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COVID-19 SÍRIO LIBANÊS Triagem: Assim que o paciente entra na instituição hospitalar, esta se torna responsável por ele. É de grande importância o primeiro contato e a primeira avaliação. Desta forma, precisamos assegurar que a triagem seja rápida e assertiva. Precisamos, em primeiro lugar, estabelecer a gravidade do paciente: estável, grave, potencialmente grave (este pode dificultar o fluxo). Fluxo: determinado e alinhado com toda equipe. Na triagem, temos que colher a melhor história possível em curto espaço de tempo, pois estamos falando de uma triagem. Então, vamos prestar bastante atenção, saber fazer as perguntas certas. Perguntas focadas e detalhes pertinentes. Precisamos, após a triagem, saber encaminhar o paciente para o seu local devido, pois se isso não for feito da forma correta, vamos enviar o paciente pro setor que não é pra ele, levando prejuízo pro paciente e pra própria instituição. Então, cuidado pra não pecar em excesso em paciente que não são graves e deixar de dar atenção devida ao paciente grave ou potencialmente graves encaminhando-os pra locais indevidos, que não atendem a situação. Quando temos conhecimento de alguma epidemia que se aproxima, temos que procurar tomar as devidas medidas já com antecedência, o que for possível. Desde a estrutura do local a treinamento das equipes. Antes de pensar no paciente precisamos pensar na equipe, para que está esteja sã e preparada para cuidar dos pacientes. Então, equipamentos de proteção pra equipe precisam ser providenciados. Lembrar sempre que diante de uma epidemia e de um agente infeccioso “novo”, sempre estaremos aprendendo mais sobre ele, então, abordagens em suas diversas áreas podem ser alteradas pelos novos aprendizados. Todos os setores da instituição precisam estar conectados e por dentro de todas as tomadas de decisões. A carga precisa ser dividida. As dificuldades devem ser divididas com os superiores. É primordial manter o racional e ter o claro reconhecimento do esforço e empenho de todos os colaboradores, de todos os setores daquela instituição. ❖ Síndrome Gripal em Adultos Síndrome gripal é uma manifestação clínica frequente. É mais frequente em climas mais frios (região sul do pais é mais frequente no inverno e no norte e nordeste aparece mais nos períodos mais chuvosos). Este é o 7º coronavírus. Doenças Vascular crônica, diabético, pneumopatia, idosos, são os que mais morrem pelo vírus influenza. Como atender (muitos) adultos com síndrome gripal? • Paramentação adequada • Triagem sintomas vitais • Anamnese dirigida (idade, comorbidade – lembrar de pneumopatia, tabagismo, vacina pra influenza – data do início dos sintomas, qual sintoma predomina. Lembrar que as doenças continuam ocorrendo, então, lembre do diagnóstico diferencial. • Questionar sempre por anosmia, dispneia, tosse, diarreia, pois tem aparecido como marcadores específicos de se tratar de coronavírus e não de outro quadro respiratório, outro quadro viral. • Antecedente familiar pode ser interessantes. Além de viagens. Se já teve outros exantemas virais • No exame físico: estado geral, graus de hidratação, oroscopia, padrão respiratório, ausculta pulmonar, dor abdominal a palpação, lesões de pele, edema MMII. • Não pensar que o coronavírus é só um quadro de vias aérea. • O quadro no coronavírus normalmente complica após a primeira semana de infectado. Então, se esse paciente está gripado a mais de uma semana quando ele te procura, lembrar que nesse período do sétimo ao décimo dia é quando vemos as complicações do coronavírus. Sintomas mais comuns no COVID-19: Febre, tosse e fadiga. Sintomas menos comuns: Cefaleia, congestão nasal, odinofagia, tosse produtiva, mialgia e artralgia, calafrios, diarreia, náuseas e vômitos. O paciente pode ter alteração de olfato e paladar sem ter obstrução nasal. Doenças (covid-19) grave: febre alta, sangramento pulmonar, linfopenia, insuficiência renal. O espectro de manifestações clínícas de acordo com o manual do ministério da saúde, segue (do mais frequente ao menos frequente): Sintomas