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Metodologia Científica Aula 4 - Diferentes técnicas de estudo INTRODUÇÃO Nessa aula, você aprenderá sobre as técnicas de estudo. Para isso, é importante reconhecer a leitura como principal fonte de matéria-prima para o desenvolvimento do conhecimento. OBJETIVOS Reconhecer a leitura como principal fonte de matéria-prima para o desenvolvimento do conhecimento. Comparar técnicas de estudo. Diferenciar as funções da Resenha e do Resumo na produção científica. A LEITURA E AS ATIVIDADES ACADÊMICAS Acostumamo-nos a ouvir que as tecnologias invadiram nossa experiência cotidiana, não é mesmo? Muitos acreditam que os jovens se afastaram da leitura em razão de um suposto excesso de tecnologias. Esse afastamento, consequentemente, teria provocado um empobrecimento da linguagem. Há quem diga também que não tem paciência para ler um livro, que ver um filme é muito melhor. Ou, ainda, saem com frases do tipo: “o que não tenho é tempo!” Será que isso é verdade? Ou estamos diante de alguém que não criou o hábito de ler? É natural não termos tempo para certas coisas. Ninguém tem tempo, no final das contas, mas todos querem saber tudo, não é? Vamos descobrir nesta aula que a leitura não foi deixada de lado e que ela é o primeiro passo para colocar em prática as técnicas de estudo e desenvolver as atividades acadêmicas. Segundo alguns autores... galeria/aula4/img/03a.jpg Carlos Drummond de Andrade “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede”. galeria/aula4/img/03b.jpg Albert Einstein “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar”. galeria/aula4/img/04a.jpg René Descartes “A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados”. galeria/aula4/img/04b.jpg Francis Bacon “A leitura traz ao homem plenitude, ao discurso segurança e à escrita exatidão”. galeria/aula4/img/05a.jpg Bill Gates “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever ― inclusive a sua própria história”. galeria/aula4/img/05b.jpg Manoel de Barros “(...) que a importância de uma coisa [leitura] não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc.Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. Durante a leitura, experimentamos um mundo totalmente novo ou melhoramos o nosso. E isso é muito gratificante, não é mesmo? Saber ler de maneira eficiente nos ajuda a descobrir novos caminhos, fertiliza a inteligência, nos ajuda a compreender a vida e a viver melhor ao lado do outro. Uma mente fertilizada tem mais chance diante da crise. Tudo bem que agora não é necessário adquirir um livro para ler um bom texto, já que as mídias eletrônicas possibilitam a leitura em telas. Porém, mesmo com essa tecnologia, as principais fontes de pesquisa e conhecimento ainda são os bons e velhos livros, principalmente no meio acadêmico. Por isso, vamos começar com a escolha deles. Saiba mais , Para enriquecer seu conhecimento leia o texto extraído da obra Como e porque ler os clássicos universais desde cedo (galeria/aula4/docs/como_e_porque_ler_os_classicos.pdf), em que Ana Maria Machado apresenta a importância da leitura. O que você faz quando chega numa livraria? Vamos ver um passo a passo de como escolher um livro... Fonte: Vadim Georgiev / Shutterstock Fonte da Imagem: 1. Título Observe o título e o subtítulo, se houver. Na maioria das vezes, ele indica o assunto e, às vezes, até a intenção do autor. Fonte da Imagem: 2. Orelha Se o livro apresentar “orelhas”, faça a leitura da informação trazida nelas. Na que acompanha a capa, geralmente encontramos uma apreciação da obra feita por alguém de prestígio. Fonte da Imagem: 3. Ficha Catalográfica Em seguida, leia a ficha catalográfica (glossário) e verifique as qualificações da obra e do autor. Atente-se para a data da publicação e certifique-se de que é a versão mais atualizada. A ficha de catalogação para publicação, ou Ficha Catalográfica, tem suas origens nas fichas de papel dos catálogos de consulta de acervo de bibliotecas. As fichas eram criadas em cópias para serem colocadas nos livros e nos catálogos em gavetas. Havia tantas fichas