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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio - um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro

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Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28 217
Artigo original
Resumo
O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de eventos estressantes, suporte social e depressão e verificar a associa-
ção entre essas variáveis e as tentativas de suicídio atendidas em um hospital de emergência na cidade do Rio de Janeiro, 
durante o período de 2006 a 2007. Trata-se de um estudo de caso-controle (caso: n=59) (controle: n=118). Os instrumentos 
utilizados foram: questionário sociodemográfico, International Development Interview (CIDI), versão 2.1, para avaliação de 
depressão, Escala de Avaliação de Reajustamento Social e a Escala de Apoio Social (Medical Outcomes Study). Foi obser-
vada diferença estatisticamente significante entre casos e controles na prevalência de eventos estressantes, escassez de 
apoio social e depressão. Os casos e controles foram nível baixo de escolaridade (50,8 e 61,9%, respectivamente) e não 
- participação no mercado formal de trabalho (52,6 e 55,0%, respectivamente). Nossos achados sugerem que a prevenção 
das tentativas de suicídio precisa ser multissetorial, incluindo políticas e ações dirigidas a educação e emprego, além das 
medidas de intervenção e tratamento direcionadas aos transtornos mentais, como também suporte social.
Palavras-chave: Tentativa de suicídio, eventos estressantes, apoio social 
Abstract
The goal of this study was to estimate the prevalence of stressful life events, social support and depression, and to evalu-
ate the association among these variables and suicide attempts seen in an emergency hospital in Rio de Janeiro, Brazil, 
between 2006 and 2007. This was a case-control study (case: n=59) (control: n=118) using the following instruments: a socio-
demographic questionnaire, the International Development Interview (CIDI), version 2.1, for assessing depression; the Scale 
for Assessment of Social Readjustment, and the Social Support Scale (Medical Outcomes Study). There was a significant 
difference between cases and controls in the prevalence of stressful life events, absence of social support and depression. 
Cases and controls were low literacy proportions (50.8 and 61.9%, respectively) and informal workers (52.6 and 55.0%, 
respectively). Our findings suggest that suicide attempts prevention must be multidisciplinary. This includes educational and 
employment policies and actions, along with interventions on mental health care, as well as social support.
Key words: Suicide attempted, stressful events, social support
Apoio social, eventos estressantes e 
depressão em casos de tentativa de suicídio: 
um estudo de caso-controle realizado em um 
hospital de emergência do Rio de Janeiro
Social support, stressful life events and depression in suicide attempts: 
a case-control study developed in an emergency hospital in 
Rio de Janeiro, Brazil
Diego de Lima Fonseca1, Lúcia Abelha2, Giovanni Marcos Lovisi3, Letícia Fortes Legay4
1 Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). End: Rua Thompson Flores, 28, 
casa 4, apto 201 – Méier – Rio de Janeiro, RJ – CEP: 20710-030 – Email: diegofonseca@iesc.ufrj.br
2 Doutora em Saúde Pública. Professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ. 
3 Doutor em Saúde Pública. Professor Adjunto do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
4 Doutora em Saúde Pública. Professora Associada do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28
Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay
218
Introdução
No ano 2000, a Organização Mundial de Saúde relatou que, 
aproximadamente, 1 milhão de pessoas morreu por suicídio, 
com uma taxa global de 16 por 100 mil habitantes. Isso repre-
senta 1 morte a cada 40 segundos (WHO, 2007). O suicídio é 
um fenômeno encontrado em diversos países, desenvolvidos 
e em desenvolvimento, sendo a quarta causa de óbito entre a 
população de 15 a 44 anos (WHO, 2002). 
No que se refere às tentativas de suicídio, o número pode 
ser ainda mais preocupante. Estima-se que o número de 
tentativas supere o de suicídios em 40 vezes, dependendo da 
localidade (Schmidtke et al., 1996). Aproximadamente um 
quarto dos casos de tentativas acaba tentando novamente o 
suicídio no ano seguinte. Estudos de seguimento mostram 
que 10% das pessoas que tentam suicídio acabam se matando, 
ou seja, o risco de suicídio na população que tenta praticá-lo 
é 100 vezes maior do que na população em geral (Kreitmann 
e Casey, 1988; Diekstra e Gulbinat, 1993). Segundo a Organi-
zação Mundial de Saúde (WHO, 2002), apenas 25% dos casos 
de tentativa de suicídio procuram atendimento em hospitais 
públicos.
Entre os fatores de risco para as tentativas de suicídio 
sobressaem-se variáveis sociodemográficas e clínico-epide-
miológicas, a história de tentativa de suicídio anterior e os 
transtornos mentais, principalmente a depressão (de 13 a 
53,8%) (WHO, 2002; Brasil, 2006). As variáveis sociodemo-
gráficas e clínicas mais frequentemente observadas nas tenta-
tivas são: sexo feminino, jovem, desempregado(a), solteiro(a), 
com baixo nível educacional, uso de álcool ou drogas durante 
a tentativa e tratamento psiquiátrico anterior. A ingestão 
de medicamentos é o método mais utilizado (Schmidtke et 
al.,1996; Fleischmann et al., 2005; Suomien et al., 2004; Borges 
et al., 2000; Feijó et al., 1996). Estudos apontam a importância 
da história de tentativa de suicídio anterior como um impor-
tante preditor de novas tentativas e do suicídio (Schmidtke et 
al.,1996; Skogman et al., 2004; Suokas et al., 2001; Hawton et 
al., 1998).
Os eventos estressantes podem estar relacionados com a 
ausência de apoio social. Estudos têm demonstrado os efeitos 
deletérios da ausência do suporte social em situações estres-
santes, como a morte de pessoas íntimas, separação conjugal, 
desemprego ou qualquer mudança nociva no meio ambiente. 
Todas essas situações podem propiciar transtornos mentais, 
principalmente a depressão, ou agravar os já existentes naque-
les indivíduos que não contam com um apoio social adequado 
(Brown e Rundell, 1990).
Embora a pesquisa de eventos estressantes e apoio social 
seja de grande importância, o trabalho nessa área está sujeito a 
várias limitações metodológicas. Uma delas é a dificuldade de 
conceituação do que exatamente seriam apoio social e eventos 
estressantes, pré-requisito para estudar o quer que seja. Vá-
rios conceitos de apoio social têm sido utilizados por diversos 
autores (Bowling, 1997; Cohen e Wills, 1985; Minkler, 1985; 
Cobb, 1976). Utilizaremos o conceito de Nutbeam (1986), 
que definiu apoio social associado aos eventos estressantes. 
