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Disciplina: Análise Matemática para Engenharia I Aula 1: Limites de uma função e continuidade – Parte I Apresentação No sentido �gurado, limite é de�nido como “uma marca a partir da qual não se pode continuar” ou “o mais alto grau ou �nal de alguma coisa”. Em matemática, o conceito de limite é fundamental para o Cálculo diferencial e integral. Na verdade, constitui a pedra fundamental sobre a qual se apoia, por exemplo, as ideias de taxa de variação, integração e séries in�nitas. Nesta aula, começaremos a desenvolver o conceito de limite em etapas, a partir de uma noção informal e intuitiva e, posteriormente, veremos uma de�nição matemática precisa. Aqui desenvolveremos também os teoremas e os procedimentos para se calcular limites. Objetivos De�nir o conceito de limite; Reconhecer as propriedades dos limites; Determinar os limites laterais e os limites no in�nito. Ideia de limite Muitas das ideias básicas do Cálculo tiveram sua origem em dois problemas geométricos: Dada uma função f e um ponto P(x ,y ) em seu grá�co, encontre uma equação da reta que é tangente ao grá�co em P. (a) Reta tangente, em verde, ao grá�co da função f, em vermelho, em P. o o Dada uma função f, encontre a área entre o grá�co de f e um intervalo [a,b] no eixo x. (b) Área S compreendida entre o grá�co de f(x) e um intervalo [a,b]. Assim como a noção geral da reta tangente leva ao conceito de limite, o mesmo acontece com a noção geral da área. Tradicionalmente a parte do Cálculo que se originou do problema da reta tangente é denominada Cálculo Diferencial; enquanto que a parte originada do problema da área é denominada Cálculo Integral. Você verá mais tarde que a distinção é bastante arti�cial, pois o Cálculo Diferencial e o Cálculo Integral estão estritamente relacionados. A ideia de limite também ocorre no contexto familiar dos números decimais. Por exemplo, a expansão decimal da fração ¹⁄� é: 1 3 = 0, 33333… Nela, os pontos indicam que o dígito 3 se repete inde�nidamente. Embora você nunca tenha pensado em decimais dessa maneira, podemos escrever ¹⁄� como: 1 3 = 0, 33333… = 0, 3 + 0, 03 + 0, 003 + 0, 0003 + 0, 00003… Isso é a soma de “in�nitas” parcelas. Conforme será discutido com maiores detalhes mais adiante, pois, à medida que incluímos mais e mais parcelas na soma, nos aproximamos mais e mais de um valor limite de ¹⁄�. Noção intuitiva de limite Agora que você já viu como a ideia de limite aparece em algumas situações, vamos nos concentrar no conceito. O uso mais básico de limites é descrever como uma função se comporta quando a variável independente tende a um dado valor. Por exemplo, examine o comportamento da função: f x = x2 - 3x + 2 Quando x está cada vez mais próximo de 3. ( ) Gráfico da função f(x) = x - 3x + 2. Observe que à medida que x se aproxima de 3, por qualquer um dos lados, esquerdo ou direito, o valor de f(x) se aproxima de 2 (ponto indicado em azul no gráfico). 2 Podemos descrever isso dizendo que “o limite de x – 3x + 2 é 2 quando x tende a 3 por qualquer um dos lados”, e escrevemos: lim ( x → 3 ) x2 - 3x + 2 = 2 A tabela a seguir torna a ideia mais clara. Tabela 1: Valores para a função f(x) = x – 3x + 2 conforme a variável independente x se aproxima do valor 3. 