quanto houvesse catálogos de busca: por título, por autor, por assunto. Convenções de padronização determinaram regras diversas, tal como qual entrada deve ser a primária ou como referir-se às informações da obra na ficha. A Biblioteconomia é a área responsável por esse tipo de informação. No Brasil, a entidade mais frequentemente associada à catalogação é a Câmara Brasileira do Livro, CBL (glossário), em um serviço totalmente online. Fonte da Imagem: 4. Sumário Verifique o sumário. Nesta parte você encontrará uma divisão em tópicos de como o livro foi organizado. Muitas vezes é ele que nos dá a dica de que o livro traz exatamente o assunto que estamos pesquisando. Fonte da Imagem: 5. Prefácio Se possível, leia a introdução ou o prefácio, se houver. Neste, o autor apresenta a metodologia usada e os objetivos do trabalho realizado ou até mesmo um resumo do livro. Fonte da Imagem: 6. Orelha Na “orelha” que acompanha a contracapa é comum encontramos informações sobre o autor do livro e suas obras publicadas. Fonte da Imagem: 7. Contracapa A contracapa ajuda muito na nossa escolha. Ela costuma conter um texto de apresentação, a sinopse, ou mesmo um trecho do livro, dando uma espécie de amostra do que vamos encontrar nele. Agora a leitura nos levará às técnicas de estudo Bem, já sabemos a importância da leitura, já sabemos identificar as partes do livro que nos ajudam a escolhê-lo, agora vamos aprender algumas técnicas de estudo, baseadas obviamente na leitura, que nos ajudarão a organizar as ideias encontradas nos textos e, melhor ainda, nos ajudarão a recuperar essas ideias quando mais precisarmos delas. Você lembra que na aula 3 vimos que a pesquisa bibliográfica é a etapa fundamental do trabalho científico? É ela que influenciará toda pesquisa, na medida em que dá o alicerce teórico que servirá de base ao trabalho. Pois bem, essa é a fase que consiste no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas ao que se pretende estudar. O fichamento, por exemplo, configura um aperfeiçoamento da pesquisa bibliográfica, porque contém comentários pessoais sobre a leitura e algumas citações-chave. Ou seja, trata-se de uma técnica de estudo que ajuda na organização do conhecimento. Agora, você terá a oportunidade de conhecer, através do Banco Internacional de objetos educacionais do MEC (glossário), tudo sobre fichamento. FICHAMENTO: QUANDO UTILIZAR E COMO ELABORAR Apresenta sobre como e quando se devem utilizar os fichamentos. Mostra como elaborar os fichamentos de forma adequada para cada tipo de documento ou trabalho a ser representado. Aborda de forma simples como confeccionar os textos em fichamentos. SAIBA MAIS , Antes de continuar seus estudos, clique aqui (galeria/aula4/docs/fichamento.pdf) para saber mais sobre fichamento. Todo mundo sabe o que é um resumo (ou pelo menos acha que sabe). Mas e a resenha? Você sabe o que é? Responda no quadro abaixo o que você entende por resenha. Resposta Correta O fichamento de leitura ajuda na construção de análises textuais como os resumos e resenhas. Vamos agora conhecer um pouco mais sobre essas análises que diversificam a atividade de estudo e propiciam informações e novos conhecimentos. Resenha Segundo apontam Lakatos e Marconi (1996, p. 211), a resenha (glossário) apresenta um conteúdo crítico sobre determinada obra. Sua importância está em desenvolver a capacidade de proferir juízos críticos sobre a leitura: Fonte: Peshkova / Shutterstock Resenha (...) é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo ena crítica, formulando, o resenhista, um conceito sobre o valor do livro. (...) a resenha em geral é feita por cientistas que, além do conhecimento sobre o assunto, têm capacidade de juízo crítico. Também pode ser feita por estudantes; neste caso, como um exercício de compreensão e crítica. Para iniciar-se nesse tipo de trabalho, a maneira mais prática seria começar por resenhas de capítulos. Etapas para elaborar uma resenha Situar as ideias do autor no contexto geral de seu próprio pensamento; Situar o autor em um contexto mais amplo, mostrando o sentido de sua