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Jogos, Brinquedos e brincadeiras

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Prévia do material em texto

2015
Jogos, brinquedos e 
brincadeiras
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof.ª Kathia Regina Bublitz
Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof.ª Kathia Regina Bublitz
Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
371.337
B238j Barbosa, Ana Clarisse Alencar
 Jogos, brinquedos e brincadeiras / Ana Clarisse Alencar Barbosa, 
Kathia Regina Bublitz, Vilisa Rudenco Gomes. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 
 188 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-910-7
 
1. Jogos educacionais e brinquedos. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
Qual seu jogo, brinquedo ou brincadeira favorita?
Para alguns, uma pergunta fácil de responder, para outros nem tanto! 
Os jogos, brinquedos e brincadeiras fizeram parte do nosso universo 
infantil e se estendem por toda a nossa vida, para alguns, com mais ênfase, 
para outros muitas vezes só nas recordações.
Não importa qual seja a sua resposta. Queremos convidá-lo(a) a 
mergulhar nessa temática e aprofundar seus conhecimentos.
Inicialmente resgataremos a antropologia dos jogos, brinquedos e 
brincadeiras, e as influências sociais e culturais que contribuíram para o seu 
desenvolvimento e/ou aprimoramento. 
Conheceremos algumas particularidades e semelhanças entre o jogar 
e brincar e da relevância do brinquedo para o desenvolvimento intelectual e 
social. 
Jogar bola, peteca, pular corda, amarelinha... São alguns exemplos 
de jogos e brincadeiras que divertem e, sobretudo, contribuem no 
desenvolvimento integral do ser, não importando a idade.
Na Unidade 2, você encontrará dicas de como selecionar e confeccionar 
brinquedos adequados a cada faixa etária, sobre a importância da ludicidade 
no processo de ensino-aprendizagem e a formação pedagógica do profissional 
de educação física.
Jogar, por jogar e brincar por brincar, certamente é muito bom, mas 
na Unidade 3 você estudará a classificação e a finalidade de muitos jogos e 
brincadeiras que vão muito além do se divertir. Abordaremos a importância 
da interdisciplinaridade nas práticas educativas de educação física e 
apresentaremos ideias de construção de projetos de trabalho, que podem ser 
realizados em qualquer ambiente. 
Encare o jogo, entre na brincadeira! Para aprender e se divertir, é só 
começar!
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Jogos, Brinquedos e Brincadeiras!
IV
Um grande abraço e bons estudos!
 
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof.ª Kathia Regina Bublitz
Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
V
VI
VII
UNIDADE 1 – O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, 
 IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA ...................................................... 1
TÓPICO 1 – A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS E SUAS 
 CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO ................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ... 3
 2.1 A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS .............................................................................................. 3
3 CONCEITUANDO O JOGO ............................................................................................................. 9
4 ANTROPOLOGIA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ................................................... 11
 4.1 O BRINCAR NO PASSADO E NO PRESENTE ......................................................................... 13
5 CONCEITUANDO O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA ......................................................... 14
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 16
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21
TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE 
 CULTURAL ....................................................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DA CULTURA BRASILEIRA .................... 23
3 VAMOS CONHECER ALGUNS JOGOS E BRINCADEIRAS TÍPICOS DO 
 BRASIL ................................................................................................................................................ 25
 3.1 BRINCADEIRAS DE ORIGEM INDÍGENA .............................................................................. 26
 3.2 BRINCADEIRAS DE ORIGEM EUROPEIA .............................................................................. 29
 3.3 BRINCADEIRAS DE ORIGEM AFRICANA ............................................................................. 30
 3.4 BRINCADEIRAS DE ORIGEM ASIÁTICA ................................................................................ 32
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 37
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 40
TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM 
DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES ............................................................................................. 41
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................41
2 A LUDICIDADE NOS DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES ................................ 41
3 ORGANIZAÇÃO DE BRINQUEDOTECAS E ESPAÇOS PARA BRINCAR ......... 43
4 RECREAÇÃO E JOGOS ................................................................................................................ 44
5 ADAPTAÇÃO DOS ESPAÇOS ......................................................................................................... 45
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 47
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 53
UNIDADE 2 – OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS .............................................................. 55
TÓPICO 1 – SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS ....................................................... 57
sumário
VIII
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 APRENDER A SELECIONAR E CONFECCIONAR BRINQUEDOS ADEQUADOS ÀS 
 CRIANÇAS ........................................................................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 79
TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA ........... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83
2 COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS 
 NA APRENDIZAGEM PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO 
 FUNDAMENTAL ................................................................................................................................. 83
3 APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO 
 FUNDAMENTAL ................................................................................................................................. 90
4 O JOGO .................................................................................................................................................. 115
 4.1 PIAGET E O JOGO ......................................................................................................................... 119
 4.2 VYGOTSKY E O JOGO .................................................................................................................. 120
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 126
TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO 
FÍSICA ....................................................................................................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 127
2 A LUDICIDADE E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................. 127
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 139
UNIDADE 3 – A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 141
TÓPICO 1 – JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA 
ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR ....................................................................................................... 143
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 143
2 JOGOS E BRINCADEIRAS: CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADE ............................................ 143
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE ........................................................ 146
4 A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA POR PROJETO DE TRABALHO ................. 157
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 162
TÓPICO 2 – PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO 
MOVIMENTO ......................................................................................................................................... 163
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 163
2 A PRÁTICA PROFISSIONAL EM ATIVIDADES RECREATIVAS ........................................... 163
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 176
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 179
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 181
1
UNIDADE 1
O JOGO, O BRINQUEDO E 
A BRINCADEIRA: CONCEITO, 
EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E 
PEDAGÓGICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
• compreender a origem dos jogos, brinquedos e brincadeiras e sua influên-
cia na cultura de um povo;
• conhecer alguns dos principais conceitos relacionados ao jogo, brinquedo 
e brincadeira;
• perceber as variações dos jogos, brinquedos e brincadeiras e a influência 
de cada região e/ou cultura;
• perceber a influência do contexto sócio-histórico-ecônomico e cultural em 
relação ao jogo, brinquedo e brincadeira;
• identificar alguns dos jogos e brincadeiras tradicionais das crianças brasi-
leiras; 
• conhecer a importância da ludicidade no ambiente escolar e os diferentes 
tipos de ambientes que pode ser realizada;
• conhecer e compreender a finalidade da brinquedoteca como ampliador;
• conhecer algumas características essenciais do profissional de Educação 
Física para trabalhar com diferentes brincadeiras;
• perceber a importância de adaptar recursos materiais e espaços para reali-
zação de atividades recreativas nos mais diversos segmentos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos estudados.
TÓPICO 1 – A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E 
 BRINCADEIRAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO 
 PROCESSO EDUCATIVO
TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – 
 RESGATE CULTURAL
TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE 
 EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, 
BRINQUEDOS E BRINCADEIRASE SUAS 
CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO 
EDUCATIVO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, mergulharemos na história, e conheceremos a origem dos 
jogos, brinquedos e brincadeiras e sua influência na cultura de um povo. Muitos 
são os autores que expõem sobre a história dos jogos e dos brinquedos e sua 
importância no contexto atual, entre eles destacamos: Huizinga, Philippe Ariès, 
Kishimoto e Brougère, entre tantos outros.
Conhecer e compreender a trajetória dos jogos, brinquedos e brincadeiras é 
resgatar nossas raízes culturais.
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS, BRINQUEDOS 
E BRINCADEIRAS
A maioria dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais entre 
as crianças brasileiras chegou até aqui através da vida dos povos que deram origem à 
nossa civilização, vindos da Europa e até mesmo do Oriente, outros já mantêm sua 
origem aqui, como é o caso da cultura indígena.
Vamos conhecer agora, um pouco mais a história e a origem de cada um 
deles. Embarque nessa aventura e vamos voltar um pouco no tempo!
2.1 A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS
Os jogos sempre fizeram parte do contexto histórico do homem e foram se 
moldando de acordo com a necessidade de cada época. Inicialmente não eram 
vistos de forma lúdica e sim como um recurso para sua sobrevivência, distração e 
sofrendo adaptações ao longo dos séculos conforme a necessidade de cada povo.
Tudo começou, não se sabe exatamente quando, mas estudiosos vêm 
realizando pesquisas não exatamente para procurar respostas, mas para trazer à 
tona fatos históricos e compreender a sua evolução. 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
4
Cada cultura define uma esfera do jogo a partir de uma rede de analogias, de 
uma experiência dominante, de determinados traços que não são necessariamente 
idênticos aos nossos. (BROUGÈRE, 1998). Apresentaremos uma série de fatos 
cronológicos nos quais os jogos apresentavam uma significação singular. 
