à Moradia Digna” como estratégias de enfrentamento 
das desigualdades sociais e territoriais que caracterizam as cidades brasileiras 
contemporâneas. 
evolução daS cidadeS e doS marcoS 
normaTivoS da políTica urbana
Embora o planejamento e o controle do uso do solo urbano, tradicionalmente, 
tenham sido atribuições dos Municípios Brasileiros, é com a CF/88 e com o 
Estatuto da Cidade que esse papel é reforçado.
É a primeira vez no Brasil que uma constituição traz um capítulo específico 
sobre a Política Urbana (artigos 182 e 183), resultado de um movimento nacional 
pela “Reforma Urbana” que ganha expressão com a abertura política do país.
A formação do “Movimento Nacional de Reforma Urbana” envolveu 
movimentos sociais existentes na época e diversos atores sociais ligados aos 
sindicatos, às ONGs e às organizações acadêmicas, dentre outras entidades 
atuantes no campo da política urbana. 
O debate em torno da reforma urbana cresce diante dos problemas urbanos 
que se intensificaram no país a partir da década de 70. Nesse período, ganharam 
expressão as reivindicações sociais e as propostas de soluções que apontam 
para a construção de um novo marco normativo da política urbana que visa a 
reverter o padrão de desigualdades sociais que estão na raiz da urbanização das 
cidades brasileiras. 
12
 Política Urbana e Ambiental
A urbanização no Brasil se intensificara na década de 30, como 
uma das faces do processo de industrialização. Nas décadas de 40 e 
50, as taxas de crescimento da população urbana atingiram seus níveis 
mais elevados e, na década de 60, a população urbana ultrapassou 
os 50% de habitantes do país. Essa urbanização acelerada que 
acompanha a industrialização, em determinadas regiões do país, 
sobretudo na região sudeste, gerou uma rede urbana complexa. 
De acordo com o censo demográfico de 2010, realizado pelo 
IBGE, a população residente do país está distribuída em 27 Unidades 
da Federação e 5.565 Municípios. 
Tabela 1 - Evolução do número de municípios por região do país
Evolução do número de Municípios por região do país (de 1960 a 2010)
1960 1970 1980 1991 2000 2010
Brasil 2.766 3.952 3.991 4.491 5.507 5.565
Região Norte 153 195 203 298 449 449
Região Nordeste 903 1.376 1.375 1.509 1.787 1.794
Região Sudeste 1.085 1.410 1.410 1.432 1.666 1.668
Região Sul 414 717 719 873 1.159 1.188
Região Centro-Oeste 211 254 284 379 446 466
 Fonte: Sinopse do número de Municípios, censo do IBGE 2010
Tabela 2 - Distribuição da população e percentual por região do país, em 2010
Grandes Regiões do país 2010 %
BRASIL 190.755.799 100
Região Sudeste 80.364.410 42,13
Região Nordeste 53.081.950 27,83
Região Sul 27.386.891 14,36
Região Norte 15.864.454 8,32
Região Centro-Oeste 14.058.094 7,37
Fonte: Sinopse do número de Municípios, censo do IBGE 2010
A formação dessa distribuição da população no país e concentração nas 
grandes cidades da região sudeste (42% da população do país), entretanto, não 
se deu de maneira planejada e não foi acompanhada de infraestrutura adequada 
nas áreas urbanas que atraíram as populações que se deslocavam das áreas 
rurais em busca de novas oportunidades de trabalho. O resultado são cidades 
desiguais: tanto pela deficiência do saneamento básico como pela insuficiência 
dos serviços de transportes que afetam, especialmente, as periferias dos 
grandes centros, onde predomina o número de moradias em assentamentos 
urbanos precários. 
A urbanização 
no Brasil se 
intensificara na 
década de 30, 
como uma das 
faces do processo 
de industrialização. 
Nas décadas de 
40 e 50, as taxas 
de crescimento da 
população urbana 
atingiram seus 
níveis mais elevados 
e, na década de 60, 
a população urbana 
ultrapassou os 50% 
de habitantes 
do país.
13
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
A precariedade dos assentamentos urbanos evidencia-se pela infraestrutura 
inadequada, irregularidade urbanística e fundiária e carência de equipamentos 
sociais e urbanos (escolas, creches, postos de saúde, hospitais, praças, etc.) 
para o atendimento das demandas da população urbana, especialmente das 
populações mais pobres. 
Observa-se que o alto grau de irregularidade urbanística e fundiária dos 
assentamentos precários que estão nas periferias urbanas não é um fenômeno 
que ocorre apenas no Brasil, mas atinge a maioria das cidades da América Latina. 
A tabela 3, a seguir, sobre a evolução da população brasileira por situação de 
domicílio rural e urbano, segundo os censos demográficos do IBGE, demonstra 
que em 2010 cerca de 84% da população moram nas cidades.
Tabela 3 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio
Ano
Situação do domicílio
Total População urbana em relação à População Total Urbana Rural
1940 41.236.315 31% 12.880.182 28.356.133
1950 51.944.397 36% 18.782.891 33.161.506
1960 70.992.343 45% 32.004.817 38.987.526
1970 94.508.583 56% 52.904.744 41.603.839
1980 121.150.573 68% 82.013.375 39.137.198
1991 146.917.459 75% 110.875.826 36.041.633
2000 169.590.693 81% 137.755.550 31.835.143
2010 190.755.799 84% 160.925.79229.830.007
Fonte: Tabela 1288 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio, IBGE
Para saber mais sobre os resultados dos censos demográficos, 
visite o site www.ibge.gov.br.
FaSeS da políTica urbana
É possível compreender a evolução dos marcos normativos da política 
urbana que orientam a ação dos Municípios no planejamento e gestão urbana 
demarcando três fases:
http://WWW.ibge.gov.br
14
 Política Urbana e Ambiental
Quadro 1 – Fases da política urbana
Fase I: Pré-Constituinte
Tem início no final da década 70, marcado pelos debates em 
torno do crescimento “desordenado”, sobretudo das grandes ci-
dades, e início dos anos 80, com o processo de abertura política, 
até a promulgação da CF/88.
Fase II
Pré-Estatuto 
Da Cidade
Começa com a promulgação da CF/88 e vai até 2001, com a 
aprovação do Estatuto da Cidade. As cidades com mais de 20 mil 
habitantes começam a elaborar seus planos diretores, baseados 
nos princípios constitucionais da função social da cidade e da 
propriedade urbana. 
Fase III
Pós-Estatuto da 
Cidade
Tem início em 2001 e se estende até os dias atuais, com a 
reconstrução da política habitacional do país. Novos planos 
diretores são elaborados, iniciando-se uma fase de retomada do 
debate sobre os desafios do planejamento e gestão das cidades. 
Fonte: A autora.
Vejamos alguns aspectos relevantes que caracterizam as 
três fases, relacionando essas fases com o conjunto respectivo de 
normas federais.
a) Fase I: Pré-Constituinte
Nesse período, o principal marco normativo da política urbana, 
em escala nacional, é a Lei Federal de Parcelamento do Solo Urbano, 
ainda vigente. Essa norma nacional estabelece condições para a expansão das 
cidades que buscavam resguardar espaços públicos de circulação, áreas para 
usos institucionais e de lazer, e a garantia de infraestrutura urbana necessária 
à qualidade de vida das cidades. A aprovação da Lei de Parcelamento do Solo 
Urbano, em 1979, entretanto, não foi suficiente para conter o crescimento e o 
adensamento desordenado das cidades.
