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Rotulagem Nutricional um importante instrumento de educação do consumidor

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Rotulagem Nutricional: um importante instrumento de 
educação do consumidor? 
 
Nadia Rodrigues Fernandes
1
 
Izabel Cristina Rodrigues da Silva
2 
 
Nutricionista graduada pela UnB. Especialização Lato Sensu em Vigilância Sanitária pela Universidade 
Católica de Goiás.E-mail: nadiaucb@yahoo.com.br. 
Biomédica. Especialista em Vigilância Sanitária pela PUC-GO. 
 
RESUMO 
Introdução: A tendência de evolução dos padrões de consumo alimentar, nas últimas três décadas, indica 
persistência de um teor excessivo de açúcar na dieta e aumento no aporte relativo de gorduras em geral e 
de gorduras saturadas. Assim, facilitar a escolha de alimentos saudáveis, a partir das informações contidas 
nos rótulos de alimentos, foi uma das estratégias desenhadas pela Política Nacional de Alimentação para a 
redução dos índices de sobrepeso, obesidade e doenças crônico degenerativas associadas aos hábitos 
alimentares da população. Metodologia: As informações presentes nessa revisão resultam da compilação 
e análise crítica de artigos obtidos nos bancos de dados eletrônicos LILACS, Medline e SciELO, bem 
como da legislação que regula a rotulagem nutricional no Brasil. Discussão:. Os estudos mostraram que 
muitos consumidores alegam ter dificuldade em entender as informações trazidas nos rótulos e por isso 
são levados pelas ilustrações, pelo preço e pela marca do produto, colocando em risco sua saúde. 
Conclusão: os rótulos dos alimentos, quando bem compreendidos, permitem que o consumidor realize 
suas escolhas alimentares mais saudáveis. 
 
Palavras-chaves: Alimento, educação nutricional, orientação nutricional, rótulo, rotulagem, legislação. 
 
ABSTRACT: 
Introduction: The trend of changing patterns of food consumption in the last three decades, indicating 
persistence of excessive content of sugar in the diet and increasing the relative contribution of fats in 
general and saturated fats. Thus facilitating the choice of healthy foods, from the information contained 
on food labels, was one of the strategies designed by the National Food for reducing rates of overweight, 
obesity and chronic degenerative diseases associated with eating habits of the population. Methodology: 
The information presented in this review are the result of compilation and critical analysis of articles 
obtained in electronic databases LILACS, MEDLINE and SciELO, as well as laws governing nutrition 
labeling in Brazil. Discussion:. Studies have shown that many consumers say they have difficulty 
understanding the information carried in the labels and so are taken by the illustrations, by price and 
brand product, putting their health at risk. Conclusion: food labels, when well understood, allow 
consumers to perform their healthier food choices. 
Keywords: Food, nutricional educacion, nutricional counseling, label, labeling, legislation. 
mailto:nadiaucb@yahoo.com.br
 
