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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Análise da Situação de Saúde em Territórios Projeto Pós-graduação Curso Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família Disciplina Planejamento e Gestão em Saúde Tema Análise da Situação de Saúde em Territórios Professor(a) Ivana Maria Saes Busato Coordenador(a) Vera Lucia Pereira dos Santos Introdução A análise da situação de saúde em territórios é um tema essencial para Gestão e Planejamento em Saúde. Inicialmente, abordaremos o conceito de território, passando para as ferramentas de levantamento de informações para realizar a análise situacional. Estudaremos e vigilância em saúde como instrumento de vigilância da situação de saúde de territórios, analisando cada um dos seus componentes. Aprenderemos sobre a ferramenta da Estimativa Rápida Popular para a análise da situação de saúde em territórios de equipes de saúde da família. Estudaremos, também, sobre o Sistema de Informação em saúde do Sistema Único de Saúde, conhecendo seus principais sistemas para a análise situacional com o qual encerraremos o aprendizado deste tema. (Vídeo disponível no material on-line) Problematização A Vila Resistência é uma comunidade que foi estabelecida há dez anos proveniente da migração de trabalhadores rurais do interior do estado. Esses trabalhadores e suas famílias foram expulsos do campo após a destruição das plantações de café provocada pelas grandes geadas. As primeiras 250 famílias montaram seus barracos ao lado da rodovia, num terreno do governo federal. Nesses dez anos, outras 625 famílias já se instalaram nesse terreno, ocupando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 essa área até as margens do rio. Hoje, são 4.375 pessoas morando entre o Rio Vermelho e a Rodovia. Uma Igreja que fica do outro lado da rodovia presta alguma assistência nessa comunidade. Membros dessa igreja, que discordam das atividades, realizaram um levantamento das características da comunidade para anexar ao abaixo-assinado que apresentarão à prefeitura exigindo a retirada da Vila Resistência do terreno. A alegação dessas pessoas está na grande quantidade de sujeira no local e problemas de segurança. Nessa vila, temos 875 casas, sendo algumas barracos de madeira velha e outras de alvenaria simples, sem reboco. A energia elétrica vem de ligações clandestinas e 50% das casas possui água de abastecimento, as demais famílias pegam água de uma torneira coletiva. Nenhuma casa possui caixa d’água e não há ligação de esgoto, há valetas a céu aberto que desembocam diretamente no rio. No rio, é despejado todo o lixo da comunidade porque não há coleta de lixo. A ocupação principal dos moradores da Vila Resistência é de catadores de material reciclável, eles usam suas casas para estocagem e separação do material, atravessadores compram os materiais em caminhões estacionados na beira da rodovia, deixando bastante sujeira nesse quilômetro da estrada, o que já provocou acidente. A escola de ensino fundamental mais próxima fica na outra margem do rio, não tendo ponte para atravessá-lo na área, a ponte mais próxima fica distante 10 quilômetros e não há creches disponíveis na região, somente a igreja do outro lado da rodovia abriga 20 crianças com idade de 02 a 6 anos, temporariamente. O ensino médio fica no centro da cidade distante 20 quilômetros indo pela rodovia. A população é caracterizada por haver 1.555 adultos, sendo 65% mulheres, e 10% idosos. Na idade entre 12 a 18 anos, temos 1.020 adolescentes. As crianças são a maioria do total de 1.800, temos crianças de até 2 anos de idade (411), acima de 2 até 6 anos (777) e acima de 6 anos até 12 anos (612). Na época do levantamento, havia 57 gestantes na idade adulta e 35 adolescentes grávidas, não conseguiram levantar quantas pessoas possuem doenças crônicas, mas perceberam uma grande quantidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 de adultos e adolescentes alcoólatras e usuários de drogas. Vários adolescentes, homens e mulheres, fazem da rodovia o local para realizar pequenos furtos e outros são aliciados para a prostituição. Na enchente do ano passado, cinco pessoas morreram de leptospirose. A igreja é frequentemente procurada para levar alguém em emergência para hospital por ferimentos provocados na coleta e separação de material reciclável, por facadas e armas de fogo. O prefeito recebeu o abaixo-assinado e encaminhou para você, gestor da saúde do município, para avaliação. Os moradores da Vila Resistência ficaram sabendo desse abaixo-assinado e fizeram protesto fechando a rodovia com pneus queimados por duas horas. Como gestor da saúde do município, qual seria sua primeira proposta para o prefeito? Quais áreas da secretaria da saúde você encaminharia para a análise do problema da Vila Resistência? (Vídeo disponível no material on-line) Conceito de Território As diretrizes estratégicas do SUS (Lei 8.080/1990) influenciaram a definição do território. O processo de descentralização e a organização desses serviços seguem os princípios da regionalização e hierarquização, delimitando uma base territorial, instrumentalizadas na atuação dos agentes de saúde, da equipe de saúde da família e a área de abrangência de postos de saúde (PEREIRA & BARCELLOS, 2006). Monken & Barcellos (2005) também destacam a indução realizada pelo SUS para a territorialização. Teixeira et al. (1993) apontam que a concepção de território foi colocada num contexto político-administrativo específico visando a reorganização dos serviços com base territorial/populacional, como proposta de descentralização da gestão do Sistema Único de Saúde. O território é um espaço em permanente construção, produto de uma dinâmica social, onde vários sujeitos sociais inter-relacionam-se