Os Municípios, nessa época, além de contar com a Lei de Parcelamento 
do Solo Urbano, buscavam controlar a dinâmica de crescimento das cidades 
por meio de leis municipais que classificavam de maneira muito simples os 
usos urbanos, sem ter instrumentos capazes de interferir nos processos de 
especulação imobiliária e retenção de imóveis vazios em áreas infraestruturadas, 
que já estavam em discussão nos meios técnicos e acadêmicos.
Na Fase Pré-
Constituinte o 
principal marco 
normativo da 
política urbana, em 
escala nacional, foi 
a Lei Federal de 
Parcelamento do 
Solo Urbano.
15
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
Quadro 2 - Fase I: Pré-Constituinte
Fase I: Pré-Constituinte
Ano Lei Federal Conteúdo básico
1979
Lei Federal n° 6766/79, de 
19/12/1979
Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá 
outras providências.
1983 Projeto de Lei Federal n° 775/83 
Anteprojeto da Lei Federal do Desenvolvimento 
Urbano, que inclui entre suas propostas vários ins-
trumentos que iriam estabelecer um maior controle 
sobre a terra urbana.
Fonte: A autora.
Para saber mais sobre o parcelamento do solo urbano, consulte o 
Capítulo 3 da Lei Federal n° 6766/79, de 19 de dezembro de 1979.
b) Fase II: Pós-Constituinte 
Após a CF/88 esse cenário muda com a inclusão do capítulo 
específico sobre a política urbana, fruto da mobilização nacional em torno 
dos problemas urbanos e ambientais emergentes, sobretudo nas grandes 
cidades. Nessa fase pós-constituinte, muitos Municípios começam a 
elaborar planos diretores aprovados por leis municipais, que buscam criar 
novos instrumentos de indução do desenvolvimento urbano. 
Esses planos diretores elaborados na década de 90, da fase pós-
constituinte, incorporam instrumentos previstos no Anteprojeto de Lei 
de 1983, que não chegou a ser aprovado. Dentre os instrumentos que 
estavam na agenda do debate da política urbana no início da década 
de 80, um é incorporado ao art. 183 do Capítulo da Política Urbana, 
na CF/88, o que trata da obrigação de uso de imóveis subutilizados, sob pena 
de aumento do valor do IPTU.
Outros instrumentos discutidos nas décadas anteriores e inspirados em 
experiências internacionais e nacionais foram também incorporados aos Planos 
Diretores elaborados na fase pós-constituição, tais como: solo criado (utilizado 
Na Fase Pós-
Constituição 
destacam-se 
a obrigação 
de elaborar 
Planos Diretores 
Municipais e 
a discussão 
nacional para a 
regulamentação de 
novos instrumentos 
da política urbana.
16
 Política Urbana e Ambiental
na França) e as zonas de especial interesse social (aplicados, originalmente, em 
Belo Horizonte e Recife) para a regularização urbanística e fundiária de favelas e 
assentamentos precários. 
O solo criado é instrumento inspirado na experiência francesa e foi 
incorporado no Brasil para controlar os processos de valorização do solo urbano e 
capturar parte dessa valorização para o benefício da coletividade. 
Nesse período, houve também, no Brasil, a primeira revisão da Lei Federal 
de Parcelamento do Solo Urbano, em 1999, e a Emenda Constitucional n° 26, de 
2000, que incluiu o Direito à Moradia entre os direitos sociais definidos no artigo 
6° da Constituição. 
Foi uma fase de muita inovação no planejamento urbano do Brasil e de 
muita crítica aos instrumentos urbanísticos tradicionais, entretanto, é uma fase 
de muita controvérsia em torno da legitimidade política e jurídica desses novos 
instrumentos, já que a Constituição não havia sido devidamente regulamentada. 
Iniciou-se então uma mobilização nacional para que houvesse a 
regulamentação dos artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988. Assim 
começou a ser construído o Estatuto da Cidade, Lei Federal aprovada em 2001, 
13 anos depois da promulgação da CF/88. 
O quadro a seguir apresenta as principais normas referentes a essa 
segunda fase.
Quadro 3 – Normas referentes à segunda fase: Pós-Constituinte
Fase II: Pós-Constituinte 
Ano Lei Federal Conteúdo básico
1988
Constituição Federal do 
Brasil, promulgada em 
05/10/1988
Estabelece a autonomia Municipal e orienta a política urbana 
no Título V, Capítulo II, artigos 182 e 183.
1999
Lei Federal n° 9.785/99, 
de 29/01/1999 
Altera o Decreto-Lei nº 3.365, de 21/06/1941 (desapropria-
ção por utilidade pública) e as Leis nº 6.015, de 31/12/1973 
(registros públicos) e nº 6.766, de 19/12/1979 (parcelamento 
do solo urbano).
2000
Emenda Constitucional 
n° 26, de 14/02/2000
Altera o artigo 6° da Constituição, incluindo, entre os direitos 
sociais, o Direito à Moradia. 
Fonte: A autora.
17
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
Sobre a evolução dos marcos normativos da política urbana veja 
também “O Estatuto da Cidade: comentado” = The City Statute of 
Brazil: a commentary / organizadores: Celso Santos Carvalho, Ana 
Claudia Rossbach. – São Paulo: Ministério das Cidades: Aliança das 
Cidades, 2010. 
http://www.citiesalliance.org/ca/node/1948
c) Fase III: Pós-Estatuto da Cidade
A aprovação do Estatuto da Cidade é o principal marco da política 
urbana no Brasil depois da CF/88. Estabelece um conjunto de diretrizes 
da política urbana e orienta os Municípios para a elaboração de seus 
planos diretores e a regulamentação dos instrumentos da política urbana, 
conforme os princípios da função social da cidade e da função social da 
propriedade urbana. 
No quadro a seguir, ficam demonstrados os principais avanços após 
2001, com significativa renovação do marco jurídico nacional. Além do 
Estatuto da Cidade, destacam-se também nesse período: a criação do 
Ministério das Cidades, a institucionalização do sistema de Conferências 
Nacionais das Cidades, ambos em 2003, e a criação, em 2005, do 
Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS, composto por um 
Fundo e um Conselho específicos.
O Estatuto da 
Cidade estabelece 
um conjunto 
de diretrizese 
princípios da 
política urbana 
e orienta os 
Municípios para a 
elaboração de seus 
planos diretores e a 
regulamentação de 
instrumentos.
18
 Política Urbana e Ambiental
Quadro 4 – Fase III: Pós-Estatuto da Cidade
 FASE III: Pós-Estatuto da Cidade
Ano Lei Federal Conteúdo básico
2001
Lei Federal n°10.257, de 
10/07/2001
Estatuto da Cidade
Regulamenta os art.182 e art.183 da C F/88, estabe-
lece diretrizes gerais da política urbana e dá outras 
providências.
Medida Provisória n°2.220, 
de 04/09/2001
Dispõe sobre a concessão de uso especial de que trata 
o § 1º do art. 183 da CF/88, cria o Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Urbano - CNDU e dá outras 
providências.
2003
A Medida Provisória nº103 de 
01/01/2003, art. 31, conver-
tida na Lei nº 10.683/03 de 
28/05/2003
Transforma a Secretaria Especial de Desenvolvimento 
Urbano - SEDU, em Ministério das Cidades. Transfere 
o Conselho Nacional de Trânsito e o Departamento 
Nacional de Trânsito do Ministério da Justiça, e o Con-
selho Nacional de Desenvolvimento Urbano da Presi-
dência da República, alterando sua denominação para 
Conselho das Cidades. Cria o cargo de Ministro de 
Estado das Cidades. O Decreto nº 4665 de 03/04/2003 
aprova a estrutura regimental desse Ministério.