 Registros apontam que na civilização romana a prática do jogo estava 
presente em vários momentos. De acordo com Brougère (1998), o jogo romano 
era visto a partir do espectador e não do participante e estes divididos em dois 
tipos de jogos, os jogos de cena (ludi scaenici) compostos por teatro, mímica, dança, 
concursos de poesia e os jogos de circo (ludi circenses) compostos de corridas de 
biga, combates, encenações de animais, caça e jogos atléticos. 
Como podemos observar são dois extremos bastante diferentes, um nos 
leva ao mundo imaginário da fantasia e o outro aos duelos fictícios, nos quais 
muitas vezes “jogavam” até chegar à morte, escolha feita pelo público que assistia.
 FIGURA 1 – COLISEU - DESTINO DE UM GLADIADOR DERROTADO DECIDIDO PELO 
 PÚBLICO
FONTE: Disponível em: <http://cafelivroearte.blogspot.com.br/2013/05/o-coliseu-de-
roma.html>. Acesso em: 28 fev. 2015.
Estes também apresentavam a dimensão religiosa, eram realizados com o 
intuito de pedir ou agradecer alguma bênção, era um presente a Deus. Conforme 
Brougère (1998), o jogo é certamente um espetáculo, mas nem por isso se deve 
esquecer que é, tanto em Roma como na Etrúria, um fato religioso, um ato oferecido 
a deus como um presente.
Outras vezes os jogos também tinham sua dimensão política, através de 
um acordo de interesses, eram oferecidos pelos nobres, depois pelo Imperador ao 
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
5
povo. Vale lembrar que essas atividades eram realizadas apenas por adultos. Com 
o passar do tempo tentou-se transformar o jogo romano para aproximá-lo ao jogo 
grego.
Na Grécia, encontramos outra dimensão do jogo. De acordo com Brougère 
(1998), deparamo-nos aqui com uma diversidade de termos: athos (luta, combate, 
concurso, jogos tais como os píticos), agon (assembleia, em particular para jogos 
públicos, concursos, lutas, jogos ginásticos), paidaia (derivado de criança, jogo 
infantil, infantilidade, diversão, mas também jogos ou concurso de lutas, de flauta).
Os jogos na Grécia pautam-se no concurso, os quais representam grande 
importância na civilização grega.
A Grécia também foi precursora dos Jogos Olímpicos, os primeiros jogos 
datam do ano de 776 a.C. De acordo com Brougère (1998), o Concurso de Olímpia 
foi inserido em um quadro religioso. A exemplo dos heróis fundadores, os 
participantes dos concursos, lutando no estádio, impõem-se como atores do ciclo 
dos renascimentos, entre outros, numa representação cósmica, biológica e social.
 FIGURA 2 – RUÍNAS DE OLÍMPIA - ANTIGA SEDE DOS JOGOS OLÍMPICOS
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/origem-dos-
jogos-olimpicos.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.
Esses jogos/concursos apresentavam uma simbologia muito forte, porém 
a lógica social do jogo, enraizada naquele concurso, se também é ligada ao 
fingimento, é bem diferente da lógica romana (BROUGÈRE, 1998).
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
6
Os jogos olímpicos aconteciam de quatro em quatro anos e perduraram mais 
de mil anos, até 393 d.C. A partir daí o imperador romano Teodósio I extinguiu 
o evento, declarando que se tratava de uma festa pagã e essa ideia do paganismo 
dos jogos prevaleceu por muitos anos. Somente no ano de 1896, foram realizados 
os primeiros jogos olímpicos modernos, em Atenas, na Grécia.
FIGURA 3 – ANÉIS OLÍMPICOS
Com a ideia de criar um símbolo que resumisse o espírito olímpico de 
união e interação entre os povos, o organizador das Olimpíadas Modernas, 
DICAS
Primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos toma Atenas de assalto, coroa esforços dos 
organizadores, exibe extraordinárias proezas esportivas e renova a autoestima dos helênicos.
Para saber mais leia o artigo A conquista da Grécia Disponível em: <http://veja.abril.com.br/
historia/olimpiada-1896/especial-jogos-olimpicos-era-moderna-atenas.shtml>. Acesso em: 8 
mar. 2015.
NOTA
Em 1896, os primeiros nove esportes foram: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, 
natação, tênis, luta, levantamento de peso e tiro. As provas de natação nas Olimpíadas de 
Atenas foram realizadas nas águas da baía de Zea. A temperatura da água durante as provas 
nunca ultrapassou os 13 graus.
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadigital.org/curiosidades/15-curiosidades-historicas-das-
olimpiadas/>. Acesso em: 28 fev. 2015.
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
7
Barão de Coubertin idealizou a figura dos anéis olímpicos.
Significado dos Anéis Olímpicos 
Os cinco círculos representam os continentes:
 azul, Europa
 amarelo, Ásia
 preto, África
 verde, Oceania
 vermelho, América
O entrelaçamento dos anéis representa a união 
amistosa e pacífica das nações. 
Com as cinco cores podem ser compostas todas 
as bandeiras do mundo. Ao criar o símbolo dos jogos, 
as cidades devem usar os anéis misturados a outros 
elementos.
FONTE: Disponível em: <http://personaltrainnerelisandria.blogspot.com.br/2011/09/qual-o-
significado-do-simbolo-olimpicos.html>. Acesso em: 28 fev. 2015.
Tanto na cultura romana, quanto na da Grécia, podemos constatar o jogo e 
sua relação com a religião.
Já na cultura asteca os jogos apresentam características próprias, 
diferentes das dos romanos e da Grécia. É representado pelo Tlachtli, o termo 
deriva do verbo Tlachia, que significa ver, olhar. O tlachtli é o fato de ver o 
espetáculo, representado principalmente pelos jogos com pelotas, também 
chamado de paume, que tinha como objetivo arremessar a bola de borracha 
através de um estreito orifício de um anel, vestindo um cinto de couro, a bola 
não podia encostar no corpo do atleta. O tlachtli é, primeiramente, um drama 
sagrado antecedendoum sacrifício sangrento, uma representação cosmográfica, 
em que a bola com saltos aéreos figura a caminhada do sol. O jogo realiza 
essencialmente a encenação do movimento cósmico. Os astecas pensam todos 
os movimentos sobre o modelo da bola que parece assim de essência lúdica. A 
energia se esgota com o ir dessa bola que os jogadores lançam perpetuamente, 
até a morte sacrifical de um deles.
FONTE: Disponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra13/teotlachtli.htm>. Acesso em: 28 
fev. 2015.
 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
8
FIGURA 4 - JOGO DE PELOTAS
Representação de como era jogado 
o Tlachtli na maioria dos lugares. Hoje só é 
possível ver o jogo original no parque temático 
de XCaret.
FONTE: Disponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra13/teotlachtli.htm>. Acesso em: 28 fev. 
2015.
Os astecas acreditavam que este jogo representava uma regeneração 
cósmica indispensável à sobrevivência da sociedade.
Segundo Brougère (1998, p. 43):
O jogo tem uma função social, um sentido social através de uma 
especificidade caracterizada pelo “como se”, pelo fingimento. Antes de 
ser a atividade principal das crianças, a simulação lúdica parece ser um 
meio de expressão cultural, uma linguagem, até mesmo um ato eficaz 
de relação da sociedade com o sobrenatural, mesmo que usos profanos 
possam existir paralelamente.
Nesse sentido, vale ressaltar que, com o passar dos anos, os costumes 
iniciais foram se difundindo a novas culturas e novos conceitos, entretanto, outros 
ainda se mantêm até os dias atuais.
Nos tempos modernos o jogo passou a ser visto como o centro da 
constituição de uma identidade, e nesse sentido ele é um espaço de aprendizagem, 
apesar de sua aparência de desordem e mesmo de violência. Nessa fase, pode-se 
observar a separação do jogo e da religião, é nessa fase que o jogo começa a ser 
visto como lúdico. (BROUGÈRE, 1998).
O autor ainda coloca que, a não seriedade do jogo é talvez resultado de um 
processo histórico. Cada povo, cada cultura tem uma forma de interpretar e ver o 
jogo.
De acordo com Kishimoto (2004, p. 15), “é muito complexo definir jogo, 
brinquedo e brincadeira. Uma mesma conduta pode ser jogo ou não jogo em 
diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído. Isso porque o que 
para uns é lúdico (uma diversão) para outros é visto como algo sério”.
