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1 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Pneumologia Pediátrica SIBILÂNCIA NOS PRIMEIROS 5 ANOS DE VIDA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO SIBILANTE RECORRENTE – AULA 1 Conceito adotado pela Sociedade Brasileira de Pediatria – 2018: A sibilância recorrente do lactente (SRL), é caracterizada como a persistência de sibilos por 30 dias ou mais, ou a presença de três ou mais episódios de sibilância em período de seis meses. Agregando-se os critérios de Tabachnik e Levison, pode-se caracterizar a síndrome como a presença de três ou mais episódios de sibilância em crianças menores que cinco anos e maiores que um mês de vida. Tudo que sibila é asma? Não! Existem muitas doenças que causam sibilância e é muito difícil confirmar a asma. Prova: Qual o diagnóstico sindrômico? Síndrome do lactente sibilante, síndrome do sibilante recorrente. FATORES DE RISCO (PROVA) Atopia pessoal/familiar (Quanto mais próxima a relação familiar, maior a chance de predisposição a sibilância recorrente) Infecções respiratórias de origem viral Fatores ambientais que determinam sensibilização alérgica (fumaça de cigarro, ácaros, baratas e epitélios animais) Antibióticos e paracetamol (evitar usar medicamentos antes dos 6 meses). Se a criança tem histórico de asma na família, cuidado com paracetamol! Ausência de amamentação ao seio materno Masculino Frequentar creche Exposição ao tabaco: intrauterina e após o nascimento. Filhos de mãe fumantes apresentaram níveis elevados de IGE e IL-13, baixos de IL4 e IFN gama no sangue do cordão. Redução do calibre de via aérea. Redução da função e volume pulmonar. Se a mãe fumou durante a gestação, a criança vai nascer com o pulmão menor (FATO!). Se tem uma via aérea estreita e um volume pulmonar menor ... vai ter: infecções virais, mais inflamação e mais estreitamento das vias aéreas, tendo assim mais chance de sibilar. CAUSAS DE SIBILÂNCIA EM LACTENTES (PROVA) No passado, DRGE era uma das principais causas de sibilância em lactentes. Causas frequentes: Bronquiolite, asma atópica e infecções virais. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Importante: História muito bem feita. Vai cobrar no 1º ambulatório! HMA: Sibilância recorrente, tosse espasmódica noturna, desconforto respiratório e despertares noturnos. Saber se a sibilância é 1 vez durante 30 dias ou se a tosse é noturna, final da tarde ou início da manhã. Importante verificar quando os sintomas iniciaram. Atenção para tosse de início súbito: pensar em aspiração de corpo estranho. Antecedentes: Prematuridade, bronquiolite, neuropatia, VPM, infecções graves, regurgitações. História pessoal e familiar de atopia. História de ventilação pulmonar mecânica ou uso de O2 por tempo prolongado. Exame físico: Pode estar normal. Atenção para: Baixo peso, baixa estatura, sopro, baqueteamento digital, ausculta e expansibilidade pulmonar assimétricas e sinais de neuropatia. Exemplos: 1- Menino ótimo, excelente, tem 1 ano e meio, não tem rinite, não teve contato com gente doente, tava brincando e começou a tossir, sem melhora nenhuma do cansaço. O que é? Corpo estranho! Qual exame pede? Broncoscopia! 2- A criança nasceu prematura, foi pra ventilação mecânica por 15 dias, ficou dependente de oxigênio, chiado contínuo. O que é? Pode ser displasia pulmonar! 3- Criança não prematura, com chiado desde o nascimento. O que é? Pode ser malformação. Importante saber: Começou na maternidade ou começou depois de um tempo? 4- Chiado, otite recorrente, rinite recorrente, história na família, infecções graves, neuropata. O que é? Imunodeficiência. 5- Baixo peso, baixa estatura, sopro (simétrico ou assimétrico?) Aspiração de corpo estranho faz chiado assimétrico. Bronquiopatia pós-viral faz chiado simétrico. Um gânglio comprimindo um brônquio faz chiado diferente de um lado e do outro. Só a mãe asmática confere 50% de chance da criança ser asmática. Importante: Histórico de tosse, sibilância e desconforto respiratório. 2 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica EXAMES COMPLEMENTARES Laboratoriais: Imagem: Hemograma Radiografia de tórax IgE total e específico TCAR do tórax Investigação de imunodeficiências Ecocardiograma Dosagem de cloro no suor Cintilografia Dosagem de alfa 1 antitripsina Se eu pudesse pedir só um exame, qual seria? Radiografia de tórax. O raio X da bastante informação: Assimetria, atelectasia, condensação. Lactente grave, infecção recorrente, mudou depois de uma bonquiolite → fazer dosagem de cloro no suor → investigar fibrose cística. A fibrose cística tem uma alteração no transporte dos íons que aumenta a chance de infecções. Outros: Broncoscopia e Phmetria Exames de imagem do tórax Raio X preto demais → parece ser má qualidade técnica. Foto: Cúpula diafragmática está rebaixada, há retificação dos arcos costais e a tampa vascular ¨ ¨ → típico de paciente com doença inflamatória da via aérea. Foto: Tem umas áreas mais brancas, outras mais pretas. HIPERREATIVIDADE BRÔNQUICA APÓS EPISÓDIOS VIRAIS História de bronquiolite Sibilância apenas durante quadros virais Não tem história pessoal e familiar de atopia Lactente saudável Exemplo: Criança com infecção viral... gripa, cansa, gripa, cansa. Não é alérgica. Geralmente quando é um caso associado a vírus, acaba antes dos 2,3 anos. Às vezes a criança cansa sem estar gripada e a sua mãe tem asma → analisar quadro abaixo. Sibilância viral: Sintomas (tosse, sibilância, desconforto respiratório) < 10 dias com IVAS. 2 a 3 episódios/ano. Sem sintomas entre os episódios. Asma: Sintomas (tosse, sibilância, desconforto respiratório) >10 dias com IVAS. 3 episódios/ano, quadros graves e/ou piora noturna. Entre os episódios: tem tosse, sibilância, desconforto respiratório. Exemplo: O menino tem tosse, sibila. É asmático ou sibila por um quadro viral? Se os sintomas durarem menos de 10 dias é possível que seja apenas um quadro viral. Se ele sibila por mais de 10 dias é possível que seja asma. Se no ano acontece menos de 2- 3X é possível que seja sibilância viral. Se passa disso, é possível que seja asmático... DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE ASMA EM CRIANÇAS PEQUENAS A criança já nasce com a genética. A mesma pode ter asma desde o nascimento ou depender de um gatilho para o desenvolvimento, podendo até mesmo não desenvolver. Se o paciente tem tosse, sibilo e dispneia, quando isso acontece? Exemplo: tosse no final da tarde e início da manhã. Que gripe é essa que só tosse? Se ele rir ou chorar, começa a tossir até ficar cansado → Asma! Se a criança cansa quando corre, quando chora ou quando ri... → grande chance de ser asma! Se melhora com nebulização (ex. aerolin)... pode ser asma respondendo ao tratamento. Pai e mãe com asma... eu tô autorizada ao tratamento para asma! 3 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica CRITÉRIOS DE CASTRO-RODRIGUES ET AL ÍNDICE PRIDITIVO DE ASMA PARA O LACTENTE Critérios maiores: 1- Presença de asma nos pais. 2- Dermatite atópica na criança. Critérios menores: 1- Presença de rinite alérgica. 2- Sibilância na ausência resfriado 3- Eosinofilia >4% Informação da pró: Se eu tiver 2 maiores já é suficiente para eu ter uma probabilidade inicial de que é asma. Eu não tô dizendo que é. Eu tô dizendo que é PROVÁVEL que seja asma! A presença de um critério maior e/ou dois menores são preditores da asma. Sensibilidade: 41,6% Valor preditivo positivo: 59,1% Esses critérios foram modificados... Vistos a seguir!MODIFIED ASTHMA PREDICTIV E INDEX (MAPI) Sibilos frequentes (>= 4 crises no último ano) Exclusão de outros diagnósticos Critérios maiores: Critérios menores: Dermatite atópica Eosinofilia (>4%) Pais com asma Sibilos sem IVAS Sensibilicação a aeroalérgenos Sensibilização a alimentos P RED ICT ING A STH MA IN PRE SCHOO L CHILDREN WHIT A STHM AL IKE SYM PTONS: V AL IDA TING AND U PDA TING THE PIAM A RISCK SCO RE AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA EM CRIANÇAS <5 ANOS Investigar o que aconteceu nas últimas 4 semanas: Se ela responder ¨Não¨ para tudo: Controlada! Se ela responder ¨Sim¨ para 1 ou 2 perguntas: Parcialmente controlada! Se ela responder ¨Sim¨ para 3-4 perguntas: Não controlada! TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE CRIANÇAS <5 ANOS Utilizar a tabela quando a criança tem aqueles critérios que falam a favor de asma. Obrigação de todo médico saber. Exemplos: 1- `Paciente que só sibila com quadro viral... TRATAR A CRISE! Step 1. Não tem nenhuma medicação de manutenção. O paciente que sibila esporadicamente (<3X no ano), utiliza beta-2 agonista de curta duração quando necessário. O BEROTEC é o único beta-2-agonista de curta duração que é autorizado a utilização no país. É um broncodilatador que relaxa a musculatura brônquica, que inicia rápido e com 6 horas já deixou de fazer efeito. O uso de aerolin está associado com morte. (Faz o tratamento relaxando o brônquio, mas a inflamação continua). 2- Paciente que tem sintomas condizentes com asma. Sintomas sugestivos e temporários. Step 2. Fazer teste terapêutico com corticoide inalatório na dose baixa. Na tabela, os medicamentos da linha de cima são os de primeira escolha e os da linha de baixo são alternativos (antileucotrienos-ARL ou corticoide inalatório surfactante). Ao início do tratamento: Se melhorou → manter 3 meses. Se não melhorou→ dobra a dose. Step 4 → mandar para o especialista. Asma → medicação inalatória e oxigênio. Paciente não melhora → corticoide sistêmico ISC: Doses baixas para crianças <= 5 anos (Não precisa decorar. Basta saber que as doses vão variar de acordo com o peso da criança e com a gravidade da doença). 