2005
Lei Federal n° 11.124, de 
16/06/2005
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de 
Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de 
Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o 
Conselho Gestor do FNHIS.
2006
Decreto Federal n° 5.796, de 
06/06/2006
Regulamenta a Lei nº 11.124, de 16/06/2005, que 
dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de 
Interesse Social - SNHIS, cria o Fundo Nacional de 
Habitação de Interesse Social - FNHIS e institui o 
Conselho Gestor do FNHIS.
2007
Lei Federal n°11.445, de 
05/01/2007
Lei de Saneamento
Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento 
básico; altera as Leis nº 6.766, de 19/12/1979, 
nº 8.036, de 11/05/1990, nº8.666, de 21/06/1993, 
nº8.987, de 13/02/1995; revoga a Lei nº 6.528, de 
11/05/1978; e dá outras providências.
19
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
 FASE III: Pós-Estatuto da Cidade
Ano Lei Federal Conteúdo básico
2008
Lei Federal n° 11.188, de 
24/12/2008
Assegura às famílias de baixa renda assistência técni-
ca pública e gratuita para o projeto e a construção de 
habitação de interesse social e altera a Lei nº 11.124, 
de 16/06/2005.
2009
Lei Federal nº 11.977, de 
7/07/2009
Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – 
PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos 
localizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei nº 
3.365, de 21/06/1941, as Leis nº 4.380, de 21/08/1964, 
nº 6.015, de 31/12/1973, nº 8.036, de 11/05/1990, e nº 
10.257, de 10/07/2001, e a Medida Provisória nº 2.197-
43, de 24/08/2001; e dá outras providências.
2011 Lei nº 12.424, de 16/06/2011
Altera a Lei nº 11.977, de 7/07/2009, que dispõe sobre 
o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a 
regularização fundiária de assentamentos localizados 
em áreas urbanas, as Leis nº 10.188, de 12/02/2001, 
nº 6.015, de 31/12/1973, nº 6.766, de 19/12/1979, nº 
4.591, de 16/12/1964, nº 8.212, de 24/07/1991, e nº 
10.406, de 10/01/2002 - Código Civil; revoga dispositi-
vos da Medida Provisória nº 2.197-43, de 24/08/2001; e 
dá outras providências.
Fonte: Sítio da Presidência da República Federativa do Brasil, 2011. 
Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-por-assunto/
cidades-imoveis-e-habitacao-teste#content>. Acesso em: 16 dez. 201.
A seleção desse conjunto de normas federais que orientam a política urbana 
e têm impacto direto sobre a organização do território não constitui as únicas 
regras que devem ser seguidas pelos Municípios. Outras matérias de interesse 
local são regidas por outros conjuntos de normas, porém nos quadros anteriores 
apresentamos aquelas que exercem maior influência sobre os conteúdos tratados 
na legislação urbanística dos municípios brasileiros.
Como as normas federais tratam de assuntos gerais, ou seja, regras comuns, 
cabe aos Municípios estabelecer os critérios e os parâmetros mais adequados ao 
seu contexto e às suas singularidades locais. 
A história não é linear, menos ainda a dinâmica de reprodução das cidades. 
Mas, para sistematizar alguns aspectos sobre a renovação dos instrumentos de 
planejamento e gestão das cidades, optamos por destacar essas três fases. 
20
 Política Urbana e Ambiental
Quadro 5 - Sistematizar de alguns aspectos sobre os 
instrumentos de planejamento e gestão das cidades
FASE I – 
Pré-constituinte
• Da fase I temos como norma nacional para planejar a 
expansão das cidades a Lei Federal de Parcelamento do 
Solo Urbano, ainda em vigor (Lei Federal n°6766/79).
FASE II – 
Pós-Constituição 
de 1988
• Continua vigente a Lei Federal de Parcelamento do Solo 
Urbano (Lei Federal n°6766/79, acrescida da nova redação 
dada pela Lei Federal n° 9.785/99). 
• No CF/88 o Capítulo II, art.182 e art.183, define como 
princípio da política urbana a função social da cidade e da 
propriedade urbana. 
• Nessa Constituição estão definidos nossos direitos e 
deveres, atribuições e competências dos Municípios na 
execução da política urbana.
FASE III – 
Pós-Estatuto da 
Cidade
• Lei Federal de Parcelamento do Solo Urbano, ainda em 
vigor (Lei Federal n°6766/79) e nova redação dada pela Lei 
Federal n° 9.785/99, de 29/01/1999.
• O Capítulo II (artigos 182 e 183) da Constituição Federal de 
1988.
• Aprovação do Estatuto da Cidade: diretrizes da política 
urbana e instrumentos que podem ser utilizados pelos 
Municípios, de acordo com suas especificidades e 
singularidades locais.
• Nesta fase são aprovadas normas federais que orientam a 
política habitacional e de saneamento. Essas normas têm 
forte influência sobre a organização do território, portanto, 
sobre o planejamento e a gestão do solo urbano.
• A gestão democrática das cidades também é foco de uma 
série de normas federais que estabelecem, nesta fase, 
novos canais de participação e controle social sobre a 
implementação da política urbana.
Fonte: A autora.
21
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
Fi
gu
ra
 1
 - 
Fa
se
s 
da
 P
ol
íti
ca
 U
rb
an
a
Fo
nt
e:
 A
 a
ut
or
a.
22
 Política Urbana e Ambiental
Você pode e deve recorrer às referências legais apresentadas neste capítulo, 
assim como recorrer a outras referências, sempre que for preciso. O planejamento 
urbano é uma atividade que nos remete permanentemente à consulta de 
normas federais. Nunca esgotamos as possibilidades de encontrar uma nova 
interpretação ou uma lei que seja pertinente às questões urbanas. Muitas vezes, 
para tratar de assuntos específicos alguns detalhes das normas em vigor são 
irrelevantes, mas para outras abordagens tornam-se essenciais. As leis em si 
mesmas não são capazes de resolver os problemas urbanos sem que haja uma 
gestão urbana orientada para a promoção de cidades socialmente mais justas. 
Por isso, após a aprovação do Estatuto da Cidade, há um reforço sobre a criação 
de mecanismos de participação e controle social no processo de implementação 
da política urbana.
Atividade de Estudos: 
1) Em que fase (I, II e III) foram criadas normas federais que têm forte 
influência sobre o planejamento e a gestão do solo urbano?
Indique qual o principal marco normativo que fundamenta os 
princípios para a atuação do Município na política Urbana.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ____________________________________________________________________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
23
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
o que diz a conSTiTuição Federal de 
1988 Sobre auTonomia municipal
A Constituição Federal, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, é um 
marco definitivo para a superação da ditadura militar, consolidando um novo 
regime político democrático. A autonomia Municipal (política, administrativa, 
financeira, legislativa) está fundamentada no artigo 29 da CF/88.
Entre as competências e atribuições do Município, destaca-se o seu papel 
exclusivo na regulação do uso e ocupação do solo urbano. Isso quer dizer, na 
prática, que a definição do que pode ser construído nas cidades e as atividades 
que podem ser instaladas nas áreas urbanas devem atender aos dispositivos 
legais municipais.
Compete aos Municípios, de acordo com o artigo 30, da CF/88:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, 
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da 
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes 
nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a 
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, os serviços públicos de 
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que 
tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da 
União e do Estado, programas de educação infantil e 
de ensino fundamental (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006);
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da 
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento 
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural 
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora 
federal e estadual. 