2 ( ) 2 x 2 2,5 2,9 2,99 2,9999 3 3,0001 3,01 3,05 3,1 3,5 f(x) 0 0,75 1,71 1,9701 1,9997001 2 2,00030001 2,0301 2,1525 2,31 3,75 A ideia geral é a seguinte: “os valores de f(x) podem se tornar tão próximos quanto queiramos de L, desde que tomemos valores de x su�cientemente próximos de a (mas não iguais a a)”. Podemos, então, escrever: limx → af x = L Que deve ser lido como “o limite de f(x) quando x tende a a é L” ou “f(x) tende a L quando x tende a a”. Podemos também escrever: f(x) → L quando x → a. ( ) Em resumo, limite é o ponto máximo a que uma função f(x) tende, dado um valor de x; e, não importa se a função chega ou não a esse ponto máximo. Exemplo 1 Use evidência numérica para conjecturar o valor de: limx → 1 x - 1 √ x - 1 Solução: Embora a função não esteja de�nida em x = 1, isso não tem relação alguma com o limite. A Tabela 2 apresenta valores amostrais de x se aproximando de 1 de ambos os lados. Nos dois casos, os correspondentes valores de f(x), calculados até a sexta casa decimal, parecem estar se aproximando mais e mais de 2, e, portanto, você pode conjecturar que: limx → 1 x - 1 √ x - 1 = 2 Isso é consistente com o grá�co de f(x) apresentado anteriormente. Tabela 2: Valores da função f x = x - 1 √ x - 1 à medida que x se aproxima de 1: ( ) x 0,99 0,999 0,99999 0,999999 1 1,00001 1,0001 1,001 1,01 f(x) 1,994987 1,99950 1,999950 1,999995 2,000005 2,000050 2,000500 2,004988 Gráfico da função f x = x - 1 √ x - 1( ) “A função f(x), não está de�nida quando x = 1 (ponto indicado por um círculo aberto em preto). No entanto, o limite pode ser calculado, por ambos os lados, e quando x → 1, f(x) → 2”. Embora a evidência numérica seja útil, por vezes, ela pode levar a conclusões erradas sobre os limites, por causa dos erros de arredondamento ou porque os valores amostrais não revelam o verdadeiro comportamento do limite. Isso chama a atenção para o fato de que é necessário dispor de métodos alternativos para corroborar limites conjecturados a partir de evidências numéricas. Limites laterais Os limites laterais podem ser entendidos da seguinte forma: Os valores de f(x) podem se tornar tão próximos de L quanto quisermos, desde que tomemos os valores de x su�cientemente próximos de a (mas maiores do que a); então, escrevemos: limx → a + f x = L Ou seja: “L é o limite de f(x) quando x tende a a pela direita” ou “f(x) tende a L quando x tende a a pela direita”. Os valores de f(x) podem se tornar tão próximos de L quanto quisermos, desde que tomemos os valores de x su�cientemente próximos de a (mas menores do que a); então, escrevemos: limx → a - f x = L ( ) ( ) Isto é: “L é o limite de f(x) quando x tende a a pela esquerda” ou “f(x) tende a L quando x tende a a pela esquerda”. Usando a notação adequada: f x → L com x → a + e f x → L com x → a - . De um modo geral, não há garantia de que uma função tenha um limite bilateral em um ponto dado; ou seja, os valores de f(x) podem não se aproximar mais e mais de um único número real L quando x → a Nesse caso, dizemos que: limx → af x não existe Consequentemente: “O limite bilateral de uma função f(x) existe em um ponto a se, e somente se, existirem os limites laterais naquele ponto e tiverem o mesmo valor; isto é: limx → af x = L se, e somente se, limx → a - f x = L e limx → a + f x = L Você pode assimilar a ideia da existência ou não de limite de uma função f(x) em um ponto x = a guardando os seguintes postulados: “Não existe um limite bilateral, se os limites esquerdo e direito forem diferentes”. Em outras palavras, se há uma “quebra” no grá�co de uma função e as duas partes da função não se encontram em determinado ponto, não