Ele o define como a ajuda oferecida aos indivíduos pela co-
munidade para apoiá-lo em situações estressantes. Essa ajuda 
compreende a ajuda material, o apoio afetivo, o oferecimento 
de informações ou aconselhamentos.
A compreensão sobre como o apoio social estaria associa-
do aos agravos à saúde e estresse é baseada em dois modelos 
distintos. Um deles é o modelo do efeito direto que considera 
que recursos sociais têm um efeito benéfico à saúde, indepen-
dentemente de a pessoa estar vivenciando eventos estressantes 
ou não; já o modelo do efeito indireto (buffer-amortecimento) 
propõe que o apoio social é associado ao bem-estar somente, 
ou primariamente, para pessoas sob eventos estressantes (Co-
hen e Wills, 1985).
É muito plausível que, no evento estressante presente e 
apoio social ausente, um exerça ação potencializadora sobre o 
outro e, assim, forme-se um bloco causal de agravos à saúde, 
como as tentativas de suicídio. Isso pode explicar o resultado 
de estudos que encontraram associação seja de ausência de 
apoio social, seja de presença de eventos estressantes com 
agravos à saúde. Se nesses estudos não se controla o outro 
fator (apoio ausente ou estresse presente) e o mesmo esteja 
operando, vai-se encontrar provavelmente uma associação 
espúriaentre os fatores envolvidos no estudo (Lovisi et al., 
1996). Esse modelo de interação: eventos estressantes __ apoio 
social __ agravos à saúde é ainda incipiente para o estudo das 
tentativas de suicídio.
No Brasil, há poucos estudos realizados sobre fatores 
sociodemográficos e transtornos mentais nas tentativas de 
suicídio. Nesses estudos predominaram mulheres e adoles-
centes, estudantes, com histórias anteriores de tentativas e 
de transtornos mentais, sendo a depressão o mais frequente 
(Feijó et al., 1996; Rapeli e Botega, 2005; Marcondes Filho et 
al, 2002; Rapeli e Botega, 1998; Botega et al., 1995). O método 
mais utilizado por elas foi o de intoxicação por medicamentos 
psicoativos. Nos homens predominaram os adolescentes e de-
sempregados, e o método mais frequente foi o de intoxicação 
por pesticida (Feijó et al., 1996; Marcondes Filho et al., 2002; 
Werneck et al., 2006).
Atualmente, têm aumentado as pesquisas nacionais (Cas-
sorla, 1984; Feijó et al., 1999; Prieto, 2002; Gaspari e Botega, 
2002) que apontam os eventos estressantes e a ausência de 
apoio social como fatores de risco para as tentativas de suicí-
dio. Estas foram realizadas principalmente em adolescentes e 
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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
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jovens e são convergentes em apontar uma elevada incidência 
de experiências adversas (Pietro e Tavares, 2005).
No estudo conduzido por Cassorla (1984), que comparou 
jovens sem história de tentativa de suicídio anterior com jo-
vens que tentaram suicídio, foi observada maior frequência 
de desemprego, de migrações e de problemas na escola no 
grupo que tentou o suicídio. Prieto (2002) realizou estudos 
de casos clínicos de adolescentes com história de tentativa de 
suicídio recente e detectou a elevada importância dos eventos 
estressantes na história de desenvolvimento desses indivídu-
os. Caracterizavam-se por uma infância marcada pela presen-
ça de indicadores de negligência emocional, violência física, 
violência verbal e violência sexual intrafamiliar. Os eventos 
que assumiram a função de precipitantes das tentativas foram 
conflitos relacionais graves e separações recentes. Alguns es-
tudos focalizaram a relação do apoio social com as tentativas 
de suicídio. Heikkinen et al. (1995) observaram que as redes 
sociais e o suporte social eram deteriorados entre os indiví-
duos com comportamento suicida quando comparados com 
sujeitos sem história de comportamento suicida.
Somente um estudo nacional avaliou a relação entre 
apoio social e tentativas de suicídio (Gaspari e Botega, 
2002). Realizou-se um estudo de caso (tentativa de suicídio) 
e controle (sem tentativa de suicídio) com 14 homens e 15 
mulheres em cada grupo (n=29), pareados também por idade 
(diferença máxima de 5 anos). Os grupos foram recrutados 
no pronto-socorro do Hospital das Clínicas da Universidade 
Estadual de Campinas (Unicamp), durante o período de um 
ano. O Grupo Controle foi recrutado entre acompanhantes 
de pacientes atendidos. Utilizou-se o Questionário de Rede 
de Apoio Social (SSQ, do inglês Social Support Questionnai-
re – Sarason et al., 1983), a Escala de Avaliação Global do 
Funcionamento Psicossocial – Adulto (GAS, do inglês Global 
Assessment Scale – Endicott et al., 1976), a Escala de Avaliação 
Global do Relacionamento Social e Familiar (GARF, do inglês 
Global Assessment of Relational Functioning – DSM IV, 1995) 
e a Escala de Apoio Social/BILLE-BRAHE (EAS/BB – Bille-
Brahe et al., 1993).
Os principais achados do estudo foram: idade média dos 
casos de 37,4 anos; quanto à situação conjugal, 58,6% dos 
casos não possuíam companheiros, enquanto apenas 31,1% 
dos controles estavam na mesma situação (p=0,03). O grupo 
de casos tinha maior proporção de baixa escolaridade, ou seja, 
até o 1º grau completo (79,4 versus 55,1%, p=0,05). Quanto 
ao método, 38% utilizaram ingestão de medicamentos, 35% 
ingestão de venenos e o restante (27%), objetos cortantes. Os 
casos estavam mais frequentemente sob acompanhamento 
psiquiátrico (41,4 versus 17,2%) e em uso de psicofármacos 
(55,2 versus 13,8%). A rede de apoio social dos casos era com-
posta, na média, por apenas um indivíduo, enquanto o grupo 
controle contava, em média, com três indivíduos. A satisfação 
dos indivíduos com a própria rede de apoio social foi signifi-
cantemente menor entre os casos (p<0,01). O pior desempe-
nho do grupo de casos também foi significante (p<0,01) na 
escala GAS e GARF (relacionamento social e relacionamento 
familiar, respectivamente).