leves, pneumonia, choque, SRAG(SARA). Condutas possíveis: Adulto < 60 anos sem comorbidades: • Sem hipoxemia: alta para casa com isolamento. Seguimento telefônico. • Com hipoxemia <93%: Internação, exames de imagem e laboratoriais, O2, reavaliação. • Se esse paciente retorna ao hospital por surgimento de novos sintomas, deve ser internado. Esse paciente pode estar evoluindo com uma pneumonite do coronavírus, mas também temos que lembrar que pode não ser coronavírus, esse paciente pode estar apresentando uma complicação bacteriana. Teste diagnóstico (RT-PCR), o ideal é que todas as pessoas sintomáticas façam o teste. Mas caso não tenha disponível para todos, será reservado para pacientes com necessidade de internação e profissionais de saúde. É um teste que não é perfeito, tem suas limitações. A coleta e armazenamento devem ser adequados. Sabe-se que não é indicado que a coleta seja feita o mais precoce possível, pois aumenta a chance de falso-positivo. Além de que o teste tem sensibilidade diferente nas diversas amostras (ex.: nasal é diferente de lavado-broncoalveolar). Adulto > 60 anos sem comorbidades: • Sem hipoxemia: alta para casa com isolamento e medicado pra quadro viral, com Oseltamivir. Seguimento telefônico próximo (idealmente diário). • Com hipoxemia <93%: Internação, exames de imagem e laboratoriais, O2, reavaliação. • Se esse paciente retorna ao hospital por surgimento de novos sintomas (8-10º dia), deve ser internado. Comorbidades que mais chamam a atenção: • DPOC • ASMA • Pneumopatias estruturais. • Doença cerebrovascular • Cardiopatias, incluindo HAS grave • Diabetes insulinodependente • Insuficiência renal • Imunossuprimidos Quais medicamentos posso precisar nessa fase? • Sintomáticos: Dipirona, Paracetamol, Escopolamina, Ondasentrona, Dimenidrato. Evitar uso de corticoide oral. O uso de antiinflamatórios (ex.: Ibuprofeno), embora não tenha nenhum estudo que mostre malefício, tem sido evitado, porém, caso seja realmente necessário usar (se problema não conseguiu ser sanado com outros medicamentos) pode usar. • Hidratação: Preferencialmente via oral, intravenosa para casos selecionados – vômitos, diarreia (cuidado com velocidade de infusão em idosos/cardiopatas) • Manter medicações de uso contínuo: ainda (checar sempre atualizações) sem recomendação para troca de anti-hipertensivos ou suspensão dos mesmos. ❖ Síndrome Gripal em Pediatria Síndrome gripal em pediatria é uma das causas mais comuns no pronto atendimento, se não for a mais comum. Epidemiologia em relação a SARS-COV2 (até os 16 anos, principalmente até os 10 anos de idade) ▪ Baixa incidência ▪ Baixa morbidade ▪ Baixa mortalidade Sinais e sintomas (segundo estudo realizado na china): No estudo viu que 15% dos pacientes eram assintomáticos, 20% apresentam sintomas de IVAS e 65% Pneumonia. O sintoma mais prevalente foi a tosse (48%), seguida de hiperemia de orofaringe (46%) e febre (41%), os sintomas menos frequente, mas não menos importante, são: diarreia (9%), fadiga (8%) e coriza (8%). Na admissão desses pequenos pacientes constatou-se que 40% deles estavam taquicárdicos e 40% taquipneicos. Atendimento inicial – Síndrome Gripal Como temos visto uma baixa incidência nos pacientes pediátricos, acreditamos que a maioria dos casos que chegarão aos atendimentos médicos não serão por SARS-COV2 mas sim pelos ouros vírus, que já são bem frequentes de ocorrer nessa faixa etária. Logo, quando atender esses pacientes nesse tempo de pandemia não podemos ficar pensando apenas no COVID-2. Avaliação inicial: No primeiro contato com esse paciente temos que avaliar a consciência, respiração e cor. Se o paciente tem alteração de consciência, respiração e cor, sem pulso ou com pulso fraco, vamos seguir a sequencia do C-A-B, fazer a ressuscitação,compressão e ventilação (30 pra 2 se sozinho ou 15 pra 2 e acompanhado). Mas se esse paciente está consciente e respira com dificuldade, mas tem pulso, ele passa a ser avaliado pelo A-B-C-D-E (monitorizado, ofertar O2 e obter um acesso venoso). Se o paciente chega com os pais, andando, interagindo, ele será avaliado normalmente por meio da