perspectiva e destacando os pontos importantes ou originais de seu pensamento; Desvelar os pressupostos que aparecem e que justificam a posição assumida pelo autor; Comparar as ideias do texto com ideias afins; Crítica: formular um juízo crítico, uma avaliação, uma tomada de posição. SAIBA MAIS , O que uma resenha deve conter?, , Referência da obra; Informações sobre o autor; Nome do resenhista e titulação; Perspectiva teórica da obra; Breve síntese e principais argumentos do autor; Reflexão crítica da obra. No caso da técnica de estudo da resenha, elaboramos uma análise interpretativa (Interpretar significa tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas). Como você já percebeu, o resenhista precisa ter conhecimentos na área. Você deve iniciar-se na prática, começando pela elaboração de resumos para, pouco a pouco, adquirir habilidades para vir a elaborar uma resenha. EXEMPLO , Antes de continuar seus estudos, veja um exemplo de resenha (galeria/aula4/docs/exemplo_de_resenha.pdf). Resumo Mas, afinal, o que significa resumir? Seria copiar frases do texto? Resumo é uma síntese sob forma de redação do fichamento de leitura, buscando compreender o sentido do texto. Uma apresentação sucinta e ordenada das ideias centrais do texto lido, sem a utilização de citação (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007, p. 105). Dentro do campo científico, a técnica de resumo pode ser: Parte de um trabalho científico Produção seguida de palavras-chaves, que faz parte dos elementos pré-textuais de trabalho técnico científico e que deve estar em língua vernácula (glossário) e língua estrangeira. Um trabalho acadêmico Não tem número definido de palavras, deve apresentar um cabeçalho (nome da IES, curso, período, turma, disciplina, professor, aluno) e constar a referência completa da obra estudada. Quando elaboramos um resumo, produzimos uma análise temática do texto lido. É o momento da compreensão do texto, entendendo as ideias do autor. Segundo Severino (2007), ao elaborar um resumo, o leitor deve fazer as seguintes perguntas: Qual é o tema? Qual a perspectiva da abordagem? Como o assunto foi problematizado? Como o autor responde ao problema? Que posição assume? Que ideia defende? O que quer demonstrar? Como o autor comprova sua tese? Na análise temática percebemos o raciocínio do autor e sua argumentação. O resumo de um texto (glossário) é a síntese do raciocínio do autor e não a mera redução de parágrafos. Leia o texto a seguir e responda: Valsa Para Bruno Stein é um filme poético sobre relacionamentos de três gerações vivendo na mesma casa e a redescoberta do amor por duas pessoas que julgavam isto parte do passado. Bruno Stein sente-se no fim da vida. O tempo passou e ele já não consegue mais se integrar à família. As netas o ignoram, a mulher não representa muito para ele, o filho está sempre viajando e a presença perturbadora da nora Valéria. Ele tenta se envolver com o trabalho na olaria, com as esculturas, mas nada mais o motiva. Até que um súbito encontro lhe desperta novamente a vontade de viver. Mas junto para um protestante fervoroso como ele, existe o peso de padrões morais e religiosos. Bruno e Valéria se apaixonam. Ao mesmo tempo que descobrem esta paixão, lutam com todas as forças para sufocá-la. Valsa Para Bruno Stein é a história do drama de um homem que tem que decidir entre o redescobrir da vida e a rigidez moral de toda sua existência. O texto que você acabou de ler é: a) Uma resenha b) Um resumo Justificativa Para encerrar, assista ao vídeo e reflita sobre a charge do Maurício Ricardo. VÍDEO Como vimos lá no início da aula, muitos acreditam que os jovens não leem mais por causa dos avanços tecnológicos e isso teria causando um empobrecimento da linguagem. Acreditam também que essa preguiça esteja afetando a qualidade dos trabalhos acadêmicos devido ao uso excessivo de obras de terceiros sem as devidas referências, já que é muito mais fácil “copiar e colar” do que criar. E, convenhamos, quem não lê não escreve bem e prefere “roubar” as palavras dos outros. É óbvio que a tecnologia