Apesar da importância dos estudos nacionais, chama a 
atenção o fato de terem focado em adolescentes (Cassorla, 
1984; Prieto, 2002), o pequeno tamanho da amostra (Gaspari e 
Botega, 2002), além da não-avaliação dos eventos estressantes 
e apoio social no mesmo estudo (Cassorla, 1984; Prieto, 2002; 
Gaspari e Botega, 2002). Considerando-se a escassez de dados 
acerca de tentativas de suicídio no Brasil, este artigo buscou am-
pliar o conhecimento científico sobre o tema, colaborando para 
o entendimento da relação eventos estressantes/apoio social nas 
tentativas de suicídio. O objetivo do nosso estudo foi identificar 
as variáveis de eventos estressantes e apoio social associadas aos 
casos de tentativa de suicídio atendidos no período de abril de 
2006 a março de 2007 em um hospital de emergência da cidade 
do Rio de Janeiro. O objetivo secundário foi avaliar a presença 
de transtorno depressivo nesta amostra.
Material e método
Local do estudo
O local estudado foi o Hospital Municipal Souza Aguiar 
(HMSA), um grande hospital público de emergência, situado 
no centro da cidade do Rio de Janeiro, sendo considerado o 
maior hospital de emergência da América Latina, realizando 
cerca de 30 mil atendimentos por mês na sua unidade de 
emergência. O hospital conta com uma equipe especializada 
em cirurgia de traumas, atendendo às vítimas de violência 
(Brasil, 2006), abrangendo mais de 25 especialidades médicas; 
porém, não possui Psiquiatra no seu corpo médico. O custeio 
ocorre por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 
a maior parte de seus pacientes de nível social muito baixo. 
Contudo, é possível encontrar pacientes de classe média. 
Desenho e população do estudo
Trata-se de um estudo de caso-controle. Os casos foram de-
finidos como todas as tentativas de suicídio atendidas no setor 
de emergência do HMSA no período de abril de 2006 a março 
de 2007. Para cada caso identificado, foram selecionados dois 
controles para aumentar o poder do estudo. Os controles foram 
selecionados entre pacientes internados por outros motivos. 
Eles foram pareados pelas seguintes variáveis: sexo, faixa etária 
(diferença máxima de dois anos), mesma localização de entra-
da (serviço de emergência) e intervalo de entrada no hospital 
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Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay
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de, no máximo, dez dias. Todos os controles foram recrutados 
no setor de emergência do hospital. Os controles foram sele-
cionados segundo os critérios supra, excluindo-se os menores 
de 18 anos, assim como a repetição de patologias idênticas 
que motivaram sua entrada no hospital. Por meio da escolha 
de controles com uma diversidade de patologias, procurou-se 
evitar possíveis confusões, variáveis associadas às exposições 
investigadas e ao desfecho, embora fosse inevitável a presença 
de transtornos psicológicos leves como comorbidades relacio-
nadas à própria situação de hospitalização, as quais variavam 
conforme a gravidade do caso que motivou a internação.
Como o hospital estudado não possui um sistema de refe-
rência geográfica fechado, atendendo pessoas de todo o muni-
cípio ou mesmo do estado, não é possível selecionar controles 
provenientes da população que gerou os casos. Nessa situa-
ção, a escolhade controles do mesmo hospital aproxima-se do 
pressuposto de que aquele controle poderia ser um caso em 
potencial se tentasse o suicídio, encaminhando-se provavel-
mente para o mesmo hospital.
Estudos recentes trazem uma discussão sobre a impor-
tância de se avaliar a intencionalidade no comportamento 
suicida, visando a uma melhor definição do termo “tentati-
va de suicídio” como proposta para redução dos problemas 
metodológicos. Para o presente estudo, utilizou-se a definição 
adotada pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2002): 
Ato com resultados não fatais no qual um indivíduo inten-
cionalmente inicia um comportamento não habitual, sem 
a intenção de outros, causando autolesão ou ingerindo 
intencionalmente excesso de medicamentos (em relação à 
dosagem prescrita ou aceita como normal), com a finalidade 
de provocar mudanças em decorrência das consequências 
físicas ocorridas ou esperadas.
Os critérios de exclusão foram:
1. morte como desfecho para o caso;
2. reincidência no mesmo estudo, evitando-se que o mesmo 
indivíduo fosse entrevistado mais de uma vez;
3. paciente incapacitado, por qualquer motivo, de responder 
aos questionários tanto para os casos como para os con-
troles. 
Tamanho da amostra
Durante o período do estudo, foram admitidos 118 casos 
de tentativas de suicídio no setor de emergência do HMSA, 
sendo 2 reincidências e 37 casos impossibilitados de responde-
rem aos questionários. As perdas, no total de 10 ocorrências, 
foram casos liberados rapidamente ou que saíram à revelia e 
no horário da madrugada, o que resultou em 59 entrevistas 
completas dos questionários do presente estudo.
Instrumentos utilizados no estudo
Questionário sociodemográfico 
Foi utilizada a seção A do Composite International Deve-
lopment Interview (CIDI), versão 2.1, para a identificação das 
seguintes variáveis sociodemográficas: sexo, idade, escolari-
dade, ocupação. A variável idade foi categorizada utilizando-
se os seguintes intervalos: até 19 anos, 20 a 39 anos, 40 a 59 
anos e 60 anos ou mais. A escolaridade foi obtida em anos de 
estudo. Quanto à ocupação, foram utilizadas as seguintes cate-
gorias: estudante, desempregado, emprego formal e emprego 
informal e aposentado. Somente para os casos de tentativas 
foi perguntado o método utilizado.