______________________________ 
 
 
2
 E-mail: 
 
INTRODUÇÃO 
 
É fato incontestável a importância da alimentação saudável, completa, variada e 
agradável ao paladar para a promoção da saúde, sobretudo dos organismos jovens, em 
fase de desenvolvimento, e para a prevenção e controle de doenças crônicas não 
transmissíveis, cuja prevalência vem aumentando significativamente (BOOG, 1999). 
A tendência de evolução dos padrões de consumo alimentar, nas últimas três 
décadas, indica persistência de um teor excessivo de açúcar na dieta (com redução no 
consumo de açúcar refinado e incremento no consumo de refrigerantes) e aumento no 
aporte relativo de gorduras em geral e de gorduras saturadas. Nota-se, ainda que, 
alimentos tradicionais na dieta do brasileiro, como o arroz e o feijão, perdem 
importância no período, enquanto o consumo de produtos industrializados, como 
biscoitos e refrigerantes, aumenta em 400% (IBGE, 2004). 
De acordo com os princípios de uma alimentação saudável, todos os grupos de 
alimentos devem compor a dieta diária. A alimentação saudável deve fornecer água, 
carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais em quantidades adequadas, 
uma vez que cada um dos nutrientes é insubstituível e indispensável ao bom 
funcionamento do organismo. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de 
alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento ou grupo de alimentos 
específicos é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários à manutenção da 
saúde. Deve-se, então, priorizar uma alimentação variada e equilibrada e a prática de 
atividade física para a manutenção de peso saudável, garantia do aporte de nutrientes 
adequado e melhora da qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL, 2005
a
). 
A transição demográfica, marcada principalmente pela queda da fecundidade e 
redução da mortalidade infantil e pré-escolar, tem resultado em uma expectativa de vida 
cada vez mais elevada da população brasileira. Em decorrência dessa condição, surgem 
novos problemas alimentares e nutricionais, importantes no processo de transição 
nutricional, em que se observa um aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade 
coexistente com carências nutricionais, também chamadas de fome oculta (BATISTA, 
2003; IBGE, 2002). 
Diante desse quadro, torna-se importante fornecer ao consumidor alternativas 
para que ele possa fazer boas escolhas alimentares. Assim, o papel da educação 
alimentar e nutricional está vinculado à produção de informações que sirvam como 
subsídio para auxiliar a tomada de decisões dos indivíduos de maneira a ampliar o seu 
poder de escolha e de decisão (SANTOS, 2005). 
Nesse contexto, pode considerar que a possibilidade de orientação da população, 
quanto ao consumo adequado de alimentos, pode corrigir erros alimentares, diminuir 
seus efeitos deletérios e, simultaneamente, promover o redirecionamento da oferta de 
alimentos pelo setor produtivo à sociedade de consumo e de seus mecanismos de 
divulgação. Essa ação é imprescindível quando se verifica que a vulnerabilidade do 
consumidor está ligada à ausência de conhecimento técnico, pois, como ele não 
participa do ciclo de produção, acaba não tendo como avaliar o que comprar e decidir 
por ele mesmo qual produto ou serviço é melhor (PONTES, 2009; NUNES, 2005). 
 Por isso, a demanda crescente da sociedade por informações confiáveis no que 
diz respeito aos produtos alimentares exige esforço do governo e setor produtivo para 
implantação de uma efetiva rotulagem nutricional de alimentos. Dessa forma, como 
parte do conjunto de indicações do Ministério da Saúde, a promoção de hábitos 
alimentares e estilos de vida saudáveis tem o compromisso de contribuir para a 
promoção e proteção da saúde da população. Assim, facilitar a escolha de alimentos 
saudáveis, a partir das informações contidas nos rótulos de alimentos, foi uma das 
estratégias desenhadas pela Política Nacional de Alimentação para a redução dos índices 
de sobrepeso, obesidade e doenças crônico degenerativas associadas aos hábitos 
alimentares da população (BRASIL, 2005
b
; BRASIL, 2001). 
 Pode-se definir como rotulagem toda inscrição, legenda, imagem ou toda 
matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo 
ou litografada, sendo ela aplicada a todo alimento que seja comercializado, qualquer que 
seja a sua origem, embalado na ausência do cliente, e pronto para oferta ao consumidor. 
Contudo, no intuito de proteger a população, os alimentos embalados não devem ser 
descritos ou apresentar rótulo que possua qualquer tipo de informação que possa induzir 
o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza, 
composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, rendimento ou forma de uso do 
alimento, atribuição de propriedade terapêutica entre outros (BRASIL, 2002). 
 Sabe-se, então, que a escolha de alimentos saudáveis reduz o risco de certas 
doenças, como obesidade, diabetes, câncer e hipertensão. Por isso, hoje, o rótulo 
nutricional dosprodutos comercializados no País deve apresentar informações como: 
nome do produto, lista de ingredientes que compõem o produto, quantidade em gramas 
ou mililitros que o produto apresenta, prazo de validade do produto e identificação da 
origem do produto. Assim sendo, com a publicação da resolução que estabelece que 
todos os alimentos e bebidas embalados devem apresentar Informação Nutricional, a 
partir de 21 de setembro de 2001, além de informações gerais, os fabricantes de 
alimentos começaram a disponibilizar os produtos com as informações referentes ao 
valor calórico, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, 
fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio (BRASIL, 2001). 
 Esse estudo tem como objetivo verificar se a rotulagem nutricional, de fato, tem 
o potencial para auxiliar os consumidores a fazerem escolhas alimentares mais 
saudáveis, bem como analisar os fatores que interferem nesse processo. 
 
