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Unidade I PROCESSOS GRUPAIS Prof. João Coin Introdução O entendimento do funcionamento dos grupos, assim como as estratégias para trabalhar com grupos são tópicos essenciais para a formação do psicólogo. Como pensar os sujeitos fora de seus grupos de pertencimento? Como é possível pensar o próprio sujeito sem considerar o(s) outro(s) na sua constituição? Introdução Esta preocupação com os grupos ganha relevância neste contexto em que as práticas profissionais da psicologia cada vez mais estão associadas: ao trabalho em equipe multidisciplinar e interdisciplinar; à atuação nas diferentes políticas públicas: Saúde; Educação; Assistência Social; Trabalho etc. Introdução Nestas condições, o trabalho em grupo solicita dos profissionais de Psicologia a construção de um compromisso social. Isto significa que não bastam apenas informação e conhecimento técnico para o exercício profissional. É necessário o reconhecimento dos psicólogos, junto a outros profissionais, como agentes de transformação da sociedade. Objetivos desta disciplina Reconhecer os processos psicológicos e sociais presentes nos grupos. Compreender os processos psicológicos e sociais dos grupos em diferentes contextos (saúde, educação, assistência social, trabalho). Compreender estratégias e técnicas para atuar com grupos dentro da prática profissional do psicólogo. Os temas Para esta finalidade serão tratados os seguintes temas: fundamentos históricos e epistemológicos das teorias sobre grupos e das técnicas em grupo; avaliação dos fenômenos da interação humana em grupos; contribuições teóricas e técnicas em Dinâmica de Grupo; correntes contemporâneas em Dinâmica de Grupo. diferentes técnicas de Dinâmica de Grupo. O programa: Grupos e Dinâmica de Grupo Nesta primeira aula serão tratados dois grandes temas: Processos Grupais e Dinâmica de Grupo. Em relação aos Processos Grupais serão vistos: o grupo como processo; a instituição do grupo. Quanto à Dinâmica de Grupo, serão vistos: a concepção de Kurt Lewin; contribuições teóricas de outros autores. O programa: Práticas com grupos Na segunda aula são tratados quatro grandes temas no trabalho com grupos de adultos, adolescentes e crianças: grupos operativos; oficina de dinâmica de grupo; práticas psicossociais; plantão comunitário. Interatividade As ações profissionais do psicólogo têm exigido cada vez mais que ele se preocupe com as práticas com grupos nas políticas públicas. Neste sentido, para atuar no âmbito das políticas públicas ele deve estar atento: a) à legislação que regula estas práticas; b) às teorias e técnicas sobre práticas multiprofissionais e interdisciplinares; c) aos conselhos de outros profissionais (como os assistentes sociais) que têm participado deste processo; d) às proibições instituídas pelas entidades de classe; e) às dificuldades da população em assimilar estas mudanças. Resposta As ações profissionais do psicólogo têm exigido cada vez mais que ele se preocupe com as práticas com grupos nas políticas públicas. Neste sentido, para atuar no âmbito das políticas públicas ele deve estar atento: a) à legislação que regula estas práticas; b) às teorias e técnicas sobre práticas multiprofissionais e interdisciplinares; c) aos conselhos de outros profissionais (como os assistentes sociais) que têm participado deste processo; d) às proibições instituídas pelas entidades de classe; e) às dificuldades da população em assimilar estas mudanças. O grupo A ideia de grupo dá conta de uma variedade importante de conjuntos de indivíduos. Ela se presta à caracterização de uma categoria social que compreende determinada identidade profissional (o grupo de psicólogos, por exemplo). Também estará presente quando falamos de pequenos grupos, quando os indivíduos estão face a face, envolvidos em uma prática social determinada, como numa empresa, na escola ou em uma ação de saúde ou assistência social. Os indivíduos e os grupos Todos nós pertencemos a grupos. na família; na escola; no trabalho. Esta associação aos grupos contém o fundamento da nossa identidade social. A identidade historicamente construída tem como um de seus elementos mais importantes a ligação a grupos sociais (LANE; CODO, 1984). Sujeito X Grupo? Na perspectiva sócio-histórica da Psicologia Social (Silvia Lane) chega-se a afirmar que só “somos”, efetivamente, em grupo. Mas este entendimento não é “natural”. Ou ao menos é tão natural quanto dizer exatamente o contrário. Isto é, que “somos” singulares, únicos, autônomos e, então, podemos pertencer a grupos humanos, especialmente àqueles dos quais escolhemos