existe limite bilateral. “Um limite bilateral não existe se uma função cresce ou decresce in�nitamente a um determinado valor de x”. “Um limite bilateral não existe se uma função oscila in�nitamente, sem nunca se aproximar de alguma cota”. Isso é raro, mas, às vezes, uma função pode oscilar continuamente para lá e para cá, sem nunca alcançar um valor numérico. Quando esse é o caso, não existe limite. Exemplo: f x = 1 sin x ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Gráfico da função f x = 1sin x ( ) Observe que limx → 0 1 sin x não existe, uma vez que a função f(x) oscila continuamente entre -1 e 1, sem nunca alcançar um valor numérico. Exemplo 2 Considere as funções ilustradas nos grá�cos a seguir. Encontre os limites laterais e bilaterais em x = a se eles existirem. Diferentes funções f(x) para a avaliação de limites laterais e bilaterais. Fonte: ANTON et al. (2007). Solução: As funções f(x) nos grá�cos têm os mesmos limites laterais quando x → a uma vez que as funções são idênticas, exceto em x = a . Esses limites são:limx → a - f x = 1 e limx → a + f x = 3( ) ( ) Em todos os três casos, o limite bilateral não existe quando x → a, pois os limites laterais não são iguais. Limites in�nitos Às vezes, os limites laterais ou bilaterais não existem porque os valores da função crescem ou decrescem sem cotas. Por exemplo, considere o comportamento da função f x = 1 x para valores de x perto de 0.( ) Saiba mais É evidente, a partir da Tabela 3 e do último grá�co, que à medida que tomamos os valores de x cada vez mais próximos de 0 pela direita, os valores de f x = 1 x são positivos e crescem sem cota; e, à medida que tomamos os valores de x cada vez mais próximos de zero pela esquerda, os valores de f x = 1 x negativos e decrescem sem cota. ( ) ( ) Esses comportamentos �nais são descritos escrevendo: limx → 0 + 1 x = + ∞ e limx → 0 - 1 x = - ∞ Gráfico da função f x = 1 x . Observe que quando x → 0 - , f x → - ∞; enquanto que quando x → 0 + , f x → + ∞. ( ) ( ) ( ) Tabela 3: Diferentes valores para a função f x = 1 x à medida que a variável independente x se aproxima de zero pela esquerda e pela direita. ( ) x -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 0 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 f(x) -1 -10 -100 -1.000 -10.000 10.000 1.000 100 10 1 As expressões limx → a - f x = + ∞ e limx → a + f x = + ∞ e signi�cam que f(x) cresce sem conta quando x tende a a pela esquerda ou pela direita, respectivamente. ( ) ( ) Se ambas são verdadeiras, então escrevemos: limx→af x = + ∞.( ) Analogamente, as expressões limx → a - f x = - ∞ e limx → a + f x = - ∞ signi�cam que f(x) decresce sem conta quando x tende a a pela esquerda ou pela direita, respectivamente. ( ) ( ) Se ambas são verdadeiras, então escrevemos: limx→af x = - ∞.( ) Exemplo 3 Para a função f x = - 1 x - 3 )2 , descreva os limites em x = 3 na notação de limite apropriada. Solução: Observe no grá�co abaixo que a função f x = - 1 x - 3 )2 decresce sem cota quando x tende a 3 pela esquerda e pela direita. Então: limx → 3 - - 1 x - 3 )2 = - ∞ e limx → 3 + - 1 x - 3 )2 = - ∞ . Logo: limx → 3 - 1 x - 3 )2 = - ∞ ( ) ( ( ) ( ( ( ( Gráfico da função f x = - 1 x - 3 )2 .