METODOLOGIA 
 As informações presentes nessa revisão resultam da compilação e análise crítica 
de artigos obtidos nos bancos de dados eletrônicos LILACS, Medline e SciELO, bem 
como da legislação que regula a rotulagem nutricional no Brasil. 
 
DISCUSSÃO 
 
A educação nutricional envolve experiências de aprendizado elaboradas para 
facilitar a adoção voluntária de uma alimentação saudável que conduza à saúde e bem 
estar. Consiste em um procedimento realizado pelo nutricionista junto a indivíduos ou 
grupos populacionais, considerando as interações e significados que compõem o 
fenômeno do comportamento alimentar, para aconselhar mudanças necessárias a uma 
readequação dos hábitos alimentares (CFN, Resolução Nº. 380/ 2005). 
A educação em saúde consiste no processo que capacita os indivíduos a agir 
conscientemente diante da realidade cotidiana, com aproveitamento de experiências 
anteriores, tendo sempre em vista a integração do conhecimento e o progresso no 
âmbito social (FREITAS, 1997; VASCONCELOS, 1997). Nesse sentido, a educação 
nutricional é um processo de grande importância na promoção de práticas saudáveis e 
na modificação de hábitos alimentares e implementá-la é papel do nutricionista em 
busca de uma melhora do estado nutricional e qualidade de vida da população 
(SANTOS, 2005). 
O sucesso dessas ações depende, dentre outros fatores, dos materiais educativos 
utilizados para o seu desenvolvimento os quais devem garantir a interação e contato 
entre o nutricionista e o educando. Dessa forma, a escolha dos materiais deve ser feita 
de maneira a potencializar o aprendizado e possíveis mudanças nos hábitos alimentares 
uma vez que as práticas educativas possuem como objetivo principal a transmissão de 
mensagens consistentes, coerentes e claras, utilizando ao máximo os recursos 
tecnológicos de comunicação (SANTOS, 2005). 
As recomendações nutricionais consistem em importantes instrumentos para as 
ações que buscam combater a insegurança alimentar e nutricional no Brasil, uma vez 
que a desnutrição na infância, que se expressa no baixo peso, no atraso no crescimento e 
desenvolvimento e na maior vulnerabilidade às infecções e, como mostram alguns 
estudos recentes, no maior risco para ocorrência futuras de doenças crônicas não-
transmissíveis, continua sendo importante problema de saúde pública, principalmente 
nas regiões mais pobres do país (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 
1998). 
Segundo o Código de proteção e defesa do consumidor (Lei 8.078/90), é por 
meio do rótulo que o consumidor pode identificar a composição, as características 
nutricionais e os possíveis riscos que o alimento pode oferecer. Assim, verifica-se a 
necessidade de se ter informações nutricionais fidedignas para que a segurança 
alimentar e, consequentemente, a saúde do consumidor sejam preservadas (ISHIMOTO 
& NACIF, 2001; YOSHIZAWA et al., 2003). 
Nesse contexto, o Estado é responsável por adotar medidas que garantam a 
segurança alimentar do consumidor. Para tanto, no Brasil, foram criadas inúmeras 
normas a fim de assegurar aos consumidores que os produtos vendidos no País estejam 
com informações corretas e detalhadas. 
A primeira norma referente à rotulagem de alimentos no âmbito do Ministério da 
Saúde foi o Decreto-Lei nº 986, de 1969, que instituiu as normas básicas sobre 
alimentos e que determina que: “não devem ser descritos no rótulo vocábulos, sinais, 
denominações, emblemas, ilustrações ou qualquer representação gráfica que possam 
tornar a informação falsa, insuficiente ou confusa, induzindo o consumidor a engano. O 
rótulo, ainda, não pode indicar que o alimento possui propriedades medicinais ou 
terapêuticas, aconselhando seu consumo para evitar ou curar doenças”. Portanto, a 
presença de falsas informações e/ou o realce de características intrínsecas ao produto 
como atributo exclusivo de uma determinada marca tornam-se, assim, infração à Lei 
(BRASIL, 1969). 
 Após a publicação do decreto-lei nº 986, de 1969, diversos regulamentos foram 
criados com o intuito de modernizar a legislação, tornando-a mais efetiva. Tais como: a 
Resolução Anvisa RDC nº 360/03, que versa sobre o regulamento técnico sobre 
rotulagem nutricional de alimentos embalados e torna obrigatória a rotulagem 
nutricional baseada nas regras estabelecidas com o objetivo principal de atuar em 
benefício do consumidor e ainda evitar obstáculos técnicos ao comércio; a Portaria 