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
9
3 CONCEITUANDO O JOGO
Mas o que é jogo, afinal? 
A palavra jogo é originária do latim: iocus, iocare e significa brinquedo, 
folguedo, divertimento, passatempo sujeito a regras, ou até mesmo uma série 
de coisas que formam uma coleção.
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioetimologico.com.br/jogo/>. Acesso em: 28 fev. 
2015.
Vamos conhecer a definição de jogo, segundo o dicionário Houaiss, (2003, 
p. 400): 
1 – agitação: movimento, oscilação; 2 – aposta: lance, mão, parada, 
partida; 3 – ardil: astúcia, 4 – balanço: oscilação; 5 – brincadeira: folguedo, 
folia, reinação; 6 – coleção: conjunto; 7 – combate: certame, luta, peleja, 
pugna; 8 – diversão: divertimento; 9 – escárnio: gracejo, motejo, troça, 
zombaria; 10 – funcionamento: movimento; 11 – inconstância: capricho, 
instabilidade, irregularidade, variabilidade, volubilidade, constância, 
e variabilidade, regularidade; 12 – joguete: ludibrio; 13 – manejo: 
manobra, manuseio; 14 – movimento: destreza, habilidade, mobilidade; 
15 – partida: certame, competição, espetáculo, peleja, jogo de cartas: 
carteado.
Ao longo de décadas muitos teóricos vêm realizando pesquisas no sentido 
de aprofundar e buscar respostas acerca deste tema.
Para Kishimoto (2004), tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se 
pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-
se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais, amarelinha ou 
xadrez etc. Por exemplo, no faz de conta, há forte presença da situação imaginária; 
no jogo de xadrez, regras padronizadas permitem a movimentação das peças. 
Para Huizinga (2007, p. 3) “o jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, 
mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe a sociedade humana; mas, 
os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica”.
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro 
de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras 
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um 
fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e 
de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. (HUIZINGA, 
2007, p. 33).
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
10
Ainda segundo Huizinga (2007, p. 14), “Todo o jogo tem regras”. E precisam 
ser respeitadas por todos os participantes em qualquer situação.
Para Caillois (1990, p. 29-30), o jogo pode ser encarado essencialmente 
como uma atividade:
1. Livre: uma vez que, se o jogador fosse a ela obrigado, o jogo perderia 
de imediato a sua natureza de diversão atraente e alegre.
2. Delimitada: circunscrita a limites de espaço e de tempo, rigorosa e 
previamente estabelecidos.
3. Incerta: já que o seu desenrolar não pode ser determinado nem o 
resultado obtido previamente, e já que é obrigatoriamente deixada à 
iniciativa do jogador uma certa liberdade na necessidade de inventar.
4. Improdutiva: porque não gera bens, nem riquezas nem elementos 
novos de espécie alguma; e, salvo alteração de propriedade no interior 
do círculo dos jogadores, conduz a uma situação idêntica à do início da 
partida.
5. Regulamentada: sujeita a convenções que suspendem as leis normais 
e que instauram momentaneamente uma legislação nova, a única que 
conta.
6. Fictícia: acompanhada de uma consciência específica de uma realidade 
outra, ou de franca irrealidade em relação à vida normal.
Pode-se pensar, a priori, que cada cultura define uma esfera do jogo a partir 
de uma rede de analogias e de uma experiência dominante, de determinados traços 
que não são necessariamente idênticos aos nossos. (BROUGÈRE, 1998).
Vamos observar o quadro “Jogos Infantis” pintado por Pieter Brueghel 
em 1560, ele apresenta uma série de atividades recreativas. Olhando atentamente, 
podemos perceber que geralmente eram realizadas em dupla ou grupos. 
O belga Pieter Bruegel foi um importante artista do século XVI, e em 1560 
ele pintou uma de suas grandes obras, chamada Jogos Infantis. A tela mostra 250 
crianças brincando pelas ruas em 84 brincadeiras diferentes.
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
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FIGURA 5 – JOGOS INFANTIS DO FLAMENGO PIETER BRUEGHEL (1525-1569)
FONTE: Disponível em: <http://www.rupert.id.au/TJ521/bruegel_la.jpg>. Acesso em: 28 fev. 
2015.
Todo jogo tem regras, elas podem ser alteradas ou não, os participantes 
podem tomar essa decisão antes de iniciar o jogo. Vale ressaltar que, há jogos 
“oficiais” que devem seguir à risca as regras e estas só podem ser alteradas com 
antecedência e em comum acordo pelos responsáveis. Por exemplo: As regras 
oficiais do futebol brasileiro só podem ser alteradas pela Confederação Brasileira 
de Futebol.
4 ANTROPOLOGIA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Filho(a), vamos ao shopping comprar aquele brinquedo que você tanto quer?
Nem sempre foi assim, não encontrávamos brinquedos expostos em 
prateleiras, nas lojas, supermercados ou na feirinha da esquina. Antigamente eles 
eram feitos manualmente pelos pais, avós e repassados de geração em geração. 
Usavam objetos simples que encontravam no lugar onde viviam, nada de luxo e 
sim muito amor e carinho em cada detalhe. 
Segundo Ribeiro (2011,p. 60)
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
12
A boneca é um dos mais antigos objetos de brincar que a humanidade 
conheceu. Confeccionadas com os mais diversos materiais, eram usadas 
em cultos religiosos, como peças decorativas e de entretenimento para 
as crianças, com o intuito de prepará-las para as futuras funções da 
maternidade, o cuidar. 
Registros da primeira boneca
Pesquisas apontam registros de indícios de bonecas há mais de 40 mil anos, as 
quais foram mudando e evoluindo com o passar dos anos.
Há 40 mil anos – provavelmente as primeiras representações da forma humana em miniatura 
podem ter sido feitas pelo Homo Sapiens, de barro, na África e na Ásia, com propósitos 
ritualísticos. Consideradas o primeiro brinquedo feito de argila.
25 mil-20 mil a.C. – No Museu de História Natural de Viena, na Áustria, encontra-se a Vênus 
de Willendorf, uma estatueta de formas arredondadas similar a uma boneca, provavelmente 
usada como símbolo de fertilidade e não como brinquedo.
Réplica da Vênus de Willendorf
FONTE: Disponível em: <https://museudosbrinquedos.wordpress.com/>. Acesso em: 28 
fev. 2015.
NOTA
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
13
As bonecas chegaram ao Brasil por volta de 1806, com a vinda da família 
real, e naquela época eram usadas apenas pela corte, somente no início do século 
XX chegaram às casas das famílias de classe média. Hoje, encontramos no mercado 
uma diversidade de modelos: bonecas bebê, adultas, pequenas, grandes e inclusive 
bonecos masculinos, soldados, heróis etc., destinados ao público masculino, 
desmistificando a ideia de boneca ser brinquedo apenas de meninas. (RIBEIRO, 
2011).
Para conhecer mais a história e evolução das bonecas acesse: Museu dos 
Brinquedos <https://museudosbrinquedos.wordpress.com>.
A brincadeira só passa a ter sentido se a criança se entregar, pois é a 
imaginação da criança que dá vida ao brincar. “A essência do brincar não está no 
fazer como se, mas um fazer sempre de novo, transferência da experiência mais 
comovente em hábito”. (BENJAMIM, 1984, p. 75). 
4.1 O BRINCAR NO PASSADO E NO PRESENTE
Antigamente a criança era vista como um adulto em miniatura. Elas 
passavam grande parte do seu tempo com os pais, realizando os afazeres domésticos, 
não eram estimuladas a brincar e a brincadeira era vista como futilidade. 
Os tempos mudaram e o brincar nos dias atuais é considerado essencial para 
o desenvolvimento integral da criança. De acordo com a Declaração Universal dos 
Direitos da Criança, “Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação 
e assistência médica.” 
Portanto, cabe à família, escola e sociedade garantir e colocar em prática 
este direito. 
Hoje, o brinquedo e a brincadeira tomam conta do universo infantil, 
encontramos no mercado brinquedos para todas as idades e gostos. Porém, nosso 
cotidiano também é incutido pela ideia de que a criança precisa saber quando 
é hora de brincar e ir assumindo algumas responsabilidades desde cedo. Nessa 
perspectiva, Santos (2000, p. 57) destaca que: 
Culturalmente somos programados para não sermos lúdicos. Basta 
lembrarmos quantas vezes em nossas vidas já ouvimos frases como 
estas: “Chega de brincar, agora é hora de estudar”; “Brincadeira tem 
hora”; “Fale a verdade, não brinque”; “A vida não é uma brincadeira”. 