( ) ( Observe que quando x → 3 seja pela esquerda ou seja pela direita, a função f(x) decresce sem cota. Nos próximos grá�cos há um resumo geral do comportamento de algumas funções f(x) típicas. Observe que: 1 A função cresce sem cota quando x tende a a pela direita; e, decresce sem cota, quando x tende a a pela esquerda; 2 A função cresce sem cota quando x tende a a pela direita e pela esquerda; 3 A função decresce sem cota quando x tende a a pela direita; e, cresce sem cota quando x tende a a pela esquerda; 4 A função decresce sem cota quando x tende a a pela esquerda e pela direita. Diferentes funções f(x) para a avaliação de limites laterais quando x → a. Fonte: ANTON et al. (2007). Assíntotas verticais Os grá�cos a seguir ilustram geometricamente o que acontece quando ocorre uma das seguintes situações: limx → a - f x = + ∞ limx → a + f x = + ∞ limx → a - f x = - ∞ limx → a + f x = - ∞ Em cada caso, o grá�co de y = f(x) ou sobe ou desce sem cota, ajustando-se mais e mais à reta vertical x = a à medida que x tende a a pelo lado indicado no limite. A reta x = a é denominada assíntota vertical da curva y = f(x). O termo assíntota deriva do grego asymptotos, que signi�ca “que não pode coincidir”. ( ) ( ) ( ) ( ) Assíntotas verticais para uma função f(x) quando x → a - ou x → a + Fonte: ANTON et al. (2007). Calculando limites Vamos começar com algumas funções simples cujos limites podem ser facilmente determinados: "Sejam a e k dois números reais: limx → ak = k limx → ax = a limx → 0 - 1 x = - ∞ limx → 0 + 1 x = + ∞" Representação de limites de algumas funções simples. Fonte: ANTON et al. (2007). "Seja a um número real e suponha que: limx → af x = L1 e limx → ag x = L2" Ou seja, os limites existem e têm valores L e L , respectivamente. Então: (a) O limite da soma é a soma dos limites. limx → a f x + g x = limx → af x + limx → ag x = L1 + L2 (b) O limite da diferença é a diferença dos limites. limx → a f x - g x = limx → af x - limx → ag x = L1 - L2 (c) O limite do produto é o produto dos limites. limx → a f x · g x = limx → af x · limx → ag x = L1 · L2 (d) O limite do quociente é o quociente dos limites, desde que o limite do denominador não seja zero. limx → a f ( x ) g ( x ) = limx → af x limx → ag x = L1 L2 , desde que L2 ≠ 0 (e) O limite da raiz enésima é a raiz enésima do limite. limx → a n √f(x) = n limx → af x = n L1 desde que L1 > 0 se n for par Além disso, essas a�rmações também são válidas para os limites laterais, ou seja, quando x → a - ou x → a + . Para o caso especial em que a função f(x) é uma função constante, ou seja, f(x) = k, temos: limx → a k · g x = limx → ak · limx → ag x = k · limx → ag x Ou seja, um fator constante pode ser movido para fora de um símbolo de limite. (f) Para qualquer polinômio p(x)=c +c x+ ... +c x e qualquer número real a limx → ap x = co + c1a + ⋯ + cna n = p a ( ) ( ) 1 2 [ ( ) ( )] ( ) ( ) [ ( ) ( )] ( ) ( ) [ ( ) ( )] ( ) ( ) ( ) ( ) √ ( ) √ [ ( )] ( ) ( ) o 1 n n ( ) ( ) Exemplo 4 Encontre limx → 2 x2 - 5x + 7 Solução: limx → 2 x2 - 5x + 7 = limx → 2x2 - limx → 25x + limx → 27 = limx → 2x2 - 5 · limx → 2x + limx → 27 = 22 - 5 · 2 + 7 = 1 Ou: limx → 2 x2 - 5x + 7 = limx → 2 22 - 5 · 2 + 7 = limx → 21 = 1 ( ) ( ) ( ) ( ) Exemplo 5 Encontre limx → 5 6x4 - 5 x - 3 limx → 5 6x4 - 5 x - 3 = limx → 5 6x4 - 5 limx → 5 ( x - 3 ) = 6 · 54 - 5 5 - 3 = 3745 2 O método utilizado no exemplo 5 não funciona com funções racionais em que o limite do denominador é nulo. Há dois casos a considerar: aquele em que o limite do denominador é zero e do numerador não é zero; e, aquele em que ambos os limites, o do denominador e o do numerador são iguais a zero. Se o limite do denominador é zero, mas o limite do