4 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica CORTICOIDES INALATÓRIOS: Principais modificadores da asma: ações anti-inflamatórias amplas: → promove estabilidade da doença, prevenção de crises, melhora de sintomas, melhora da função pulmonar. Reduz edema e abre via aérea. Medicação de 1º escolha – consenso mundial. ANTAGONISTAS DE LEUCOTRIENOS Leucotrienos: substâncias pró-inflamatórias. → Liberação de citoquinas, quimiotaxia, broncoconstrição, edema e produção de muco. Pode mudar o comportamento de algumas crianças: desorientação, parece que não está enxergando os pais, agressão. MONTELUKAST: → Por ser uso oral, é a principal droga utilizada por pediatras – ótimo perfil de segurança – relatos esporádicos de efeitos no comportamento. → Uso associado com CE inalatório em pacientes com asma não controlada com monoterapia. O CI é o medicamento anti-inflamatório mais eficaz para o tratamento da asma na infância. → Tratamento com CI em alta dose é recomendado durante 5-10 dias em crianças após uma exacerbação aguda de asma, uma vez que pode reduzir a necessidade de CO. → Iniciar CI antes da alta se não previamente prescrito. → O tratamento inicial com dose baixa de CI deve ser administrado durante pelo menos 3 meses para estabelecer a sua eficácia na obtenção do controle da asma. DISPLASIA BRONCOPULMONAR A DBP deve ser considerada em neonatos prematuros dependentes de oxigênio em concentrações acima de 21% por um período maior ou igual a 28 dias → É uma doença inflamatória crônica associada a prematuridade. FATORES DE RISCO Prematuridade SDR Infecções Deficiência de vit A Baixo peso ao nascer Asfixia perinatal Tabagismo durante a gestação Persistência do canal arterial VPM/dependência de oxigênio no período neonatal Criança prematura, está bem, mas não consegue sair da ventilação → critério para displasia broncopulmonar. Mesmo se tiver saído da maternidade, tem esse nome, pois a criança pode estar com taquipneia, tosse, sibilância recorrente... DIAGNÓSTICO Resulta em disfunção respiratória crônica e dependência de oxigênio por muitas semanas ou meses. Diagnóstico: baseia-se em manifestações clínicas. O ganho ponderal e estatural estão prejudicados. Ausculta respiratória: sibilância recorrente, estertores e roncos. A nova DBP é observada em bebês de extremo baixo peso com leve desconforto respiratório, que responderam inicialmente à reposição de surfactante ou que necessitam de suporte ventilatório por apneias e que apresentam piora progressiva da função pulmonar com necessidade de oxigenoterapia. Exames: Hemogasometria, RX de tórax, ecocardiograma. DPB: paciente nasceu com 25 semanas de gestação, muito baixo peso, sepse neonatal, ventilação mecânica por 2 meses, CPAP por 15 dias, sibilância mantida por 8 meses. Raio X: detonado. Alteração da arquitetura pulmonar. Pode formar cistos, fibrose, edema, padrão de perfusão mosaico. O raio X da criança parece um monte de bolha, um favo de mel. É uma doença que pode se comportar de forma simples ou muito grave. Responde mal aos broncodilatadores. Comprometimento dos dois lados do pulmão. Processo inflamatório muito grande, já com área de fibrose. DRGE Apesar da associação entre sibilância e doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) ser reconhecida, o significado exato desta relação e suas complicações clínicas ainda permanecem controversos. A DRGE pode causar doença respiratória por aspiração de conteúdo gástrico, reflexo vagal, aumento da reatividade brônquica, ou liberação de taquicininas. 5 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Por outro lado, a própria doença respiratória pode provocar RGE pelo aumento do gradiente de pressão transdiafragmática, retificação do diafragma por hiperinsuflação, ou uso de fármacos (metilxantinas, simpaticomiméticos, antibióticos) Existe uma inervação na submucosa do esôfago pela via colinérgica do brônquio que gera um espasmo nos bronquíolos? SÍNDROMES ASPIRATIVAS ASSOCIADA A NEUROPATIAS QUADRO CLÍNICO Distúrbios de deglutição Engasgos Tosse durante alimentação por VO Neuropatia, hipotônico Vômitos Relação dos sintomas com a alimentação O paciente sibila o tempo inteiro, pois ele microaspira. Inflamação crônica e recorrente. DIAGNÓSTICO Avaliação da deglutição pela fonoaudiologia Videodeglutograma TCAR do tórax Investigação da neuropatia TRATAMENTO Corticóide inalatório associado ou não com LABA. (Tratamento da inflamação) Acompanhamento com a fonoaudiologia Gastrostomia (quando diagnóstico pelo videoglutograma ou quando a mãe relata engasgo, não conseguir tomar água) TRATAMENTO GERAL • Redução da inflamação • Manutenção da função pulmonar e qualidade de vida. • Prevenção de exacerbações e disponibilização de fármacos sem ou com mínimos eventos adversos. • Orientação de controle ambiental. • Considerando a multicausalidade, o tratamento deve ser específico. • Todavia, quando não se consegue um diagnóstico etiológico, o tratamento deve ser fundamentado do mesmo modo que na asma. • Sibilantes intermitentes deverão utilizar beta agonistas pela via inalatória apenas nas crises. ➔ Nem todo tratamento é corticoide. Corpo estranho → retirar Anel vascular → cirúrgico Quando não se consegue o diagnóstico etiológico de cara, o tratamentodeve ser fundamentado do mesmo modo que a asma. DIRETRIZES NACIONAIS E INTERNACIONAIS RECOMENDA: Corticosteroides por via inalatória como primeira escolha para o tratamento (nível de evidência A) Alternativa: os antagonistas dos receptores de leucotrienos (nível de evidência A) Não se recomenda o uso de B2 agonistas de longa duração para essa faixa etária por falta de estudos que comprovem sua eficácia e segurança. Segurança do Uso dos Corticóides Inalatórios Efeitos locais: Disfonia, tosse, candidíase orofaringe (a incidência é reduzida com a técnica e higiene corretas). Efeitos oculares: Desprezíveis com CI. Efeitos sobre o crescimento e metabolismo ósseo (muito discreto). Efeitos sobre o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (doses baixa e moderada baixo risco de supressão do eixo). Crianças que usam doses elevadas dos CI por mais de 6 meses devem dosar cortisol sérico, se abaixo de 10mg/dl > endocrinoped. ICS e crescimento em crianças Asma mal controlada pode interferir no crescimento e a velocidade de crescimento pode ser menor nos primeiros 1-2 anos de tratamento com ICS, sem ser cumulativo. Fatores que podem interferir com a velocidade do crescimento: controle da asma inadequado, uso frequente de Co, desnutrição. Estudos de longo prazo observam uma diferença de 0,7% na altura quando adulto. Uso de CI nas hiper-reatividades brônquicas pós virais GINA 2019 Manejo domiciliar da sibilância intermitente por estímulo viral Uso preventivo de alta dose de ICS pode reduzir a progressão para exacerbação. No entanto, tem um alto potencial de efeitos colaterais, especialmente se for continuado de forma inadequada ou for dado com frequência. A administração de doses altas de ICS deve ser considerada somente se o profissional de saúde estiver confiante de que os medicamentos serão usados adequadamente, e a criança deve ser monitorada de perto quando a efeitos colaterais. Azithromycin for episodes with asthma-like symptoms in Young children aged 1-3 years: a randomised, double-blind, placebo-controlled trial Ensaio randomizado com 151 pré-escolares dinamarquês sibilantes recorrentes. Comparou azitromicina e placebo durante cada episódio agudo, demonstrou que o fármaco encurtou os episódios em 63,3%, sendo a resposta mais intensa quando o tratamento foi iniciado nos primeiros 5 dias. Não houve diferença na frequência de efeitos colaterais entre os grupos (p=0,30). Embora exija confirmação com outros estudos, o ensaio aponta para a eficácia potencial da azitromicina na SLS. Levantando que nos casos que houve resposta poderia houver associação com quadro infeccioso, ou por estar relacioando ao efeito imunomodulador da azitromicina. 6 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Quando não responde, a gente tem que considerar o uso da azitromicina. Official American Thoracic Society Clinical Practice Guidelines: Diagnostic Evaluation of Intants Whit Recurrent or Persistent Wheezing. A diretriz da Sociedade Torácica Norte Americana recomenda que lactentes com sibilância persistente que não melhoram com broncodilatadores, corticoides inalados ou sistêmicos, devem ser submetidos: Broncoscopia flexível com lavado broncoalveolar. Espirometria com compressão torácica. Monitorização de 24h do Ph esofágico. Videoendoscopia da deglutição. Teste terapêutico empírico com supressão de alimentos se a IgE for positiva para alérgenos alimentares. Recomendações Beta-2-agonista de ação curta e corticoesteroides inalados devem ser utilizados preferentemente sob a forma de inaladores dosimetrados, com espaçadores valvulados. Os agentes beta agonistas de longa ação não são recomendadas a menores de quatro anos. Havendo necessidade de um fármaco poupador de corticoesteroides neste grupo, recomenda-se os antagonistas de leucotrienos, cujo úico disponível no Brasil é montelucaste. Antileucotrienos: Úteis na redução dos processos inflamatórios intercrise em crianças cuja sibilância recorrente ocorreu após infecção pelo VSR. Realizar o tratamento por 8-12 semanas e, se a resposta for negativa, aumentar a dose da medicação, a associação das mesmas, ou, então... Rever o diagnóstico. 