E assim fomos construindo nossas ideias sobre o lúdico. 
DICAS
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
14
Brincamos por instinto, desde bebês brincamos com nosso próprio corpo e 
conforme vamos crescendo precisamos controlar essa nossa vontade, em prol de 
regras impostas pela sociedade.
U jiie, no artigo Brincar, brinquedo e brincadeira usos e significações, 
descreve que o papel do brincar emerge na sociedade contemporânea para 
resgatar os valores mais essenciais dos seres humanos, todos fundamentais e 
indissociáveis, tais como:
- ser potencial na cura psíquica e física, forma de comunicação entre iguais e 
entre as várias gerações;
- instrumento de desenvolvimento e ponte para a aprendizagem;
- possibilidade de resgatar o patrimônio lúdico-cultural nos diferentes contextos 
socioeconômicos;
- potencialidade criativa;
- inserção em uma sociedade regrada;
- oportunidade de convivência com os outros, de se colocar no lugar do outro 
(empatia);
- de ganhar hoje e perder amanhã;
- de liderar e ser conduzido;
- de falar e de ouvir;
- incentivo ao trabalho solidário, em equipe, a uma postura mais cooperativa e 
ecológica;
- caminho do conhecimento e descoberta de potenciais ocultos;
- estímulo à autonomia, à livre escolha, à transformação e à tomada de decisões.
FONTE: Disponível em: <file:///C:/Users/Win7/Downloads/1743-8296-1-PB.pdf>. Acesso em: 5 
abr. 2015
5 CONCEITUANDO O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA
O brinquedo e a brincadeira estão diretamente ligados ao ato de brincar.
Brincar - Essa palavra tem origem latina. Vem de vinculum que quer 
dizer laço, algema, e é derivada do verbo vincire, que significa prender, seduzir, 
encantar. Vinculum virou brinco e originou o verbo brincar.
FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioetimologico.com.br/brincar/>. Acesso em: 28 
fev. 2015.
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
15
Muitos dos brinquedos que conhecemos hoje foram passados de geração 
para geração, fazem parte da cultura do nosso povo, são parte do folclore brasileiro 
e apresentam características específicas de acordo com cada região ou cultura. 
Segundo Brougère (2004, p. 13), “o brinquedo é um objeto distinto e 
específico, com imagem projetada em três dimensões, cuja função parece vaga. 
Com certeza podemos dizer que a função do brinquedo é a brincadeira”.
O brinquedo refere-se a um objeto que a criança manipula livremente, 
sem estar condicionado a regras ou a princípios de utilização de outra natureza. 
(BROUGÈRE, 2004). 
Se considerarmos que a criança aprende de modo intuitivo, adquire 
noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser 
humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações 
sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para 
desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 2004, p. 36).
 Cada brinquedo apresenta seu valor expressivo, a criança ao manipulá-
lo tem a liberdade e a autonomia de desenvolver uma grande variedade de 
representações imaginárias. 
 Segundo Brougère (2004, p. 41),
Para analisar essa dimensão simbólica, devemos, mesmo que isso pareça 
arbitrário, decompor o brinquedo segundo determinados aspectos.
1. Aspecto material do brinquedo, preliminar à própria significação, à 
sua própria possibilidade, e que é seu suporte essencial. A originalidade 
do brinquedo provém dessa capacidade de ser um meio de expressão 
com volume. É um objeto dotado de significação, mas que continua 
sendo um objeto. 
2. A representação, o brinquedo pode representar a realidade ou 
reproduzir um mundo imaginário. Até mesmo antes de ser manipulado 
de forma lúdica, o brinquedo já representa uma significação incutida 
pela cultura na qual a criança está inserida. De acordo com o autor, 
manipular brinquedos remete, entre outras coisas, a manipular 
significações culturais originadas numa determinada sociedade.
O brinquedo tem um significado independente para cada ser, tudo 
depende de como ele é visto pela criança. O material do qual é fabricado, a cor, 
tudo influencia na sua significação. 
Segundo Brougère (2004, p. 44), “percebemos, assim, uma autonomia do 
mundo do brinquedo que produz sua própria lógica. Cada brinquedo pode, desse 
modo, ser analisado do ponto de vista de sua significação.”
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDOE A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
16
Para leitura!
Este livro traz importantes reflexões referentes ao 
significado de palavras como jogo, brinquedo e brincadeira, 
passando pela discussão e importância do jogo na educação 
infantil, até as teorias sobre este assunto. Através desta leitura 
você terá a oportunidade de aprimorar seu conhecimento 
em relação à importância do lúdico na Educação Infantil.
LEITURA COMPLEMENTAR
Primeira Olimpíada
 Abril de 1896
Entrevista: Pierre de Coubertin
O barão dos esportes
O secretário-geral do Comitê Olímpico Internacional explica os motivos que 
o levaram a reviver os antigos Jogos gregos e ataca a envolvimento do dinheiro com 
a prática esportiva
Nascido em 1863 no seio de uma família da aristocracia parisiense, Pierre de 
Frédy tinha desenhada para si uma carreira militar. Mas o jovem humanista acreditava 
que o poder da educação era maior do que o das armas. Recusando o destino que lhe fora 
traçado, tomou para si a missão de uma reforma pedagógica na França. Apaixonado 
pelo esporte – então visto em seu país como um inimigo mortal da intelectualidade –, o 
Barão de Coubertin, como se tornou conhecido, visitou a Inglaterra, os Estados Unidos 
e o Canadá para conhecer sistemas educacionais que aliassem os exercícios físicos aos 
intelectuais. Convencido de seu sucesso, dedicou-se, em seu retorno à França, a fundar 
associações desportivas escolares e à sua organização em nível nacional. As fronteiras 
gaulesas, porém, já eram pequenas para Coubertin, que sonhava em retomar os 
antigos Jogos Olímpicos gregos. Uma competição multiesportiva internacional era 
uma ideia impraticável e utópica para a maioria – mas não para o teimoso francês, 
que, com a ajuda de alguns poucos abnegados, logrou organizar a competição em 
plena era moderna. Nesta entrevista, o Barão, defensor ferrenho do amadorismo nos 
esportes, comenta a resistência encontrada ao restabelecimento dos Jogos Olímpicos 
e já projeta o legado do evento para a Grécia e para o mundo: "Os Jogos Olímpicos, 
para os antigos, representavam a união do esporte e promoviam a paz. Não é nada 
visionário recorrer a eles para obter benefícios similares no futuro".
DICAS
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
17
VEJA - Qual foi a intenção dos membros dos fundadores do Comitê Olímpico 
Internacional ao reviver uma instituição que esteve esquecida por tantos séculos? 
Coubertin - O esporte está assumindo uma importância cada vez maior a cada ano, e 
o papel que desempenha parece ser tão importante e duradouro no mundo moderno 
quanto era na Antiguidade. Mais que isso, ele reaparece com novas características, é 
internacional e democrático, adequado, portanto, às ideias e necessidades dos dias 
de hoje. Mas hoje, como antes, seu efeito será benéfico ou maléfico de acordo com o 
uso que dele é feito, e da direção a que é encaminhado. O esporte pode trazer à baila 
tanto as paixões mais nobres quanto as mais rasas; pode desenvolver as qualidades 
de honra e altruísmo da mesma forma que a ganância; pode ser cavalheiresco ou 
corrupto, viril ou bestial; por último, pode ser usado para fortalecer a paz ou preparar 
para a guerra. Ora, nobreza de sentimentos, admiração pelas virtudes de altruísmo 
e honra, espírito cavalheiresco, energia viril e paz são as necessidades primárias de 
qualquer democracia moderna, seja ela republicana ou monárquica...
VEJA - O senhor acredita que, após esta primeira edição, os Jogos Olímpicos 
realmente se solidificarão como uma competição esportiva internacional periódica? 
Coubertin - Com certeza. Não se trata de uma criação local e passageira, mas sim de 
algo universal e duradouro. Até porque o renascimento dos Jogos não é só fruto de um 
sonho espontâneo: é a consequência lógica das grandes tendências cosmopolitas de 
nosso tempo. O século XIX viu o despertar de um gosto pelos esportes em toda a parte. 