numerador não é, podemos provar que o limite da função racional não existe e que ocorre uma das seguintes situações: O limite poderá ser - ∞ O limite poderá ser + ∞ O limite poderá ser - ∞ de um lado e + ∞ do outro Os grá�cos a seguir ilustram essas três possibilidades gra�camente para funções racionais da forma: 1 x - a , 1 ( x - a ) 2 , - 1 ( x - a ) 2 No caso em que p ( x ) q ( x ) é uma função racional para a qual p(a) = 0 e q(a) = 0, o numerador e o denominador necessariamente possuem um ou mais fatores comuns de x – a. Nesse caso, o limite de p ( x ) q ( x ) quando x → a pode ser encontrado cancelando todos os fatores comuns de x – a e usando um dos métodos considerados anteriormente para encontrar o limite da função simpli�cada. ( ) Limites de algumas funções racionais em que o limite do denominador é zero, mas o limite do numerador não é. Fonte: ANTON et al. (2007). Exemplo 6 Encontre limx → - 4 2x + 8 x2 + x - 12 Solução: O numerador e o denominador têm um zero em x = - 4. Logo, há um fator comum em x – (-4) = x + 4. limx → - 4 2x + 8 x2 + x - 12 = limx → - 4 2 · ( x + 4 ) ( x + 4 ) · ( x - 3 ) = limx → - 4 2 x - 3 = - 2 7 Exemplo 7 Encontre limx → 5 x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 Solução: O numerador e o denominador têm um zero em x = 5. Logo, há um fator comum em x – 5. limx → 5 x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 = limx → 5 ( x - 5 ) · ( x + 2 ) ( x - 5 ) · ( x - 5 ) = limx → 5 ( x + 2 ) ( x - 5 ) Contudo: limx → 5(x + 2) = 7 ≠ 0 e limx → 5(x - 5) = 0. Portanto: limx → 5 x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 = limx → 5 ( x + 2 ) ( x - 5 ) não existe. Observando a análise de sinais: limx → 5 - x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 = limx → 5 - ( x + 2 ) ( x - 5 ) = - ∞ limx → 5 + x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 = limx → 5 + ( x + 2 ) ( x - 5 ) = + ∞ Observe que o limite quando x → 5 não existe. Teorema: Sejam f(x) = p ( x ) q ( x ) uma função racional e a um número real qualquer. Se: (a) (a)q(a) ≠ 0, então limx → af(x) = f(a).(b) (b)q(a) = 0, mas p(a) ≠ 0, então, limx → af(x) não existe. Gráfico da função x2 - 3x - 10 x2 - 10x + 25 ou ( x + 2 ) ( x - 5 ) . Um quociente f(x)/g(x) em que o numerador e o denominador têm ambos um limite zero quando x → a é denominado forma indeterminada do tipo 0/0. Às vezes, os limites de formas indeterminadas do tipo 0/0 podem ser encontrados por meio de simpli�cação algébrica, como nos exemplos 6 e 7, mas frequentemente isso não funciona e precisamos usar outros métodos. Exemplo 8: Limites envolvendo radicais limx → 1 x - 1 √x - 1 Como esse limite é uma forma indeterminada do tipo 0/0, você precisa construir uma estratégia para torná-lo evidente, caso exista. Uma estratégia é racionalizar o denominador da fração. Assim, obtemos: limx → 1 x - 1 √x - 1 = limx → 1 x - 1 · √x + 1 √x - 1 · √x + 1 = limx → 1 ( x - 1 ) · √x + 1 x - 1 = limx → 1 √x + 1 = 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Exemplo 9: Limites de funções de�nidas por partes Para funções que são de�nidas por partes, é melhor obter o limite bilateral em um ponto no qual a fórmula muda, encontrando primeiro os limites laterais no ponto. Seja: f(x) = 1 ( x + 2 ) , x < - 2 x2 - 5, - 2 < x ≤ 3 √x + 13, x > 3 Encontre: (a) limx → - 2f(x) (b) limx → 0f(x) (c) limx → 3f(x) Solução: (a) limx → - 2 - 1 x + 2 = - ∞ e limx → - 2 + x2 - 5 = - 1. Logo limx → - 2f(x) não existe. (b) A parte aplicável