7 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica ASMA: O QUE HÁ DE NOVO? – AULA 2 As pessoas subestimam a doença, dizem que é fácil, só usar o broncodilatador, só que não. Asma mata e mata muito e precisa entender que precisa atuar na prevenção e assistência primária, para evitar o paciente ir na UTI, porque quando chega paciente asmático na UTI a taxa de óbito é muito grande. Asma mata 5 pacientes por dia no Brasil. 87% dos pacientes com ASMA no Brasil não estão adequadamente controlados. Paciente asmáticos acham que estão bem, eles negligenciam, até porque a asma, assim como diabetes e hipertensão precisa de tratamento a longo prazo e para trata-los a longo prazo é difícil dar o medicamento todos os dias reduzindo a adesão ao tratamento. Broncodilatador isolado e corticoide oral ainda são os principais medicamentos prescritos para tratamento da ASMA no Brasil. São eficazes sim, mas tem problema com isso porque não pode abusar de corticoide oral. Só o broncodilatador relaxa os músculos, mas não trata a inflamação, isso faz com que a doença progrida. DEFINIÇÃO Doença heterogênea, usualmente caracterizada por inflamação CRÔNICA e não aguda. Ela pode ter exacerbações agudas, mas a inflamação é crônica de longo prazo. Se é uma doença inflamatória crônica trata com corticoide, anti-inflamatório hormonal. Não é o anti inflamatório não hormonal, porque pode ter uma asma induzida por esses outros anti-inflamatórios. Doença heterogênea, usualmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Definida por história de sintomas respiratórios como sibilos, dispneia, aperto no peito e tosse que variam ao longo do tempo e intensidade em conjunto com a limitação variável do fluxo aéreo expiratório. Pode ter tudo junto ou não. Pode ter um paciente só com tosse, uma tosse que reverte com broncodilatador. O ideal era avaliar o paciente com histórico de asma logo de imediato quando chega no ambulatório para avaliar a função pulmonar e fazer essa avaliação diária, mas no SUS não se faz isso. Quando se tem um paciente extremamente sintomático, se percebe que ele tem uma limitação muito importante do fluxo aéreo na expiração, ele tem dificuldade para expirar. FISIOPATOLOGIA Envolvimento de várias células inflamatórias: mastócitos, eosinófilos, linfócitos T, células dendríticas, macrófagos e neutrófilos. Tem-se um conjunto de células, não é só o mastócito. Entre as células brônquicas estruturais envolvidas na patogenia da asma, figuram as células epiteliais, as musculares lisas, as endoteliais, os fibroblastos, os miofriboblastos e os nervos. A fisiopatologia ocorre com a hiper-reatividade da musculatura lisa. Observem como é complexa essa doença, tem inflamação, vasodilatação, cascatas inflamatórias que vão liberar citocinas inflamatória . Os mediadores inflamatórios: quimiocinas, citocinas, eicosanoides, histamina e oxido nítrico O estreitamento brônquico intermitente e reversível é causado pela contração do músculo liso brônquico, pelo edema da mucosa e pela hipersecreção mucosa . Reversível com broncodilatador, que relaxa o broncoespasmo. Inclusive, o termo broncoespasmo que usava antigamente não deve usar mais porque não é só um espasmo brônquico é uma inflamação também. E ela pode ser revertidasimplesmente porque estava exposto a alguma coisa e parou a exposição, ex. criança que corre, desencadeou a crise, parou de correr, a crise alivia, tirou o estímulo. A hiperresponsividade brônquica é a resposta broncoconstritora exagerada ao estímulo que seria inócuo em pessoas normais. Uma pessoa pode se expor ao mofo e não acontecer nada, assim como um uma pessoa alérgica pode se expor ao mofo e fechar aquele brônquio. Os desencadeantes podem ser vários, mas varia de pessoa para pessoa. No geral tem a poeira, mofo, pelo de animal, substância química e eles podem levar a uma resposta broncoconstrictora elevada A inflamação crônica da asma é um processo no qual existe um ciclo contínuo de agressão e reparo que pode levar a alterações estruturais irreversíveis, isto é, o remodelamento das vias aéreas.mA inflamação crônica está na base do processo o pico disso que é a crise é a ponta do iceberg e se não trata essa inflamação crônica, ela progride e acontece alteração/ remodelamento e isso é um problema, porque pode usar várias medicações e ele não vai resolver Cuidado com remodelamento de via aérea porque chega um ponto que não responde mais a medicamento nenhum. DETERMINANTES PARA A ASMA FATORES GENÉTICOS Fenótipos de asma estão presentes em 25% dos filhos que tem pelo menos um dos pais com asma. Se o pai for asmático, a criança tem 25% de chance de ser; se for a mãe asmática somente ela é 50% da criança ter. Atopia materna: risco maior de expressão precoce de doença atópica do que a atopia paterna. Herança poligênica: genes localizados nos cromossomas 5q,6q,11q,12q e 13q. O tratamento depende desses genes. É uma herança poligênica e epigenética que são as interferências do meio modificando. 8 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Polimorfismo no gene do receptor beta-2-adrenérgico localizado no 5q relaciona-se com a gravidade da doença e com a resposta terapêutica Isso quer dizer que tem gente que toma Aerolin e piora, assim você pensa: o broncodilatador que era pra melhorar causa uma broncoconstricção?! Mas é a genética da pessoa que tem uma resposta ruim ao broncodilatador. Então é por isso que a terapia gênica, as mudanças do futuro, vão ter nos estudos do genoma uma definição para cada pessoa. FATO RES DO AMBIENTE E ESTILO DE VIDA Nas crianças com herança atópica, a ausência dos fatores do ambiente pode retardar o início do chiado, mas não os previne. PROVA: O asmático, quando vai ter um filho, tem todos os cuidados do ambiente, como por exemplo evitar poeira, bicho de pelúcia, coisas que acumulam poeira, animais, etc. Isso retarda o desencadeamento da asma no primeiro momento de vida, mas não quer dizer que vai prevenir o resto da vida, porque existem outros fatores desencadeantes que são as infecções virais. Sensibilização precoce aumenta em nove vezes o risco de asma. Ou seja, se tem uma casa que pai e/ou mãe são asmáticos, tem fumante, animais, a chance de sensibilizar/ ter manifestação precoce é maior A presença de alergia alimentar é fator de risco para sintomas de asma nas crianças acima de 4 anos de idade. Exposição a tabaco: a fumaça do tabaco aumenta o estresse oxidativo e estimula a inflamação das vias aéreas. Fumo materno durante a gestação: compromete crescimento pulmonar fetal e pode estar associado a chiado no início da vida. Determinantes: Poluentes: dióxido de nitrogênio, ozônio, material particulado, poluentes domésticos ex. fogão a lenha Condições de tempo: temperaturas extremas e alta umidade Manaus, SSA e VCA = 3 piores cidades para nascer com asma. Irritantes: perfumes, cloro (Ex. natação), poeira. Nutrição: aleitamento materno protege do desenvolvimento da doença atópica. Exercício físico: desencadeada pela perda de água e calor do trato respiratório necessário para aquecer e umidificar o ar inspirado sob condições de hiperventilação. Asmático tem que fazer atividade aeróbica, qualquer que seja, não precisa ser necessariamente a natação, mas se for uma piscina com cloro pode piorar/ desencadear a crise, só se for uma piscina salinizada. O exercício pode desencadear a demoença, mas não se suspende asmático de atividade física, ele tem que fazer e ser tratado como pessoa normal. Nesse caso o profissional tem que atuar para ele ter uma vida normal Estresse: distúrbio psicológico. A anamnese tem que ser bem colhida para tentar identificar possíveis efeitos psicológicos naquela doença. Ex. paciente que desencadeou asma após o pai ser assassinado na frente. INFECÇÕES Porque as crianças gripam e cansam? Porque: Cerca de 30% das crianças < 4 anos tem chiado intermitente associado aos vírus respiratórios. Os vírus lesam o epitélio da via aérea e mesmo após a resolução da infecção fica o processo inflamatório por um tempo e isso torna a via aérea mais reativa. Então é por isso crianças até 4 anos quando gripa, cansa, porque a via aérea fica mais reativa. MEDO = VSR Rinovírus humano: responsável pela maioria das exacerbações da asma. VSR: causa comum de sintomas respiratórios graves em lactentes – Bronquiolite grave pelo VSR em idade precoce é fator de risco para persistência de asma mais tarde na infância. ITR recorrente: lesa o epitélio das via aérea e mesmo após resolução da infecção a hiperreatividade das Vias aéreas inferiores (VAI) pode permanecer – asma. SERÁ QUE É ASMA? Isso precisa estar em toda anamnese. Não se diz que o paciente tem asma só porque sibila, ou porque tem apenas uma tosse recorrente que melhora com broncodilatador. Tosse que melhora com broncodilatador + dispneia que melhora com broncodilatador + história familiar ou pessoal de atopia se considera a asma. Tosse, dispneia, aperto no peito e chiado recorrentes + história familiar de atopia + melhora com broncodilatador = asma. Sintomas: Tosse, dispneia, chiado, despertar