Ao mesmo tempo, as grandes invenções desta era, as estradas de ferro e telégrafos, 
permitiram a comunicação de pessoas de todas as nacionalidades. Uma relação mais 
fácil entre homens de todas as línguas abriu naturalmente uma esfera maior para 
interesses em comum. A humanidade tem começado a viver uma existência menos 
isolada, diferentes raças aprenderam a se conhecer e a se compreender melhor, e ao 
comparar seus poderes e realizações nos campos da arte, indústria e ciência, uma 
rivalidade nobre nasceu entre elas, impulsionando-as a conquistas ainda maiores. As 
Exposições Universais têm reunido em um ponto do globo os produtos de seus cantos 
mais remotos. Nos domínios da ciência e da literatura, assembleias e conferências 
vêm unindo os mais ilustres intelectuais de todas as nações. Não poderia ser de outra 
forma que também esportistas das mais diversas nacionalidades deveriam começar 
a se encontrar em território neutro. A Suíça tomou a frente ao convidar atiradores 
estrangeiros para participar das competições de tiro de sua federação; corridas de 
bicicleta vêm sendo disputadas em todas as pistas da Europa; Inglaterra e Estados 
Unidos têm se desafiado por mar e por terra; os mais hábeis esgrimistas de Roma 
e Paris têm cruzado seus floretes. Gradativamente, o esporte está se tornando mais 
internacional, estimulando os interesses e ampliando a esfera de ação. O renascimento 
dos Jogos Olímpicos se tornou possível e, posso dizer, até mesmo necessário.
VEJA - Ainda assim, a competição esteve longe de ser uma unanimidade. Como foi a 
organização?
Coubertin - Quando tive a ideia de convocar em Paris um Congresso Internacional 
do Esporte, em 1892, logo descobri que isso não seria possível sem alguma labuta 
preliminar, e me lancei com afinco nessa tarefa. Unificar os grandes clubes esportivos 
franceses e me comunicar com as sociedades similares de outros países era primordial, 
de um lado, para não oferecer a estranhos o edificante espetáculo da discórdia nacional 
e, de outro, para obter do exterior diversos adeptos a essa causa. Na primavera de 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
18
1893, a situação tinha melhorado tanto que já era possível convocar um congresso. 
Tínhamos ótima relação com Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos, e convites foram 
enviados a todas as sociedades esportivas no mundo solicitando-lhes que mandassem 
representantes para Paris, no mês de junho de 1894. A programação do Congresso 
foi elaborada de modo a disfarçar seu principal objetivo: o renascimento dos Jogos 
Olímpicos. Ela trazia apenas questões sobre o esporte em geral. Cuidadosamente, 
deixei de mencionar tão ambicioso projeto, receando que pudesse levantar tamanha 
manifestação de desdém e escárnio que acabasse por desencorajar, de antemão, aqueles 
favoráveis à ideia. Isso porque sempre que eu aludira ao meu plano em encontros em 
Oxford ou Nova York, ficara tristemente consciente de que minha plateia o considerara 
utópico e impraticável.
VEJA - As coisas não mudaram nem mesmo depois do anúncio da realização do evento 
em Atenas, com o apoio do governo local?
Coubertin - Pouco. Os comitês nacionais e internacionais estavam ocupados 
recrutando competidores, mas a tarefa não era tão fácil quanto se possa imaginar. 
Não só era preciso superar a indiferença e a desconfiança. O renascimento dos Jogos 
Olímpicos incitara certa hostilidade. Embora o Congresso de Paris tenha sido cuidadoso 
em decretar que toda forma de exercício físico praticada no mundo deveria encontrar seu 
lugar na programação, os ginastas sentiram-se ofendidos, acreditando não ter recebido 
proeminência suficiente. A maior parte das associações de ginástica da Alemanha, 
França e Bélgica está animada por um rigorosoespírito exclusivo. Essas associações 
não ficaram satisfeitas em declinar do convite para dirigirem-se a Atenas. A federação 
belga escreveu para as outras federações, sugerindo uma resistência orquestrada contra 
o trabalho do Congresso de Paris. Eles não se mostraram inclinados a tolerar a presença 
das modalidades atléticas que eles próprios não praticam; aquilo que desdenhosamente 
chamam de "esportes ingleses" se tornou, por conta de sua popularidade, especialmente 
odioso para eles. Felizmente, porém, outras mentes prevaleceram.
VEJA - O profissionalismo parece ser cada vez mais uma realidade no esporte. Os 
Jogos Olímpicos, com seu caráter completamente amadorístico, são uma resposta a esse espírito? 
Coubertin - Sim, é fato que mais e mais um espírito mercantilista ameaça invadir 
os círculos esportivos. Os homens não correm ou lutam abertamente por dinheiro, 
mas ainda assim a tendência a um acordo lamentável se alastrou. O desejo de vencer 
muitas vezes não tem que ver com a simples ambição por uma distinção honrosa. E, se 
não desejássemos ver o esporte degenerar e acabar pela segunda vez, ele precisava ser 
purificado e unido. De todas as medidas que levariam a esse desejado objetivo, só uma 
me parecia totalmente praticável: a criação de uma competição periódica, para a qual 
as sociedades esportivas de todas as nacionalidades seriam convidadas a enviar seus 
representantes, colocando esses encontros sob a única patronagem que poderia lançar 
sobre eles uma aura de grandeza e glória – a patronagem da Antiguidade Clássica! 
Nos Jogos Olímpicos, as competições serão sempre disputadas com regulamentos 
amadores. Abrimos exceção para a esgrima, já que em muitos países professores 
de esgrima militar são soldados ranqueados. Para eles, providenciou-se um torneio 
à parte. Para todas as outras modalidades, somente amadores são admitidos. É 
impossível conceber os Jogos Olímpicos com prêmios em dinheiro. Mas essas regras, 
que parecem até simples, são bastante complicadas em sua aplicação prática pelo fato 
de que a definição do que constitui um amador difere de um país para outro – às 
TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
 E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO
19
vezes, de um clube para outro.
VEJA - Os Jogos foram um sucesso na Grécia. A população tomou parte nas celebrações, 
e um sentimento de orgulho pelo passado glorioso esportivo se alastrou pelo país. Qual o legado 
do evento ao país?
Coubertin - É fato amplamente conhecido que os gregos, durante seus séculos de 
opressão, haviam perdido completamente o gosto pelos esportes. O povo grego, 
contudo, não é acometido da indolência natural dos orientais, e estava claro que o 
hábito atlético, dada a oportunidade, voltaria a se enraizar facilmente entre seu povo. 
De fato, diversas associações de ginástica haviam se formado nos últimos anos em 
Atenas e Patras, e o público mostrava cada vez mais interesse em seus feitos. Era, 
então, um momento favorável para dizer as palavras: Jogos Olímpicos. Assim que 
ficou claro que Atenas auxiliaria no renascimento das Olimpíadas, uma perfeita febre 
de atividade muscular tomou conta de todo o reino. E isso não foi nada perto do que se 
seguiu depois dos Jogos. Eu vi, em pequenas vilas longe da capital, pequenos garotos 
praticamente sem roupas atirando pedrinhas, pulando sobre barreiras improvisadas, 
e dois moleques nunca se encontravam nas ruas de Atenas sem disputar uma 
corrida. Nada superava o entusiasmo com que os vitoriosos eram recebidos por seus 
conterrâneos no retorno às suas cidades natais. Eram recebidos pelo prefeito e pelas 
autoridades municipais, e aclamados por uma multidão carregando ramos de oliveira 
e de louro. Nos tempos antigos, o vencedor adentrava a cidade por uma abertura feita 
especialmente em seus muros. As cidades gregas já não são mais muradas, mas pode-
se dizer que o esporte fez uma abertura no coração da nação. Quando se percebe a 
influência que a prática de exercícios físicos pode ter no futuro de um país e na força 
de todo um povo, fica-se tentado a imaginar se a Grécia não dará início a uma nova 
era a partir de 1896.
VEJA - E em relação ao resto do mundo? Os Jogos cumpriram o papel que o senhor 
imaginava?
Coubertin - É claro que, no mundo como um todo, os Jogos Olímpicos ainda não 
exerceram nenhuma influência, mas estou profundamente convencido que eles o 
farão. Esta foi a razão para seu resgate. Como já disse, o esporte moderno precisa 
ser unificado e purificado. Acredito que nenhuma educação, especialmente em uma 
época democrática, pode ser boa e completa sem a ajuda do esporte; mas o esporte, 
para desempenhar seu papel educacional, precisa ser baseado em um desinteresse 
puro e no sentimento de honra. Foi com esse pensamento em mente que eu busquei 
reviver os Jogos Olímpicos. Tive sucesso depois de muito esforço. Se a instituição 
prosperar – e confio que, com o auxílio de todas as nações civilizadas, ela irá prosperar 
–, acredito que ela pode ser um fator potente, ainda que indireto, na busca da paz 
universal. Guerras acontecem porque as nações compreendem erradamente as outras. 