O Município, assumindo a condução das questões de interesse local, incorpora 
atribuições que têm forte influência sobre a reprodução do território, conforme 
o artigo 30. Outros dispositivos reforçam ainda mais a autonomia Municipal na 
CF/88 que por esse motivo foi apelidada de “constituição municipalista”. 
24
 Política Urbana e Ambiental
Para saber mais sobre as atribuições e competências do 
Município, leia o “Manual do Prefeito”. Coord. técnica Marcos Flávio 
R. Gonçalves. – 13 ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: IBAM, 
2009.
A descentralização administrativa e política a partir do fortalecimento da 
autonomia municipal que se consolidou com a CF/88, segundo Maricato (2010, 
p. 06):
[...] se deu como reação à centralização autoritária da política 
urbana exercida pelo governo ditatorial no período anterior, 
entre 1964 e 1985. Com base nas diretrizes federais sobre 
o desenvolvimento urbano e sobre a propriedade privada da 
terra e imóveis, o planejamento e a gestão urbana, bem como 
a resolução de grande parte dos conflitos fundiários, foram 
remetidos para a esfera municipal. 
a Função Social da cidade e a Função 
Social da propriedade urbana
A função social da cidade e a função social da propriedade urbana são 
princípios que devem fundamentar o plano diretor, definido como o instrumento 
básico da política urbana, de acordo com o artigo 182 da CF/88. 
A elaboração do plano diretor é uma atribuição do poder público local e deve 
ser aprovado por lei municipal. Destaca-se que a propriedade urbana cumpre 
sua função social “quando atende às exigências fundamentais de ordenação da 
cidade expressas no Plano Diretor”. (CF/88, § 2º, art. 182).
Segundo Maricato (2010, p. 07):
Em que pese a abordagem holística composta por diferentes 
aspectos, o tema central do EC é a função social da 
propriedade. Em síntese, a lei pretende definir como regular 
a propriedade urbana de modo que os negócios que a 
envolvem não constituam obstáculo ao direito à moradia para 
a maior parte da população, visando, com isso, combater 
a segregação, a exclusão territorial, a cidade desumana, 
desigual e ambientalmente predatória. O EC trata, portanto 
de uma utopia universal: o controle da propriedade fundiária 
No art. 182 da 
CF/88 está definido 
o plano diretor como 
o instrumento básico 
da política urbana 
e obrigatório para 
cidades com mais 
de 20 mil habitantes.
25
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
urbana e a gestão democrática das cidades para que todos 
tenham o direito à moradia e à cidade.
A ideia que está por trás desses dispositivos é a de proporcionar uma atuação 
mais eficaz na regulação do solo urbano, com maior controle sobre o preço da 
terra e, desse modo, maior capacidade de recuperar para a coletividade parte 
dos investimentos públicos que, historicamente, são apropriados, privadamente, 
atendendo exclusivamente aos interesses individuais. 
A Política de Desenvolvimento Urbano executada pelo Poder Público 
Municipal tem por objetivo “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais 
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes” (CF/88, art.182). O Plano 
Diretor é definido como o instrumento básico da política de desenvolvimento e 
de expansão urbana, sendo obrigatório para cidades que possuam mais de 20 
mil habitantes.
Para enfrentar a especulação imobiliária observada nas cidades que 
cresceram e se expandiram em direção às periferias, deixando importantes vazios 
dotados de infraestrutura e, portanto, aptos a receber moradias com melhores 
condições de acesso aos bens e serviços das cidades, a CF/88 no art.182, § 4, 
prevê a obrigação de parcelar, edificar e utilizar imóveis urbanos subutilizados, 
sob pena do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU progressivo no tempo.
Outro dispositivo importante que visa a atender demandas da sociedade 
por moradia digna e inclusão social de parcela significativa da população é 
o reconhecimento da posse da terra para fins de moradia por usucapião, em 
condições mais favoráveis à população de baixa renda.
De acordo com o art. 183 da CF/88:
[...] aquele que possuir como sua área urbana de até 
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, 
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua 
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que 
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Artigos 182 e 183, referentes ao Capítulo II, da Política Urbana, 
Título V incluído na Constituição Federal de 1988:
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA
26
 Política Urbana e Ambiental
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada 
pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em 
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções 
sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório 
para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento 
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende 
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas 
no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia 
e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específicapara área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei 
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado 
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, 
sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana 
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida 
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, 
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, 
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e 
os juros legais.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos 
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente 
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro 
imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado 
civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais 
de uma vez.
27
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
Fonte: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 12 dez. 2011.
A CF/88, sem dúvida, é o principal marco legal na construção do Direito à 
Cidade e o Direito à Moradia, por isso, cada conceito nela incluído representa 
um reforço de conquistas sociais mais amplas. A consolidação, por exemplo, do 
Direito à Moradia na CF/88 foi ainda mais reforçada, de acordo com a chamada 
competência reformadora exercida pelo Congresso Nacional, em 2000, pela 
Emenda Constitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000. Essa emenda, que 
alterou a redação do artigo 6º da CF/88, ampliou o rol dos conhecidos direitos 
sociais com a inclusão do Direito à Moradia.
Em 2010, o artigo 6º da Constituição que trata dos direitos sociais foi 
mais uma vez ampliado, com a inclusão do direito a alimentação, passando a 
vigorar com a seguinte redação, de acordo com a Emenda Constitucional nº 64 
de 2010: 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Atividade de Estudos: 
1) A partir do estudo deste capítulo, defina “função social da Cidade”.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
28
 Política Urbana e Ambiental
geSTão democráTica daS cidadeS
Após a CF/88 que avançou, significativamente, na construção dos princípios 
da política urbana do país, veio a aprovação, em 2001, do Estatuto da Cidade. A 
expectativa com a aprovação do Estatuto da Cidade, sobretudo entre planejadores 
e urbanistas engajados no Movimento Nacional pela Reforma Urbana, é refletida 
no artigo publicado no Correio da Cidadania, logo após a aprovação do Estatuto 
da Cidade, em 2001: 
Dentre os aspectos mais importantes do Estatuto, está a 
gestão democrática das cidades, oficializando, por exemplo, 
a obrigatoriedade do orçamento participativo. Mas o 
aspecto mais esperado talvez esteja na regulamentação de 
instrumentos legislativos que permitem garantir a função 
social da propriedade, dando ao Poder Público a possibilidade 
de resgatar para o benefício da sociedade a valorização 
provocada por seus próprios investimentos em infraestrutura 
urbana, e de frear a retenção especulativa e imóveis vazios 
em áreas urbanas. (ERMÍNIA; FERREIRA. 2001). 
A partir do Estatuto da Cidade e, mais fortemente, com a criação do 
Ministério das Cidades em 2003, inicia-se no país a retomada do plano diretor 
como principal instrumento da política urbana, atendendo ao disposto no artigo 
182 da CF/88, buscando enfatizar uma quebra no paradigma do planejamento 
urbano tradicional. O plano diretor pós-Estatuto da Cidade deixa de ser visto 
como uma peça exclusivamente técnica, assumindo um caráter político, central 
para o estabelecimento de prioridades, integração das políticas públicas setoriais 
e garantia da função social da propriedade.
Para saber mais sobre os Planos Diretores Pós-Estatuto da 
Cidade, consulte: “Os Planos Diretores Municipais Pós-Estatuto da 
Cidade: balanço crítico e perspectivas / Orlando Alves dos Santos 
Junior, Daniel Montandon (orgs.) – Rio de Janeiro: Letra Capital: 
Observatório das Cidades: IPPUR/UFRJ, 2011.