Eventos estressantes
Foi utilizada a Escala de Avaliação de Reajustamento So-
cial de Holmes e Rahe (1967), por ser um dos instrumentos 
mais utilizados mundialmente (Savoia, 1999) para medir 
eventos estressantes. Foi realizada a adaptação transcultural e 
validação desse instrumento no Brasil por Savoia (1999). Essa 
escala baseia-se na proposição de que o esforço exigido para 
que o indivíduo se reajuste à sociedade, depois de mudanças 
significativas em sua vida, cria um desgaste que pode levar a 
doenças sérias. Os autores desenvolveram uma lista de aconte-
cimentos considerados eventos significativos, como divórcio, 
nascimento de criança na família, morte na família, mudanças 
no trabalho e outros. Essa lista com 43 itens é apresentada aos 
indivíduos, perguntando-lhes se vivenciaram no último ano 
qualquer um dos acontecimentos apontados. Esses aconteci-
mentos recebem escores diferenciados de acordo com a sua 
magnitude; por exemplo, o escore da morte de um cônjuge é 
de 100 pontos, enquanto o escore do recebimento de multas é 
de 11 pontos. Ao se somarem os escores dos itens apontados 
pelos participantes, os indivíduos que apresentam até 150 
pontos constituem-se como grupo padrão. Os que recebem 
entre 150 e 199 pontos têm 37% mais chances de adoecerem; 
na faixa de 200 a 299 essa chance é 51% maior, e os que ultra-
passam os 300 pontos têm uma chance 79% maior. Verifica-se 
que quanto maior a pontuação, maior a probabilidade de os 
indivíduos terem problemas de saúde (Quadro 1).
Apoio social
Foi utilizada a versão brasileira da subescala de apoio so-
cial do Medical Outcome Studies (Sherbourne e Stewart, 1991), 
traduzida e adaptada no Brasil por Chor et al. (2001) e valida-
da no Brasil por Griep et al. (2005). A versão brasileira desse 
instrumento apresentou boa confiabilidade e alta validade de 
construto com kappa entre 0,62 e 1 (Griep et al., 2005). Esse 
instrumento, em sua versão brasileira, avalia três categorias 
de apoio social: interação social e suporte afetivo; suporte 
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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
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emocional e de informação e o suporte material, consistindo 
em 19 perguntas respondidas como “nunca”, “raramente”, “às 
vezes”, “quase sempre” e “sempre”.
Os dados resultantes foram dicotomizados segundo a 
seguinte regra:
- “nunca”, “raramente” e “às vezes” foram codificados como 
“raramente”; 
- “quase sempre” e “sempre” foram codificados como “fre-
quentemente”. 
Além desse instrumento, foram utilizadas duas perguntas 
acerca de rede social e três de funcionalidade social obtidas 
também do Medical Outcome Studies (Sherbourne e Stewart, 
1991). As perguntas sobre rede social mediam o número de 
familiares e amigos que integram essa rede, e as perguntas de 
funcionalidade forneciam dados categóricos do tipo sim/não. 
Todos esses questionários são estruturados para autopreen-
chimento do entrevistado.
Depressão
O Composite International Development Interview (CIDI), 
versão 2.1, foi desenvolvido pela OMS (Robins et al., 1988) e 
escolhido para avaliar os transtornos mentais. Trata-se de um 
instrumento totalmente estruturado e padronizado, permi-
tindo que não-clínicos o administrem após treinamento. As 
pesquisadoras do presente estudo foram treinadas pelo Centro 
de Treinamento do CIDI da Escola Paulista de Medicina da 
Universidade Federal de São Paulo (40 horas/treinamento), 
seguindo as normas estabelecidas pela OMS. Esse instrumento 
foi traduzido e validado em vários países; no Brasil, a validação 
foi realizada por Quintana et al. (2007). O presente estudo ava-
liou somente o episódio depressivo durante o último ano.
Coleta de dados
Quatro psicólogas treinadas previamente em todos os 
instrumentos conduziram as entrevistas. As pesquisadoras 
realizaram busca ativa para identificar e recrutar os casos e 
inseri-los no estudo. As entrevistas foram conduzidas indivi-
dualmente, depois de estabilizado o quadro clínico, durante 
as quais os casos foram confirmados pelos próprios pacientes 
ou pelos familiares/acompanhantes. Essas entrevistas tiveram 
uma duração média de uma hora. 
Aspectos éticos
Todos os participantes da pesquisa assinaram o termo 
de consentimento informado antes de serem entrevistados; 
quando impedidos devido à condição clínica, essa observação 
era anotada no termo na presença de familiares/amigos ou 
membro da equipe. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de 
Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo apresentado 
à direção do HMSA, que oficializou a realização do estudo 
dentro do hospital.
Análise dos dados
Para a análise univariada utilizaram-se as técnicas estatís-
ticas descritivas tais como: frequência, média e desvio padrão. 
Para a análise bivariada, calculou-se a Odds Ratio e o intervalo 
de confiança de 95%, aplicou-se o teste do qui-quadrado cor-
respondente a cada variável, os testes de Fisher e de Pearson 
para medir associações entre variáveis categóricas e o teste t 
para variáveis contínuas, após análise do teste de Levene para 
diferença entre variâncias amostrais. Os resultados foram 
considerados estatisticamente significantes quando o valor de 
p foi igual ou menor que 0,05. As variáveis associadas signifi-
cantemente foram submetidas à análise bivariada estratificada 
por sexo, levando-se em conta os pareamentos realizados.
Os itens de cada instrumento que obtiveram p<0,10 foram 
submetidos a regressão logística binária condicional pelo método 
backward stepwise. Ao final, foi realizadaa mesma regressão com 
as variáveis de apoio social e de eventos estressantes que manti-
veram a significância nas análises multivariadas anteriores, além 
da variável de episódio depressivo. Para a digitação dos dados foi 
utilizado o programa EpiInfo, versão 6.04, e para a análise dos 
dados foram utilizados os programas Statistical Package for Social 
Sciences (SPSS), versão 10.1 e o EpiInfo, versão 3.4.
Resultados
Características sociodemográficas 
e clínico-epidemiológicas 
Houve predominância do sexo feminino (59,3 versus 
40,7%, p=0,02) e de adultos jovens, 20-39 anos, 67,8% nos 
dois grupos (Tabela 1). As análises estatísticas mostraram que 
o pareamento para essas variáveis foi bem sucedido. 