SVS/MS nº 27/98 que regulamenta a informação nutricional complementar; a Portaria 
SVS/MS nº 29/98 que regulamenta os alimentos para fins especiais; a RDC nº 27/10 
que dispõe sobre as categorias de alimentos e embalagens isentos e com obrigatoriedade 
de registro sanitário; dentre outros regulamentos. 
Diante disso, pode-se afirmar que a normatização associada à criação de 
programas e à tomada de ações sanitárias efetivas, em conjunto com a cooperação do 
cidadão, promove a segurança alimentar. Para isso, políticas de educação nutricional são 
necessárias para que o consumidor esteja ciente daquilo que está comprando, sendo 
menos susceptível a falsas informações veiculadas pelos fabricantes (ISHIMOTO & 
NACIF, 2001). Muitos consumidores alegam ter dificuldade em entender as 
informações trazidas nos rótulos e por isso são levados pelas ilustrações, pelo preço e 
pela marca do produto, colocando em risco sua saúde (CÂMARA, 2008). 
 Um estudo transversal realizado em 2008, em 23 supermercados, na Cidade de 
Natal, Brasil, observou que 94,6% dos entrevistados consultavam os rótulos, sendo que 
96,8% consideravam a declaração nutricional importante e muito importante. No 
entanto, somente 3,8% declararam que compreendiam totalmente os dizeres da 
declaração nutricional. Assim, como a rotulagem de alimentos tem a função inerente de 
informação, a prática da leitura deve ser exercida pelo consumidor no momento da 
aquisição do produto alimentício. Na maioria dos casos, a dificuldade de se adquirir o 
hábito da leitura é observada em relação à compreensão das informações dos rótulos 
pela população. Essa dificuldade pode ser atribuída à utilização de uma linguagem 
técnica, cuja compreensão pode ser alcançada apenas por um público mais específico 
(SOUZA et al, 2011; MARINS et al, 2008). 
 No que diz respeito às sugestões dos consumidores para melhorar a compreensão 
das informações, medidas citadas para que a declaração nutricional seja melhor 
compreendida e utilizada foram, principalmente, a necessidade de orientação sobre a 
declaração nutricional, a ser realizada por profissionais qualificados nos supermercados, 
bem como a divulgação na mídia sobre o que é a informação nutricional, sua 
importância e finalidade. Além disso, a verificação da declaração nutricional com a 
finalidade de fazer escolhas alimentares mais saudáveis mostrou associação com o nível 
de escolaridade e a renda familiar, ou seja, quanto maior a renda e a escolaridade do 
consumidor mais consultada foi a declaração nutricional, no intuitode possibilitar a 
escolha de alimentos mais saudáveis (SOUZA et al, 2011). 
 Um fator que interferiu na compreensão das informações foi a ilegibilidade da 
declaração nutricional no rótulo dos alimentos. Diante disso, observa-se que o direito 
assegurado no Código de Defesa do Consumidor, de clareza e adequação da informação 
sobre produtos e serviços, é ferido, além disso, pode-se constatar uma contradição 
quanto à finalidade da rotulagem de alimentos, pois ao passo que esta representa um elo 
entre o consumidor e o produto, ela só é decifrada por aqueles que estão mais 
capacitados. Por isso, essa defasagem em relação à compreensão dos rótulos dos 
produtos alimentícios pelos consumidores, torna evidente a necessidade de se 
desenvolver programas educativos para se difundir a informação, viabilizando a comu-
nicação de forma adequada entre consumidores e produtores de alimentos. Esta 
iniciativa, então, deve envolver ações conjuntas entre órgãos governamentais e 
indústrias de alimentos, com o objetivo de se contextualizar, para a realidade da 
população brasileira, a linguagem utilizada, proibindo a utilização de vocábulos em 
língua estrangeira, abreviações e utilização de códigos que ocultem a identidade do 
aditivo (SOUZA et al, 2011; BRASIL, 1990, MARINS et al, 2008). 
 Deve-se buscar, então, uma linguagem mais simples para a divulgação das 
informações, de tal forma que possibilite uma maior compreensão pela população. Esta 
linguagem não deve ser banal ou omissa, pois desta forma podem ocorrer distorções e 
interpretações errôneas das informações. Cabe ressaltar, ainda, que as estratégias de 
educação e comunicação são medidas urgentes, podendo servir de estímulo aos 
consumidores para exercitarem o hábito de leitura dos rótulos. Por outro lado, a 
indústria de alimentos deve estar compromissada em cumprir os preceitos legais e 
informar ao consumidor as características inerentes ao produto. Nesse contexto, a 