Destaca-se, nesse contexto, a “Campanha Nacional Plano Diretor 
Participativo: Cidade de Todos, por meio da reforma urbana”, iniciada em maio 
de 2005 pelo Ministério das Cidades e pelo Conselho das Cidades. As iniciativas 
do Ministério das Cidades reforçaram a ampliação da participação de diferentes 
agentes sociais no processo, disponibilizando, paralelamente, recursos financeiros 
29
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
para as Prefeituras criarem condições técnicas e institucionais suficientes para a 
elaboração dos seus respectivos planos diretores participativos.
De acordo com documentos oficiais do Ministério das Cidades, foram 
mobilizados recursos financeiros, além de ações da Secretaria Nacional de 
Programas Urbanos na Campanha para Formação dos Núcleos Regionais; 
houve a produção e distribuição do Kit da Campanha; o cadastro de profissionais 
habilitados ao assessoramento de Municípios; um Banco de Experiências e a 
formação da Rede Plano Diretor Participativo.
A regulamentação do Conselho Nacional das Cidades, em 2004, três anos 
após a sua criação em 2001, propiciou a aprovação de três Resoluções com o 
objetivo de orientar os municípios na implementação do Estatuto da Cidade: 
• Resolução nº 15, que cria a Campanha Nacional para difusão do plano diretor; 
• Resolução nº 25, que indica os critérios que enquadram os municípios na 
obrigação constitucional e regulamenta o processo participativo, e 
• Resolução nº 34, que busca um detalhamento dos conteúdos mínimos do 
Plano Diretor Participativo, já previsto no próprio Estatuto da Cidade.
A mobilização nacional em torno dos planos diretores é também atribuída 
ao próprio Estatuto da Cidade, que fixa um prazo limite para os municípios 
elaborarem seus planos diretores: 
Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação 
prevista nos incisos I e II do caput do artigo 41 desta Lei que 
não tenham Plano Diretor aprovado na data de entrada em 
vigor desta Lei deverão aprová-lo até 30 de junho de 2008. 
(Estatuto da Cidade, Capítulo V).
Como podemos verificar, a construção dos marcos jurídicos da 
política urbana no país é um processo histórico, fruto de uma série 
de debates e discussões que articulam diferentes agentes sociais 
em uma arena política complexa, requerendo, permanentemente, 
aperfeiçoamentos e correções de rumo. Reconhecer essa dinâmica 
é essencial para que possamos estar aptos a avaliar criticamente 
as decisões e os pactos sociais que são inerentes ao processo de 
planejamento e gestão das cidades.
Reforçamos aqui que o Estatuto da Cidade reafirma o papel 
autônomo do Município na condução do planejamento e da gestão das 
cidades, de acordo com o que diz a CF/88. Estabelece princípios e uma 
série de diretrizes comuns a serem observadas por todos os Municípios, 
mas remete para os Municípios as principais definições e prioridadesO Estatuto da 
Cidade estabelece 
princípios e 
diretrizes comuns a 
serem observadas 
por todos os 
Municípios. Mas 
o Município deve 
desempenhar 
um papel de 
protagonista na 
condução da 
política urbana.
30
 Política Urbana e Ambiental
a serem assumidas na condução da política urbana por meio de um processo 
democrático e participativo. 
O Município, portanto, deve desempenhar um papel de protagonista na 
condução do planejamento e gestão do solo urbano. O Estatuto da Cidade 
orienta, também, que os Municípios implementem a política urbana, a partir de 
um processo democrático e participativo, garantindo maior controle social sobre 
decisões de governo que irão afetar, diretamente, o cotidiano dos cidadãos.
Atividade de Estudos: 
1) Em sua opinião, quais são os principais avanços da política 
urbana desde a promulgação da Constituição Federal? Justifique. 
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 
algumaS conSideraçõeS
Recomendamos que as normas gerais abordadas neste capítulo (leis, 
decretos, resoluções ou emendas constitucionais) sejam organizadas e arquivadas 
por assunto e por ano. Essa organização facilitará a sua pesquisa sempre que for 
necessário recorrer aos conteúdos aqui estudados.
Desse modo, construímos um acervo de pesquisa permanente, elementar 
para aqueles que pretendem atuar no campo do planejamento e gestão de cidades. 
31
O MunicípiO na OrganizaçãO dO TerriTóriO Capítulo 1 
O conjunto de normas que orienta a Política Urbana deve ser continuamente 
atualizado e enriquecido.
Nos próximos capítulos analisaremos as interfaces que existem entre 
o planejamento urbano e as políticas públicas setoriais, especialmente de 
saneamento ambiental, preservação ambiental, habitação e mobilidade urbana e 
transporte. Neste capítulo nos concentramos em identificar dispositivos legais que 
estão na Constituição Federal de 88 e na legislação federal que fundamentam a 
ação dos Municípios no planejamento e na gestão democrática das cidades. Com 
relação ao Estatuto da Cidade e aos Planos Diretores elaborados a partir de 2001, 
estudaremos mais um pouco nos capítulos 3 e 4.
As Legislações consultadas para a elaboração deste capítulo 
são apresentadas a seguir. Caso queira aprofundar seus estudos, 
sugerimos que pesquise cada uma destas leis, que são: 
Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.
Projeto de Lei Federal n° 775/83.
Constituição Federal da República do Brasil, 1988. 
Lei Federal n° 9.785/99, de 29 de janeiro de 1999.
Emenda Constitucional n° 26, de 14 de fevereiro de 2000.
Estatuto da Cidade. Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001.
Medida Provisória n° 2.220/01, de 4 de setembro de 2001.
Lei nº 10.683/03, de 28 de maio de 2003.
Lei Federal n° 11.124/05, de 16 de junho de 2005.
Decreto Federal n° 5.796/06, de 06 de junho de 2006.
Lei Federal n° 11. 445/07, de 05 de janeiro de 2007 - Lei de 
Saneamento. 
Lei Federal n° 11.188/08, de 24 de dezembro de 2008.
Lei nº 11.977/09, de 7 de julho de 2009.
Lei nº 12.424, de 16 de junho de 2011.
reFerênciaS
BIASOTTO, R.; SANTOS, A. et al. Desenvolvimento Urbano e Gestão 
Municipal: Plano Diretor em Municípios de Pequeno Porte. IBAM: Rio de 
Janeiro, 1994.
32
 Política Urbana e Ambiental
BRASIL. Constituição Federal da República do Brasil, 1988. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6766.htm>. Acesso em: 15 dez. 2011.
ERMÍNIA, Ferreira; WHITAKER, João Sette. Estatuto da Cidade: essa lei vai 
pegar?” Artigo publicado no Correio da Cidadania, nº 252, semana de 7 a 14 de 
julho de 2001.
GONÇALVES, Marcos Flávio R. (Coord.). Manual do Prefeito. 13 ed. revista, 
aum. e atual. Rio de Janeiro: IBAM, 2009. 
MARICATO, Ermínia. O Estatuto da Cidade Periférica. In: CARVALHO, Celso 
Santos; ROSSBACH, Ana Claudia (Orgs.). O Estatuto da Cidade: comentado. 
São Paulo: Ministério das Cidades, 2010. 
RESENDE, Vera. Rediscutindo a política urbana, a propósito do estatuto 
da cidade. Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal 
Fluminense - UFF. Disponível em: <http://www.uff.br/lacta/publicacoes/
rediscutindoapoliticaurbana.htm#_edn7>. Acesso em: 15 dez. 2011.
SILVA JUNIOR, Orlando Alves; MONTANDON, Daniel (Orgs.). Os Planos 
Diretores Municipais Pós-Estatuto da Cidade: balanço crítico e perspectivas. 