anamnese, exame físico e conduta. Na anamnese ter atenção a: Queixa e duração dos sintomas; Contato com caso positivo ou suspeito de COVID-19; Antecedentes respiratório (bronquiolite, asma, pneumonias...); Antecedentes mórbidos gerais (diabetes, doenças neurológicas, cardíacas, oncológicas); Uso de medicação de rotina. No exame físico dar atenção a: Avaliação da respiração (esforço, triagens, retrações. Etc.); frequência respiratória; Ausculta pulmonar (roncos de transmissão, sibilos, estertores, etc.); Medida de saturação; Ausculta cardíaca, pulso e PA; Exame abdominal (8% tem diarreia). CASO LEVE: Se o paciente não apresenta sinais de alerta e sem antecedentes mórbidos importantes, podemos considerar o caso como sendo LEVE, uma síndrome gripal, a qual vamos conduzir com as outras, tomando alguns cuidados. Então, esse paciente não vai precisa ser internado, vai receber: alta com seguimento; orientações de isolamento; orientações pra contactar posto para monitoramento; Prescrição de sintomáticos: antitérmicos (dipirona, paracetamol, ibuprofeno – este se realmente necessário), lavagem nasal, etc.; orientações para evitar nebulizações para não criar aerossóis e, se estiver infectado, propagar o coronavírus. Preferir medicações em spray (salbutamol, fenoterol, ipatrópio); Evitar corticoide, a menos que o paciente apresente sibilância ou laringite. Fluxo de manejo pediátrico na atenção especializada: Paciente com sintomas de Síndrome Gripal (febre > = 37,5°C aferida ou referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta). → paciente com algum sinal de gravidade? → Sinais de Gravidade: Dispneia; Desconforto respiratório (triagem intercostal, batimento de aleta nasal, desidratação, inapetência e cianose); Saturação de O2 < 95%; Piora nas condições clínicas de doença preexistente; palidez cutânea. → Sim ou Não? → Se Não, indicar isolamento domiciliar conforme protocolos da ateção primária à saúde e contactar o posto de saúde para monitoramento. → Se SIM, podemos considera-lo com uma Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG. Não podemos esquecer de que apesar do SARS-COV2, a gente tem uma incidência de influenza muito maior que o COVID-19, então devemos utilizar Oseltamivir em SRAG sem diagnóstico até resultado de RT-PCR para SARS-CoV2. Se positivo, suspender o uso. → Se o paciente tem é portador de um SRAG, vamos pensar se ele tem indicação para internação em UTI → Critérios: Choque; Disfunção de órgãos vitais; Insuficiência respiratória; Instabilidade hemodinâmica. → Se NÃO para todos, esse paciente vai ser internado em enfermaria ou semi-intensiva e faremos oxigenioterapia sob monitoramento, hidratação venosa e solicitar exames complementares. O acompanhamento deste paciente vai ser em leito clínico em isolamento individual ou em coorte. Esse caso precisa ser notificado e devemos coletar exames específicos. → Mas se 1 ou mais critérios derem positivos, esse paciente precisa ser transferido para uma unidade de terapia intensiva. Ele também vai receber oxigênio sob monitoramento, hidratação venosa e também iremos solicitar exames complementares. O acompanhamento deste paciente será em leito de UTI em isolamento individual ou em coorte. Este caso também precisa ser notificado e precisaremos solicitar exames específicos. --- Em crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se também como caso de síndrome gripal: febre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico. ---- Não é indicado o uso profilático de antibióticos e, também, na ausência de comprovada infecção associada glicocorticoides não devem ser prescritos, no entanto podem ser considerados em situações específicas, quando houver indicação clara para sua utilização (sem evidências de benefícios no tratamento da infecção por SARS-CoV-2). ❖ Síndrome Gripal em Geriatria Desafios: mesma idade, mas diferentes pacientes; Múltiplas doenças; Diferentes funcionalidade; Múltiplos déficits. Senescência = envelhecimento normal. / Senilidade = envelhecimento com doença. A anamnese precisa ser feita com bastante atenção, pois são muitos os desafios que encontramos