As variáveis socio demográficas apresentadas na Tabela 
1 apresentam uma predominância tanto entre os casos como 
entre os controles de: baixo nível educacional, até 8 anos de 
estudo (50,8 versus 61,9%); solteiros (59,3 versus 46,6%); tra-
balho formal e informal (52,5 versus 55,1%). Ressalta-se a alta 
Quadro 1 - Probabilidade de ter problemas de saúde segundo o 
escore obtido na Escala de Avaliação de Reajustamento Social 
Escore obtido Probabilidade de ter 
problemas de saúde (%)
Moderada (150-199) 37
Média (200-299) 51
Severa (de 300 a mais) 79
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222
proporção de desempregados nos dois grupos (37,3 versus 
34,7%). Os casos de tentativa relataram cerca de 3 vezes mais 
episódios depressivos (45,8 versus 12,7%, p<0,01). Os métodos 
utilizados (Tabela 1) foram distribuídos significativamente, 
com maior proporção de ingestão de pesticidas (39%), segui-
da de intoxicação por medicamentos (33,9%). A utilização de 
outros métodos violentos – tais como a utilização de meios 
cortantes, precipitação de grandes alturas e atropelamento 
provocado – correspondeu a 22%.
Avaliação de eventos estressantes
Os dados referentes à avaliação de eventos estressantes são 
apresentados na Tabela 2, verificando-se que o escore final da 
escala de eventos estressantes, a distribuição foi significante-
mente diferente (p=0,02) entre os grupos, sendo que a maior 
proporção na faixa de maior risco foi de casos (>300 pontos; 
52,5 versus 40,7%), e a maior proporção na faixa de risco médio 
foi de controles (entre 200 e 299 pontos; 20,3 versus 33,9%).
Quando observados os eventos isoladamente (Tabela 2), 
foi encontrada diferença estatística com maior frequência 
entre os casos nos seguintes eventos: reconciliação com o 
cônjuge (23,7 versus 7,6%, OR=3,77, p<0,01), dificuldades 
sexuais (22 versus 10,2%, OR=2,50, p=0,04), mudança na fre-
quência de brigas com o cônjuge (42,4 versus 22%, OR=2,60, 
p<0,01), dificuldade com a polícia (13,6 versus 4,2%, OR=3,55, 
p<0,01), começo ou abandono dos estudos (40,7 versus 
24,6%, OR=2,10, p=0,04), mudança de escola (10,2 versus 
0,8%, OR=13,25, p<0,01). Embora sem diferença significante, 
a variável mudança de condição financeira chama a atenção 
pela frequência relativa elevada, tanto nos casos como nos 
controle (64,4 versus 50,85%).
Foi encontrada diferença estatística com maior frequência 
entre os controles apenas para: acidentes ou doenças (58,5 
versus 28,8%, OR=0,29, p<0,01). Esse dado era esperado em 
se tratando de controles avaliados em enfermarias após entra-
da em uma emergência hospitalar. 
Após a regressão logística binária (Tabela 3), encontrou-
se significância estatística para as seguintes variáveis, com 
maior proporção entre os casos: reconciliação com o cônjuge 
(OR=4,88, p<0,01), dificuldades sexuais (OR=4,49, p=0,03), 
mudança de escola (OR=3,03, p<0,01). Entre as variáveis 
com maior proporção entre os controles, foram encontrados: 
acidente ou doença (OR=0,13, p<0,01), acréscimo ou dimi-
nuição de moradores na residência (OR=0,01, p<0,01).
Avaliação de apoio social
Quanto ao tamanho da rede de apoio, os controles apre-
sentavam maior número em média de parentes (3,6 versus 
1,3%; p<0,01) e de amigos (2,8 versus 1,3%; p=0,03) (Tabela 
4). Quanto à participação em atividades sociais, os controles 
apresentavam uma maior participação em atividades despor-
tivas/artísticas (39 versus 23,7%, OR=4,15, p=0,05) e em reu-
niões de sindicatos/associações (22,9 versus 8,5%, OR=8,81, 
p=0,02), sendo que todos esses resultados exibiram associação 
significativa.
A escala de apoio social apontou diferença significante na 
média da pontuação obtida, com menor apoio social entre os 
casos de tentativa de suicídio, em 18 dos 19 itens da escala 
(Tabela 4). O único item que não apresentou significância 
estatística foi: “alguém com que você conta que lhe ajude se 
você ficar de cama” (22 versus 15,3, p=0,26).
Após a regressão logística binária, apontou-se significância 
estatística para as seguintes variáveis (Tabela 3), com menor 
apoio social entre os casos em comparação aos controles: 
Tabela 1 - Características sociodemográficas e clínicas de casos 
de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de 
emergência do Rio de Janeiro
Casos 
(n=59)
Controle
(n=118)
Valor 
de p
Gênero* 
Masculino 40,7 40,7 
Feminino 59,3 59,3 
Faixa etária* (em anos) 
até 19 8,5 10,2 
20-39 67,8 67,8 
40-59 20,3 16,9 
60 ou mais 3,4 5,1 
Escolaridade (em anos) 0,31
0 a 8 50,8 61,9 
8 a 11 45,8 33,9 
12 ou mais 3,4 4,2 
Estado civil 0,23
Solteiro 59,3 46,6
Casado 28,8 29,7 
Separado 10,2 15,3
Viúvo 1,7 2,5 
Divorciado 0,0 5,9 
Situação econômica 0,95
Emprego formal 37,3 34,7 
Desempregado/Emprego informal 52,6 55,0 
Estudante 8,5 8,5 
Aposentado 1,7 1,7 
Depressão 
Sim 52,5 12,7 0,01
Não 47,5 82,3
Método Casos 0,01
Medicamentos 33,9
Pesticida 39
Métodos violentos 22
Outros 5,1
* Pareados para essas variáveis.
