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1 Consumidor

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30/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Módulo I - Aspectos históricos do direito do consumidor. 
Antes de adentrarmos no estudo das disposições legais do Código de Defesa do Consumidor,
cumpre realizarmos uma breve introdução das razões que culminaram na premente
necessidade de se elaborar um diploma legal destinado a disciplinar o que veio a ser
denominado de relação de consumo.
A Revolução Industrial (século XVIII) alterou significativamente a realidade do espaço urbano,
devido à migração do campo para cidade. A disponibilidade de farta mão-de-obra que deixava
a agricultura de subsistência para trabalhar nas inúmeras fábricas, gerou o natural aumento na
demanda dos itens essenciais à sobrevivência humana, levando à necessidade do aumento de
produção.
Produtos manufaturados passam a perder espaço para produtos manufaturados em processo
de produção em série com o fulcro de atender à demanda social prontamente. Tem-se, portanto,
a produção em massa decorrente das necessidades de uma sociedade de massa. Ademais,
essa nova técnica de produção enseja a redução dos custos e a maximização dos lucros.
O surgimento de grandes conglomerados urbanos, das metrópoles, a explosao demográfica
aliada á revoluçao industrial e o desenvolvimento das relações económicas fez nascer as
atividades monopolísticas, as multinacionais e holdings e, por consequência, a formaçao de
cartéis, as práticas de preços predatórios entre outras formas de infrações á ordem econômica,,
que, além dos prejuízos a concorrência, trouxe graves violações de direitos fundamentais,
notadamente o direito fundamental do consumidor.
O poder econômico é parte da produçao capitalista e de uma economia que se pauta nos bens
de capital. Dessa forma, a preocupaçao com os direitos dos consumidores ganhou contornos
internacionais, tamanha a relevância do tema.
Em 1985, a Organizaçao das Nações Unidas (ONU) trouxe uma importante Resoluçao (39/248)
baixando normas de proteçao ao consumidor. Essa Resoluçao reconheceu de forma expressa o
desequilíbrio econômico presente nas relações entre consumidores e fornecedores. Assim,
procurou-se alcançar objetivos que efetivassem a tutela fundamental dos direitos dos
consumidores, alçados a categoria de Direitos Humanos de reconhecimento universal.
Até a publicaçao da Lei 8.078/90, mesmo que os produtos adquiridos se encontrassem
danificados nada poderia ser feito para dar garantias ao adquirente. Assim permaneceu até que
se elaborasse uma legislação destinada a regulamentar a relação jurídica entre o fornecedor de
produtos e, muito tempo depois, de serviços, o adquirente desses produtos/serviços ofertados.
Na maioria das vezes, e este é o caso do Brasil até o advento do Código de Defesa do
Consumidor no ano de 1990, aplicava-se às relações de consumo normas de direito privado,
sobretudo, o Código Civil de 1916. No entanto, não era possível conceber que as previsões
legislativas contidas no bojo do Código Civil pudessem ser aplicadas a regulamentação das
relações entre fornecedor e consumidor.
No âmbito do direito privado, concebe-se que as partes celebrantes de um determinado
negócio jurídico encontram-se em nível de igualdade, logo, elas podem discutir, ou melhor,
negociar inúmeros aspectos do contrato a ser celebrado.
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O mesmo não ocorre no âmbito das relações de consumo, pois parte-se do pressuposto que o
consumidor é a parte vulnerável da relação jurídica a ser estabelecida, tendo em vista a
superioridade econômica e técnica dos fornecedores de produtos ou serviços, sobretudo dos
grandes conglomerados econômicos. Ademais, na maioria das vezes, o contrato celebrado
entre o consumidor e o fornecedor já contém suas cláusulas pré-estabelecidas por esse,
competindo ao consumidor aderir ou não às disposições contratuais.
Vê-se, portanto, que tratando-se da parte contratante mais vulnerável numa relaçao jurídica,
notadamente a relaçao de consumo, afasta-se este fenômeno jurídico do direito privado e de
seus postulados de origem, originados no Código Civil de Napoleao de 1804. Em outras
palavras, com o surgimento da sociedade industrial capitalista verificou-se que nem todo o
direito estava expresso na codificaçao civil.
 