neste paciente, que pode tonar a anamnese confusa. Atendimento Primeiro: idosos com sintomas respiratórios devem usar máscaras, bem como seu acompanhante. Distanciamento de 1 metro. O médico que está fazendo o atendimento precisa lavar as mãos com água e sabão líquido (40-60 segundos) ou álcool gel 70% (20 segundos) antes e depois de qualquer cuidado direto com o idoso. Todos os funcionários devem ser vacinados para influenza, exceto se contra-indicação. É importante evitar tocar os olhos, mãos e bocas com mãos não lavadas. Uso de EPI no atendimento de paciente com suspeita ou confirmado para infecção por COVID-19: óculos de proteção ou protetor facial; máscara cirúrgica; avental; luvas de procedimento; o uso de máscara N95 e gorro está indicado em caso de procedimento como aspiração de vias aéreas, intubação orotraqueal ou qualquer outro procedimento com aerolisação. Síndrome gripal em idosos ▪ Podem ser por uma série de vírus, entre eles: Influenza A, Influenza B, Novo Coronavírus (COVID-19) ▪ É importante diferenciar do resfriado comum. Lembrar que este não tem febre, hipoxemia ou falta de ar. ▪ As síndromes gripais podem ser potencialmente graves. Falando em COVID-19 em idosos: essa faixa etária é a mais acometida, por ser uma população mais frágil. Sintomas: A tríade habitual da COVID-19 (Febre, falta de ar e tosse) está presente em apenas 15% dos casos. A doença leve, apresenta sintomas inespecíficos com qualquer gripe. A doença moderada, o paciente apresenta uma pneumonia (infiltrado) mas sem apresentar sinais de pneumonia grave. Doença grave: temos que prestar bastante atenção para que esses pacientes não passe despercebidos. Esses apresentam os sintomas de alarmes da doença grave: falta de ar / cansaço para atividades habituais; taquipneia (>30); confusão mental aguda (9%) – mudança de comportamento; Queda da saturação (<90%); dor torácica. Nos exames laboratoriais podemos ver: Leucócitos podem variar; Linfopenia pode aparecer em 80% dos casos; Plaquetas baixas podem acontecer (pior prognóstico); PCR e procalcitonina são inespecíficas – usualmente baixas. Rx de tórax: não são específicos e podem ser normais; o mais comum é pneumonia lobar / multilobar / consolidação bilateral. TC de tórax: não muda o prognóstico. Pesquisa de sintomas de alarme: temos que avaliar a saturação e frequência respiratória; fazer avaliação de confusão mental (tem alteração do nível de consciência, como sonolência, letargia, estupor ou hipervigilância?), desatenção; Pesquisar por comorbidades; e saber faz uso de medicamentos contínuos. Tratamento das síndromes gripais em idosos: ▪ Dipirona ou paracetamol para dor ou febre ▪ Evite inalação, prefira bombinha com espaçador – por risco de disseminação. ▪ Não usar anti-inflamatórios ou corticoides (em idosos esses medicamentos já não devem ser usados). ▪ Não usar antigripais, anti-histamíncios – risco de uso de vasoconstritores e combinação com anti-inflamatórios. COMPLICAÇÕES BACTERIANAS ❖ Sinusite Afecção muito comum e frequentemente tratada na atenção primária. Prevalêcoa de 6 – 15% dos atendimentos A principal etiologia é infecção viral prévia. 0,5 a 2% dos pacientes desenvolvem Rinossinusite Aguda Bacteriana (a minoria dos casos evoluem para um quadro bacteriano). Como identificar esses pacientes? Primeiro para identificar vamos saber a definiçãoclínica da rinossinusite aguda: é uma inflamação do nariz e/ou dos seios paranasais, caracterizada por dois ou mais sintomas, um dos que estão em negrito devem estar presentes: ▪ bloqueio / obstrução / congestão nasal; ▪ descarga nasal (gotejamento nasal anterior / posterior) ▪ pressão / dor facial ▪ redução ou perda do olfato Como a rinossinusite aguda ocorre depois de uma infecção viral, o diagnóstico só deve ser feito após: ▪ Persistência dos sintomas por mais de 10 dias ou; ▪ Agravamento dos sintomas após 5 dias. Na prática: Chega o paciente que tá com 5 dias com evolução progressiva, e nos relata todos os sintomas: obstrução nasal, gotejamento posterior, hiposmia e dor facial. Os sintomas que o paciente nos contou mostra que de fato ele tem um