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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
223
Tabela 2 - Avaliação de eventos estressantes no último ano em casos de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de 
emergência do Rio de Janeiro
Eventos estressantes Casos (n=59) Controle (n=118) OR IC95%
Morte do cônjuge 1,69 0,00
Divórcio 10,17 3,39 3,23 0,87-11,92
Separação do casal 33,90 21,19 1,91 0,95-3,83
Prisão 5,08 1,69 3,11 0,50-19,13
Morte de alguém da família 40,68 38,14 1,11 0,59-2,11
Acidentes ou doenças 28,81 58,47 0,29* 0,15-0,56
Casamento 3,39 9,32 0,34 0,07-1,59
Perda do emprego 22,03 27,12 0,76 0,36-1,59
Reconciliação com o cônjuge 23,73 7,63 3,77* 1,52-9,33
Aposentadoria 0,00 0,85
Doença de alguém da família 37,29 37,29 1,00 0,52-1,91
Gravidez 20,34 20,34 1,00 0,46-2,17
Dificuldades sexuais 22,03 10,17 2,50* 1,06-5,88
Nascimento de criança na família 33,90 33,90 1,00 0,52-1,94
Mudança no trabalho 20,34 23,73 1,42 1,76-0,82
Mudança na sua condição financeira 64,41 50,85 1,75 0,92-3,33
Morte de um amigo íntimo 28,81 25,42 1,19 0,59-2,39
Mudança na linha de trabalho 23,73 16,95 1,52 0,71-3,29
Mudança na frequência de brigas com o cônjuge 42,37 22,03 2,60* 1,32-5,11
Compra de casa de valor alto 3,39 3,39 1,00 0,18-5,62
Término de pagamento de empréstimo 6,78 11,86 0,54 0,17-1,72
Mudança de responsabilidade no trabalho 23,73 19,49 1,29 0,61-2,73
Saída de filho(a) de casa 3,39 5,08 0,65 0,13-3,35
Dificuldade com a polícia 13,56 4,24 3,55* 1,11-11,37
Reconhecimento de feito profissional de realce 10,17 19,49 0,47 0,18-1,22
Cônjuge começou ou parou de trabalhar 15,25 20,34 0,71 0,30-1,63
Começo ou abandono dos estudos 40,68 24,58 2,10* 1,08-4,10
Acréscimo ou diminuição de pessoas morando na casa 25,42 38,98 0,53 0,27-1,07
Mudança de hábitos pessoais 49,15 44,07 1,23 0,66-2,30
Dificuldade com o chefe 13,56 8,47 1,69 0,63-4,55
Mudança no horário de trabalho 18,64 16,95 1,12 0,50-2,53
Mudança de residência 37,29 25,42 1,74 0,89-3,41
Mudança de escola 10,17 0,85 13,25* 1,56-112,77
Mudança de atividades recreativas 22,03 22,880,95 0,45-2,02
Mudanças de atividades religiosas 35,59 26,27 1,55 0,79-3,04
Mudanças de atividades sociais 35,59 23,73 1,78 0,90-3,51
Compra a crédito de valor médio 13,56 22,03 0,56 0,23-1,32
Mudança nos hábitos de dormir 55,93 44,92 1,56 0,83-2,92
Mudança na frequência de reuniões familiares 44,07 36,44 1,37 0,73-2,60
Mudança nos hábitos de alimentação 55,93 47,46 1,41 0,75-2,63
Férias 13,56 11,02 1,27 0,49-3,25
Natal 59,32 63,56 0,84 0,44-1,59
Recebimento de multas ao cometer pequenas infrações 6,78 6,78 1,00 0,29-3,47
Probabilidades
0 11,86 18,64*
37 15,25 6,78
51 20,34 33,90
79 52,54 40,68
OR: odds ratio; IC95%: intervalo de confiança de 95%.
* p<0,05
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Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay
224
grande maioria das pesquisas internacionais (Skogman et al., 
2004; Bernal et al., 2007; Blackmore et al., 2008) e nacionais 
(Rapeli e Botega, 2005; Marcondes Filho et al., 2002). A forte 
associação encontrada (OR=4,97) é compatível com os estu-
dos que apontam o episódio depressivo como um dos mais 
importantes fatores de risco para as tentativas de suicídio 
(Bernal et al., 2007; Nock e Kessler, 2006; Haw et al., 2001; 
Beautrais et al., 1996).
Os casos de tentativas de suicídio apresentaram um 
número substancialmente maior de eventos estressantes 
(Cassorla, 1984; Gould et al., 1996; Feijó et al., 1999; Prieto, 
2002). Dentre esses eventos, aqueles que apresentaram maior 
associação com as tentativas de suicídio foram mudança de 
escola e reconciliação com o cônjuge. 
A mudança de escola pode estar associada tanto aos sin-
tomas depressivos como ao comportamento suicida. Ela pode 
ser verificada em situações tais como: problemas escolares 
(expulsão da escola, reprovação), mudança de residência e 
separação dos pais. Resultado semelhante foi encontrado em 
um estudo de caso-controle realizado em adolescentes grávi-
das e não-grávidas, buscando comparar o perfil psicossocial 
e o comportamento suicida entre os dois grupos. Os autores 
encontraram o fato de “não estar estudando por seis meses” 
associado ao comportamento suicida (Freitas e Botega, 
2001).
Na escala de eventos estressantes utilizada em nosso 
estudo, os eventos com maior escore são morte do cônjuge, 
divórcio e separação (100, 73 e 65 pontos, respectivamente). 
A reconciliação com o cônjuge está fortemente relacionada a 
brigas/separações anteriores, podendo ser esta uma explica-
ção para a sua significância em nosso modelo de regressão fi-
nal. Outro aspecto importante é que a reconciliação gera uma 
carga de estresse em um indivíduo que já está sob efeito de 
uma briga/separação anterior. A escala baseia-se justamente 
nessa sobrecarga de eventos em curto período de tempo (um 
ano) para apontar indivíduos com maiores chances de terem 
problemas de saúde. 
Chama a atenção a grande frequência de divórcio e sepa-
ração nos casos, principalmente no sexo feminino (44,1%). 
Como abordado por Corney (1987) e Goerin et al. (1992), a 
desarmonia conjugal pode predispor, principalmente nas mu-
lheres, a transtornos depressivos. Correlações entre tentativa 
de suicídio, divórcio e/ou separação têm sido encontradas por 
diferentes estudos, os quais apontam esses eventos como um 
importante fator precipitante para o comportamento suicida 
(Meneghel et al., 2004; Werneck et al., 2006; Gaspari e Botega, 
2002).