noturno, aperto no peito, melhora com broncodilatador, história familiar de atopia. Ficar atento a queixa da mãe: - Filho cansa desde que nasceu, cansa de noite: pergunta com que frequência acontece e com o que melhora. Se responder soro, não é asma, mas se falar que só melhora com nebulização + vasodilatador já se pode ficar mais atento/suspeitar. - Despertar noturno com aperto no peito: pergunta se tem uma tosse que fica sufocado ou se é uma tosse normal. TABELA – DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE ASMA EM CRIANÇAS PEQUENAS Desencadeador que quando está presente se diz que é asma: tosse quando ri, quando chora ou quando faz atividade física. GRANDE POSSIBILIDADE de ser asma. E, se tem um quadro sugestivo, já é autorizado realizar o teste terapêutico de 2 -3 meses de corticoide inalatório. Procure sempre saber histórico familiar, de atopia e atividade física também. OLHAR ANEXO 1: Tabela 9 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica FENÓTIPOS DA SÍNDROME ASMA São definidos pela idade do início dos sintomas e fatores desencadeantes da asma Tem diferentes fatores de risco, prognóstico e resposta ao tratamento. Estudo longitudinal de Tucson no Arizona definiu 3 fenótipos: chiadores transitórios de início precoce, chiadores persistentes, chiadores de início tardio Chiado transitório de início precoce: criança que cansa no primeiro e segundo ano de vida e cansa até 5 -7 anos depois e nunca mais cansa. Então pergunta aos pais se já tiveram asma ou se cansa e o pai responde que não, mas diz que era igual ao filho. Esse é um fenótipo de início precoce. Existem precoce persistente e aqueles que só começaram a cansar depois de velho – início tardio. CATEGORIAS DE CHIADO RECORRENTE EM PACIENTES PEDIÁTRICOS CHIADO TRANSITÓRIO Sibilância até 2 a 3 anos de idade. Frequentemente associado a prematuridade e tabagismo materno. Ou está associado com a mãe que fumoudurante a gestação e a criança nasceu com o pulmão menor. CHIADO NÃO ATÓPICO Desencadeado por ITR virais. Geralmente tem remissão na fase escolar, porém pode estar presente até os 12 anos. CHIADO PERSISTENTE Manifestações clinicas de atopia: eczema, rinite alérgica, conjuntivite, alergia alimentar, Eosinofilia e/ou IgE total elevado. Sensibilização especifica mediada por IgE no início da vida para alimentos e depois para aeroalérgenos Sensibilização especifica mediada por IgE para aeroalérgenos da poeira doméstica antes dos 3 anos História familiar de atopia. IgE elevado, quadro de dermatite atópica, rinite alérgica, alergia alimentar, eosinófilo elevado. Ele é o clássico que começa a pensar precocemente em modificar o resto da medicação (?) CHIADO INTERMITENTE G RAVE Paciente raramente cansa, mas quando cansa vai para a UTI. É grave, fecha o pulmão. Então esse paciente tá bem, mas sua apresentação não é com frequência grande. Pouca morbidade fora do período de doença do trato respiratório. Características atópicas. História de chiado antes dos 3 anos de idade associado a história familiar de asma ou eczema como fator de risco maior ou com a presença de 2 dos 3 fatores de risco menores como eosinofilia, chiado sem resfriado e rinite alérgica. Continuando síndrome da asma... Asma induzida pelo exercício: desencadeado por brincadeiras, subir escadas, atividade física. Tosse variante de asma: tosse seca recorrente, sem sibilância, desencadeada por aeroalérgenos, com resposta ao broncodilatador. Asma noturna: sintomas noturnos. Asma induzida por vírus: sibilância apenas durante os quadros virais. Asma de difícil controle TESTE PARA DIAGNÓSTICO E MONITORIZAÇÃO Observem o que temos: Avaliação da atopia: Testes cutâneos de hipersensibilidade imediata. IgE total e especifica PFE Espirometria Teste de broncoprovocação: Faz histamina no paciente, desencadeia a crise nele. Se desencadeia uma crise, não se faz numa clínica e sim no ambiente hospitalar. Extremamente perigoso. Teste do exercício Contagem de eosinófilos no escarro induzido: É ótimo quando faz a criança escarrar Concentração do oxido nítrico expirado Teste terapêutico por 8 a 12 semana Na prática clínica, faz a espirometria, a partir dos 7 anos, talvez com 5 se a criança for muito esperta. Ela depende muito da vontade da pessoa. A avaliação de função pulmonar em lactente só tem em SP e RGS, então tem uma certa dificuldade. Em Salvador, só no hospital das clinicas e no Otávio mangabeira pelo SUS. Isso é pra perceber a dificuldade, mas se deve pedir sim a espirometria. Conhecem algum laboratório que fazem teste de exercício? Porque estou ensinando isso pra vocês, porque vocês vão trabalhar e tem que saber o que pede no laboratório. O teste de exercício, é colocar a pessoa numa câmara com controle de umidade e temperatura e coloca a pessoa para fazer 10 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica exercício medindo a FC, FR, Saturação e isso não é fácil. A pessoa pode fazer o teste e desencadear uma crise grave, então tem que ter uma equipe pronta para tira-lo se ele entrar em crise. Então esse teste só faz em hospitais escola que tem uma estrutura para fazer uma avaliação dessa magnitude. O que resta? Espirometria e teste terapêutico. PFE Aparelho que deve ser feito no paciente várias vezes ao dia, pela manhã e noite, e o paciente tem a monitorização da variação de fluxo. Sopra esse aparelho e vê quanto coloca de ar para fora, faz relação com VF1 e isso compara com a altura dele e coloca na tabela. Avalia grandes vias aéreas e esforço dependente. A medida da variação diurna exagerada do PFE é uma forma simples e menos acurada de diagnosticar a limitação ao fluxo aéreo na asma. Medidas matinais e vespertinas devem ser obtidas durante 2 semanas. Variações diurnas superiores a 20% são consideradas positivas. ESPIROMETRIA Faz uma confirmação diagnóstica. O paciente asmático controlado pode ter espirometria normal, então ele não é um teste de confirmação de asma, ele é uma variação de função pulmonar. Quando está positivo, ele confirma a asma, mas pode ter asma com espirometria normal. Estima a gravidade da limitação ao fluxo aéreo, sua reversibilidade, sua variabilidade. Confirmação diagnóstica. Fornece informações sobre controle da asma. Pacientes acima de 5 anos. Medidas: Capacidade Vital Forçada (CVF): diferença em litros de volume entre a inspiração máxima e a expiração rápida completa, como esforço máximo Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) Fluxo expiratório Forçado no entre 25 e 75% da CVF (FEF 25-75%) Estes valores são preditos para a idade, sexo, altura do paciente. Curvas da espirometria Obstrutiva e restritiva: O restritivo tem relação com doença parenquimatosa e o obstrutivo tem relação com a redução de lúmen. A curva restritiva é mais curta, chega no máximo que consegue rápido. No obstrutivo, o ar entra, mas na hora de sair tem mais dificuldade. VEF1: é a medida isolada mais acurada para estabelecer a gravidade da limitação ao fluxo de ar e a resposta imediata ao uso de broncodilatador. Espirometria normal não exclui o diagnóstico de asma. Asma intermitente ou asma controlada, geralmente tem espirometria inteiramente normal antes do uso de broncodilatador. Quando a história clinica é característica, mas, a espirometria é normal, o paciente deve ser considerado como tendo asma e, quando necessário deve ser tratado. Em casos de dúvida em relação ao diagnóstico, a observação da variabilidade do pico do fluxo expiratório, a repetição da espirometria durante período sintomático ou um teste de broncoprovocação podem confirmar ou afastar a suspeita de asma VF1 é a medida isolada mais apurada, se tiver acima de 80%, gradua a asma. Quando faz a espirometria pede com o broncodilatador. Faz antes a espirometria, faz as medidas, dá o broncodilatador e vê se melhora se melhorou 12%, deu positivo para asma. AVALIAÇÃO DA ATOPIA TESTE CUTÂNEO DE HIPERSENSIB ILIDADE IMEDIATA A positividade em crianças <4 é baixa, devido a imaturidade do sistema imunológico. Então, tem-se poucos pacientes com a positividade do teste alérgico em crianças <4 anos, logo tende a não ficar pedindo esse teste para essas crianças e nem o IgE específico. Se for pedir, pede para ácaros, poeira, barata, epitélio de cão e gato e fungos do mofo. Fácil realização. Profissional especializado. Refletem hipersensibilidade imediata do tipo I. Os testes de punctura apresentam baixa ocorrência de efeitos adversos e têm maior positividade do que os intradérmicos. Positividade menor em crianças até 4 anos de idade, atingindo maior positividade desde a adolescência até a idade de adulto jovem, seguida de declínio com a idade Positividade significativa aos testes cutâneos de leitura imediata a partir dos 12 meses de idade. ALÉRGENOS AMBIENTAIS Ácaros: Dermatophagoide pteronyssinus, Dermatophagoides farinae, Blomia tropicalis Poeira doméstica Barata: Periplaneta americana e Blatella germânica Epitélio de cães e gatos 11 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Fungos: Pencillium sp, Aspergillus fumigatus, Alternaria alternata BAIXA POSITIVIDADE DOS TESTES CUTÂNEOS EM CRIANÇAS Menor atividade quimiotática e fagocitária por monócitos. A memória imunológica de T helper 2 para alérgenos inalatórios se estabelece com o decorrer da idade. Menor exposição a alérgenos. Níveis de IgE atingem o pico máximo entre 9 e 19 anos de idade. Melhor idade para pedir o teste: >9 anos ou pelo menos acima dos 5 NÍVEIS SÉRICOS DE IGE Alto custo Elevados em parasitoses intestinais de ciclo biológico extra intestinal.IgE sérica normal mesmo em indivíduos atópico (métodos disponíveis dosam o IgE sérico e não o unido a mastócitos e basófilos). Não faz no SUS, mas pede pela rede privada. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Asma, sibilância pós viral, DRGE, malformações, tuberculose, fibrose cística, imunodeficiências, aspiração de corpo estranho, displasia broncopulmonar. ASHTMA PREDICTIVE INDEX (API) Sibilos frequentes. Exclusão de outros diagnósticos. Critérios maiores: Dermatite atópica; pais com asma OU Critérios menores: eosinofilia >4%; sibilos sem IVAS; rinite. 2 maiores ou 1 maior e 2 menores. AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS CRIANÇAS MAIORES DE 5 ANOS As tabelas <5 anos e >5 anos são diferentes. A diferença está nos sintomas diurnos mais que 1 X na semana para <5 anos e 2x para >5 anos; uso de medicação 1x por semana <5 anos e 2x > 5anos. Toda vez que vai atender um paciente asmático <5 anos considera se ele tem sintoma mais de 1 x por semana, se usa broncodilatador mais de 1 x por semana e se tem despertar noturno, se tem mudança de atividade. No paciente > 5 anos o que era menor de 1 x por semana, passa a ser 2x por semana. Se ele diz não para tudo, ele está controlado. Se ele diz sim para 1-2 desses ele está parcialmente controlado e se diz sim para 3-4 desses ele não está controlado. AVALIANDO O NÍVEL DE CONTROLE: ACT Anexo 2 Os pais ou a criança respondem. É mais complexo. Pontua e de acordo com ela diz se o paciente está controlado, mal controlado ou parcialmente controlado. Anexo 3 O track utiliza em <5 anos. Nos últimos 3 meses usou berotek? Quantas vezes? Nos últimos 3 meses usou corticoide oral? Nunca, 1 x,2, 3x, 4 ou mais vezes. 12 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Avaliação crítica para essa tabela: ela é mais fina que a outra que só considera 4 semanas. Essa pega os últimos 12 meses e isso é importante porque no tratamento considera os últimos 12 meses como a asma se comportou e não as últimas 4 semanas. Quanto mais ponto for quer dizer nunca. O ponto de corte é de 80 que sabe que está controlado. TRATAMENTO A via preferencial para administrar tratamento é pela via inalatória, por espaçador, nebulizador e vários outros tipos. Tem que entender em baixo de uma crise existe uma inflamação crônica. É uma doença crônica, silenciosa, progressiva e aquelas crises do paciente são indícios se o paciente vai bem ou mal. Quanto mais crises que tem mais indica que tem uma inflamação importante. O problema é evitar que a inflamação evolua para um remodelamento. Tem uma inflamação aguda, quando o paciente desencadeia uma crise, tem uma inflamação crônica, tem muitas das vezes os dois juntos e tem o risco de modelamento da via aérea. Crises de asma são episódicas, mas a inflamação é cronicamente presente. MEDIDAS PREVENTIVAS DE CONTROLE DOS ALÉRGENOS E IRRITANTES AMBIENTAIS Tem que fazer medida preventiva em todo paciente. A medida isolada preventiva mais importante é a poeira porque tem ácaro. Evitar animais. São medidas que visam a redução da quantidade de alérgenos e irritantes no domicilio. HIGIENE AMBIENTAL Poeira domiciliar: ácaros – partículas de suas fezes. Limpeza da casa quando a criança não estiver Não usar espanador ou vassoura. Usar aspirador de pó e/ou pano úmido. Bichos de pelúcia, trapinho, travesseirinhos, cobertores Encapar colchões e travesseiros com plástico fino ou vinil, expor ao sol com frequência. Lavar roupas de cama com frequência. Evitar deitar em poltronas e almofadas de tecido. Retirar carpetes, tapetes e cortinas. Evitar animais domésticos. Evitar umidade na casa (fungos) Evitar odores fortes: perfumes, cosméticos, produtos de limpeza, inseticidas, tinta. Plantas Fumaça de cigarro TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE CRIANÇAS <5 ANOS Quando vai definir o tratamento não leva em consideração só as últimas 4 semanas. O que tá escrito na tabela: Sintomas compatíveis com asma, não controlados totalmente ou maior igual a 3 exacerbações no ano. Então por isso que apresentei a tabela do TRACK, porque se considerar o paciente no ano passado teve mais de 3 crises ou se tem os sintomas que não tão compatíveis mas tão dando mais que 6- 8 semanas, qual o STEP prioritário que vocês tem que saber responder na prova? Eu não sei o que fazer com o menino, olha isso aqui: teve 3 crises no ano anterior, tem sintomas recorrentes ou sem melhorar, sintomas compatíveis começa com corticoide inalatório em dose baixa. Ah o paciente é grave, resolvi colocar no STEP3, vou considerar. Anexo 4 Saber TRATAMENTO! Na base da pirâmide tem Beta-2 agonista de curta ação quando necessário, qual o beta 2 de curta autorizado? Aerolin (sulfato de sabultamol) STEP 2: corticoide na dose baixa inalatório OU antileucotrieno; avalia o paciente daqui 1 mês se melhorou mantém a droga por 3 meses, se não melhorar dobra a dose ou mantém a dose baixa associada ao ARL. Isso é até 5 anos. EQUIVALÊNCIA E CLASSIFICAÇÃO DOS CIS QUANTO À DOSE PARA > 5 ANOS Não precisa saber valores das doses, só saber que tem dose baixa. Anexo 5 13 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica GINA: DIRETRIZES GLOBAIS PARA ASMA Anexo 6 A partir dos 5-6 anos de idade as diretrizes começam a mudar. Não decorem essa, porque a tabela mais a frente que é o que precisam saber. TABELA ANTIGA: STEP1: Não usa nada. Usa Beta 2 de curta se necessário. TABELA NOVA: STEP1: Quando necessário usa corticoide e formoterol. O que aconteceu de mudança? Começa a entender que a asma é uma doença anti-inflamatória crônica como uma criança no STEP1 não usa nada?! Será que trato como devo esses pacientes? A crise é a ponta de um iceberg e em baixo disso tem uma doença inflamatória crônica se eu só faço broncodilatador na crise eu deixo de tratar a inflamação. Esse questionamento levou a mudança na tabela, além de fazer o broncodilatador faz o corticoide inalatório. Anexo 7 Entendendo o contexto da mudança do tratamento acima: Na hora que começou a disponibilizar corticoide inalatório, houve uma redução da mortalidade de 81,3% na faixa etária de 5-35 anos. Porque não reduziu tanto na faixa de 0 – 4 anos? Porque muitos desses não são asmáticos. Então é importante a utilização do corticoide, não dá só pra dar o broncodilatador. Asma Leve: Etapas 1 e 2 Representa 50-75% dos pacientes com asma. Os pacientes com asma leve são inflamados e têm risco de exacerbação grave. RECOMENDAÇÃO DAS DIRETRIZES Uso regular de CI em baixa dose (etapa 2) Uso do SABA se necessário NA PRÁTICA CL ÍNICA: Baixa adesão a medicação de manutenção (controladora). Sub-tratamento da inflamação. Aumento do risco de exacerbação. Dependência do SABA para o alivio. ESTRATÉG IA Combinação de um B2 agonista de início de ação rápido e um corticoide inalatório tomado somente se necessário. A partir dos 5-6 anos de idades, as diretrizes começam a mudar. ANTECEDENTES PARA MUDANÇAS EM 2019 – OS RISCOS DO TRATAMENTO SOMENTE DA SABA O que se tem de estratégia: uma combinação beta2 de início rápido e um corticoide inalatório tomado apenas quando necessário. Beta 2 é salmeterol (Ele demora um pouco pra começar) e formolterol (Início rápido, imediato). Foram feitos alguns trabalhos que se usar o beta 2 de longa com o que tem início precoce com corticoide, melhora a evolução dos pacientes asmáticos. • O uso regular ou frequente de SABA está associado a efeitos adversos. - Regulação negativa do receptor beta, diminuição da broncoproteção. - Hiperresponsividade rebote, diminuição da resposta ao broncodilatador. Se usa muito beta curta vai ter um momento que ao invés de melhorar, vai piorar. - Aumentoda resposta alérgica e aumento da inflamação eosinofílica das vias aéreas. 14 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica • Maior uso de SABA está associado a desfechos clínicos adversos. - Dispensação de maior igual 3 inaladores por ano (média de 1.7 puffs/dia) está associada a risco de idas a emergência. - Dispensação de maior igual 12 inaladores por ano estão associados a um maior riso de morte. Bombinha mata, ela é o aerolin (SABA). Então o que acontece é que quando usa uma bomba por mês de 1 aerolin, ou seja, mais de 12 inaladores por ano, está associado com maior risco de morte. O QUE MUDOU NO GINA 2019 Por segurança, a GINA não recomenda mais o tratamento da asma em crianças >6 anos, em adolescentes e adultos SÓ com o SABA. Quais as justificativas para mudança? Estudos caso-controle mostrando que o uso excessivo de SABA estava associado a um risco aumentado de morte por asma. Várias evidências do valor protetor do ICS regular, com uma redução dramática no risco de hospitalizações relacionadas a asma e morte. Grandes ensaios clínicos randomizados e controlados demonstraram que, na asma leve, a baixa dose de CEI reduziu as exacerbações graves em cerca de 50%, além de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Quando necessário o paciente usa CI + formoterol OU baixa dose de CI e SABA quando necessário, ou seja, usa o Beta 2 de longa com corticoide ou o Beta 2 de curta com corticoide. Isso está no STEP 1 e na base de todas as situações. O paciente do STEP2 vai pra casa, ele vai saber que se tiver crise vai usar o corticoide com formoterol. Drogas comerciais: alenia, silicorte, são