Não teremos paz enquanto o preconceito, que hoje separa as diferentes raças, não for 
erradicado. Para obter este objetivo, que melhor meio do que reunir periodicamente a 
juventude de todos os países para disputas amistosas de força muscular e agilidade? 
Os Jogos Olímpicos, para os antigos, representavam a união do esporte e promoviam 
a paz. Não é nada visionário recorrer a eles para obter benefícios similares no futuro. 
FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/olimpiada-1896/entrevista-barao-pierre-de-
coubertin-impressao.shtml>. Acesso em: 28 fev. 2015.
20
Neste tópico, você viu que:
• A grande maioria dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais entre 
as crianças brasileiras chegaram até aqui através da vida dos povos que deram origem 
à nossa civilização, vindos da Europa e até mesmo do Oriente.
• Os jogos sempre fizeram parte do contexto histórico do homem e foram se 
moldando de acordo com a necessidade de cada época. 
• Os jogos na antiguidade apresentavam uma dimensão religiosa e em alguns 
casos os jogos também tinham sua dimensão política, através de um acordo de 
interesses, eram oferecidos pelos nobres, depois pelo Imperador ao povo.
• A Grécia também foi precursora dos Jogos Olímpicos, os primeiros jogos datam 
dos anos de 776 a.C.
• Os astecas acreditavam que este jogo representava uma regeneração cósmica 
indispensável à sobrevivência da sociedade.
• Todo jogo tem regras, elas podem ser alteradas ou não, os participantes 
podem tomar essa decisão antes de iniciar o jogo. Vale ressaltar que, há jogos 
“oficiais” que devem seguir à risca as regras e estas só podem ser alteradas com 
antecedência e em comum acordo pelos responsáveis.
• Antigamente, a criança era vista como um adulto em miniatura. Elas passavam 
grande parte do seu tempo com os pais, realizando os afazeres domésticos, não 
eram estimuladas a brincar e a brincadeira era vista como futilidade. 
• Muitos dos brinquedos que conhecemos hoje foram passados de geração para 
geração, fazem parte da cultura do nosso povo, são parte do folclore brasileiro e 
apresentam características específicas de acordo com cada região ou cultura. 
• O brinquedo tem um significado independente para cada ser, tudo depende 
de como ele é visto pela criança. O material do qual é fabricado, a cor, tudo 
influencia na sua significação.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
AUTOATIVIDADE
1 Observe a imagem a seguir e teça um comentário partindo das discussões 
realizadas neste tópico.
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/
origem-dos-jogos-olimpicos.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.
2 A partir das discussões iniciadas neste tópico, reflita sobre a evolução 
antropológica do jogo, brinquedoe brincadeira. Registre suas reflexões para 
serem discutidas com seus colegas.
3 Observe a obra: Jogos e Brinquedos Infantis, 1560, de Pieter Brueghel e 
escolha uma brincadeira para descrever.
FONTE: Disponível em: <http://www.rupert.id.au/TJ521/bruegel_la.jpg>. Acesso 
em: 28 fev. 2015.
22
23
TÓPICO 2
JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS 
FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Como é bom recordar momentos de nossa infância, lembrar das brincadeiras 
que nos marcaram, das risadas, frustrações, dos amigos, do faz de conta, onde 
tudo podia acontecer. Momentos estes que não voltam, mas certamente ficarão 
gravados em nossa memória por muito tempo.
Neste tópico apresentaremos alguns jogos e brincadeiras tradicionais das 
crianças brasileiras, brincadeiras estas que foram se moldando com o passar do 
tempo, mas mantiveram suas raízes.
Quem sabe, iremos trazer à tona lembranças que marcaram sua infância!
2 OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS 
DA CULTURA BRASILEIRA
Muitos jogos e brincadeiras que conhecemos atualmente são considerados 
folclóricos, pois são brincadeiras antigas que foram passadas de geração para 
geração, e mantiveram suas regras básicas de origem. 
Os jogos e brincadeiras tradicionais são aqueles que por suas 
características de fácil assimilação, desenvolvimento de forma prazerosa, 
aspectos lúdicos e função em seu contexto, foram aceitos coletivamente 
e preservados através dos tempos, transmitidos oralmente de uma 
geração para outra. Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/
edicoes_anteriores/anais16/sem13pdf/sm13ss14_04.pdf>. Acesso em: 28 
fev. 2015.
Esses jogos e brincadeiras podem apresentar variações e até mesmo sofrem 
modificações de acordo com cada região ou cultura. Mas cultivar esses jogos e 
brincadeiras é essencial para manter viva a história de um povo e o folclore do 
nosso país. Em relação à origem exata dos jogos, brinquedos e brincadeiras, 
Kishimoto (2004, p. 15) afirma que:
Não se conhece a origem desses jogos, sabe-se, apenas, que são 
provenientes de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos 
de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. A tradicionalidade e 
universalidade dos jogos assentam-se no fato de que povos distintos e 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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antigos, como os da Grécia e do Oriente brincavam de amarelinha, de 
empinar papagaios, jogar pedrinhas, e até hoje as crianças o fazem da 
mesma forma.
Geralmente o brinquedo tradicional (artesanal) é confeccionado pela 
criança, dentro de um ponto de vista infantil, a criança sabe o que quer com esse 
brinquedo. Já o brinquedo industrializado é pensado e projetado pelo adulto de 
acordo com os seus interesses e objetivos, em muitos deles a criança não acrescenta 
e não cria nada. “Quando o brinquedo é oferecido como prova de status, para 
satisfazer a vaidade, as recomendações quanto ao uso são tantas, que restringem a 
atividade lúdica”. (RIBEIRO, 2011, p. 55). Ainda de acordo com o autor, no mundo 
lúdico a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida 
interior, descobre o mundo e torna-se operativa.
Não se sabe exatamente a data de quando cada um dos jogos ou brincadeiras 
surgiu, mas pesquisas expõem que algumas fazem parte da história da humanidade 
há muito, mas muito tempo. 
Kishimoto (2004, p. 15) apresenta uma importante reflexão acerca do jogo 
para a cultura indígena.
A dificuldade aumenta quando se percebe que um mesmo 
comportamento pode ser visto como jogo ou não jogo. Se para um 
observador externo a ação da criança indígena que se diverte atirando 
com arco e flecha em pequenos animais é uma brincadeira, para a 
comunidade indígena nada mais é que uma forma de preparo para a 
arte da caça necessária à subsistência da tribo.
Para a criança o ato de atirar com arco e flecha pode ser uma simples 
brincadeira, mas na verdade os indígenas passam seus costumes e tradições através 
das brincadeiras com o objetivo de aprender as estratégias de sobrevivência, entre 
elas a caça.
Muitos jogos e brincadeiras tradicionais do Brasil foram trazidos pelos 
imigrantes. Segundo Kishimoto, (2004, p. 22), “grande parte dos jogos tradicionais 
popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos (ossinhos), amarelinha, 
bolinha de gude, jogo de botão, pião e outros, chegou ao Brasil, sem dúvida, por 
intermédio dos primeiros portugueses”. 
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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3 VAMOS CONHECER ALGUNS JOGOS E BRINCADEIRAS 
TÍPICOS DO BRASIL
A cultura brasileira é marcada pelas cantigas de roda, brincadeiras com 
corda, versos, parlendas, bolinha de gude, esconde-esconde e pega-pega. Há uma 
grande riqueza neste sentido, as crianças são incentivadas desde a tenra idade e 
geralmente aprendem com os mais velhos. De acordo com os PCN de Educação 
Física:
A gama de esportes, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa. 
Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que 
possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla 
uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida:
• jogos pré-desportivos: queimada, pique-bandeira, guerra das bolas, jogos 
pré-desportivos do futebol (gol a gol, controle, chute em gol rebatida drible, 
bobinho, dois toques);
• jogos populares: bocha, malha, taco, boliche;
• brincadeiras: amarelinha, pular corda, elástico, bambolê, bolinha de gude, 
pião, pipas, lenço-atrás, corre-cutia, esconde-esconde, pega-pega, coelho sai 
da toca, duro ou mole, agacha-agacha, mãe da rua, carrinhos de rolimã, cabo 
de guerra etc.;
• atletismo: corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos, de 
revezamento; saltos em distância, em altura, triplo, com vara; arremessos de 
peso, de martelo, de dardo e de disco;
• esportes coletivos: futebol de campo, futsal, basquete, vôlei, vôlei de praia, 
handebol, futvôlei etc.;
• esportes com bastões e raquetes: beisebol, tênis de mesa, tênis de campo; 
• esportes sobre rodas: hóquei, hóquei in-line, ciclismo;
• lutas: judô, capoeira, caratê;
• ginásticas: de manutenção de saúde (aeróbica e musculação); de preparação 
e aperfeiçoamento para a dança; de preparação e aperfeiçoamento para os 
esportes, jogos e lutas; olímpica e rítmica desportiva.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 28 
fev. 2015.