rinossinusite aguda, mas esses sintomas não nos indica uma etiologia. Logo, não posso de cara já prescrever antibiótico, pois pode ser viral. Para eu poder prescrever antibiótico neste caso, eu preciso suspeitar de bactéria, e vou suspeitar se eu tiver 3 dos seguintes critérios nos dados clínicos e laboratoriais preditores de infecção bacteriana: ▪ Rinorreia purulenta ▪ Presença de secreção purulenta em rinofaringe (gotejamento posterior/sinal da vela) ▪ VHS > 10 ▪ Piora do quadro clínico (piora importante e progressiva) Então, na pratica, pra dar o diagnóstico de rinossinusite aguda bacteriana, preciso: Colher uma boa história clínica, pra ver os critérios pra ver se encaixa num diagnóstico de rinossinusite aguda E no exame físico, a rinoscopia e oroscopia é bastante importante, pra saber se há secreção purulenta em um dos locais examinados. A palpação dos seios da face não são mais usados, foram abandonados, não servem pra nada. Os exames radiológicos não servem pra nada, não vai trazer informações sobre etiologia e nem se é um quadro agudo ou crônico. A TC não também dá etiologia. É pedida apenas para casos crônicos e complicações de casos agudos. Tratamento Na maioria dos casos, as rinossinusite são resolvidas sem antibióticos na maioria dos casos, mesmo nos casos bacterianos confirmados. Nos casos bacterianos, que não sejam graves, pode-se iniciar com tratamento sintomático sem antibiótico, se não melhorar nos primeiros 3 dias, introduza o antibiótico. Corticoide tópico: desobstrui vias de drenagem e tira processo inflamatório. Nos casos agudos, usa-se corticoide tópico (em spray) em alta dose (mometasona, budesonida, ciclesonida, fluticasona), durante um curto período, 2 jatos 3 vezes ao dia. Na maioria dos casos, quando entro com antibiótico prescrevo também o corticoide tópico. Corticoide oral: é indicado nos pacientes com uma sintomatologia muito importante, tá com muita dor (mas lembrar das contra-indicações, por exemplo, nesse período de pandemia do COVID-19 em que o uso de corticoide sistêmico está proscrito). Antihistamínico: se o paciente é um paciente alérgico e está com sintomas alérgicos, está indicado o uso de anti- histamínico. Mas se o paciente é alérgico mas não está alérgico, apenas apresenta quadro viral, não tem o porque de usar antihistamínicos. Descongestionantes: ajudam sintomaticamente. Mucolíticos: não devem ser usados. Fitoterápicos: a eficácia é controversa na pratica do tratamento para rinossinusite aguda. Lavagem nasal com SF 0,9%: para casos muito secretivos. ❖ Otite/ Amigdalite Otite média aguda - OMA Os principais agentes etiológicos da otite média aguda, são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Esses agentes bacterianos colonizam geralmente as nossas nasofaringes, principalmente de crianças menores. Então, é preciso que aconteça uma modificação na região, mucosa, da nasofaringe para que apareçam os sintomas. Por exemplo, uma infecção viral vai gerar um edema da mucosa da nasofaringe, um aumento da aderência das bactérias à mucosa, liberação de mediadores inflamatórios, edema da tuba auditiva que liga a nasofaringe a orelha média causando uma pressão negativa na região da orelha média e com isso facilitando a migração das bactérias da nasofaringe pra essa região. A maioria das infecções da otite média aguda são caudadas por essa coinfecção, entre as bactérias e os vírus. Acredita- se que 10% das otites médias agudas são causadas apenas pelos vírus. Qualquer vírus que cause uma infecção das vias aéreas inferiores pode ser causar de uma OMA, mas os principais vírus causadores são: Vírus sincicial respiratório (principal), Parainfluenza vírus, Coronavírus, Adenovírus, Bucavírus humano. Quadro clínico A dor é o principal sintoma. Uma otagia súbita na maioria das vezes precedida geralmente por uma IVAS. Na maioria das vezes essa dor piora com a deglutição e o assoar do nariz. Outros sintomas que podem ocorre são: hipoacusia, plenitude auricular (sensação de ouvido cheio), sintomas vestibulares, otorréia (quando ocorre a perfuração da membrana timpânica. Geralmente melhora a dor, pois está