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A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Tartuce - Capítulo 3 Direito Civil Ii (Universidade Estadual da Paraíba) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Tartuce - Capítulo 3 Direito Civil Ii (Universidade Estadual da Paraíba) Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-estadual-da-paraiba/direito-civil-ii/resumos/tartuce-capitulo-3/5085242/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-estadual-da-paraiba/direito-civil-ii/3685786?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-estadual-da-paraiba/direito-civil-ii/resumos/tartuce-capitulo-3/5085242/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-estadual-da-paraiba/direito-civil-ii/3685786?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 DO ADIMPLEMENTO OBRIGACIONAL – TEORIA DO PAGAMENTO (PAGAMENTO DIRETO) 1 INTRODUÇÃO A principal e corriqueira forma de extinção das obrigações ocorre pelo pagamento direto, expressão sinônima de solução, cumprimento, adimplemento, implemento ou satisfação obrigacional. Por meio desse instituto, tem-se a liberação total do devedor em relação ao vínculo obrigacional. O adimplemento é, com efeito, o modo natural de extinção de toda relação obrigacional. 2 ELEMENTOS SUBJETIVOS DO PAGAMENTO DIRETO De acordo com o que consta do Código Civil em vigor e reunindo o que de melhor existe na doutrina, pode-se dizer que são elementos subjetivos ou pessoais do pagamento o solvens (quem deve pagar) e o accipiens (a quem se deve pagar). 2.1 SOLVENS Sem dúvida que, como regra geral, o solvens será o devedor. Porém, outras pessoas também podem pagar, além do próprio sujeito passivo da relação obrigacional. Nesse sentido, preconiza o art. 304 do CC/2002 que qualquer interessado na dívida pode pagá-la, podendo usar, havendo oposição do credor, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Outro conceito que pode gerar dúvida é o de terceiro interessado na dívida. Este corresponde à pessoa que tenha interesse patrimonial na sua extinção, caso do fiador, do avalista ou do herdeiro. Havendo o pagamento por esse terceiro interessado, esta pessoa sub-roga-se automaticamente nos direitos de credor, com a transferência de todas as ações, exceções e garantias que detinha o credor primitivo. Em hipóteses tais, ocorre a chamada sub-rogação legal ou automática (art. 346, III, do CC). Mas deve ser tomado o devido cuidado, uma vez que interesse patrimonial não significa interesse afetivo. Dessa forma, um pai que paga a dívida do filho por intuito afetivo não pode ser considerado terceiro interessado no campo do direito obrigacional. O pai que paga a dívida deve ser considerado, na verdade, um terceiro não interessado na dívida. Esse também tem direito de realizar o pagamento. Em casos tais, duas regras devem ser observadas: Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 Se o terceiro não interessado fizer o pagamento em seu próprio nome tem direito a reembolsar-se no que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305 do CC). Se pagar a dívida antes de vencida, somente terá direito ao reembolso ocorrendo o seu vencimento (art. 305, parágrafo único, do CC). Se o terceiro não interessado fizer o pagamento em nome e em conta do devedor, sem oposição deste, não terá direito a nada, pois é como se fizesse uma doação, um ato de liberalidade (interpretação do art. 304, parágrafo único, do CC). Em continuidade, enuncia o art. 306 da atual codificação material que ocorrendo o pagamento por terceiro não interessado e em seu próprio nome, sem o conhecimento ou havendo oposição do devedor, não haverá obrigação de reembolso do devedor em relação a esse terceiro, se o primeiro provar que tinha meios para ilidir a ação, ou seja, para solver a obrigação. Ainda quanto ao solvens, enuncia o art. 307 do CC/2002 que somente terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade quando feito por quem possa alienar o bem em que ele consistiu. Desse modo, somente se o solvens for titular de um direito real, será possível o pagamento. Esse dispositivo veda a alienação por quem não seja o dono da coisa (a non domino). A solução dada pela norma, em sua literalidade, é a ineficácia, e não a invalidade do pagamento. Pelo parágrafo único desse dispositivo, se a parte der em pagamento coisa fungível (substituível) de terceiro, não será mais possível que este reclame do credor que a recebeu de boa-fé e a consumiu. 2.2 ACCIPIENS Como regra geral, o accipiens será o credor. Contudo, o pagamento por igual pode ser feito ao seu representante, que tem poderes para recebê-lo, sob pena de só valer depois de ratificação, de confirmação pelo credor, ou havendo prova de reversão ao seu proveito (art. 308 do CC). Apesar de a norma mencionar a validade – assim como os dois comandos seguintes –, o pagamento é resolvido no plano da eficácia da obrigação. O pagamento também poderá ser feito aos sucessores do credor, como no caso do herdeiro e do legatário. Segundo determina o art. 309 do CC, válido será o pagamento ao credor putativo (aquele que aparentemente tem poderes para receber) desde que haja boa-fé do devedor. Eis aqui uma das principais aplicações da teoria da aparência, que procura valorizar a verdade real, em detrimento da verdade formal. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 Quanto à antiga regra, quem paga mal paga duas vezes, ela está implícita no art. 310 do Código Privado em vigor. Por tal comando legal, não vale o pagamento – no sentido de ser ineficaz –, cientemente feito ao credor incapaz de dar quitação, se o devedor não provar a reversão do valor pago em seu benefício. Essa incapacidade deve ser considerada em sentido genérico, significando falta de autorização, ou mesmo incapacidade absoluta ou relativa daquele que recebeu (arts. 3.º e 4.º do CC/2002, recentemente alterados pela Lei 13.146/2015). Em casos tais, o pagamento deverá ocorrer novamente. No entanto, vale lembrar a parte final do dispositivo (art. 310 do CC), pelo qual se ficar provado que o pagamento foi revertido a favor do credor, haverá exoneração daquele que pagou. O dispositivo valoriza, mais uma vez, a busca da verdade real (teoria da aparência), em sintonia com a vedação do enriquecimento sem causa, com a eticidade e a socialidade. Estatui o art. 311 da codificação privada que deve ser considerado como autorizado a receber o pagamento aquele que está munido do documento representativo da quitação (o recibo), salvo se as circunstâncias afastarem a Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil presunção relativa desse mandato tácito. Encerrando esta seção, enuncia o art. 312 do atual Código Civil que, se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito ou da sua impugnação oposta por terceiro, não deverá ser tido como válido o pagamentoem relação a este terceiro. O terceiro, na verdade, poderá constranger o devedor a pagar novamente (quem paga mal paga duas vezes), ressalvado o direito de regresso do devedor em face do credor. 3 ELEMENTOS OBJETIVOS DO PAGAMENTO DIRETO Superada a análise dos elementos subjetivos do pagamento direto (solvens e accipiens), importante o estudo dos elementos objetivos do pagamento, ou seja, o seu objeto e a sua prova. 3.1 OBJETO DO PAGAMENTO Pela interpretação do art. 313 do CC/2002, pode-se afirmar que o objeto do pagamento é a prestação, podendo o credor se negar a receber o que não foi pactuado, mesmo sendo a coisa mais valiosa. Essa regra reforça a individualização da prestação na obrigação de dar coisa certa. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 Prescreve o artigo seguinte que mesmo sendo a obrigação divisível, não pode ser o credor obrigado a receber, nem o devedor a pagar em partes, salvo previsão expressa em contrato (art. 314 do CC). Trata-se da consagração do princípio da identidade física da prestação. Nos termos do art. 315 da lei geral civil, as dívidas em dinheiro (obrigações pecuniárias) devem ser pagas em moeda nacional corrente e pelo valor nominal (princípio do nominalismo). Eis aqui a regra geral para os pagamentos em pecúnia, em dinheiro. O dispositivo trata da dívida em dinheiro. Há, ainda, a dívida de valor, aquela que, embora paga em dinheiro, procura atender ao verdadeiro valor do objeto da prestação, incorporando as variações que possa sofrer para mais ou para menos. O Decreto-lei 857/1969 impõe a nulidade absoluta das convenções que não estejam expressas em moeda nacional corrente, que no nosso caso é o Real, pelo teor da Lei 9.069/1995. Assim, é proibido o pagamento em moeda estrangeira, salvo nos contratos que tenham como objeto o comércio internacional, o que consta do art. 318 do CC. Para se evitar os efeitos da inflação, foi prática muito comum empregada pelos credores a aplicação de índices de correção monetária que podiam ser aplicados sem limite temporal. Dessa forma, confirmando a legislação anterior, prevê o art. 316 do atual CC que é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas, a que se dá o nome de cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento. Eis aqui o dispositivo que demonstra a essência da dívida de valor. Esse comando, contudo, refere-se somente à correção monetária da obrigação. Como outra exceção à regra do nominalismo, reza o art. 317 do CC que, “quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”. O dispositivo consolida a revisão contratual por fato superveniente, diante de uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade excessiva. Na visão clássica, são os requisitos para a revisão contratual, por esse caminho: O contrato deve ser bilateral (sinalagmático) e oneroso (presente a remuneração). O contrato deve ser comutativo, aquele em que as partes já sabem quais são as prestações, não sendo possível rever contrato aleatório, pois o risco é da essência do negócio. Entretanto, é possível rever a parte comutativa de um contrato aleatório. O contrato deve ser de execução diferida ou continuada (trato sucessivo), não sendo possível, em regra, rever o contrato instantâneo de execução imediata. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 Presença de um motivo imprevisível. Presença de uma desproporção negocial, onerosidade excessiva ou quebra do ponto de equilíbrio do sinalagma obrigacional. Quanto a essa revisão foi aprovado o Enunciado n. 17 do CJF/STJ, na I Jornada de Direito Civil, com a seguinte redação: “a interpretação da expressão ‘motivos imprevisíveis’, constante do art. 317 do novo Código Civil, deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis, como também causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis”. A doutrina majoritária tem entendido que esse dispositivo possibilita a revisão contratual, principalmente se conjugado com o art. 478 do CC, que trata da resolução por onerosidade excessiva. (Tartuce discorda dessa ideia, mas o pensamento dele é minoritário). Superado tal ponto, enuncia o art. 318 do Código Civil que são nulas as convenções de pagamento em ouro (cláusula-ouro) ou em moeda estrangeira (obrigação valutária), bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. Trata-se de mais uma exceção ao princípio do nominalismo, previsto no art. 315 do CC. Nesta senda, conforme o art. 1.º do Decreto-lei 857/1969, “são nulos de pleno direito os contratos, títulos e quaisquer documentos, bem como as obrigações que, exequíveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do cruzeiro”, hoje do Real. De acordo com o art. 2.º do mesmo diploma, não se aplicam essas disposições proibitivas, nos seguintes casos: Aos contratos e títulos referentes à importação ou exportação de mercadorias; Aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens de produção nacional, vendidos a crédito para o exterior; Aos contratos de compra e venda de câmbio em geral; Aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; Aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. 3.2 PROVA DO PAGAMENTO Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 O devedor que paga tem direito à quitação, fornecida pelo credor e consubstanciada em um documento conhecido como recibo. A quitação constitui prova efetiva de pagamento, sendo o documento pelo qual o credor reconhece que recebeu o pagamento, exonerando o devedor da relação obrigacional. Trata-se, portanto, do meio de efetivação da prova do pagamento. Nesse sentido, o devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento enquanto não lhe seja dada (art. 319 do CC). A ‘quitação regular’, referida no art. 319 do novo Código Civil, engloba a quitação dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de ‘comunicação à distância’, assim entendida aquela que permite ajustar negócios jurídicos e praticar atos jurídicos sem a presença corpórea simultânea das partes ou dos seus representantes. (Enunciado n. 18, aprovado pela I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça). Os elementos da quitação estão previstos no art. 320 da codificação material privada, a saber: valor expresso da obrigação; especificidade da dívida quitada; identificação do devedor ou de quem paga no seu lugar; tempo e lugar de pagamento; assinatura do credor ou o seu representante, dando quitação total ou parcial. O mesmo dispositivo recomenda a elaboração de um instrumento particular, visando a uma maior segurança jurídica, o que, contudo, não é obrigatório, como se pode perceber pela própria redação do art. 320 que utiliza o termo “poderá”. Aliás, todos esses requisitosda quitação não são obrigatórios, consagrando esse comando legal o princípio da liberdade das formas, em sintonia com a operabilidade, no sentido de simplicidade (art. 107 do CC). O princípio é reforçado pelo parágrafo único do art. 320 do CC, segundo o qual, ainda que não estejam presentes tais requisitos, valerá a quitação, se de seus termos e circunstâncias a dívida tiver sido paga. Para tanto, deve o aplicador do Direito analisar se o pagamento realmente foi realizado de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Seguindo no estudo do objeto do pagamento, prevê o art. 321 do CC/2002 que nos débitos cuja quitação consista na devolução do título, uma vez perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, uma declaração do credor que inutilize o título desaparecido. Essa previsão tem por objetivo proteger futuramente o devedor para que o título não seja cobrado novamente. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 Quando a obrigação for de trato sucessivo, ou seja, com o pagamento por meio de quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores (art. 322 do CC). Essa presunção, obviamente, é relativa, admitindo prova em contrário. O Código Civil consagra uma outra presunção relativa no art. 323, eis que sendo a quitação do capital sem a reserva dos juros, estes se presumem pagos. Como se sabe, os juros são bens acessórios (frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização de capital alheio), aplicando- se a regra de que o acessório segue o principal (princípio da gravitação jurídica). Mais uma vez, já que a presunção é relativa e o dispositivo de ordem privada, cabe prova ou previsão convencional em contrário. A entrega do título ao devedor firma a presunção relativa do pagamento. Mas ficará sem efeito a quitação operada pela entrega do título, se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento (art. 324 do CC). 