participar. Processo grupal As concepções tradicionais sobre os grupos usualmente os caracterizam como um conjunto de pessoas que compartilham um objetivo comum. Silvia Lane (1984), ao falar sobre os grupos sociais, reivindica a importância da história e das relações na sua instituição. Assim, numa perspectiva social crítica, vai se definir o processo grupal em função da sua inevitável sujeição à passagem do tempo e à inserção social. A dimensão histórica do grupo Ao tratar o grupo como processo, Lane (1984) caracteriza o grupo como uma unidade que não se faz como permanente. O grupo está inserido num determinado contexto histórico e social. Este contexto organiza, a partir de fora, as possibilidades de ser naquele grupo, o que é possível esperar do grupo, o que ele pode alcançar. O grupo só existe sendo Tudo isso que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos é sujeito da passagem do tempo, isto é, muda, transforma-se, por conta dessa passagem. É por isso que se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo; ele não é coisa que possa ser abstraída de sua condição histórica. Relações grupais É também importante ressaltar que um grupo se constitui fundamentalmente de pessoas, portanto, de relações. Assim a maneira bastante singular como as pessoas se relacionam dentro de um grupo, o que implica os aspectos funcionais e afetivos que estão presentes ali. Estes aspectos são trazidos pelas pessoas a partir de suas próprias histórias, mas se atualizam no grupo, a partir das próprias condições nas quais o grupo existe (se numa escola, entre trabalhadores ou numa associação de bairro, por exemplo). Interatividade Na perspectiva da Psicologia Social sócio-histórica, o grupo é compreendido a partir de sua inserção no espaço e no tempo, o que o caracteriza como processo ao invés de “coisa”. Nestas condições, as relações entre os membros do grupo devem ser estudadas porque: a) definem lugares pré-estabelecidos e prontos; b) explicam o porquê do comportamento dos indivíduos; c) estão submetidas a mudanças com o passar do tempo; d) organizam as funções dentro do grupo; e) são perturbadoras do bom funcionamento do grupo. Resposta Na perspectiva da Psicologia Social sócio-histórica, o grupo é compreendido a partir de sua inserção no espaço e no tempo, o que o caracteriza como processo ao invés de “coisa”. Nestas condições, as relações entre os membros do grupo devem ser estudadas porque: a) definem lugares pré-estabelecidos e prontos; b) explicam o porquê do comportamento dos indivíduos; c) estão submetidas a mudanças com o passar do tempo; d) organizam as funções dentro do grupo; e) são perturbadoras do bom funcionamento do grupo. O interesse nos pequenos grupos Século XIX: Comte e Spencer e o comportamento coletivo. Virada para o Século XX: primeiras pesquisas experimentais, voltadas para o controle social. Pós-guerra: financiamento de pesquisassobre pequenos grupos (exército; negócios). 1940: defesa da democracia. As práticas contemporâneas com grupos Abordagem tradicional: conhecimento. Lapassade: dialética (grupo inacabado). Lane: superação da natureza individualista. “[...] a relação indivíduo-sociedade, pois o grupo é a condição para que ele supere a sua natureza individualista, se tornando um agente consciente na produção da história social [...]” (1984, p.90) Dinâmica de Grupo: Kurt Lewin Kurt Lewin (1890-1947): psicólogo austríaco. Fuga para os EUA no entre guerras. Estudos sobre minorias psicológicas. Criador da expressão “Dinâmica de Grupo”. Interesse: conhecer através de pesquisas com pequenos grupos os macrofenômenos sociais. Kurt Lewin: estudos sobre a liderança Pesquisas sobre tipos de liderança: ele procurou identificar o efeito do ambiente político e de suas mudanças sobre a capacidade dos indivíduos de realizarem tarefas, assim como suas repercussões sobre a satisfação e a agressividade: Autocrática (agressividade e dependência); Democrática (menos agressividade); Laissez-faire. A “descoberta” do clima democrático como o mais adequado à produção teve enorme repercussão durante a Segunda Grande Guerra. Kurt Lewin e os pequenos grupos Na psicologia social americana, Lewin usa um linguajar físico ao tratar do confronto de forças intragrupos e intergrupos, o que conferiria um maior reconhecimento científico às suas teorias. O interesse na obra de Lewin foi aumentado pelo fascínio que o desenvolvimento de tecnologia, inclusive para a manipulação de seres humanos, produziu a partir das Grandes Guerras, como “arma” contra literalmente quaisquer problemas, inclusive os sociais. As teorias de Lewin viriam a reafirmar as