geralmente é causada pela distensão do tímpano), além de febre alta. O quadro clínico em crianças menores é mais difícil porque essas muitas vezes não conseguem localizar a dor no ouvido, por isso, devemos ser prestar bem atenção quando a criança está com um choro constante, apresentando letargia e a redução do apetite. Esses sinais devem nos fazer suspeitar de uma OMA. Mas temos que lembrar que otalgia não é sinônimo de OMA, pode ser causada também por um distúrbio da articulação temporomandibular, otite externa ou amigdalites. Otoscopita Normal – quando normal conseguimos ver a membrana do tímpano transparente, o triangulo luminosos (que é o reflexo da luz do otoscópio refletida na membrana timpânica). Conseguimos ver que o meato acústico externo não está edemaciado e nem hiperemiado. OMA – na OMA já vemos na ostocopia um aumento da vascularização, uma membrana opaca que nos impede de ver o triangulo luminoso. A vezes vemos uma membrana abaulada, um nível líquido de secreção retrotimpânica. Podemos ver também um meato acústico externo edemaciado. Após o tratamento da OMA, muitas vezes no exame otoscópico ainda vemos uma membrana alterada, pois pode demorar semanas para voltar ao normal. Se o paciente não tem mais sintomas (dor, febre, etc.), não nos permite que façamos outro tratamento, mesmo que tenha um sintoma de sensação de ouvido cheio. Otoscopias para comparação Exames complementares Esses são solicitados apenas quando há suspeita de complicação (paciente que chega com algum acometimento de par craniano, ou abaulamento retroauricular, ou muito sonolento, letargia, cefaleia importante. A gente começa a pensar numa complicação como um abcesso intracraniano, uma otomastoidite, trombose de seio sigmoide, paralisia de nervo facial) . Que aí podemos lançar mão de TC do osso temporal e crânio com contraste. IMPORTANTE: Cuidado com laudo de mastoidites, por que muitas vezes na tomografia, quando o radiologista vê aquele velamento das células da mastóide, ele já lauda como mastoidite, mas esse simples velamento a gente não considera como uma complicação, as vezes é necessário complementar com uma RM. Tratamento Sempre lembrar que é uma doença que dói. Então, temos que pensar em aliviar essa dor do paciente (lembrar dos atuais – COVID-19 – cuidados que temos que ter com antiinflamatórios – ibuprofeno – e corticoides). Sabemos que na maioria dos casos a OMA é resolvida espontaneamente sem a necessidade de ATB. Porém, é necessário um acompanhamento de perto (mas em que pensar nas condições atuais – COVID-19- se vale a pena o paciente ficar no ir e vir pra fazer a reavaliações). Talvez, o mais indicado na atual situação é entregar ao paciente a prescrição do ATB para caso se torne necessário o uso, mas é preciso que haja um acompanhamento médico via internet ou celular. O médico é que dirá se vai precisar ou não fazer uso do ATB. Se precisar de ATB, então: iniciamoscom Amoxicilina (80-90 mg/kg/dia), caso o paciente tenha tomado amoxicilina a pouco tempo ou tem OMA de repetição a gente já prescreve Amoxicilina-Clavulanato. Nos pacientes alérgicos a amoxicilina podemos pensar nas cefalosporinas de 2ª geração, como a Cefuroxima, ou podemos lançar mão da Claritromicina. Em caso de falha do ATB, a gente já entra com Amoxicilina-Clavulanato. Nos casos em que pensamos em complicação ou que a gente precise internar ou que estão com vômito ou diarréia, a gente pode pensar em medicações endovenosa. Devemos orientar o paciente que após o tratamento ele pode cursar com sensação de plenitude auricular, mas que isso é esperado e que pode demorar algumas semanas pra voltar a normalidade. Sempre orientar o paciente a usar proteção auricular sempre que tiver otorréia, para proteger da água, ao tomar banho por exemplo. Lembrando que sempre que tem otorréia a gente entra com ATB. Dica: caso não tenha um protetor auricular específico, pode-se usar um algodão embebido em qualquer substância oleosa pra torna-lo impermeável. Algodão grande, sem excesso de óleo, não é pra deixar o óleo entrar no ouvido é pra ele ficar no algodão, então, tire todo excesso de