3.3 LUGAR DO PAGAMENTO O lugar de pagamento “é o local do cumprimento da obrigação, em regra estipulado no título constitutivo do negócio jurídico, ante o princípio de liberdade de eleição” Como regra geral, os instrumentos obrigacionais estipularão o domicílio onde as obrigações deverão ser cumpridas, determinando também, de forma implícita, a competência do juízo onde a ação será proposta, em caso de inadimplemento da obrigação. Quanto ao lugar de pagamento, a obrigação pode assim ser classificada: Obrigação quesível ou quérable – situação em que o pagamento deverá ocorrer no domicílio do devedor. De acordo com a lei, há uma presunção relativa de que o pagamento é quesível, uma vez que o sujeito passivo deve ser procurado pelo credor em seu domicílio para efetuar o pagamento, salvo se o instrumento negocial, a natureza da obrigação ou a lei impuserem regra em contrário (art. 327, caput, do CC). Obrigação portável ou portable – é a situação em que se estipula, por força do instrumento negocial ou pela natureza da obrigação, que o local do cumprimento da obrigação será o domicílio do credor. Eventualmente, também recebe essa denominação a obrigação cujo pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. Em casos tais, o sujeito passivo obrigacional deve levar e oferecer o pagamento a esses locais. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3 Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher entre eles (art. 327, parágrafo único, do CC). Por outro lado, se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações a ele relativas, far-se-á no lugar onde situado o bem (art. 328 do CC). Essas são as regras básicas aplicáveis ao lugar de pagamento. Todavia, o Código Civil de 2002 traz duas inovações importantes, relativizando tais regras e o que constar no instrumento obrigacional. Inicialmente, prevê o seu art. 329 que, “ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor”. A regra tem grande aplicação prática, mantendo relação direta com o princípio da função social dos contratos, pois mitiga a força obrigatória da convenção, o pacta sunt servanda (eficácia interna da função social). Nesse sentido há a consagração do princípio da socialidade. Mas tal comando legal também está sintonizado com o princípio da operabilidade, no sentido de efetividade, pois traz uma cláusula geral, a expressão “motivo grave”. Tal conceito, aberto por sinal, deve ser preenchido pelo juiz, caso a caso. Podem ser citadas como razões para aplicação do dispositivo situações como: greve no transporte público, calamidade pública, enchente, ataque terrorista ou de grupos armados, manifestações de protestos, doença do devedor ou de pessoa de sua família, falta de energia elétrica, entre outros. Desde que não haja prejuízo para o credor, o pagamento pode ser efetuado em outro local. Ato contínuo, o art. 330 do CC/2002 preconiza que “o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”. Aqui a relação é com o princípio da boa-fé objetiva, com a eticidade. 3.4 TEMPO DO PAGAMENTO O vencimento é o momento em que a obrigação deve ser satisfeita, cabendo ao credor a faculdade de cobrá-la. Esse vencimento, tempo ou data de pagamento, pode ser fixado pelas partes por força do instrumento negocial. A obrigação, sob o prisma do tempo do pagamento, pode ser instantânea ou de execução imediata (pagamento à vista), de execução diferida (pagamento deve ocorrer de uma vez só, no futuro) ou de execução periódica (pagamento de trato sucessivo no tempo). Como se sabe, o credor não pode exigir o adimplemento antes do vencimento; muito menos o devedor pagar, após a data prevista, sob pena de caracterização da mora ou do Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 inadimplemento absoluto, fazendo surgir a responsabilidade contratual do sujeito passivo obrigacional. No que toca ao tempo de pagamento, os arts. 331 a 333 do CC em vigor trazem regras que merecem ser visualizadas. Pelo art. 331, salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Em suma, em regra, a obrigação deve ser reputada instantânea. As obrigações condicionais são aquelas cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto. Estas são cumpridas na data do implemento ou ocorrência da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor (art. 332 do CC). As obrigações condicionais, portanto, não se confundem com as obrigações de execução diferida ou de execução continuada, pois estas não estão relacionadas com condição (evento futuro e incerto), mas com termo (evento futuro e certo). Por fim, consagra-se no art. 333 um rol de situações em que haverá o vencimento antecipado da dívida, antes de vencido o prazo estipulado pela lei ou pela vontade das partes, a saber: No caso de falência do devedor, inclusive conforme o art. 77 da Lei 11.101/2005 (Lei de Falência); ou de concurso de credores (cite-se a abertura de inventário, diante da morte do devedor). Se os bens, hipotecados ou empenhados (oferecidos em penhor), forem penhorados em execução movida por outro credor. Se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias (pessoais), ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. Em casos tais, se houver, no débito, solidariedade passiva este não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes (art. 333, parágrafo único, do CC). Em outras palavras, o vencimentoantecipado da obrigação não atinge a solidariedade passiva. Além dessas situações, o vencimento antecipado também pode ocorrer, para as obrigações em geral, por convenção entre as partes, nos casos envolvendo inadimplemento, inclusive pela previsão que já consta do inciso III do art. 1.425 do CC. A conclusão é de que o rol do vencimento antecipado é exemplificativo e não taxativo. Baixado por Maria Eduarda (dudasilva_1999@hotmail.com) lOMoARcPSD|5039619 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tartuce-capitulo-3
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