Rio de Janeiro: Letra Capital: Observatório das Cidades: IPPUR/UFRJ, 2011.
33
CAPÍTULO 2
inTegração daS políTicaS SeToriaiS 
no TerriTório e o direiTo à cidade
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Enunciar conceitos e noções básicas que articulam as políticas setoriais no 
território. 
 3 Discutir as interfaces das políticas setoriais na organização das cidades, sob a 
ótica do Direito à Cidade. 
35
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
conTexTualização
A integração de políticas públicas setoriais é um dos desafios para a 
promoção do desenvolvimento urbano sustentável que visa à garantia do Direito à 
Cidade e à Moradia Digna. 
A sustentabilidade social, ambiental e econômica nas cidades por meio 
de políticas públicas integradas no território requer a instalação de sistemas de 
mobilidade e transportes públicos coletivos, a universalização dos serviços de 
saneamento ambiental, a proteção do patrimônio ambiental, cultural e histórico e 
uma política habitacional de interesse social. 
Esses pressupostos estão na agenda urbana, desde o final da década de 80, 
como estratégia de enfrentamento dos processos de segregação territorial e exclusão 
social que caracterizam o padrão de urbanização das cidades brasileiras.
A adoção de políticas públicas buscando a sustentabilidade 
urbana implica, portanto, repensar o modelo de desenvolvimento, 
repensar o desenvolvimento das relações sociais e econômicas 
na cidade e o papel do direito como propulsor do direito à 
cidade sustentável. Trata-se, portanto, de gestão sustentável do 
espaço urbano, tendo em vista estratégias de inclusão social, 
equidade no acesso aos recursos ambientais e a realização da 
justiça ambiental. (SILVA, 2011, p. 7).
Destacamos, nessa perspectiva: 
• a articulação e a complementaridade das ações entre os entes federados na 
organização do território das cidades através da provisão de infraestrutura e 
de serviços urbanos;
• o fortalecimento institucional na perspectiva de garantir o controle social na 
execução de políticas públicas;
• a formação de parcerias entre os setores público e privado para suprir as 
carências existentes nas cidades e pactuar mecanismos que assegurem a 
própria melhoria da qualidade urbana; 
• a priorização de ações que contribuam para o aumento da inclusão social, da 
qualidade de vida e da solidariedade nas cidades.
É importante, portanto, que os Municípios façam seus planos setoriais 
em consonância com o plano diretor para orientar políticas complementares 
ao desenvolvimento urbano sustentável que, muitas vezes, estão sob a 
responsabilidade dos Estados e da União. 
As noções e conceitos apresentados neste capítulo enfatizam visões e 
abordagens que ampliam a compreensão sobre as principais interfaces que 
36
 Política Urbana e Ambiental
existem entreas políticas públicas setoriais e o planejamento e a gestão do solo 
urbano. 
Estão em foco:
• mobilidade urbana e transporte;
• saneamento ambiental;
• proteção e preservação do Patrimônio Ambiental, Cultural e Histórico.
mobilidade urbana e o TranSporTe
O conceito de mobilidade urbana expressa uma visão ampliada sobre 
as necessidades de deslocamentos nas cidades. Esses deslocamentos, 
tradicionalmente, eram vistos apenas sob a ótica dos meios de transporte 
rodoviário, com especial ênfase na racionalidade funcional do sistema viário, 
sem expressar com maior profundidade as especificidades e as necessidades 
diferenciadas das pessoas e seus movimentos cotidianos, incluindo os 
deslocamentos mais comuns entre a moradia, o trabalho e o lazer.
O diagnóstico sobre os problemas urbanos que são comuns na maioria 
das cidades brasileiras demonstra a falta de integração entre os processos de 
crescimento e de expansão urbana e a qualidade dos meios de transporte e as 
formas de deslocamentos nas cidades. Esse ciclo vicioso pode ser sintetizado na 
figura a seguir:
Figura 2 – Ciclo vicioso dos problemas urbanos
Fonte: IBAM (2006).
37
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
A integração da mobilidade e da acessibilidade na política de desenvolvimento 
urbano permite superar visões que, historicamente, privilegiaram o trânsito e a 
circulação dos automóveis nas cidades. Essas visões que privilegiam a circulação 
de veículos, entretanto, estão associadas à dinâmica de crescimento e expansão 
das grandes metrópoles. 
Atualmente, a qualidade do desenvolvimento urbano inclui o atendimento 
às demandas dos usuários mais frágeis dos sistemas de transportes urbanos, 
como as crianças, as pessoas com deficiência e os idosos. Além disso, os 
parâmetros utilizados na política nacional de mobilidade e transporte urbano 
já consideram as especificidades de deslocamento das cidades médias e 
pequenas, onde as pessoas se locomovem, muitas vezes, sem condições 
de segurança, a pé, sobre lombos de animais e, quase sempre, em vias 
inadequadas.
Essa concepção de mobilidade urbana e acessibilidade que busca 
promover maior qualidade às diferentes maneiras de movimentação das 
pessoas no espaço urbano, em prol de um modelo de desenvolvimento 
mais justo e inclusivo, tem gerado a necessidade de reformulação tanto 
dos espaços públicos como dos equipamentos de transporte, dos meios 
de comunicação e de circulação e distribuição de objetos e de pessoas 
nas cidades. A mobilidade e a acessibilidade centradas nas pessoas 
são princípios fundamentais na política de desenvolvimento urbano 
sustentável, essenciais para a promoção de cidades mais justas. 
O transporte público coletivo de qualidade e as soluções de 
mobilidade baseadas nos meios não motorizados, como as bicicletas, 
têm sido valorizadas e priorizadas em substituição aos meios de 
transportes individuais que ainda prevalecem, sobretudo nas grandes cidades. 
Cresce, também, no planejamento e gestão das cidades, 
a adesão às premissas do desenho urbano universal e rotas 
acessíveis que proporcionem melhores condições de mobilidade 
para as pessoas com qualquer tipo de restrição, especialmente 
idosos e pessoas com deficiência. O desenho urbano universal 
implica a eliminação de barreiras das áreas públicas e dos meios 
de transporte. 
A maximização e a complementaridade entre as atividades urbanas devem 
A mobilidade e 
a acessibilidade 
centradas 
nas pessoas 
são princípios 
fundamentais 
na política de 
desenvolvimento 
urbano sustentável, 
essenciais para a 
promoção 
de cidades 
mais justas.
38
 Política Urbana e Ambiental
ser consideradas no planejamento do uso e ocupação do solo, visando à maior 
proximidade entre o trabalho e as moradias, já que as grandes distâncias a 
serem percorridas nas cidades geram, muitas vezes, maiores custos e tempo de 
deslocamentos. 
A mobilidade urbana corresponde às diferentes respostas 
dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas 
necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões 
do espaço urbano e a complexidade das atividades nele 
desenvolvidas. Face à mobilidade, os indivíduos podem 
ser pedestres, ciclistas, usuários de transportes coletivos 
ou motoristas. Podem utilizar-se do seu esforço direto 
(deslocamento a pé) ou recorrer aos meios de transporte não 
motorizados (bicicletas, carroças, cavalos) e motorizados 
(coletivos e individuais). (BRASIL, 2004, p-13). 
As políticas de mobilidade urbana e de acessibilidade 
fundamentam-se, portanto, no direito das “pessoas” e não na 
prioridade da circulação de veículos, pois o objetivo maior é o cidadão 
e as suas necessidades de deslocamentos cotidianos. 