ajuda na busca de informações. Porém, quando encontramos o que queremos, o nosso problema está apenas parcialmente resolvido, pois é preciso saber apresentar suas descobertas. Será por meio das técnicas de estudo vistas nesta aula — fichamento, resumo e resenha — que você terá meios para desenvolver um texto que apresente as ideias pesquisadas para seus possíveis leitores. Você é o autor, valorize a sua escrita! EXERCÍCIOS Além dos exercícios aqui propostos realize também os exercícios dos módulos anteriores Resumo: quando utilizar e como elaborar e Resenha: quando utilizar e como elaborar para fixação dos conceitos e elaboração de todos tipos de texto científico. 1) Das práticas de redação científica, que permite uma compilação de vários trechos de obras além de uma organização sistemática para posterior busca é o(a): a) resumo b) resenha c) fichamento Justificativa 2) Dentre as diversas características que um fichamento pode agregar estão: a) possuir questionários práticos e demais tarefas de fixação do conteúdo. b) ter características semelhantes a de resumos e resenhas. c) trazer após o texto principal, palavras chave que indiquem o seu tema. Justificativa 3) Os tipos de fichamento podem ser: a) Transcrição ou citação, de resumo ou conteúdo e de comentário ou crítico. b) Resumo, crítico, temático. c) Crítico, indicativo e informativo. Justificativa 4) Os diversos campos para preenchimento de informações na ficha dos fichamentos são essencialmente para: a) Destacar os pontos positivos e negativos do livro ou documento original. b) Auxiliar na identificação do assunto e localização tanto da ficha quanto do texto original fichado. c) Determinar a opinião de quem está elaborando o fichamento. Justificativa 5) Um item essencial no fichamento científico e acadêmico é: a) Palavras chave b) Identificação da ficha c) Referência bibliográfica Justificativa 6) No fichamento de comentário ou crítico é necessário: a) A opinião pessoal sobre o texto do fichamento. b) Uso de aspas no começo e no fim do texto. c) A metodologia utilizada pelo autor original. Justificativa 7) O tipo de fichamento que necessariamente utiliza aspas no inicio e no fim de seu texto é o: a) Fichamento de resumo ou conteúdo. b) Fichamento de comentário ou crítico. c) Fichamento de transcrição ou citação. Justificativa 8) A prática de fichamento que utiliza a técnica de extrair o texto original com corte de parágrafo intermediário é o fichamento: a) De transcrição ou citação. b) De resumo ou conteúdo. c) De comentário ou crítico. Justificativa 9) O fichamento de transcrição utiliza a técnica transcrição sem cortes. As outras duas técnicas utilizadas pelo fichamento de transcrição são: a) Retirada das citações do texto original e exprimir opinião pessoal. b) Eliminar adjetivos e advérbios do texto original e iniciar o texto na terceira pessoa. c) Extrair o texto com corte intermediário de algumas palavras ou com corte de parágrafo intermediário. Justificativa 10) Fichamentos que necessitam de identificação pessoal são utilizados para: a) De transcrição ou citação. b) De resumo ou conteúdo. c) De comentário ou crítico. Justificativa Glossário RESENHA O termo resenha é um substantivo feminino que significa ato ou efeito de resenhar. E resenhar, do latim resignare, é uma descriçãodo conteúdo de uma obra. PRESSUPOSTO - (PRES.SU.POS.TO) [Ô] Adj. 1. Que se pressupôs; que se supôs por antecipação; PRESUMIDO: Não conseguiu atingir os resultados pressupostos. Sm 2. Suposição. Conjectura, pressuposição, tb. como intenção, projeto: O pressuposto, neste caso, é que o investimento se pagará em três anos. (Dicionário Eletrônico Caldas Aulete Digital) VERNÁCULO Vernáculo é o nome que se dá à língua nativa de um país ou de uma localidade. João Bosco Medeiros (2003, p. 137) ensina que “texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno, coerente. A imagem do tecido contribui para esclarecer que não se trata de feixe de fios (frases soltas), mas de fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam).”
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