A pior percepção de apoio afetivo apresentou-se associada, 
no nosso estudo, aos casos de tentativa de suicídio. No mode-
Tabela 3 - Modelos de regressão
Variáveis OR IC95% Valor de p
Eventos estressantes
Acidentes ou doenças 0,13* 0,05 - 0,32 0,01
Reconciliação com o cônjuge 4,88 1,54 - 15,45 0,01
Dificuldades sexuais 4,49 1,10 - 18,32 0,03
Mudança de escola 3,03 7,14 - 1,26 0,01
Acréscimo ou diminuição de 
pessoas morando na casa 0,01* 0,00 - 0,12 0,01
Apoio social
Com quem distrair a cabeça 4,81 1,82 - 12,72 0,01
Com quem fazer coisas 
agradáveis 4,00 1,28 - 12,48 0,02
Que você ame e que faça você 
se sentir querido 3,03 1,10 - 8,371 0,03
Modelo final
Acidentes ou doenças 0,22* 0,09 - 0,54 0,01
Reconciliação com o cônjuge 7,63 2,26 - 25,64 0,01
Mudança de escola 15,38 1,47 - 166,67 0,02
Acréscimo ou diminuição de 
pessoas morando na casa 0,33* 0,12 - 0,89 0,03
Com quem distrair a cabeça 4,90 1,43 - 16,79 0,01
Com quem fazer coisas 
agradáveis 6,55 1,69 - 25,32 0,01
Depressão 4,97 1,89 - 12,99 0,01
* Fatores de proteção no grupo estudado.
OR: odds ratio; IC95%: intervalo de confiança de 95%.
alguém com quem distrair a cabeça (OR=4,81, p<0,01); com 
quem fazer coisas agradáveis (OR=4,00, p=0,02); alguém que 
você ame e que faça você se sentir querido (OR=3,03, p=0,03).
Regressão logística binária final
Após a regressão logística binária final, permaneceram 
integrantes do modelo preditivo de tentativas de suicídio as 
seguintes variáveis (Tabela 3): 
1. variáveis de eventos estressantes: acidentes ou doenças, 
reconciliação com o cônjuge, mudança de escola; 
2. variáveis de apoio social: com que frequência você conta 
com alguém com quem distrair a cabeça e com que frequ-
ência você conta com quem fazer coisas agradáveis;
3. variável clínica: depressão.
Discussão
O principal achado do estudo foi um modelo preditivo 
simplificado, obtido por meio de técnica de regressão logísti-
ca, composto de apenas três variáveis de eventos estressantes; 
duas variáveis de apoio social e por episódio de depressão no 
último ano.
A maior prevalência de episódios depressivos entre os ca-
sos de tentativa de suicídio em comparação com os controles 
(52,5 versus 12,7%) (Tabela 1) está em consonância com a 
Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28
Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
225
Tabela 4 - Avaliação do apoio social em casos de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
Casos 
(n=59)
Controle 
(n=118) OR IC95%
Que o ajude, se ficar de cama 22,0 15,3 1,44 0,76 - 2,74
Para lhe ouvir, se você precisar 35,6* 17,8 2,00 1,19 - 3,35
Para lhe dar bons conselhos em uma situação de crise 44,1* 21,2 2,08 1,32 - 3,26
Para levá-lo ao médico 40,7* 14,4 2,82 1,65 - 4,83
Que demonstre amor e afeto por você 25,4* 8,5 3,00 1,44 - 6,26
Para se divertir junto 47,5* 11,0 4,31 2,41 - 7,68
Para lhe dar informação que o ajude a compreender melhor uma situação 44,1* 19,5 2,26 1,42 - 3,60
Em quem confiar ou para falar com você ou sobre os seus problemas 40,7* 40,7 2,53 1,51 - 4,22
Que lhe dê um abraço 39,0* 10,2 3,83 2,05 - 7,15
Com quem relaxar 45,8* 11,9 3,86 2,19 - 6,78
Para preparar suas refeições, se você não puder prepará-las 35,6* 14,4 2,47 1,41 - 4,31
De quem você realmente quer conselhos 39,0* 19,5 2,00 1,23 - 3,25
Para ajudá-lo nas horas tarefas diárias, se você ficar doente 47,5* 7,6 6,22 3,14 - 12,31
Com quem distrair a cabeça 25,4* 11,0 2,31 1,18 - 4,52
Para compartilhar suas preocupações e medos mais íntimos 49,2* 20,3 2,42 1,55 - 3,75
Para dar sugestões sobre como lidar com um problema pessoal 39,0* 14,4 2,71 1,57 - 4,65
Com quem fazer coisas agradáveis 39,0* 5,1 7,67 3,30 - 17,80
Que compreenda seus problemas 50,8* 18,6 2,72 1,73 - 4,28
Que você ame e que faça você se sentir querido 37,3* 7,6 4,89 2,40 - 9,94
Participa de atividades desportivas e/ou artísticas 38,98* 23,73 2,05 4,15 - 1,01
Participa de reuniões de associações/sindicatos 22,88* 8,47 3,20 8,81 - 1,16
Participa de trabalhos voluntários? 21,19* 22,03 0,95 2,03 - 0,45
Com quantos parentes você se sente à vontade para falar sobre quase tudo
Controle 3,63
-2,36 -3,46-1,25Caso 1,27
Com quantos amigos você se sente à vontade para falar sobre quase tudo
Controle 2,80
-1,46 -2,81-0,11Caso 1,34
OR: odds ratio; IC95%: Intervalo de confiança de 95%.
p<0,05
lo indireto (buffer) de apoio social, o qual é o mais adequado 
quando lidamos com eventos estressantes, como o caso dereconciliação/brigas, o papel do apoio social seria o de reme-
diar os efeitos causados por esse estresse. Com apoio social, 
tenta-se assegurar o controle emocional do indivíduo a partir 
de um suprimento externo, principalmente por meio de fami-
liares e amigos íntimos. Isso é de suma importância para os 
indivíduos que estão diante de uma situação estressante e não 
encontram o apoio social adequado para enfrentar tal proble-
ma. Um dos apoios sociais mais importantes no enfrentamen-
to desses eventos estressantes é o afetivo. Na ausência desse 
apoio e presença de problemas de relacionamentos afetivos, 
aumenta o risco de transtorno mental, como a depressão e, 
consequentemente, o comportamento suicida. 
Veiel et al. (1988) encontraram uma associação entre au-
sência de apoio social e tentativa de suicídio, mas ressaltou 
a necessidade de novos estudos em função das divergências 
encontradas na conceitualização do termo e na falta de ins-
trumentos específicos para a avaliação do apoio social. O 
estudo de Gaspari (2002) apresentou essa mesma associação, 
indicando como vantagem o fato de ter sido realizado 13 
anos após o de Veiel, o que lhe garantiria vantagens, como 
melhor definição dos conceitos e instrumentos padronizados. 