A integração entre o desenvolvimento das cidades e a política de mobilidade 
urbana e acessibilidade segue os seguintes princípios:
• Direito ao acesso universal, seguro, equânime e democrático ao espaço da 
cidade.
• Participação e controle social das políticas de mobilidade urbana.
• Direito à informação sobre a mobilidade urbana.
• Universalização do acesso ao transporte público.
• Acessibilidade aos meios de transporte das pessoas com necessidades 
especiais.
• Políticas públicas de transporte e trânsito integradas ao desenvolvimento 
urbano e preservação ambiental.
• Prioridade para o deslocamento das pessoas e não de veículos motorizados
• Segurança no trânsito.
• Valorização e integração dos diferentes modos de transporte, incluindo meios 
alternativos, não motorizados.
• Qualidade dos espaços públicos e rotas acessíveis para a garantia da 
acessibilidade universal.
Destacamos as seguintes estratégias para a promoção da mobilidade urbana 
39
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
e acessibilidade, conforme a publicação “A mobilidade urbana no planejamento 
da cidade” (IBAM, 2005), em consonância com a literatura especializada sobre 
o tema: 
• Planejamento integrado de transporte, e uso e ocupação do solo urbano;
• Melhorias das condições do transporte coletivo urbano;
• Promoção da circulação não motorizada;
• Uso racional do automóvel;
• Qualificação dos espaços públicos e dos diferentes modos de transporte 
coletivo para a promoção da acessibilidade.
Atividade de Estudos: 
Vamos fazer um exercício baseado na sua experiência cotidiana 
de deslocamento e avaliar a qualidade da mobilidade urbana e da 
acessibilidade da sua cidade. 
Faça uma reflexão sobre o número de vezes que você precisa 
sair de casa (para realizar atividades de trabalho, lazer ou satisfazer 
qualquer outra necessidade). Uma vez por dia, mais de duas vezes 
por dia, uma vez por semana, só nos fins de semana? 
Pense nos trajetos que você costuma percorrer e avalie, com 
base nos princípios e conceitos que apresentamos nessa seção, 
se a sua cidade oferece condições e meios de mobilidade urbana 
e acessibilidade (adequados, inadequados ou são insuficientes para 
atender as suas necessidades)? Justifique! 
Para facilitar a sua justificativa, utilize os questionamentos abaixo 
para orientar a sua resposta. 
Os espaços públicos e as calçadas da minha cidade podem ser 
avaliados como:
 ( ) Adequados
 ( ) Inadequados
 ( ) Insuficientes para minhas necessidades
Os meios de transportes que estão disponíveis são: 
 ( ) Adequados
 ( ) Inadequados
 ( ) Insuficientes para minhas necessidades
40
 Política Urbana e Ambiental
O tempo e o recurso financeiro de que preciso dispor para me 
deslocar entre a minha casa e a área central da minha cidade são: 
 ( ) Adequados
 ( ) Inadequados
 ( ) Insuficientes para minhas necessidades
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ________________________________________________________________________________________________________
SaneamenTo ambienTal
O conceito de saneamento ambiental expressa uma visão 
integrada sobre a qualidade de vida urbana. Tradicionalmente, os 
serviços de saneamento básico abrangiam apenas o abastecimento 
de água e o esgotamento sanitário (coleta e tratamento), entretanto, a 
compreensão sobre a importância do saneamento básico na qualidade 
de vida nas cidades fez com que esse conceito fosse ampliado. 
A dimensão ambiental associada ao saneamento básico passou a incluir 
como requisito essencial ao desenvolvimento urbano e ambiental sustentável, 
além da água e do esgoto, a drenagem e o destino final dos resíduos sólidos (lixo). 
Esse conceito de saneamento básico ampliado envolve a dimensão 
ambiental, enfatizando a necessidade de integração dos sistemas de 
abastecimento de água, da coleta e tratamento do esgoto, da drenagem e do 
destino final dos resíduos sólidos. 
Os planos diretores devem compatibilizar o crescimento urbano 
e as densidades previstas para a ocupação do solo junto com as 
redes dos serviços de saneamento básico, implantadas ou previstas.
O conceito de 
saneamento 
ambiental expressa 
uma visão integrada 
sobre a qualidade 
de vida urbana.
41
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
No planejamento das cidades é preciso reservar áreas públicas, tanto para 
as caixas-d’água, estações elevatórias e de tratamento de água e esgoto como 
para a implantação de aterros sanitários e soluções alternativas que possam 
mitigar impactos ambientais gerados pelo destino final dos resíduos sólidos 
nas cidades. 
A limpeza urbana de maneira geral, incluindo o tratamento dos resíduos 
sólidos, assumiu um papel de destaque nas políticas urbanas e ambientais. 
Integrada aos demais componentes do saneamento básico, reforça o combate da 
veiculação de doenças e, nesse sentido, à promoção da saúde pública. 
A dimensão ambiental associada à promoção do saneamento ambiental 
inclui, portanto, entre outras vinculações, a prevenção da contaminação de cursos 
d’água e lençóis freáticos, além das questões sociais relacionadas aos catadores, 
ou pressões causadas pela localização de determinadas atividades econômicas. 
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos 
é, em síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da 
administração pública e da sociedade civil com o propósito 
de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e 
a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade 
de vida da população e promovendo o asseio da cidade, 
levando em consideração as características das fontes de 
produção, o volume e os tipos de resíduos – para a eles 
ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica 
e ambientalmente corretas –, as características sociais, 
culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades 
demográficas, climáticas e urbanísticas locais. (IBAM, 2001, 
p. 8).
A drenagem abrange as redes de coleta das águas pluviais, mais a 
manutenção de áreas para absorção de águas da chuva, de maneira a evitar 
as enchentes. Na regulação do uso e ocupação do solo urbano recomenda-se 
a incorporação de “taxas de permeabilidade dos terrenos” com o objetivo de 
contribuir para melhor absorção das águas das chuvas.
A relação do saneamento ambiental e o uso do solo têm impactos diretos na 
qualidade de vida urbana, comprometendo não apenas as condições ambientais 
da cidade, mas também a promoção da saúde pública. Isso significa dizer, 
portanto, que os investimentos feitos na universalização do saneamento básico 
estão diretamente relacionados à diminuição de gastos futuros, com a mitigação 
dos efeitos gerados por desastres ambientais e com a manutenção do próprio 
sistema de saúde pública.
42
 Política Urbana e Ambiental
LEGISLAÇÃO
As diretrizes nacionais para o saneamento básico no Brasil foram 
estabelecidas pela Lei Federal n°11.445/2007 e regulamentadas pelo 
Decreto n° 7.217/2010 (de 21 de junho de 2010), publicado no Diário 
Oficial da União.
De acordo com o artigo 2º, os serviços públicos de saneamento 
básico devem ser prestados com base nos seguintes princípios 
fundamentais:
I - universalização do acesso;
II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as 
atividades e componentes de cada um dos diversos serviços 
de saneamento básico, propiciando à população o acesso na 
conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia 
das ações e resultados;
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e 
manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas 
à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de 
drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde 
pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;
V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as 
peculiaridades locais e regionais;
VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano 
e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua 
erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e 
outras de relevante interesse social, voltadas para a melhoria 
da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja 
fator determinante;
VII - eficiência e sustentabilidade econômica;
VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a 
capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de 
soluções graduais e progressivas;
IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e 
processos decisórios institucionalizados;
X - controle social;
XI - segurança, qualidade e regularidade;
XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão 
eficiente dos recursos hídricos. 
43
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
Fonte: BRASIL. Lei n. 11.445, de 5 de Janeiro de 2007. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11445.htm>. (Acesso em: 23 nov. 2011).