imperiosa necessidade de se estimular medidas educativas que possibilitem os 
consumidores a entender o significado das informações transmitidas pelos rótulos dos 
produtos permitirá ao consumidor selecionar os seus alimentos de forma mais 
consciente (SOUZA et al, 2011; BRASIL, 1990, MARINS et al, 2008). 
 Um estudo realizado por Souza et al (2011), mostrou que o elemento nutricional 
mais consultado na declaração nutricional pelos consumidores, com o intuito de 
permitir uma escolha alimentar mais saudável, foi nutriente gordura, seguido do valor 
energético. Assim, para muitos entrevistados, a declaração nutricional subsidiou o 
controle dietoterápico para determinados tipos de doenças crônicas não transmissíveis. 
Dessa forma, nesse estudo, os consumidores reconheceram que a declaração nutricional 
nos rótulos dos alimentos é importante e necessária, o que a torna um importante 
instrumento de educação nutricional (SOUZA et al, 2011). 
 Já outro estudo que avaliou o hábito de leitura e compreensão dos rótulos de produtos 
alimentícios pelos frequentadores de supermercados do município de Niterói/RJ, em 2003, 
mostrou que aproximadamente 24% dos entrevistados informaram não confiar no 
conteúdo dos rótulos, ou por acreditarem que as informações ali contidas são 
manipuladas, omitidas ou falsas, ou por acharem que aquelas informações não sofrem 
fiscalização por parte dos órgãos competentes. Diante disso, observa-se que o 
consumidor acredita na rotulagem como item meramente figurativo, em que as 
indústrias de alimentos veiculam apenas o que lhes convém, estando estas interessadas 
apenas em obter lucro, o que gera desconfiança em quem se propõe adquirir um produto 
alimentício (MARINS et al, 2008). 
 Em Brasília (DF), para investigar se e como a população adulta frequentadora de 
supermercados no Plano Piloto, utilizava as informações nutricionais presentes nos 
rótulos de alimentos e bebidas embalados, assim como identificar a importância 
atribuída a essas informações, Monteiro et al (2005) também mostraram que a maioria 
dos consumidores (74%) pesquisados lia a informação nutricional dos rótulos de 
alimentos, no entanto, apenas 25,7% deles liam os rótulos de todos os alimentos. Além 
disso, quando analisadas as representações de seus discursos, notou-se uma 
diversificação e uma incoerência nos relatos e nos argumentos relacionados à 
importância e ao uso da informação nutricional presente nos rótulos, o que possibilita 
afirmar que a simples presença das informações não é fator determinante para o uso das 
mesmas na prática alimentar, pois muitos consumidores, apesar de considerarem 
importante essa informação, não a utilizam. Foi visto, ainda, uma relação 
estatisticamente significante (P < 0,05) entre o nível socioeconômico e a consulta aos 
rótulos, porém nesse caso, essa relação não ocorreu com as variáveis como sexo, idade, 
estado civil, escolaridade e ocupação (P > 0,05). 
 Esse estudo, também revelou a preocupação dos consumidores com alimentos 
fontes importantes de calorias, gordura e sódio. Isso se evidencia justamente diante da 
motivação que levou os indivíduos a consultarem particularmente os rótulos de 
alimentos como leites e derivados, enlatados, embutidos e produtos diet e light. Tal 
achado está relacionado à preocupação crescente com a aparência corporal e à 
insatisfação generalizada com o corpo, veiculada principalmente pelas revistas 
femininas. Essa cobrança com relação à manutenção da boa aparência, principalmente 
das mulheres, pode justificar a relação estatisticamente significativa entre a consulta às 
calorias como motivação para a leitura dos rótulos e a variável sexo (P < 0,05), pois 
66,4% delas consultavam os rótulos com esse objetivo, contra 46,5% dos homens 
(MONTEIRO, 2005). 
 Outro aspecto que merece destaque é que, apesar de ser um dos objetivos de se 
estabelecer a rotulagem nutricional obrigatória e de propiciar a oportunidade ao 
consumidor de fazer escolhas mais saudáveis, a comparação de produtos similares a 
partir de seus rótulos não foi muito citada pelos entrevistados como sendo uma 
motivação relevante. Nesse contexto, fica claro que a rotulagem nutricional, como 
qualquer outra fonte de informação, faz parte de um processo educativo, não sendo um 
fim em si mesma, por isso, deve ser trabalhada de modo a servir como instrumento para 
a educação em saúde (MONTEIRO, 2005; CASSOTI, 1998). 
 