concepções sobre pequenos grupos, que, desenvolvidos em ambiente de guerra, serviriam para a otimização de seus comportamentos. A importância de Kurt Lewin É importante reconhecer que Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a essas considerações. Também é importante considerar o contexto em que são feitas suas pesquisas: em meio às Grandes Guerras, num ambiente em que parecia ser preciso marcar a diferença entre o “povo alemão” e o “povo americano”. A perspectiva científica dos grupos Mesmo reconhecendo os aspectos históricos dos fenômenos grupais, herança de sua formação científica europeia, Lewin elabora, dentro dessa mesma tradição, um entendimento sobre grupos, tratando daquilo que é “visível”, ainda que seja seu efeito, como as forças de atração e de repulsão interindividuais. Assim, não são consideradas as dimensões afetivas e sócio- históricas nos fenômenos grupais, as quais poderiam auxiliar na explicação do que produz e sustenta essas valorações e diferenças. Interatividade A proposta de trabalho de Kurt Lewin com grupos, a partir da compreensão e intervenção sobre sua dinâmica, abre uma nova frente de atuação para a Psicologia. A novidade desta proposta pode ser reconhecida: a) na compreensão do grupo como lugar de forças e interações; b) na concepção de grupos numa perspectiva positivista; c) na tentativa de construir um teoria psicológica de forte concepção matemática e física; d) no desafio às concepções humanistas em psicologia; e) na submissão de Lewin aos fundamentos da psicologia social americana. Resposta A proposta de trabalho de Kurt Lewin com grupos, a partir da compreensão e intervenção sobre sua dinâmica, abre uma nova frente de atuação para a Psicologia. A novidade desta proposta pode ser reconhecida: a) na compreensão do grupo como lugar de forças e interações; b) na concepção de grupos numa perspectiva positivista; c) na tentativa de construir um teoria psicológica de forte concepção matemática e física; d) no desafio às concepções humanistas em psicologia; e) na submissão de Lewin aos fundamentos da psicologia social americana. Dinâmica de grupo na atualidade: abordagem tradicional Diferentes concepções sobre o trabalho com grupos, que variam de acordo com a metodologia e o referencial teórico adotados. Numa abordagem tradicional, Cartwright e Zander (1967) propõem que a dinâmica de grupo se defina como um campo de pesquisa dedicado ao conhecimento progressivo de natureza dos grupos, das leis de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com indivíduos, outros grupos e instituições mais amplas. Dinâmica de grupo: abordagem dialética Na abordagem dialética, Lapassade afirma que dinâmica de grupo leva, na realidade, a uma dialética dos grupos. O emprego do termo dialética justifica-se por uma lógica do inacabado, da ação sempre recomeçada. Para ele, o grupo se organiza num processo que jamais chegará a uma totalização, não há maturidade dos grupos. Dinâmica de grupo: abordagem materialista-histórica Em uma visão materialista-histórica, Silvia Lane afirma que o estudo de pequenos grupos se torna necessário para entendermos a relação individuo-sociedade, pois é o grupo condição para que ele supere a sua condição individualista, se tornando um agente consciente na produção da história social. Concepções para a dinâmica grupal Cada uma delas reflete uma posição particular do que seja e para que serve essa especialidade do conhecimento: Psicologia da Gestalt; Psicanálise; Psicodrama. Concepções para a dinâmica grupal Autores Estruturantes Teorias e Técnicas Originais Desdobramentos Teóricos Grupos De Encontro KURT LEWIN Psicologia Da Gestalt + Teoria do Campo T-Group Gestalterapia Psicoterapia de Grupo FREUD + BION + PICHON- RIVIÉRE Psicanálise Grupo Operativo Análise Institucional MORENO Psicodrama + Sociodrama Psicodrama Interatividade A Dinâmica de Grupo veio se diversificando e se desdobrando como prática e teoria a partir de diferentes pontos de partida teóricos. Neste sentido, qual das associações a seguir é verdadeira? a) Pichon-Rivière e Psicodrama. b) Freud e Sociodrama. c) Moreno e Psicoterapia de Grupo. d) Kurt Lewin e Gestalterapia. e) Bion e Análise Institucional. Resposta A Dinâmica de Grupo veio se diversificando e se desdobrando como prática e teoria a partir de diferentes pontos de partida teóricos. Neste sentido, qual das associações a seguir é verdadeira? a) Pichon-Rivière e Psicodrama. b) Freud e Sociodrama. c) Moreno e Psicoterapia de Grupo. d) Kurt Lewin e Gestalterapia. e) Bion e Análise Institucional. ATÉ A PRÓXIMA!
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