da fórmula é f x = x2 – 5 em ambos os lados de 0, portanto não há necessidade de considerar limites laterais. limx → 0f(x) = limx → 0 x2 - 5 = - 5 (c) As partes aplicáveis da fórmula de f(x) são: limx → 3 - x2 - 5 = 4 e limx → 3 +√x + 13 = 4. Como os dois limites laterais são iguais, limx → 3f(x) = 4. { ( ) ( ) ( ) ( ) Gráfico da função f(x) proposta no Exemplo 9. Observe que há consistência com os limites calculados em (a), (b) e (c). Limites no in�nito Se os valores de uma variável x crescem sem parar, então escrevemos x → + ∞, e se os valores de x decrescem sem parar, então escrevemos x → - ∞. Algumas vezes, dizemos que o comportamento �nal de uma função f(x) é o comportamento da função quando x cresce ou decresce sem parar. Por exemplo: limx → - ∞ 1 x = 0 e limx → + ∞ 1 x = 0 "Se os valores de f(x) �cam tão próximos quanto quisermos de um número L à medida que x cresce sem parar, então: lim𝑥 → + ∞𝑓 𝑥 = 𝐿 ou 𝑓 𝑥 → 𝐿 quando 𝑥 → + ∞".( ) ( ) "Se os valores de f(x) �cam tão próximos quanto quisermos de um número L à medida que x decresce sem parar, então: lim𝑥 → - ∞𝑓 𝑥 = 𝐿 ou 𝑓 𝑥 → 𝐿 quando 𝑥 → - ∞".( ) ( ) Se ocorrer um desses limites, dizemos que a reta y = L é uma assíntota horizontal do grá�co de f. Exemplo 10 Grá�co da função f x = 1 + 1 x ) x Observe que y = e é uma assíntota horizontal para f tanto no sentido positivo quanto no sentido negativo. limx → - ∞ 1 + 1 x ) x = e limx → + ∞ 1 + 1 x ) x = e ( ) ( ( ( Assíntota horizontal presente no gráfico da função f x = 1 + 1 x ) x quando x → - ∞ e x → + ∞.( ) ( Regras de limites para limites no in�nito: limx → - ∞ f x )n = limx → - ∞ f x )n e limx → + ∞ f x )n = limx → + ∞ f x )n Desde que existam os limites indicados de f(x). Também segue que constantes podem ser tiradas fora do símbolo de limite para limites no in�nito: limx → - ∞ kf x = k · limx → - ∞ f x e limx → + ∞ kf x = k · limx → + ∞ f x Desde que existam os limites indicados de f(x). Finalmente, se f(x)=k é uma função constante, então os valores de f não mudam quando x → + ∞ ou x → - ∞, de modo que: limx → - ∞ k = k e limx → + ∞ k = k ( ( ) ( ( ) ( ( ) ( ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Limites in�nitos no in�nito "Se os valores de f(x) crescem sem cota quando x → - ∞ ou x → + ∞ , então escrevemos: limx → - ∞ f x = + ∞ e limx → + ∞ f x = + ∞, conforme o caso." "Se os valores de f(x) decrescem sem cota quando x → - ∞ ou x → + ∞ , então escrevemos: limx → - ∞ f x = - ∞ e limx → + ∞ f x = - ∞, conforme o caso." ( ) ( ) ( ) ( ) Limites de x quando x → ± ∞ Nos grá�cos apresentados a seguir, ilustramos o comportamento no in�nito dos polinômios da forma x para n = 1, 2, 3 e 4, que são casos especiais do seguinte resultado geral: limx → + ∞ xn = + ∞, n = 1, 2, 3… limx → - ∞ xn = -∞, n = 1, 3, 5… +∞, n = 2, 4, 6… n n { Limites de x quando x → ± ∞ para funções de n = 1, 2, 3 e 4. Fonte: ANTON et al. (2007).n A multiplicação de x por um número real positivo não afeta os limites, mas a multiplicação por um número real negativo inverte os sinais. Exemplo 11 Considere a função f(x)=2x e g(x)=-2x , encontre os limites quando x → ± ∞. limx → - ∞ 2x3 = 2 · limx → - ∞ x3 = - ∞ e limx → + ∞ 2x3 = 2 · limx → + ∞ x3 = + ∞ limx → - ∞ - 2x3 = - 2 · limx → - ∞ x3 = + ∞ e limx → + ∞ - 2x3 = - 2 · limx → + ∞ x3 = - ∞ n 3 3 Gráficos das funções f(x)=2x (curva em vermelho) e g(x)=-2x (curva em azul). Observe o comportamento de cada função quando x → ± ∞ . 