Considerando todas essas peculiaridades, e tendo em vista que as bases e fundamentos do
direito do consumidor (contratos e responsabilidade civil) tem sua sede no Código Civil, de todo
modo surge a necessidade de se elaborar um regramento jurídico destinado especialmente
para regular e normatizar as relações jurídicas entre fornecedores de produtos ou serviços e
consumidores.
É oportuno destacar que o Código de Defesa do Consumidor é fruto da imposição de uma
norma constitucional. De acordo com a doutrina do Professor José Afonso da Silva[4], as
normas constitucionais, quanto à sua eficácia, podem ser classificas em: normas de eficácia
plena, normas de eficácia contida ou restringível e normas de eficácia limitada.
As normas de eficácia plena são aquelas que não necessitam de nenhuma atuação do
legislador infraconstitucional para sua aplicação, logo, são de aplicabilidade imediata.
As normas de eficácia contida são aquelas em que é facultado ao legislador
infraconstitucional limitar o seu campo de atuação. Em que pese a possibilidade de terem seu
campo de atuação restringido, também são de aplicação imediata.
Já as normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que dependem de uma
atuação do legislador infraconstitucional para que possam produzir efeitos, logo, sua
aplicabilidade é mediata, ao contrário das normas constitucionais de eficácia pela e contida,
E é nesta última categoria, na qual se insere o Código de Defesa do Consumidor, tendo em
vista que o Poder Constituinte Originário consignou, no inciso XXXII do artigo 5º da Constituição
da República, que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
Logo, temos que a Defesa do Consumidor é um direito fundamental aplicando-se a ele toda a
teoria dos direitos fundamentais.
Assim, ao prever que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor, o
constituinte originário estava dando um comando para que o legislador infraconstitucional
implementasse essa disposição constitucional.
Ademais, é interessante notar que, além de ser um direito fundamental, a Defesa do
Consumidor é um dos princípios que regem a Ordem Econômica no direito brasileiro.
O mesmo constituinte que positivou a Defesa do Consumidor como direito fundamental
consignou, no inciso V do artigo 170 da Constituição da República, essa mesma defesa como
um dos princípios da Ordem Econômica.
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Registre-se, a título de conhecimento, que, ao contrário do Brasil, que teve sua legislação
consumerista somente no final do século XX, outros países, mais avançados industrialmente, já
possuíam alguns diplomas legais destinados a regulamentar relações de consumo. Temos,
como exemplo, os Estados Unidos da América que, já no ano de 1890, ou seja, já no século
XIX, possuía uma legislação de proteção ao consumidor, qual seja, a Lei Shermann.
Com relação aos movimentos de defesas do consumidor, podemos ver nos chamados
“movimentos dos frigoríficos de Chicago” já o despertar daquela consciência. Entretanto,
embora coesos, os movimentos trabalhistas e consumeristas acabaram por cindir-se, mais
precisamente pela criação da “Consumer´s League”, em 1891, tendo evoluído posteriormente
para o que hoje é a poderosa e temida “Consumer´s Union” dos Estados Unidos.
No âmbito internacional, como já vimos, pela ONU com a Resoluçao 39/248, embora os
primeiros passos no sentido de reconhecimento da proteção do consumidor tenham sidodados
pela ONU (Organização das Nações Unidas), ao aprovar a Resolução n.º 2542, de 11 de
dezembro de 1969, proclamando a Declaração das Nações Unidas sobre o progresso e
desenvolvimento social e em 1973, ao enunciar e reconhecer os direitos fundamentais do
consumidor.
Todavia, o passo mais importante foi dado em 1985, com a Resolução 39/248 da ONU, na qual
estabeleceu normas sobre a proteção do consumidor, reconhecendo expressamente “que os
consumidores se deparam com desequilíbrios em termos econômicos, níveis educacionais e
poder aquisitivo”.
 
 
[1] ALMEIDA, Joao Batista de. A proteçao do jurídica do Consumidor. 6ª ed. Sao Paulo:
Saraiva, 2008.
[2] FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do Consumidor. 14ª ed., Sao Paulo:
Atlas, 2016.
[3] NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Comentários ao código de defesa do consumidor: direito
material (arts. 1º ao 54). Sao Paulo: Saraiva, 2007.
[3] SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. 4ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2000.
 
 
Exercício 1:
O Código de Defesa do Consumidor é uma lei que visa a disciplinar as
relações jurídicas entre fornecedores e consumidores, tendo em vista que
esses últimos são considerados parte mais frágil da relação jurídica
celebrada, dada à desigualdade em que se encontram os contraentes. No
entanto, o CDC é, de certa forma, novidade legislativa no direito brasileiro,
comparado com outros países que já possuem, há muito tempo,
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regramento específico destinado às relações de consumo. Podemos afirmar
que uma das circunstâncias que implicaram a elaboração de uma norma de
defesa dos consumidores no direito brasileiro foi a Constituição de 1988,
porque:
 
A)
O constituinte originário positivou em seu texto norma de eficácia plena
destinada a concretizar os direitos consumeristas.
 
B)
O constituinte derivado positivou em seu texto norma de eficácia limitada que,
por necessitar da atuação do legislador infraconstitucional, possui aplicabilidade
mediata.
 
C)
O constituinte originário positivou em seu texto norma de eficácia limitada que,
por necessitar da atuação do legislador infraconstitucional, possui aplicabilidade
mediata. 
 
D)
O constituinte originário positivou em seu texto norma de eficácia limitada que,
por não necessitar da atuação do legislador infraconstitucional, possui
aplicabilidade imediata.
 