Cerca de 20 anos após o primeiro estudo, as dificuldades de 
se estudar esse tema continuam presentes. A conceitualização 
de apoio social continua imprecisa, apesar dos avanços e, 
embora existam hoje alguns instrumentos específicos, a falta 
de padronização dificulta a comparabilidade entre os vários 
estudos. Nesse sentido, é difícil uma comparação direta entre 
os dados do presente estudo e os obtidos por Gaspari, o que 
não impede a afirmação de que ambos os resultados apontam 
para a associação entre a ausência de apoio social e a tentativa 
de suicídio.
Outra dificuldade é o fato de se trabalhar simultaneamente 
com os conceitos de apoio social e de transtornos mentais. O 
indivíduo com a presença desses transtornos pode dificultar a 
ajuda, por sua atitude negativista de recusa e isolamento. É fato 
já constatado na Psiquiatria que essas características inibem 
a ajuda dos familiares e amigos íntimos para com o paciente. 
Por exemplo, o paciente deprimido avalia negativamente a sua 
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Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay
226
condição e seu ambiente. Um dos problemas a que se deve estar 
atento é a possibilidade, por exemplo, de um paciente ter uma 
visão pessimista do mundo, consequente de sua doença, e isso 
influir na sua visão acerca dos seus relacionamentos sociais, isto 
é, ele provaria falseadamente sua interação com o mundo, che-falseadamente sua interação com o mundo, che- sua interação com o mundo, che-
gando a atribuir ausência de suporte social em circunstâncias 
que caracterizariam um suporte satisfatório quando fora da de-
pressão. Isso poderia explicar a significativa menor percepção 
de apoio social em quase todos os itens em nosso estudo.
As características sociodemográficas predominantes 
foram: adulto jovem, sexo feminino, solteiro, baixo nível edu-
cacional e fora do mercado formal de trabalho. Esses aspectos 
foram compatíveis com os estudos nacionais e internacionais 
sobre tentativas de suicídio (Schmidtke et al., 1996; Rapeli e 
Botega, 1998, Gaspari e Botega, 2002). 
Embora a literatura aponte que o desemprego e baixo 
nível socioeconômico são mais frequentes nos indivíduos 
que tentam o suicídio (Platt, 1984; Blackmore et al., 2008; 
Qin et al., 2003; Nunes, 1988), não encontramos diferenças 
significantes com o grupo controle. Isso, contudo, pode ser 
explicado pelo fato de o Grupo Controle ser constituído por 
pacientes atendidos em um hospital público, em sua maioria 
da camada populacional menos favorecida.
Os métodos mais utilizados pelas mulheres foram ingestão 
de medicamentos psicoativos e ingestão de pesticidas (37,1% 
para ambas). Esse resultado foi corroborado por estudos 
nacionais e internacionais (Werneck et al., 2006; Botega et 
al., 1995; Kachava e Escobar, 2005; Nunes, 1988; Marcondes 
Filho et al., 2002). O uso abusivo de medicamentos psicoa-
tivos é um problema de Saúde Pública no Brasil. Segundo a 
OMS, em 1990, consumiram-se 500 milhões de doses diárias 
de tranquilizantes no Brasil. Essa quantia foi três vezes mais 
alta do que a esperada (WHO, 1990).
A ingestão de pesticida foi o método utilizado por quase 
metade dos homens (41,7%). Esse resultado é consistente com 
os de outros estudos nacionais (Werneck et al., 2006; Botega 
et al., 1995; Kachava e Escobar, 2005; Nunes, 1988). Em nossa 
investigação, os 23 indivíduos que tentaram o uso de pesticida 
utilizaram a fórmula denominada “chumbinho”. O uso desse 
pesticida também foi identificado como principal método 
utilizado nas tentativas em outros estudos realizados no Rio 
de Janeiro (Werneck et al., 2006; Moraes, 1999). A ingestão de 
pesticidas constitui a terceira maior causa de intoxicação agu-
da no Brasil. Um recente estudo sobre intoxicação realizado 
no Ceará indicou que 84,2% de todos os casos de intoxicação 
por pesticida eram relacionados à tentativa de suicídio (Mar-
ques, 2005). Todos esses estudos, incluindo nossa investiga-
ção, sugerem a necessidade de se desenvolverem estratégias 
que restrinjam o acesso a esse método. É necessário e urgente 
ampliar o controle da aquisição do “chumbinho”, uma vez 
que, apesar de a venda ser proibida, o acesso é fácil e barato. 
Quanto à medicação psicoativa, além da fiscalização para o 
cumprimento da exigência da apresentação da prescrição 
médica para o seu acesso, faz-se também necessária maior 
conscientização da comunidade médica quanto à dispensação 
desses medicamentos.
Em razão da grande variedade regional, as taxas de suicídio 
variam de 2 a 16 mortes por 100 mil habitantes no Brasil. Exis-
te a necessidade de se pesquisar sobre os transtornos mentais. 
Encontramos uma alta prevalência de eventos estressantes, 
escassez de apoio social e depressão, além da predominância 
de baixo nível educacional e trabalhadores fora do mercado 
formal de trabalho. Nossos achados sugerem que a prevenção 
das tentativas de suicídio precisa ser multissetorial, incluindo 
ações e políticas para educação e empregos, além das medidas 
de intervenção e tratamento dos transtornos mentais.
Limitações
Neste estudo, por não se garantir a temporalidade, não foi 
possível estabelecer uma relação causal entre os fatores estu-
dados. Outro fato é o de que os casos de tentativas de suicídio 
não são representativos de todos os casos ocorridos no Rio de 
Janeiro, e sim dos casos de tentativas que buscaram atendi-
mento médico emergencial. Dessa forma, estes representam 
os casos mais graves e com maior probabilidade de apresenta-
rem depressão. Tentou-se diminuir o viés de informação (ou 
viés de memória), ocasionado pela tendência dos casos a se 
lembrarem melhor dos eventos passados do que os controles 
com a adoção das seguintes medidas: realização de entrevis-
tas estruturadas; treinamento rigoroso das entrevistadoras; e 
pesquisa dos eventos no último ano de vida. Questões sobre 
esquizofrenia devem ser consideradas em estudos que ava-
liam a depressão, devido ao chamado “quadro de depressão 
pós-psicótica”.
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Recebido em: 13/4/2009
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