3 3 Limites de polinômios quando x → ± ∞ O comportamento �nal de um polinômio coincide com o comportamento �nal de seu termo de maior grau. limx → - ∞ co + c1x + ⋯ + cnx n = limx → - ∞ cnx n limx → + ∞ co + c1x + ⋯ + cnx n = limx → + ∞ cnx n Exemplo 12 Encontre limx → - ∞ 3x6 + x5 - 2x4 - 9 limx → - ∞ 3x6 + x5 - 2x4 - 9 = limx → - ∞ 3x6 = 3 · limx → - ∞ x6 = + ∞ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Limites de funções racionais quando x → ± ∞ Uma técnica para determinar o comportamento �nal de uma função racional consiste em dividir cada termo do numerador e do denominador pela maior potência de x que ocorra no denominador, depois do que o comportamento �nal pode ser determinado usando resultados que já foram discutidos. Exemplo 13 Encontre limx → - ∞ 3x + 5 6x - 8 Solução: limx → - ∞ 3x + 5 6x - 8 = limx → - ∞ 3 + 5 x limx → - ∞ ( 6 - 8 x ) = limx → - ∞ 3 + 5 · limx → - ∞ 1 x limx → - ∞ 6 - 8 · limx → - ∞ 1 x = 3 + 5 · 0 6 - 8 · 0 = 3 6 = 1 2 ( ) Gráfico da função 3x + 5 6x - 8 . Observe a linha pontilhada em azul, que corresponde à assíntota horizontal onde y=�⁄�. A linha tracejada em verde corresponde à assíntota vertical onde x=�⁄�. Exemplo 14 Encontre limx → + ∞ 6x3 - 3x2 - 4 1 - 3x2 Solução Divida cada termo no numerador e no denominador pela maior potência de x que ocorre no denominador, a saber, x . limx → + ∞ 6x3 - 3x2 - 4 1 - 3x2 = limx → + ∞ 6x - 3 - 4 x2 limx → + ∞ ( 1 x2 - 3 ) Nesse caso, não podemos argumentar que o limite do quociente é o quociente dos limites porque o limite do numerador não existe. Contudo, temos: limx → + ∞ 6x - 3 = + ∞; limx → + ∞ - 4 x2 = 0; limx → + ∞ 1 x2 - 3 = - 3 Assim, o numerador tende a + ∞, enquanto o denominador tem um limite negativo �nito. Concluímos, portanto, que o quociente tende a - ∞. Logo: limx → + ∞ 6x3 - 3x2 - 4 1 - 3x2 = limx → + ∞ 6x - 3 - 4 x2 limx → + ∞ ( 1 x2 - 3 ) = - ∞ 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Um método rápido para encontrar limites de funções racionais quando x → + ∞ ou x → - ∞ Como o comportamento �nal de um polinômio coincide com o comportamento �nal de seu termo de maior grau, é razoável concluir que: “O comportamento �nal de uma função racional coincide com o comportamento �nal do quociente do termo de maior grau do numerador dividido pelo termo de maior grau do denominador”. Exemplo 15 Encontre limx → + ∞ 6x3 - 3x2 - 4 1 - 3x2 limx → + ∞ 6x3 - 3x2 - 4 1 - 3x2 = limx → + ∞ 6x3 - 3x2 = limx → + ∞ - 2x = - 2 · limx → + ∞ x = - ∞ Limites envolvendo radicais Encontre limx → + ∞ 3 3x + 8 6x - 8 limx → + ∞ 3 3x + 8 6x - 8 = 3 limx → + ∞ 3x + 8 6x - 8 = 3 limx → + ∞ 3x 6x = 3 1 2 O limite de uma raiz enésima é a raiz enésima do limite. Encontre limx → + ∞ √x2 - 2 5x - 7 Neste caso, é prático manipular a função de forma que as potências de x se tornem potências de 1/x. Isso pode ser obtido dividindo-se o numerador e o denominador por |x| e usando o fato de que √x2 = x . Quando x → + ∞, os valores de x tornam-se positivos; logo, podemos substituir |x| por x onde for conveniente. Obtemos: limx→ + ∞ √x2 - 2 5x - 7 = limx → + ∞ √x2 - 2 | x | limx → + ∞ 5x - 7 | x | = limx → + ∞ √x2 - 2 √x2 limx → + ∞ 5x - 7 x = limx → + ∞ 1 - 2 x2 limx → + ∞ ( 5 - 7 x = limx → + ∞ 1 - 2 x2 5 - 7 · limx → + ∞ 1 x = 1 5 Quando x → - ∞, os valores de x tornam-se negativos; logo, podemos substituir |x| por - x onde for conveniente. Obtemos: limx → - ∞ √x2 - 2 5x - 7 = limx → - ∞ √x2 - 2 | x | limx → - ∞ 5x - 7 | x | = limx → - ∞ √x2 - 2 √x2 