Para as crianças a brincadeira não tem hora, nem lugar, sempre que surge 
uma oportunidade, lá estão elas. As brincadeiras, seu nome e o modo de brincar 
podem variar de região para região, por se tratar de culturas diferentes. Cada uma 
vai adaptando conforme seus interesses e disponibilidade de materiais.
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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FIGURA 6 – BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ivanisja/brincadeiras-
folclricas-33910815>. Acesso em: 28 fev. 2015.
3.1 BRINCADEIRAS DE ORIGEM INDÍGENA
Não se pode dizer bem ao certo de onde cada jogo, brinquedo e brincadeira 
se originaram, o que sabemos é que estes têm suas raízes mais fortes em uma 
cultura específica e se difundiram entre as mais diversas culturas e regiões, onde 
suas características e nomes podem variar. Isso ocorreu e ainda ocorre porque as 
pessoas se mudam, mas mantêm seus hábitos e sua cultura que assim é transmitida 
a outros.
Apresentaremos a seguir alguns jogos, brincadeiras e brinquedos 
característicos da cultura indígena, europeia, africana e asiática, os quais 
encantaram e ainda encantam crianças e adultos de todo o Brasil.
Quem nunca brincou de peteca?
 Pois é, essa brincadeira tão familiar e que aos poucos vem sendo esquecida 
tem origemindígena. Os indígenas não compravam seus brinquedos, eles eram 
construídos e alguns passaram de geração para geração. A hora de construir o 
brinquedo para eles também é uma brincadeira, procurar os materiais necessários, 
é uma grande aventura.
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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Eles usavam uma trouxa de folha cheia de pedras que eram amarradas 
numa espiga de milho. Brincavam de jogar esta trouxa de um lado para outro, 
chamavam-na de Pe’teka, que em tupi significa bater.
FIGURA 7 – PETECA
FONTE: Disponível em: <http://pibmirim.socioambiental.org/
como-vivem/brincadeiras>. Acesso em: 29 fev. 2015.
NOTA
O nome “peteca” – de origem Tupi e que significa “tapear”, “golpear com as mãos” 
– é hoje o mais popular entre todos os nomes desse brinquedo tão conhecido no Brasil. Ainda 
hoje muitas pessoas aguardam o tempo das colheitas para elaborar seus brinquedos. Com as 
palhas do milho trançam diferentes amarras e laços e criam petecas de vários formatos.
As tão conhecidas pernas-de-pau, que fazem a festa da criançada e de 
muitos adultos, também são de origem indígena.
FIGURA 8 – PERNAS-DE-PAU
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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Perna-de-pau dos Xavantes
Crianças, de uma maneira geral, adoram mostrar o quanto são grandes 
e fortes. Vivem fazendo gestos que aumentam seus tamanhos e forças. Talvez 
tenha sido através desse desejo que a perna-de-pau foi parar nas pernas de tantas 
crianças pelo mundo.
Em uma aldeia xavante, no Mato Grosso, quando as crianças têm vontade 
de andar nas pernas-de-pau, saem em grupos para o mato levando consigo seus 
facões. Precisam encontrar o brinquedo que está pronto e escondido em alguma 
árvore da mata, só aguardando a vinda de alguém. Procuram por horas um 
tronco longo e reto, e que tenha na ponta uma forquilha (uma divisão no formato 
da letra Y, onde se apoia o pé) nem muito curva, nem muito aberta. Essa busca 
seria mais simples se a aldeia não estivesse situada bem no meio do cerrado 
brasileiro, uma região de árvores baixas com troncos bastante tortos. Encontrado 
o tronco com essas características, logo surge o segundo desafio: achar o par para 
ele. Dessa forma, uma “caçada” às pernas escondidas na mata pode durar uma 
manhã inteira. As forquilhas não permitem que os pés fiquem paralelos ao chão, 
eles ficam retorcidos para dentro, causando um certo desconforto para quem 
anda sobre elas. Mesmo assim, as crianças xavantes gostam de provar que são 
fortes e resistentes, e o desafio é conferir quem consegue andar a maior distância 
possível sem cair. Um dia inteiro se passa sem que as crianças busquem uma 
nova atividade. Para elas, uma brincadeira por dia é suficiente.
FONTE: Disponível em: <http://pibmirim.socioambiental.org/como-vivem/
brincadeiras>. Acesso em: 28 fev. 2015.
Como já mencionamos, os indígenas aproveitavam estes momentos de 
brincadeira para ensinar a sua cultura aos mais jovens. É através dos jogos e 
brincadeiras que eles aprendem a fazer comida, caçar, cultivar a plantação, pintar 
seus corpos, a fazer rituais, construir armas, entre tantas outras coisas.
DICAS
Para conhecer mais sobre essa rica cultura acesse o site: <http://pib.
socioambiental.org/pt>.
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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3.2 BRINCADEIRAS DE ORIGEM EUROPEIA
Pular amarelinha, pular macaca, caracol, não importa qual nome tenha! 
Essa brincadeira tem origem portuguesa e faz a alegria da criançada, faça chuva 
ou faça sol.
De origem francesa, a amarelinha chegou ao Brasil e rapidamente se 
tornou popular. A brincadeira consiste em um desenho formado por blocos 
numerados de 1 a 9, com semicírculos nas extremidades que são jogados com 
uma pedrinha que deve obedecer às paredes de cada bloco.
FIGURA 9 – AMARELINHA
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/brincadeiras-brinquedos-
culturais.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.
Tem também as canções de ninar, as histórias de bruxas e as tão famosas 
cantigas de roda.
Segundo Kishimoto (2004, p. 22):
As lendas das cucas, bichos-papões, e bruxas, divulgadas pelas 
avós portuguesas aos netinhos e pelas negras amas de sinhozinhos, 
acompanham a infância brasileira e penetram em seus jogos. [...] Desde 
primórdios da colonização, a criança brasileira vem sendo ninada com 
cantigas de origem portuguesa. 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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A ciranda, que é a dança mais famosa do Brasil, foi trazida de Portugal 
como dança adulta, mas logo sofreu transformações e passou a alegrar as 
brincadeiras infantis. É bastante utilizada ainda hoje em escolas, parques e 
espaços que prezam as brincadeiras antigas, passando-as às novas gerações, 
mostrando sua importância folclórica e cultural.
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/brincadeiras-brinquedos-
culturais.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.
FIGURA 10 - CIRANDA
3.3 BRINCADEIRAS DE ORIGEM AFRICANA
Essa cultura tão rica chegou ao Brasil não de uma forma muito favorável, 
pois seus portadores eram trazidos para serem escravos, seus costumes e tradições 
tiveram que ser cultivados dentro da senzala, longe dos olhos dos “senhores”.
Por isso, não se tem muitas fontes de pesquisa, por serem escravos não 
podiam expressar seus interesses e sua cultura, tinham que acatar ordens, caso 
contrário eram castigados.
Acredita-se que as brincadeiras como pega-pega, pular corda, queimada, 
brincadeira do elástico tenham origem africana. Mas outras, como a Mancala, 
têm sua origem comprovada, esse jogo tem o objetivo de desenvolver o raciocínio 
lógico de quem joga, é preciso ficar atento para não perder.
Originário da África, a Mancala teria surgido por volta do ano 2.000 a.C. 
É jogado atualmente em inúmeros países africanos, mas já extrapolou 
as fronteiras deste continente. Trata-se de um jogo com profundas 
raízes filosóficas que é jogado habitualmente com pequenas pedras ou 
sementes. Disponível em: <http://www.richmond.com.br/lumis/portal/
file/fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A833C66A449013C690C17EF6594>. 
Acesso em: 28 fev. 2015.
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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FIGURA 11 – MANCALA
FONTE: Disponível em: <http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp>. Acesso em: 28 fev. 
2015.
O objetivo do jogo é capturar o maior número de pedras.