CONCLUSÃO 
 
 Fica clara a necessidade de melhorar os rótulos e promover mais oportunidades 
para a aprendizagem sobre as características nutricionais dos produtos industrializados. 
Para tal, as intervenções devem partir do pressuposto de que cada pessoa precisa ser 
educada para ter a capacidade de elaborar seu próprio plano de alimentação, 
considerendo as suas necessidades nutricionais, preferências, hábitos alimentares e 
situação econômica (SOUZA et al, 2001). 
 Freqüentemente os rótulos dos produtos alimentícios geram dúvidas, descrédito 
ou insatisfação em relação às informações. Diante disso, para que a rotulagem exerça o 
papel que lhe é inerente, as informações disponibilizadas devem ser fidedignas, legíveis 
e acessíveis a todos os segmentos sociais. Por isso, é importante que políticas públicas 
na área de educação e comunicação, sejam desenvolvidas com o intuito de auxiliar os 
consumidores no processo de apropriação das informações vinculadas pelos rótulos dos 
produtos alimentícios (MARINS et al, 2008). 
 No entanto, os rótulos dos alimentos, que representam um espaço de informação 
ao consumidor, quando bem compreendidos, permitem que o consumidor realize suas 
escolhas alimentares de forma mais criteriosa, fazendo que estes optem por alimentos 
mais saudáveis, podendo até mesmo subsidiar o controle dietoterápico para 
determinados tipos de doenças crônicas não transmissíveis. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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