limx → - ∞ 5x - 7 ( - x ) = limx → - ∞ 1 - 2 x2 limx → - ∞ ( - 5 + 7 x = limx → - ∞ 1 - 2 x2 - 5 + 7 · limx → + ∞ 1 x = - 1 5 Encontre limx → + ∞ √x8 - 5 - x4 Você precisa tratar a função como uma fração de denominador igual a 1 e, então, racionalizar o numerador. limx → + ∞ √x8 - 5 - x4 = limx → + ∞ √x8 - 5 - x4 · √x8 - 5 + x4 √x8 - 5 + x4 limx → + ∞ x8 - 5 - x8 √x8 - 5 + x4 = limx → + ∞ - 5 √x8 - 5 + x4 = limx → + ∞ - 5 x4 1 - 5 x8 + 1 = limx → + ∞ 0 2 = 0 Observação: √x8 = x4 √ √ √ √ √ | | √ ) √ ( ) √ ) √ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( √ ) Comportamento �nal de funções trigonométricas, exponenciais e logarítmicas Considere a função f(x) = sin(x), cujo grá�co aparece no próximo grá�co. Para essa função, os limites quando x → + ∞ e x → - ∞ deixam de existir, não porque f(x) cresça ou decresça sem cota, mas porque esses valores variam entre -1 e 1 sem se aproximar de algum número real especí�co. Em geral, as funções trigonométricas deixam de possuir limites quando x → + ∞ e x → - ∞, por causa da periodicidade. Não existe notação para denotar esse tipo especí�co de comportamento. Gráfico da função f(x)=sin (x). Fonte: ANTON et al. (2007). Para as funções exponenciais e logarítmicas: limx → + ∞ ln x = + ∞ e limx → + ∞ ex = + ∞ limx → ∞ + ln x = - ∞ e limx → - ∞ ex = 0 limx → - ∞ e - x = + ∞ e limx → + ∞ e - x = 0 Gráfico das funções f(x)=e (curva em vermelho), f(x)= e (curva em azul) e f(x)=ln(x) (curva em verde). x -x Atividade 1. Considere limx → + ∞ 1 + 2x - 3x5 . A resposta correta é:( ) a) 0 b) 1 c) +∞ d) -∞ e) – 1 2. Considere limx → - ∞ x - 2 x2 + 2x + 1 . A resposta correta é: a) 0 b) +∞ c) -∞ d) �⁄� e) -1 3. Considere limt → - ∞ 5 - 2t3 t2 + 1 . A resposta correta é: a) 0 b) +∞ c) -1 d) -∞ e) +1 4. Considere limx → + ∞ √x2 + 3 - x . A resposta correta é:( ) a) +∞ b) -∞ c) 3 d) √3 e) 0 5. Considere limx → + ∞ ln 2 x . A resposta correta é:( ) a) 0 b) -1 c) -∞ d) +∞ e) +1 Notas Nota 1 Texto Referências ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. Volume 1. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2007. BROCHI, A. Cálculo Diferencial e Integral I. Rio de Janeiro: SESES, 2015. FERNANDES, D. B. Cálculo. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. PANONCELI, D. M. Análise Matemática. Curitiba: Intersaberes, 2017. Próxima aula Conceito formal de limite; De�nição de continuidade; Propriedades de funções contínuas; Teorema do valor intermediário. Explore mais A �m de revisar tópicos importantes da matemática elementar; despertar o seu interesse no assunto aqui tratado; e, ao mesmo tempo, demonstrar como limites são importantes no dia a dia do engenheiro, seguem sugestões de vídeos para você assistir: Expressões quadráticas e polinômios <https://pt.khanacademy.org/math/algebra-basics/alg-basics-quadratics-and- polynomials#alg-basics-adding-and-subtracting-polynomials> ; Cálculo I – Limites – Exercícios Exemplos resolvidos indeterminação 0/0 (parte I) <https://youtu.be/OMH8AZgZIr4> ; Cálculo I – Limites – Exercícios Exemplos resolvidos indeterminação 0/0 (parte II) <https://youtu.be/TVlgyDtg25U> ; https://pt.khanacademy.org/math/algebra-basics/alg-basics-quadratics-and-polynomials#alg-basics-adding-and-subtracting-polynomials https://youtu.be/OMH8AZgZIr4 https://youtu.be/TVlgyDtg25U Cálculo I – Assíntotas verticais e horizontais <https://youtu.be/PLU6ZOgsXTQ> . https://youtu.be/PLU6ZOgsXTQ
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