O jogo começa em geral com quatro pedras em cada buraco. Sua jogada consiste 
em escolher um buraco, retirar suas fichas e distribuí-las pelos outros buracos, 
uma por buraco, no sentido anti-horário (em algumas versões do jogo, no 
sentido horário). Quando você passa por sua mancala, você deixa uma pedra 
nela como se fosse um buraco normal. Mas a mancala do adversário você pula.
Se a última pedra distribuída cair na sua própria mancala, você joga de novo. 
E se ela cair em um dos seus buracos e ele estiver vazio, você leva para sua 
mancala não apenas essa pedra, mas todas as pedras que estiverem no buraco 
adversário exatamente oposto.
Quando os 6 buracos de um jogador estão vazios, o adversário coloca todas as 
pedras que estiverem na sua metade do tabuleiro em sua mancala. Somam-se 
então as pedras e quem tiver mais vence.
FONTE: Disponível em: <http://www.ludomania.com.br/Tradicionais/mancala.htm>. Acesso em: 
28 fev. 2015.
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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3.4 BRINCADEIRAS DE ORIGEM ASIÁTICA
O tão famoso aviãozinho que voava pela sala de aula, mas a professora 
nunca sabia quem tinha jogado. Pois é, este e tantos outros fazem parte dos 
brinquedos trazidos pelos chineses, os brinquedos de papel.
Pipa
 
 Pipa, papagaio, arraia, raia, quadrado, pandorga...As pipas apareceram 
na China, mil anos antes de Cristo, como forma de sinalização. Sua cor, 
desenho ou movimento poderia enviar mensagens entre os campos. Os 
chineses eram peritos em construir pipas enormes e leves. Da China 
elas foram para o Japão, para a Índia e depois para a Europa, chegando 
ao Brasil através dos portugueses. Os tipos de pipa mais conhecidos 
são: de três varas, de cruzeta e o de caixa. Para confeccioná-las bastam 
algumas folhas de papel, varinhas e linha. As pipas são muito comuns 
em todo País, em alguns estados recebem nomes diferentes, dependendo 
da sua forma, é conhecida como papagaio, arraia, dentre outros nomes. 
 
 A pipa artesanal consiste basicamente em: uma armação de madeira 
(é muito utilizado para fazer a armação taliscas de coqueiro, gravetos feitos 
com bambu. Para Arraia, muito comum na Bahia, a armação tem forma de 
"X", para a Pipa tem forma de "±", o Papagaio tem forma de "+"), que é colado 
no papel de seda já cortado com o formato e cores desejadas, o único que não 
leva uma armação é o Periquito que é feito com qualquer tipo de papel. Depois 
de confeccionada a pipa, são feitos os preparativos para poder colocá-la em 
voo (empinar), deve-se fazer uma "chave" que consiste numa armação feita de 
linhas presas nas armações de madeira, que dará a mobilidade à pipa. Deve-
se também colocar uma cauda (rabada, que é feita a partir de barbante, a qual 
se amarra pedaços de plásticos, ou papel. Ou é feita com linha, amarrando 
pequenos pedaços de algodão, e também pode ser utilizado um barbante de 
coloração marrom que é retirado a partir de sacos de batata) que serve para 
estabilizar a pipa no ar.
FONTE: Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/25988>. 
Acesso em: 28 fev. 2015.
Jankenpon, ou melhor, Pedra, papel ou tesoura! Essa brincadeira tão comum 
na escola nos dias atuais, também é de origem asiática. Vamos conhecer um pouco 
mais sobre essa brincadeira.
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendojapones.
com/2008/06/07/jankenpon/>. Acesso em: 28 fev. 2015.
O Jankenpon é originário do Japão e por lá é uma brincadeira, mas aqui 
no Brasil usamos com frequência para tirar a sorte. Jan-Ken- Pon significa, nesta 
ordem, pedra - papel - tesoura, usado muitas vezes para tirar a sorte, assim, ela 
é tirada por meio da ascendência entre os objetos: o papel embrulha a pedra, a 
tesoura corta o papel e a pedra quebra a tesoura. Como brincadeira foi adaptada 
pelos coreanos: o vencedor deve gritar "olhe para este lado". Se o oponente virar 
o rosto para o mesmo lugar apontado, ele perde definitivamente o jogo. Senão, 
é determinado empate.
FONTE: Disponível em: <http://www.smartkids.com.br/especiais/brincadeiras-tipicas.html>. 
Acesso em: 28 fev. 2015.
 FIGURA 12 - JANKENPON
DICAS
Quer saber do que as crianças do Brasil brincam? Acesse o site <http://
revistaescola.abril.com.br/brincadeiras-regionais/> e descubra!
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/brincadeiras-
regionais/#Nortehtml>. Acesso em: 28 fev. 2015.
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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Como vimos, os brinquedos e brincadeiras estão presentes nas mais diversas 
culturas, alguns deles são mais relevantes em algumas do que em outras, mas 
estão lá, tornando-se um importante objeto na construção do repertório cultural e 
formação da criança. De acordo com Santos (1997, p. 61):
Muitos outros brinquedos tradicionais estão vigentes no repertório 
lúdico da criança do século XX, como o bilboquê, o jogo de taco, corda 
de pular, peteca etc. Quando a criança moderna cansa de navegar em 
seu computador, distrai-se com as mesmas brincadeiras que as crianças 
das gerações anteriores.
As brincadeiras com música são uma ótima oportunidade para desenvolver 
no educando as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/
fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo 
capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de 
execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capaz de improvisar, de construir 
coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas 
manifestações expressivas. (PCN 1997, p. 39 e 40).
A lista a seguir, retirada dos PCN (1997), é uma sugestão de danças e 
outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas e deverão 
ser adaptadas a cada contexto:
• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira, bumba-meu-boi, 
maracatu, xaxado etc.;
• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;
• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;
• danças e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de afoxé, 
olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de samba;
• lenga-lengas;
• brincadeiras de roda, cirandas;
• escravos-de-jó.
Vale ressaltar que é importante fazer um resgate cultural diversificado através 
de pesquisa com pessoas mais velhas, que conheçam algumas particularidades da 
região e assim tornar o trabalho mais significativo. 
A pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com 
características diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho 
mais completo. 
TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL
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 FIGURA 13 - BRINCADEIRAS COM MÚSICA
FONTE: Disponível em: <http://conexaoleiturarj.blogspot.com.
br/2014/04/em-rio-das-pedras-ainda-se-brinca-de.html>. Acesso em: 
12 abr. 2015.
É através do brincar que a criança se coloca no lugar do outro, um 
personagem real, imaginário ou até mesmo um super-herói. A mídia em geral 
influencia nesse processo, no passado a criança se espelhava em seus familiares, 
reproduzia ações, imitava e com isso se desenvolvia. Atualmente se espelham 
em personagens da mídia. De acordo com Brougère (1995, p. 50), “a televisão 
transformou a vida e a cultura da criança, as referências de que ela dispõe. Ela 
influenciou, particularmente, sua cultura lúdica.” Essa influência pode ser negativa 
ou positiva, tudo dependerá do rumo que esta tomar no mundo cultural da criança.
Nosso país possui uma cultura muito rica, mas é preciso tomar cuidado 
para que essa riqueza não se perca pela influência e pela “praticidade” que a 
mídia, a indústria e a tecnologia oferecem. Os super-heróis da TV se transformam 
em brinquedos e estes se inserem rapidamente nas brincadeiras infantis, onde a 
criança tem a possibilidade de entrar no personagem, ser mocinho ou bandido, 
bruxa ou princesa, uma superstar ou ainda um famoso jogador de futebol. 
UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA
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FIGURA 14 – HERÓIS INFANTIS
FONTE: Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Revista/
Crescer/0,,EMI69414-15151,00-A+INFLUENCIA+DOS+HEROIS+NA+VIDA+DAS+C
RIANCAS.html>. Acesso em: 12 abr. 2015.
Estas brincadeiras são positivas para o desenvolvimento da criança. “O 
grande valor da televisão para a infância é oferecer às crianças, que pertencem 
a ambientes diferentes, uma linguagem comum, referências únicas”. (BROGÈRE, 
2001, p. 54). Basta lembrar de um herói de desenho animado para que as crianças 
entrem na brincadeira em pé de igualdade, ajustando seu comportamento ao dos 
outros a partir daquilo que conhecem do seriado lembrado.
DICAS
Para complementar seus estudos, acesse: <http://revistaescola.abril.com.br/jogos-
brincadeiras/Jogos e brincadeiras>. Nesta página, você confere tudo sobre o brincar e como 
utilizar as brincadeiras na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Reportagens, vídeos, 
entrevistas com os melhores especialistas,

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