Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
jusbrasil.com.br 27 de Dezembro de 2021 [Pensar Criminalista]: Gabaritando questões de concursos sobre o crime de Furto! Hoje vamos estudar o crime de furto a partir de três recentes questões cobradas em concursos públicos. O furto está previsto no art. 155, do CP: CP, Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 4º-A - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) § 4º-B - A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º-C - A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) § 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) QUESTÕES DE CONCURSOS 1 - (Ano: 2018 / Banca: CESPE / CEBRASPE / Órgão: PC-MA / Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) No interior de um estabelecimento comercial, João colocou em sua mochila diversos equipamentos eletrônicos, com a intenção de subtraí-los para si. Após conseguir sair do estabelecimento sem pagar pelos produtos, João foi detido, ainda nas proximidades do local, por agentes de segurança que visualizaram trechos de sua ação pelo sistema de câmeras de vigilância. Os produtos em poder de João foram recuperados e avaliados em R$ 1.200. Nessa situação hipotética, caracterizou-se (A) uma tentativa inidônea de crime de furto. (B) um fato atípico, pela incidência do princípio da insignificância. (C) a prática de crime de furto. (D) uma situação de crime impossível por ineficácia absoluta do meio. (E) uma situação de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. GABARITO: Letra (C). Letra (A) – ERRADA – Não há crime impossível (ou tentativa inidônea), pois é pacífico na jurisprudência que a existência de sistema de monitoração eletrônica ou esquema de segurança em estabelecimentos comerciais não inviabiliza a ocorrência do crime de furto. Letra (B) – ERRADA – Não há que se falar em incidência do princípio da insignificância ao caso, pois conforme jurisprudência pátria não há bagatela se o valor do bem subtraído ultrapassa a 10% (dez por cento) do valor do salário-mínimo vigente. Letra (C) – CORRETA – No caso apresentado está caracterizado o crime de furto na modalidade consumada, pois a inversão da posse do bem ocorreu, ainda que por curto lapso temporal. Não se exige no Direito brasileiro que essa posse seja mansa e pacífica para que o crime se consume. Letra (D) – ERRADA – Fala-se em ineficácia absoluta do meio quando os instrumentos utilizados para o cometimento da conduta criminosa são absolutamente ineficazes para a consumação do resultado pretendido. Não é o caso da questão, que, inclusive, relata uma situação de furto consumado. Letra (E) – ERRADA – Fala-se em absoluta impropriedade do objeto quando o objeto material do crime não se presta à consumação do crime. Não é o caso da questão, pois conforme já analisado, a existência de vigilância não impede a configuração do furto. DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA! Súmula 567, do STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Súmula 582, do STJ - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. PENAL. (...) INADEQUAÇÃO. FURTO. ABSOLVIÇÃO. INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA NÃO CONFIGURADA. VALOR DA RES FURTIVA SUPERIOR A 10% DO SALÁRIO-MÍNIMO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFIC NCIA. INAPLICABILIDADE. REITERAÇÃO DELITIVA.RÉ REINCIDENTE ESPECÍFICA. BENS RESTITUÍDOS À VÍTIMA. IRRELEV NCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA NÃO EVIDENCIADA. ORDEM NÃO CONHECIDA. (...) 2. O "princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. (...) Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente; (b) nenhuma periculosidade social da ação; (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público." (HC n. 84.412-0/SP, STF, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, DJU 19/11/2004). 3. A jurisprudência desta Corte, dentre outros critérios, aponta o parâmetro da décima parte do salário-mínimo vigente ao tempo da infração penal, para aferição da relevância da lesão patrimonial. Precedentes. 4. Hipótese na qual a paciente tentou subtrair 8 barras de chocolate pertencentes ao estabelecimento comercial (...) avaliadas no total de R$192,00, o que equivale a cerca de 20% do salário-mínimo vigente, de R$954,00, não havendo que se falar, portanto, em lesão patrimonial irrelevante. 5. A Quinta Turma reconhece que o princípio da insignificância não tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente, quando demonstrado ser tal medida recomendável diante das circunstâncias concretas. 6. Evidenciado que a paciente é reincidente específica, e que já foi beneficiada anteriormente com a suspensão condicional do processo, resta demonstrada a habitualidade delitiva da ré, o que afasta, por consectário, a incidência do princípio da bagatela. 7. O fato de os bens subtraídos terem sido restituídos à vítima não afasta, por si só, a tipicidade daconduta e tampouco permite a aplicação do princípio da insignificância. 8. Não há que se falar em atipicidade material da conduta, por não restarem demonstrados os exigidos ausência de periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade, bem como em razão da contumácia da paciente na prática de delitos contra o patrimônio. 