medicações que tem formoterol. Voltando para os STEPS STEP 2: Criança < 5 anos tinha CI na dose baixa. No novo continua OU usa quando necessário o formoterol + corticoide baixo OU antileucotrieno OU CI na dose baixa e beta 2 se necessário. STEP 3 antigo: dobra a dose. Novo: mantém dose baixa e associa o LABA, ou seja, associa o broncodilatador. Paciente ainda não respondeu coloca média dose de CI ou associa o antileucotrieno. Quando não melhora se aumenta a dose e aumenta as drogas, chega um momento que usa tiotropio que é um anticolinérgico vai usar anti ige e antiinterleucina 5. São medicamentos caros, então tem que agir logo antes para não precisar chegar a esse ponto. Obs: beta 2 não pode ser usado em menor de 4 anos de idade. Anexo 7 A tabela utiliza a frequência e a gravidade dos sintomas. TABELA CRIANÇA 6-11 ANOS Anexo 8 Qual a diferença desse? Esse aqui coloca o Beta 2 de longa com corticoide se necessário? Então crianças até 11 anos de idade não tem essa mudança. Essa mudança aconteceu para adultos e adolescentes. As crianças aqui continuam usando dose baixa de corticoide ou antileucotrieno porém diferente da tabela de 5 anos, essa em STEP 3 entra o LABA - ICS. Isso é uma crítica que os pediatras fazem a tabela, porque se o LABA pode ser utilizado acima dos 4 anos de idade, porque essa tabela não é utilizada igual aos de 12 anos? É um raciocínio que dá muito medo na pediatria. Anexo 9 15 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Paciente diz que não vai tomar remédio. Vários trabalhos viram que 5 a 10 dias antes de uma crise violenta é uma janela de oportunidade para entrar com uma medicação. Que momento é esse? Quando tem exposição a fatores de risco. Ex. A criança tava normal e foi ao cinema que tem o carpete e começa a tossir, essa é a janela de oportunidade, gripou ele sabe que tem que usar a medicação. Para > 12 anos e adulto usa a Beta 2 de longa + CI em dose baixa. Essa janela de oportunidades vai fazer com que ele não entre em crise. Eu entro ali e fico quanto tempo? De 2 a 4 semanas. Porque essa associação do Beta 2 com LABA e coloca o formoterol. Porque? Porque relaxa a musculatura lisa e vou ter ? (não entendi), por isso essa associação é perfeita. E melhor ainda, o formoterol é de ação rápida. A budesonida tem início de vida 6 min, betonidazol 5 horas, butazona 8 horas. Em 30 minutos já tem um efeito vasoconstritor que é importante para reduzir edema. Por isso essas mediações foram colocadas para quando necessário, porque é capaz de evitar que evolua para crise brônquica. Por isso que a gente orienta que se você sentir uma tosse, tem uma exposição que você sabe que vai ter uma crise inicia essa associação. CONCLUSÃO SYGMA 1 E 2 14% maior de chance de asma controlada utilizando budesonida/formoterol se necessario terbulatino. Redução da taxa de exacerbação grave semelhante entre budesonida/formoterol se necessario budesonida 2x ao dia de manutenção + SABA Menor dose de corticoide inalatório (<= 75%) com budesonida/formoterol se necessario budesonida 2x ao dia de manutenção + SABA Nesses estudos a adesão foi muito maior que na vida real (devido ao uso de dispositivo e eletrônico de controle) A melhora nos desfechos pode ser explicada pela ação anti- inflamatória do alívio com budesonida/formoterol se necessário (janela de oportunidade). NEBULIZADOR ULTRASSÔNICO Frequência de vibração do cristal quebrando as partículas. Eficaz apenas para soluções (broncodilatadores) e não para as suspensões (corticoides). Maior custo. Não deve ser usado para corticoide porque ele esquenta as partículas, então a vibração ultrassônica interfere no efeito. 16 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica REVISÃO DE RESPOSTA E AJUSTE DO TRATAMENTO Quantas vezes pacientes com asma deve ser revisto? Os pacientes devem, preferencialmente, ser visto 1-3meses após o início do tratamento e a cada 3 a 12 meses depois disso. Depois de uma exacerbação, uma revisão no prazo de 1 semana. Revisão em curto prazo em caso de step up com 1-2 semanas ou durante infecção viral ou exposição ao alérgeno. Preferencialmente com 1 mês, no máximo 3 meses. Quando inicia o tratamento, olha o paciente mês a mês até melhorar. DESMAME DO TRATAMENTO CAI NA PROVA! • Quando está bem controlado por no mínimo 3 meses • Encontrar o menor tratamento que controla os sintomas e exacerbações, e minimiza efeitos colaterais. • Escolha um momento adequado para step-down (sem infecção respiratória, o paciente não está viajando, controle ambiental adequado) • Reduzir a dose do ICS em 25 – 50% em intervalos de 2-3 meses. • Se a asma está bem controlada em ICS dose baixa ou LTRA, conforme a necessidade de dose baixa ICS- formoterol é uma opção etapa de redução ou o ICS baixa dose tomada quando SABA é tomada (ou combinação inaladores separados) • Não pare completamente ICS em pacientes com diagnóstico de asma a menos que seja temporariamente necessário para confirmar o diagnóstico de asma. • Certifique-se de uma consulta de acompanhamento e forneça plano de ação. Nunca reduzir ou tirar o tratamento da asma em pacientes que vão viajar ou em lugares com mudança de clima intensa. Se a asma está bem controlada com corticoide em dose baixa ou com antileucotrieno você pode usar corticoide + formoterol. CONCLUSÕES • O manejo da asma tem como objetivo a obtenção do controle e a prevenção de riscos futuros. • O controle da asma é ruim no mundo e um dos maiores obstáculos é o desconhecimento do paciente da natureza inflamatória crônica da doença, sua má percepção da gravidade e do que é controle. • O uso de SABA piora o controle, aumenta a inflamação nas vias aéreas e a mortalidade associada a asma. • Aumentar a adesão ao tratamento é um desafio medico a cada consulta. • A estratégia de usar CI + LABA intermitente nas etapas 1 e 2 da GINA pode aumentar a adesão e melhorar o controle da asma. Precisa saber: uso de SABA/ aerolin, piora controle daasma, piora inflamação, aumenta mortalidade, logo não usa só o aerolin. Tem que iniciar o tratamento com corticoide inalatório. 17 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE EPIDEMIOL OGIA – AUL A 3 - 69 estudos. Países: Brasil (n:17), Argentina (n:11), Uruguai (n:10); Chile (n:6), Colômbia (n:6), México (n:4); outros (n:12). - 23854 episódios de PAC em crianças <5 anos. Período: 1980-2008. Incidência: 919 casos / 100.000 crianças/ano. Hospitalização: ¼ casos. A pneumonia é a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento. Dados do DataSus, apontaram a pneumonia como causa mortis de 886 casos de óbitos infantis no Brasil no ano de 2016. Fatores que influenciam a incidência da PAC: o acesso aos cuidados de saúde, a implementação da vacina, as condições de vida e a nutrição. Esses fatores ajudam numa resposta imunológica adequada. Por que mesmo com a vacinação ainda há tantos casos de pneumonia? Devido aos vários sorotipos existentes... Estudo de revisão sistêmica: mostrou que ainda tem uma incidência elevada de pneumonia e ¼ delas são hospitalizadas. Qual o agente etiológico mais frequente causador de pneumonia? Vírus. E qual a bactéria mais frequente de causar pneumonia? Streptococus pneumoniae. Bactérias causadoras de PAC: S. pneumoniae, influenzae, m. pneumoniae. Vírus causadores de PAC: Rinovírus não causa só resfriado), parainfluenza, RSV, influenza A e B, enterovírus e adenovírus. Pode haver associação Vírus + Bactéria ou Micoplasma com um Piogênico. 55%. Associação de mais de um agente. ETIOLOGIA Etiologia de PAC distribuídas por faixas etárias em crianças brasileiras hospitalizadas (n=184) VÍRUS: Rinovírus (21%). Influenza A e B (9%). Parainfluenzae (17%). Enterovírus (5%). RSV (15%). Adenovírus (3%). Os vírus são responsáveis pela maioria das PAC no primeiro ano de idade: em torno de 90%; 50% em escolares. De quem mais é pra ter medo? Do vírus, porque não tem terapia específica efetiva. Já a bactéria tem e sabe o que usar! • Destaca-se o Vírus Sincicial Respiratório, maior incidência. Outros responsáveis em ordem de frequência são: influenza, parainfluenza, adenovírus, rinovírus, além de metapneumovirus e bocavirus, esses últimos associados a síndrome da angustia respiratória (SARS). BACTÉRIAS S. pneumoniae (21%). C.trachomatis (4%). H .influenzae (8%). M. catarrhals (3%). M. pneumoniae (8%.) C.pneumoniae (1%). As infecções bacterianas: mais graves. Estreptococo pneumoniae: é o agente mais frequente. Mycoplasma pneumoniae: 10 a 40% das PAC. - 15 a 18% das internações por PAC. - Ocorre durante todo o ano, com ciclos de epidemias e atinge todas as idades, incluindo o período neonatal. -O mycoplasma não é simples como muitos pensam, ele tem evoluções que podem ser bem variáveis. ATENÇÃO: 1º lugar das bactérias: pneumococo, 2º lugar: competição entre H. influenzae e micoplasma. Estafilococos aureus - Lactentes jovens. - Infecção cutânea. - Maior gravidade clínica, além de piora rápida e progressiva. Em geral cursa com empiema pleural, pneumatoceles, pneumotórax, associado a PAC. A febre não é baixa, a criança fica toxemiada. - Esse agente é encontrado em hospital, então se você está com um paciente piorando em ambiente intra- hospitalar, deve-se pensar que a PAC talvez não seja por pneumococo, e sim estafilococo! 