 
E)
O constituinte originário positivou em seu texto norma de eficácia contida que,
por não necessitar da atuação do legislador infraconstitucional, possui
aplicabilidade imediata.
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Exercício 2:
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Ao se estudar a ciência jurídica percebe-se que os diversos ramos do direito
foram surgindo de acordo com as necessidades sociais, ou seja, conforme a
sociedade se modificava novas relações sociais surgiam e, por
consequência, havia a necessidade de elaborar novas regras jurídicas
destinas a regular essas relações. No que tange ao direito do consumidor,
pode-se afirmar que o momento histórico que marcou a necessidade de
criar um conjunto de normas destinadas a regulamentar essa nova
realidade social foi a:
 
A)
Revolução Francesa
 
B)
Revolução Industrial 
 
 
C)
Revolução dos cravos
 
D)
Revolução comunista
 
E)
Revolução Russa
Comentários:
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Exercício 3:
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta:
I - A partir da Revolução Industrial, com as grandes concentrações
populacionais e o fenômeno da globalização, a economia mundial sofreu uma
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mudança radical;
PORQUE
II - As Relações econômicas intensificaram-se, tornando-se relações em massa.
Em consequência, a produção econômica também se tornou uma produção de
massa, o que refletiu no consumo, que passou a ser, também de massa.
 
 
A)
As duas assertivas são falsas;
 
B)
A primeira assertiva é falsa e a segunda é verdadeira;
 
C)
A primeira assertiva é verdadeira e a segunda é falsa;
 
D)
As duas assertivas são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira;
E)
As duas assertivas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira
Comentários:
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Exercício 4:
Antes do advento do Código de Defesa do Consumidor, aplicava-se, no
Brasil, às relações jurídicas estabelecidas entre fornecedores e
consumidores:
 
A)
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O Código Civil de 1916, tendo em vista serem as relações jurídicas
estabelecidas entre fornecedores e consumidores iguais aquelas estabelecidas
no âmbito do direito privado.
 
B)
O Código Civil de 1916, por tratar-se de uma legislação informada pelos
princípios da socialidade, eticidade e operabilidade.
 
C)
O Código Comercial de 1850, por ser a legislação que continha dispositivos que
mais se aproximavam da disciplina necessária às relações estabelecidas entre
fornecedores e consumidores.
 
D)
O Código Civil de 1916, sendo que a aplicação desse conjunto normativo
resultava prejudicial aos consumidores, dada a grande diferença entre as
relações privadas e aquelas estabelecidas entre fornecedores e consumidores. 
 
E)
O Código Civil de 1916, sendo que a aplicação desse conjunto normativo não
resultava prejudicial aos consumidores.
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Exercício 5:
A ONU desempenhou importante papel para o reconhecimento do direito do
consumidor, por meio da:
 
 
A)
Declaração das Nações Unidas sobre direitos humanos.
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B)
Declaração das Nações Unidas sobre direito dos consumidores.
 
C)
Declaração das Nações Unidas sobre progresso e desenvolvimento social 
 
D)
Declaração das Nações Unidas sobre o desenvolvimento econômico.
 
E)
Declaração das Nações Unidas sobre o desenvolvimento social.
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Exercício 6:
 
A necessidade de haver normas de proteção ao consumidor surgiu,
principalmente:
 
 
 
A)
Porque é função do Estado intervir em relações desequilibradas
 
B)
Porque o consumidor assume uma posição de fragilidade perante o fornecedor
em razão do desequilíbrio econômico
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C)
Porque há a necessidade de, por meio da lei, equilibrar uma relação
notadamente desequilibrada.
 
D)
As alternativas B e C estão corretas
 
E)
As alternativas A, B e C estão corretas. 
Comentários:
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Exercício 7:
Aponte qual fundamento jurídico justifica a defesa do consumidor
 
A)
Proteção da concorrência
 
B)
Igualdade entre os sujeitos da relação jurídica
 
C)
Desequilíbrio econômico entre consumidor e fornecedor - 
 
D)
Necessidade de se garantir a perpetuação dos conglomerados econômicos.
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E)
Necessidade de se incentivar o desenvolvimento econômico.
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Exercício 8:
1-Qual o motivo da criação de disposições legais do Código doConsumidor:
A)
 
A coletividade de fornecedores incluirem os consumidores mais dependentes para dar-lhes
benefícios.
B)
 
Os grandes conglomerados urbanos facilitaram o acesso de todos aos bens de consumo.
C)
 
O consumidor é a parte mais vulnerável da relação de consumo.
D)
 
Para proteger fornecedores e consumidores no mercado de consumo.
E)
 
nenhuma das anteriores. 
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Exercício 9:
 No tocante ao Código de Defesa do Consumidor, qual a afirmação é incorreta?
A)
ao prever que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor, o constituinte
originário deu um comando para que o legislador infraconstitucional implementasse essa
disposição constitucional.
B)
além de ser um direito fundamental, a Defesa do Consumidor é um dos princípios que regem a Ordem
Econômica no Direito Brasileiro.
C)
outros países, mais avançados industrialmente, já possuíam alguns diplomas legais des�nados a
regulamentar relações de consumo, antes do Brasil.
D)
A ONU não exerceu papel de destaque na promoção do Código do consumidor.
E)
A ONU reconheceu a hipossuficiência do consumidor
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