9. Writ não conhecido. (STJ, HC 610.127/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas – Quinta Turma, julgado em 09/12/2020, DJe 14/12/2020) 2 - (Ano: 2018 / Banca: CESPE / CEBRASPE / Órgão: MPU / Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito) Cada um do item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. Um indivíduo, penalmente imputável, em continuidade delitiva, foi flagrado por autoridade policial no decorrer da prática criminosa de furtar sinal de TV a cabo. Nessa situação, de acordo com o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, aplica-se a analogia ao caso concreto, no sentido de imputar ao agente a conduta típica do crime de furto de energia elétrica. ( ) Certo ( ) Errado GABARITO: ERRADO No Direito Penal não há que se falar em analogia in malam partem. Por isso, o STF entende que o furto de sinal de TV a cabo é fato atípico. ATENÇÃO! Para o STJ é possível se falar em furto de sinal de TV a cabo. Portanto, é preciso atenção ao comando das questões. DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA! HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. (...) INTERCEPTAÇÃO OU RECEPTAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SINAL DE TV A CABO. FURTO DE ENERGIA (ART. 155, § 3 º, DO CÓDIGO PENAL). ADEQUAÇÃO TÍPICA NÃO EVIDENCIADA. CONDUTA TÍPICA PREVISTA NO ART. 35 DA L EI 8.977/95. INEXISTÊNCIA DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. APLICAÇÃO DE ANALOGIA IN MALAM PARTEM PARA COMPLEMENTAR A NORMA. INADMISSIBILIDADE. OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ESTRITA LEGALIDADE PENAL. PRECEDENTES. (...) O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade. Precedentes. Ordem concedida. (STF, HC 97.261, Rel. Min Joaquim Barbosa - Segunda Turma, julgado em 12/04/2011, DJe- 081, DIVULG 02/05/2011, PUBLIC 03/05/2011, EMENT VOL- 02513-01, PP-00029, RTJ, VOL-00219-01, PP-00423, RT, v. 100, n. 909, 2011, p. 409-415) RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CAPTAÇÃO IRREGULAR DE SINAL DE TELEVISÃO A CABO. ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA. NECESSIDADE DE PROVA PRÉ- CONSTITUÍDA. EQUIPARAÇÃO À ENERGIA ELÉTRICA. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. (...) 3. Assim não fosse, tomando-se por base apenas os fatos relatados na inicial do mandamus impetrado na origem e no aresto objurgado, não se constata qualquer ilegalidade passível de ser remediada por este Sodalício, pois o sinal de TV a cabo pode ser equiparado à energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, § 3º, do Código Penal. Doutrina. Precedentes. 4. Recurso improvido. (STJ, RHC 30.847/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 04/09/2013) 3 - (Ano: 2019 / Banca: INSTITUTO AOCP / Órgão: PC-ES / Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Em relação ao crime de furto, é correto afirmar que (A) a pena é aumentada de um terço se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (B) se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode isentar o agente de pena. (C) não se equipara à coisa móvel a energia elétrica. (D) o furto é qualificado se o crime for cometido com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. (E) a pena é aumentada de três quintos se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. GABARITO: Letra (D) Letra (A) – ERRADA – No caso de furto de semovente domesticável de produção, abatido ou dividido em partes, a pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos (art. 155, §6º, do Código Penal). Letra (B) – ERRADA – Se o réu é primário e a coisa furtada de pequeno valor, o juiz poderá (1) substituir a pena de reclusão pela de detenção, (2) diminuí-la de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou (3) aplicar somente a pena de multa. Letra (C) – ERRADA – A energia elétrica equipara-se à coisa móvel (art. 155, § 3º, do Código Penal). Letra (D) – CORRETA – Art. 155, § 4º, I, do Código Penal. Letra (E) – ERRADA – Para o crime de furto de veículo automotor, se o automóvel for transportado para outro Estado ou para o exterior, a pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos (art. 155, § 5º, do Código Penal). ____________________ Referências: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 610.127/SP, Relatoria do Ministro Ribeiro Dantas – Quinta Turma, julgado em 09/12/2020, DJe 14/12/2020. Disponível em < https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao? num_registro=202002254821&dt_publicacao=14/... > __________.__________. Recurso Ordinário em Habeas Corpus nº 30.847/RJ, Relatoria do Ministro Jorge Mussi – Quinta Turma, julgado em 20/08/2013, DJe 04/09/2013. Disponível em < https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao? num_registro=201101747066&dt_publicacao=04/... > https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=202002254821&dt_publicacao=14/12/2020 https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201101747066&dt_publicacao=04/09/2013 __________. __________. Súmula 567, Terceira Seção, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016. Disponível em < https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre= (sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 > __________. __________. Súmula 582, Terceira Seção, julgado em 14/09/2016, DJe 19/09/2016. Disponível em < https://www.stj.jus.br/internet_docs/biblioteca/clippinglegislacao/Sumul a_582_2016_Terceira_Secao.pd... > __________. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 97.261/RS, Relatoria do Ministro Joaquim Barbosa - Segunda Turma, julgado em 12/04/2011, DJe 03/05/2011. Disponível em < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp? docTP=AC&docID=622429 > ____________________ Quem sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. Também estou no LinkedIn. Você pode me encontrar por lá: https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcantegfigueiredo Disponível em: https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1347085542/pensar-criminalista- gabaritando-questoes-de-concursos-sobre-o-crime-de-furto https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 https://www.stj.jus.br/internet_docs/biblioteca/clippinglegislacao/Sumula_582_2016_Terceira_Secao.pdf http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=622429 https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcantegfigueiredo
Compartilhar