18 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica - Pensar em quadros sem melhora com os antibióticos para germes comuns, mesmo sem porta de entrada ou relato de internação hospitalar prévia nas diversas faixas etárias. - É aquela bactéria que diz assim “cheguei chegando!” ela não pede licença, chega detonando, grave. São crianças lactentes jovens, que na maioria das vezes tem uma porta de entrada (alguma lesão, ferida, piodermite). Importante saber se a mãe está com algum abcesso... Exemplo dado em sala: Paciente com sepse com PAC. A criança adquiriu PAC por estafilococo devido ao contato da mãe que estava com um abcesso na coxa. O estafilococo não é um agente comum em comunidade. Tem que ter tido contato – porta de entrada! ETIOLOGIA POR FAIXA ETÁRIA RN até 3 dias Estreptococo do grupo B, Bacilos Gram negativos, Listeria monocytogenis. Relação com o canal de parto (via vaginal). RN de 3 a 28 dias Stafilococcus aureus, Stafilococcus epidermidis, Gram negativos. Germes adquiridos no hospital. 1 a 3 meses Vírus, Clamydia trachomatis, Ureoplasma urealyticum, Streptococcus pneumoniae, Stafilococcus aureus. 4 meses a 5 anos Vírus, Streptococcus pneumoniae, Stafiloccous aureus, Haemophilus influenza, Moraxella Catarrhalis, Mycoplasma pneumoniae, Clamydia pneumoniae. Acima de 5 anos Streptococcus pneumoniae, Stafilococcus aureus, Mycoplasma pneumoniae, Clamydia pneumoniae. É comum ver menos vírus -por conta da imunidade Crianças com 1 mês de vida não pode ter pneumococo? Pode sim! Pode ter infecção viral também... ali listado só estão os mais frequentes! 1 a 3 meses: Por que tem a presença da Clamydia trachomatis? Bactéria adquirida no canal de parto (parto vaginal). A C. trachomatis não faz disseminação hematogênica, ela faz disseminação célula a célula. Criança começa com quadro de conjuntivite e obstrução nasal no 1º mês. Apresenta tosse, cansaço e quadro de pneumonia com mais de 1 mês de vida. PROVA! ❖ Mycoplasma pneumoniae: Bactéria de comunidade, creche. Tabelas antigas: Mycoplasma está para crianças acima de 5 anos (idade em que as crianças entravam na escola). Mycoplasma é uma bactéria de comunidade e principalmente de crianças que estão dentro da creche, escola, adulto que trabalha. Quando começar a tossir muito, pode ter certeza que é mycoplasma! Atualmente- Vai ter mycoplasma entre 2 e 5 anos. - Se o irmãozinho está com mycoplasma, será que ele não pode transmitir para o irmão pequeno? Então eles resolveram baixar a tabela e colocar o mycoplasma acima de 4 anos. ❖ Stafilococcus e Gram negativo: Germes de hospital. ❖ Vírus e Streptococcus pneumoniae: Com 1 mês de vida, a criança já é comunidade, e o stafilococo vai estar em todas as faixas etárias. Existe algum exame que diga qual bactéria é e qual a forma que deve tratar? Não! A gente define tratamento de pneumonia com uma associação, tem que ver idade do paciente (1º coisa levada em consideração), antecedentes, evolução e quadro clinico. QUESTÃO DE PROVA: Preciso de radiografia para dar diagnóstico de PAC? Não! O diagnóstico é clínico! Para você evitar que o paciente entre em sepse, devido a PAC, deve fazer o antibiótico o mais rápido possível (dentro da primeira hora). FATORES DE RISCO PARA QUADROS GRAVES FATORES CLÍNICOS: Desnutrição, comorbidades, baixa idade, derrame pleural (se o paciente chegar com derrame pleural a chance dele evoluir com gravidade é IMENSA!) FATORES SOCIOECONÔMICOS: Baixo nível de escolaridade dos pais, renda familiar na linha da pobreza, cobertura vacinal inadequada, desmame precoce, poluentes intra domiciliares, baixas condições sanitárias e de higiene. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Variável de acordo com: Idade. Ambiente onde foi adquirida. - Hospitalar (stafilococo e gram negativo → qual gram negativo vai ser depende do hospital, porque cada hospital tem sua flora especifica) e isso é sério! É caso de vida oumorte. Devemos saber a flora de cada hospital!! - Comunitário Estado nutricional – desnutridos tem febre ou reação inflamatória intensa? Não! E mesmo assim o desnutrido pode fazer casos gravíssimos. Condição imunológica – alguma imunodeficiência, HIV... Agente etiológico – definir qual é o mais provável e iniciar o tratamento. Prestar atenção em cada um desses itens! PNEUMONIAS AGUDAS Vírus ? Bactérias Sinais de toxemia – Muito se confunde com sinais de sepse, mas é quando a criança está gemente, taquicardica, taquipneica, febril, comprometimento do estado geral e do nível de consciência. É quando você olha para a criança e diz: ela não está bem!!! Febre persistente – é mais comum se pensar 1º em 19 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica bactéria, mas dependendo de alguns virus, eles também podem fazer febre persistente. Ausculta pulmonar localizada – isso aqui mata a charada!!!! Sinais de toxemia são mais nos pacientes com infecção bacteriana, febre persistente (é mais na bacteriana, porém alguns vírus também faz), ausculta localizada é mais BACTÉRIA. Ausculta rica, crépitos, ronco e sibilo tudo junto é VÍRUS (faz muito processo inflamatório crônico, reduz luz brônquica, aumenta a produção de muco, obstrui a luz) → Crépito, ronco e sibilos bilateralmente. É uma ausculta horrível com febre não tão alta. Quem faz ausculta rica também? Mycoplasma. Quem mais faz redução de murmúrio? Bactéria. Ausculta mais localizada? Bactéria. A não ser que seja um stafilococo mais agressivo. Essa tabela está errada, mas abaixo tá certo! CRITÉRIOS DE GRAVIDADE Se o paciente tem respiração rápida (taquipneia) → é o sinal, que sozinho, de que pode ter pneumonia. Mas toda taquipneia é pneumonia? Não! Asma, bronquiolite pode ter taquipneia? Sim! Mas se o paciente tem um quadro agudo com taquipneia, a chance de ser pneumonia é muito grande. Frequências respiratórias: - < 1 mês → 60 rpm, - Entre 1 mês e 1 ano → 50 rpm, - Acima de 1 ano → 40 rpm, - Acima de 4 anos → 30 rpm - Adolescente → 20 rpm. Tem estertores crepitantes na ausculta? É pneumonia! Tem taquipneia? É pneumonia! Tem tiragem? É pneumonia grave. → INTERNAMENTO. Incapacidade de beber, não é incapacidade de comer, porque geralmente quando se está doente, muitas pessoas perdem a vontade de comer, mas quando não consegue nem tomar água é MUITO grave. Se o paciente tem uma dificuldade respiratória que o momento da respiração o paciente faz movimentos com a cabeça e movimento de aletas nasais é uma pneumonia muito grave. Cianose → muito grave!! ATENÇÃO – SINAIS DE GRAVIDADE Taquidispneia. Quanto maior a frequência respiratória maior a relação com gravidade e hipoxemia. Retrações subcostais e de fúrcula Batimento de asas nasais Estridor expiratório contínuo, decorrente do fechamento das cordas vocais com intuito de elevar a pressão expiratória final. Febre alta ou hipotermia – os dois extremos são preocupantes e o estridor continuo também. Qual é a nossa preocupação? Quando a criança tem um ruído inspiratório e expiratório ou quando ele faz aquele gemido (a prof imitou o gemido – 39min e 11segs), é quando ele tá fechando as cordas vocais e aumentando a pressão expiratória positiva para manter o alvéolo aberto. Então isso é um indicativo de gravidade também. Recusa do seio materno por mais de três mamadas Sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva. Criança agitada é criança com toxemia (GRAVEM ISSO!!!) não deve sedar o paciente nesse quadro porque senão ele vai ter um rebaixamento do nível de consciência e precisará ser intubado. Convulsão Vômito incoercível ESSAS COISAS ACIMA IRÃO DESPENCAR NA PROVA!!! O DIAGNÓSTICO CORRETO E A INTERVENÇÃO PRECOCE SÃO OS PONTOS FUNDAMENTAIS PARA REDUZIR A MORTA LIDADE - Tomada de decisão baseada nas condições clinicas. - Não devemos atrasar o tratamento aguardando a realização e o resultado dos exames radiológicos e laboratoriais. - Priorizar a estabilização clínica (garantir acesso venoso seguro e dar oxigênio). - Iniciar imediatamente monitorização não invasiva. - Quando o paciente chega grave devemos primeiro estabilizá-lo. - Quando a gente define a gravidade ai é que se deve coletar exames. 20 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica - Tem critérios de gravidade? INTERNAMENTO! Não tem? Tratamento em casa com amoxicilina e em 48h faz a reavaliação desse paciente. Piorou? Internamento! - Sempre coletar hemocultura!!! - Começa com ATB empírico, porque a hemocultura demora pelo menos 48h para ficar pronta. - Então se tem critério de gravidade, e se vai internar o paciente, coloca ele no O2 + hidratação, pensa na clínica do paciente e define a antibioticoterapia. Mas antes de iniciar o ATB, coleta o hemograma, PCR, hemocultura (os exames que auxiliarão na definição de qual bactéria é). Porque a depender pode escalonar o antibiótico pra baixo, ou seja, se foi administrado muito ATB potente, a depender da bactéria, pode recuar e reajustar a dose/atb. -Esses são os exames e essa é a conduta que vai ajudar a definir internar ou não. Se for internar, é porque tá grave e há a necessidade de fazer o raio x porque é preciso saber se há complicação. CONDUTAS NA ADMISSÃO HOSPITALAR RADIOGRAFIA DO TÓRAX - Não deve ser realizada de rotina para o diagnóstico de pneumonia em crianças sem sinais de gravidade (isso é QUESTÃO DE PROVA DE RESIDÊNCIA). Deve ser realizada nas seguintes situações: Se o paciente tiver critérios de gravidade (derrame pleural? Pneumatocele? Pneumotórax?). Se há dúvida de diagnóstico (Pneumonia, atelectasia?) Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade. Falha de resposta ao tratamento em 48h a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação) Paciente hospitalizado (PA e perfil). QUESTÃO DE PROVA: O paciente está em casa e com 48h volta com piora do quadro, aí é que você pede o raio x. Mas no primeiro momento em que foi feita a avaliação dele e que foi passado tratamento para casa, não havia necessidade de pedir raio x. Tem pneumonia? Sim! Do lado esquerdo! Tem derrame pleural ou atelectasia? Derrame pleural: Ele empurra o coração porque dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Ou seja, se chegou líquido no espaço pleural ele vai empurrar o coração para o outro lado. Atelectasia? Colaba o pulmão e então ele puxa. Se há atelectasia, puxa para um lado. Se for derrame, empurra para o lado contrário de onde está o derrame. O coração está “envolvido” por uma pneumonia e um derrame pleural. E esse mediastino e esse coração está um pouquinho desviado para o lado direito. PROVA: Clinicamente, qual é o dado do exame físico que diz se o paciente tem pneumonia ou pneumonia por derrame pleural? Ausculta, percussão ou frêmito? É o frêmito, porque a ausculta vai está reduzida em ambos, a percussão será macicez ou sub macicez em ambos e o frêmito vai estar ↑ na pneumonia e ↓ no derrame pleural. E durante muitos anos que a gente não tinha USG, a gente definia isso pela mão (frêmito), e achava o local para puncionar. 21 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica No perfil, é possível ver quantas curvas diafragmáticas? Uma! Porque a outra está apagada pelo derrame pleural. Tem pneumonia? Tem! Aqui tem um padrão, o do preenchimento alveolar. Pneumonia – infiltrado alveolar em pulmão esquerdo com desvio de mediastino para o lado direito secundário a derrame pleural. (QUESTÃO DE PROVA) O coração não está bem delimitado. O pulmão direitoé dividido em 3, a parte do meio é o lobo médio. Se borrou o contorno cardíaco do lado direito é infiltrado no lobo médio. PNEUMONIA POR M.PNEUMONIAE Condensação lobar – 8%. Condensação parcial – 13%. Padrão intersticial – 20%. Lobar + intersticial – 10%. Derrame pleural – 14%. - Mycoplasma sugere padrão intersticial. - O raio x não sugere etiologia. - A etiologia é um somatório de idade + evolução clínica + quadro clínico + antecedentes + exame físico + raio x. Retificação de arcos. Espessamento das costelas, alcaponamento de ar e hiper insuflação localizada, sinal de brônquio inflamado → sugere vírus. Tem uma parte mais pretinha. Pressão atmosférica superior a pressão intra torácica, então o ar entra. Se tiver um processo inflamatório brônquico e bronquiolar, a via área estreita, e na hora de expirar ele não vai conseguir colocar o ar todo para fora... então vai retendo o ar, fazendo um enfisema infeccioso. 01 - Tem acometimento dos dois lados, tem derrame pleural e há desvio do coração. Também há uma atelectasia do lado direito e tem uma pneumonia dos dois lados. Dica para avaliar se o coração está bem posicionado: é tomar como referência a coluna, e observar se o coração está em menor parte à direita e maior parte à esquerda. 02 – Isso é uma área de destruição de parênquima, isso é necrose pulmonar extensa, vai fazer pneumotórax dentro de alguns minutos. 22 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Apenas pneumonia! Pneumonia alveolar densa, de um lado só bem condensado e preenchido no lobo superior. Isso é bactéria. É uma pneumonia no lobo superior direito. 01 – Pneumonia e atelectasia em pulmão esquerdo 02 – Pneumonia segmentar 03 – O paciente 03 é o mesmo do 01, mas depois de ter feito fisioterapia. O coração veio para o lugar, porque em 01 tinha atelectasia. Pneumonia bilateral grave Derrame pleural e onde está circulado é pneumotórax. Pneumonia do lado esquerdo, tem derrame pleural (olha o tanto de coração que tem do lado direito), e ainda tem um pneumotórax. A traqueia também está desviada. Esse paciente precisou ser drenado. - Pneumonia bilateral, interstício alveolar, derrame pleural. - É uma pneumonia por s. aureus, acontecendo por disseminação hematogênica (rápida). Mas se nesse mesmo raio x eu digo que o paciente está tossindo por 1 mês, fazendo uma febre vespertina com perda peso, é tuberculose miliar. Perceberam PORQUE RAIO X NÃO DEFINE ETIOLOGIA? Tem que ter uma história! - Local que está circulado é área de necrose. - Pneumococo faz muita pneumonia lobar, pneumonia viral é mais intersticial, - faz atelectasia e hiper insuflação. 23 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica - Pneumonia por mycoplasma faz muito o padrão intersticial mais localizada e não difusa. - O vírus entra pela via área e se espalha, por isso que o infiltrado da pneumonia viral é bilateral. O do mycoplasma é mais localizado. Pneumococo faz muito um segmento só... Cavidade de parede grossa = abcesso pulmonar sem conteúdo. - Pneumotórax. - Fistula traqueobrônquica. - Esse é o mesmo paciente da foto abaixo, depois de ter drenado. Mas ainda tem ar “pra fora” mesmo estando com dreno, porque esse paciente desenvolveu um “escape aéreo” (fistula) que o dreno não tá conseguindo dar conta. E o diafragma rebaixo e coração desviado, por causa do pneumotórax. - Pulmão do lado direito em várias áreas de necrose e o dreno é porque ele fez um pneumotórax bilateral. - Paciente tem dreno e acesso venoso central e está na UTI. - Paciente está intubado, do lado esquerdo tem um pneumotórax. 01 – Derrame pleural, cavidades (circulado) e atelectasia (rosa). Tem umas bolas... paciente em tratamento de leucemia que está fazendo uma asperdilose. Precisa de um medicamento caríssimo e de uma TC. 24 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica Imagens conseguidas com colegas da sala Aqui tem pneumonia, e se só tenho esse exame, sem o do perfil, o primeiro passo é olhar o contorno cardíaco. Tá borrando? Não. Está desenhando. Se borrar o contorno cardíaco no lado direito é lobo médio. Se borrar no lado esquerdo, será na língula. Se não borrou é no lobo inferior. 25 Beatriz Machado de Almeida Resumo de Pneumologia Pediátrica TRATAMENTO DA PAC – AULA 4 INTRODUÇÃO Pacientes sem critério de gravidade → Iniciar o tratamento em domicilio e reavaliar com 48h a 72h. Sempre avaliar as condições clínicas e socioeconômicas do paciente para avaliar onde será realizado o tratamento. Observar se os pais tem condição financeira de comprar medicação, se sabem administra-la, se a criança tem ou não critérios de gravidade e se a criança aceita a medicação por via oral. Se o paciente está em bom estado geral, nível de consciência normal, sem tiragem (taquipneia leve sem uso da musculatura acessória), saturação boa, sem vômitos, sem convulsão → O tratamento pode ser iniciado em casa. Reavaliar com 48 a 72 horas. Toda vez que a gente decide tratar em casa, a gente tem que avisar a família que se o paciente piorar ou se a febre persistir por mais que 48 a 72 horas, ou ficar com um padrão respiratório mais desconfortável ou não aceitar o medicamento por via oral, o paciente TEM QUE retornar ao HOSPITAL! TRATAMENTO DOMICILIAR PRIMEIRA ESCOLHA PARA CRIANÇA ➢ AMOXICILINA – 50MG/KG/DIA DE 12/12 H OU DE 8/8 H POR 7 A 10 DIAS. Vai estar cobrindo o pneumococo, que é das bactérias, o agente etiológico mais frequente! Mas também cobre o Haemophilos influenzae. É um antibiótico de AMPLO espectro! Suspeita de Mycoplasma: Se o paciente estiver com o quadro arrastado, de uma tosse crônica, ausculta rica. Considerar utilização de macrolídeo se quadro clínico compatível com pneumonia por Mycoplasma ou Chlamydia. AZITROMICINA: 10MG/KG/DIA, 1VEZ AO DIA; POR 5 DIAS A 7 DIAS OU CLARITROMICINA :15 MG/KG/DIA DE 12/12H POR 10 A 14 DIAS Quando vou decidir cada antibiótico (amoxilina ou azitromicina)? Essa é uma decisão difícil! • Amoxilina: quadro de curta duração, com febre, queda do estado geral, paciente tá evoluindo nos últimos 3 a 4 dias com febre e com tosse, com a taquipneia: introduza a amoxilina. Um quadro mais agudo, rápido e de curta evolução (entre início dos sintomas e a consulta). • Azitromicina: se o paciente vem com um quadro há alguns dias, com tosse seca, que depois evoluiu para produtiva, com bom estado geral (BEG), sem tanta febre ou uma febre baixa, a gente vai considerar a possibilidade de Mycoplasma ou Chlamydia. A gente vai ter situações que combinam as duas medicações! TRATAMENTO HOSPITALAR Quando decidimos internar esse paciente, ou seja, tá com dispneia, tiragem intercostal, tiragem subdiafragmática, vômitos incoercíveis (sem parar), baixa do nível de consciência, queda do nível de saturação, sinais de gravidade. Se o paciente já chegar com derrame pleural. 1º - Ver com que padrão respiratório ele está! ▪ Estabilização ventilatória e hemodinâmica: Fazer quando o paciente estiver com a respiração desconfortável. Oferecer oxigênio, pegar um acesso venoso. ▪ Garantir nutrição adequada: Caso seja necessário dieta zero, iniciar NPT (nutrição parenteral). Se ele tiver muito desconfortável, vai ter que deixar em dieta zero e iniciar uma dieta por sonda. Se essa dieta 0 precisar ficar por mais que 48 a 72 horas, considerar uma nutrição parenteral (NPT). ▪ Suplementação de micronutrientes ▪ Hidratação ▪ Antibioticoterapia ▪ Procedimentos: Apenas se for necessário, como por exemplo a drenagem de tórax! EM CASO DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
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