óleo. Pode ser óleo Johnson, óleo de cozinha, glicerina, etc... Faringoamigdalites A maioria das Faringoamigdalites tem como agentes etiológicos os vírus (Adenovírus, rhinovírus, coronavírus, influenzae, parainfluenzae e vírus sincicial respiratório. Bactérianas: Streptococcus pyogenes do grupo A ou Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (20%). Sempre temos que lembrar da importância desta última bactéria, porque apesar de ser responsável por apenas 20% doa casos, pode levar a complicações importantes. Outras bactérias que também são causadoras de Faringoamigdalites são: Chlamydia pneumoniae e o Mycoplasma pneumoniae, essas duas normalmente são as responsáveis por causa infecções em adolescentes e adultos jovens. O Staphulococcus aureus, Haemophilus sp e a Moraxella catarrhalis, dificilmente causam a primeira infecção, geralmente são responsáveis por recorrências de infecções estreptocócicas. Quadro clínico: normalmente o paciente cursa com febre, dor, alterações inflamatórias em orofaringe, aumento em volume e dor de gânglios submandibulares. Quando o paciente apresenta coriza, conjuntivite e obstrução nasal, a gente suspeita mais infecção por vírus. Temos que fazer uma palpação adequada do pescoço deste paciente. Pois nódulos cervicais posteriores associados a esplenomegalia (50%), hepatomegalia (30-50%), dor abdominal (lembrar de palpar abdomem), rash cutâneo, podem ser sinais de mononucleose infecciosa ou das monolikes. Oroscopia Exames complementares Se dermos o diagnóstico apenas com exame clínico e físico vamos ter uma alta taxa (75%) de falso positivo para doença bacteriana, o que vai fazer a gente largar mão de ATB pra cima dos pacientes sem necessidade de ATB. Então, quando possível fazer o teste rápido de Streptococcus pyogenes (este teste tem especificidade de 95%, sensibilidade de 60- 90%, e nos ajudará a diminuir o uso de ATB). Sempre que suspeitarmos de mononucleose ou monolike devemos solicitar as sorologias para Epstein-Barr, CMV (IgM e IgG). O hemograma também pode nos ajudar a fazer a diferenciação, se a causa é viral ou bacteriana). Sempre que tiver uma leucocitose importante com desvio a esquerda e neutrofilia, nos faz pensar mais em bactéria. Mas se o hemograma nos apresenta linfócitos atípicos, nos faz pensar em mononucleose infecciosa. Tratamento Sempre lembrar de recomendar bastante hidratação, pois estes paciente por conta da dor estão comendo pouco e ingerindo pouca água Analgesia (em tempos de COVID-19 – tomar cuidado com ibuprofeno (anti-inflamatórios) e corticoides). Antitérmicos Antibioticoterapia – 10 dias ▪ Penicilina G Benzatina (esse é apenas 1 dia. Dose única) ▪ Amoxicilina ▪ Macrolídeos ▪ Amoxicilina-Clavulanato ▪ Cefalosporinas (Cefuroximas / Ceftriaxone) ▪ Clindamicina Complicações Normalmente causadas pelo Streptococcus pyogenes do grupo A. É muito importante, principalmente pra quem estiver atendendo em pronto socorro, que é quem normalmente faz o primeiro atendimento, observar se há presença de abscesso periamigdaliano ou flegmão, que podem ter complicações importantes se a gente deixar passar. Fleimão ou Flegmão: Inflamação difusa e infiltrativa do tecido conjuntivo, geralmente associada à infecção com estreptococos beta hemolíticos. Não se forma uma membrana piogênica e o exsudato é muito fluido, devido à exagerada coliquação enzimática dos tecidos. Abscesso Periamigdaliano – nesta imagem a gente quase não percebe secreção na amigdala, mas vemos que a amigdala está se posicionando mais pro centro, está empurrando a úvula pro outro lado, não dando nem pra ver a amigdala do lado direito do paciente, além de percebermos nessa imagem o abalamento do palato mole. Se tivermos duvida de abscesso amigdaliano a gente pede uma TC com contraste pra gene conseguir delimitar esse abscesso. Sempre fazer a palpação cervical pra ver se esse abscesso não está descendo pra pescoço, se tem algum abaulamento ou assimetria cervical, ou se o paciente está tendo alguma dificuldade de movimentação do pescoço. O Tatamento é a drenagem do abscesso.
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