O Decreto n° 7.217/2010, que regulamenta a Lei Federal de Saneamento 
Básico n°11.445/2007, estabelece normas para a adequada prestação dos 
serviços, fixa condições e metas, além de prevenir e reprimir o abuso do poder 
econômico, garantindo as prerrogativas e competências dos órgãos integrantes 
do sistema nacional. As tarifas cobradas pelos serviços de saneamento prestados 
devem também assegurar o equilíbrio econômico-financeiro, induzindo a eficiência 
e eficácia das prestadoras dos serviços.
 
Atividade de Estudos: 
1) Indique os componentes dos sistemas de saneamento básico 
ampliado, considerando sua dimensão ambiental, e estabeleça 
pelo menos duas relações entre a integração desses sistemas e 
o planejamento do uso e ocupação do solo. 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
44
 Política Urbana e Ambiental
proTeção do paTrimônio ambienTal, 
culTural e HiSTórico
As diretrizes e as regras da política nacional de proteção do patrimônio 
ambiental, cultural e histórico são instituídas porum conjunto extenso de 
normas específicas. Algumas dessas normas têm impacto direto sobre a 
regulação do uso e da ocupação do solo urbano, pois geram tratamentos 
diferenciados de determinadas parcelas do território urbano. Nesta seção, 
serão abordados aspectos relacionados à política nacional de proteção do 
patrimônio ambiental, cultural e histórico, colocando em relevo aqueles que 
mantêm forte ligação com os instrumentos da política urbana que serão 
abordados nos capítulos seguintes.
a) Patrimônio Ambiental
A integração das políticas urbana e ambiental, apesar de ser um tema 
amplamente debatido no campo do planejamento e gestão das cidades, figura 
ainda como um desafio para a promoção do chamado “desenvolvimento 
sustentável”. A ocupação de áreas ambientalmente frágeis ou protegidas como 
reserva de mananciais de abastecimento de água está na pauta da política urbana 
e da política ambiental. 
O instrumento do zoneamento, que figura como um dos instrumentos 
tradicionais do planejamento urbano, tem sido renovado a partir de critérios 
ambientais. A incorporação das bacias hidrográficas como unidade territorial 
de planejamento do uso e ocupação do solo está cada vez mais presente na 
fundamentação dos instrumentos da política urbana, mesmo quando não são 
tomadas, diretamente, pelo zoneamento tradicional das cidades. 
Remanescentes florestais e outros valores ambientais singulares, tais como 
dunas, formações rochosas ou corpos hídricos (córregos e rios) que cruzam as 
áreas urbanas têm despontado como elementos estratégicos para a preservação 
da biodiversidade que compõe os diferentes ecossistemas brasileiros. Nesse 
sentido, tornam-se referências territoriais que condicionam o crescimento e a 
expansão das cidades. 
A ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanentes (APP) vem 
assumindo também a centralidade dos processos de planejamento e gestão do 
solo urbano e tem requerido soluções alternativas que conjuguem o Direito à 
Cidade, à Moradia e à Proteção Ambiental. 
45
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
Os processos desiguais de apropriação e uso dos territórios têm sido 
concebidos como conflitos passíveis de mediação e negociação. A noção de 
sustentabilidade, embora disseminada amplamente no campo da política urbana, 
está cercada de polêmicas e controvérsias. 
No campo ambiental brasileiro, incluindo as políticas públicas e as 
abordagens sociológicas, segundo Acselrad (2004), muitas vezes, na defesa da 
sustentabilidade, não são consideradas as desigualdades no acesso aos recursos 
territoriais, assim como a má distribuição dos riscos e das cargas de poluição 
industrial na sociedade contemporânea. É preciso, por isso, levar em conta, na 
abordagem dos conflitos ambientais, os processos políticos e simbólicos que 
estão envolvidos na construção da noção de sustentabilidade ambiental. 
As categorias de “Unidade de Conservação da Natureza” (UCs), definidas 
na Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação (SNUC), representam no campo da política 
ambiental brasileira o reconhecimento de características naturais relevantes, que 
merecem regras de planejamento e de gestão excepcionais para a garantia dos 
seus atributos ambientais. As Unidades de Conservação da Natureza têm forte 
influência sobre os processos de planejamento e gestão do solo urbano.
As UCs devem ser criadas por lei e “precedidas de estudos técnicos e de 
consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites 
mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento” (artigo 
22, Lei Federal n° 9.985/2000). 
As UCs são classificadas em dois grupos:
• 1º grupo - definido como unidade de proteção integral. Essa unidade admite 
apenas o uso indireto dos recursos naturais.
• 2º grupo - denominado de unidades de uso sustentável. Essa unidade admite 
usos que sejam compatíveis com a conservação da natureza, ou seja: o uso 
sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
A tabela 1 apresenta as categorias de enquadramentos das unidades de 
conservação, nos dois grupos definidos na Lei Federal n° 9.985/2000, que cria 
o SNUC. 
46
 Política Urbana e Ambiental
Quadro 6 - Categorias de enquadramento das Unidades de Conservação da Natureza
UNIDADES DE 
PROTEÇÃO INTEGRAL
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL
1 - Estação Ecológica 1 - Área de Proteção Ambiental 
2 - Reserva Biológica 2 - Área de Relevante Interesse Ecológico
3 - Parque Nacional 3 - Floresta Nacional
4 - Monumento Natural 4 - Reserva Extrativista
5 - Refúgio de Vida Silvestre 5 - Reserva de Fauna
6 - Reserva de Desenvolvimento Sustentável
7 - Reserva Particular do Patrimônio Natural
Fonte: A autora.
OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS DAS 
“UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL”
1 - Estação Ecológica
O objetivo da instalação de uma Estação Ecológica é a 
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. A 
Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites deverão ser desapropriadas. 
A visitação para fins de educação depende de plano de manejo ou 
regulamento específico.
2 - Reserva Biológica
A Reserva Biológica é destinada à preservação de ecossistemas 
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica. Admite-
se a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de 
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em 
contato com a natureza e de turismo ecológico. A Reserva Biológica 
é de posse e de domínio públicos (as áreas particulares incluídas em 
seus limites serão desapropriadas).
3 - Parque Nacional
O Parque Natural tem por objetivo a preservação de ecossistemas 
47
inTegraçãO das pOlíTicas seTOriais 
nO TerriTóriO e O direiTO à cidade
 Capítulo 2 
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando 
a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades 
de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com 
a natureza e de turismo ecológico. É uma unidade de conservação 
e posse e domínio públicos (as áreas particulares incluídas em seus 
limites serão desapropriadas). 
4 - Monumento Natural
Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande 
beleza cênica. A visitação pública depende do Plano de Manejo 
do órgão responsável e das normas previstas em regulamento. 
Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja 
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização 
da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. 
Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as 
atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário 
às condições propostas pelo órgão responsável pela unidade para 
a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a 
área deve ser desapropriada.
5 - Refúgio de Vida Silvestre
A criação de uma unidade de conservação da categoria 
Refúgio da Vida Silvestre visa proteger ambientes naturais onde se 
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies 
ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. 
Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível 
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra 
e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo 
incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas 
ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas 
pelo órgão responsável para a coexistência do Refúgio de Vida 
Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada. 
OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS DAS
“UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL”
1 – Área de Proteção Ambiental 
A Área de Proteção Ambiental é a unidade de conservação que 
48
 Política Urbana e Ambiental
melhor se adapta ao meio urbano. É uma área em geral extensa, 
com certo grau de ocupação humana, dotada

Outros materiais