causando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 tensões. Assim, neste conflito constante, o território nunca está acabado, havendo permanentemente construção e reconstrução. Portanto, a concepção de território-processo ultrapassa o conceito de uma superfície-solo e as características geofísicas para instituir-se como um território econômico, político, cultural e epidemiológico. É importante lembrar que esse conceito de território, que apresentamos, é coerente com o método de planejamento, que requer uma base territorial. Sendo assim, não é compreendido apenas como um espaço geográfico, mas sim como o local em que se dá o processo de vida da comunidade, a interação de distintos atores sociais com qualificações sociais, econômicas, culturais, políticas, epidemiológicas e históricas distintas. Define-se também a micro área de risco como a área de menor extensão territorial, onde é possível afirmar que a população tem condições de vida homogêneas (TANCREDI, 1998). Uma das diretrizes da atenção básica é ter territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações, desenvolvendo ações por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe (BRASIL, 2012). Para conhecer melhor a Política Nacional de Atenção Básica, acesse o link a seguir. http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf Uma das diretrizes da atenção básica está em ter território adstrito para o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com impacto na situação, nos condicionantes e nos determinantes da saúde das coletividades que constituem aquele território, sempre em consonância com o princípio da equidade. O trabalho na Estratégia de Saúde da Família exige que as equipes tenham responsabilidade sanitária por esse território, vamos analisar essa diretriz da Política Nacional da Atenção Básica novídeo a seguir! http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 (Vídeo disponível no material on-line) Vigilância em Saúde como ferramenta de Análise Situacional A vigilância em saúde é um conjunto de ações que visa controlar fatores de risco à saúde, tendo como principal objetivo a garantia da integralidade da atenção diante dos problemas de saúde, incluindo a abordagem individual e a coletiva. Os componentes da vigilância em saúde integram-se de forma institucional, por meio de órgãos do Estado nos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal). Constituem-se como componentes da vigilância em saúde: vigilância ambiental, vigilância sanitária, vigilância epidemiológica e saúde do trabalhador (BRASIL, 2010). Acesse o link a seguir que contém a cartilha sobre a vigilância em saúde do Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacto_saude_volume13.pdf A vigilância epidemiológica é um dos componentes da vigilância em saúde que permite o conhecimento da situação por meio de ações que proporcionam a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. As funções da vigilância epidemiológica são: coleta de dados; processamento de dados coletados; análise e interpretação dos dados processados; recomendação das medidas de prevenção e controle apropriados; promoção das ações de prevenção e controle indicados; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas e a divulgação de informações. (BRASIL, 2010). O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica tem a participação de todos os seus componentes que, direta ou indiretamente, notificam doenças, agravos e eventos, prestam serviços a grupos populacionais ou orientam a conduta a ser tomada para a prevenção e controle de doenças e agravos. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacto_saude_volume13.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Temos alguns tipos de dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que são: dados demográficos, ambientais, socioeconômicos, morbidade e de mortalidade (BRASIL, 2009). Conheça o Guia de Vigilância Epidemiológica no link do Ministério da Saúde a seguir. ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ZOO/lepto_gve7ed_atual.pdf A vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL, 2010). O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária foi definido pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, apontando que esse sistema é um importante instrumento do SUS para realizar seu objetivo de prevenção e promoção da saúde. O Sistema engloba unidades nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) com responsabilidades compartilhadas (BRASIL, 1999). A competência da União para legislar sobre a vigilância sanitária estabelece normas e regulamentos gerais de alcance nacional por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que é responsável também por dar suporte para todas as atividades da área no país. As normas sanitárias são expressas no Código Sanitário e cada esfera de governo (municipal, estadual e federal) estabelece por lei o seu código sanitário específico, levando em consideração a legislação vigente (BRASIL, 1999). Acesse o link da ANVISA para conhecê-la um pouco mais. http://portal.anvisa.gov.br/ ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ZOO/lepto_gve7ed_atual.pdf http://portal.anvisa.gov.br/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 A vigilância ambiental avalia e analisa qualquer mudança do ambiente que pode interferir nos fatores que determinam e condicionam o processo saúde-doença. Essa vigilância recomenda e adota medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambiental relacionados às doenças e outros agravos à saúde, com prioridade para a vigilância da qualidade da água para consumo humano, do ar, e do solo; desastres de origem natural; substâncias químicas e acidentes com produtos perigosos; fatores físicos, e o ambiente de trabalho (BRASIL, 2010). A vigilância da saúde do trabalhador é um conjunto de atividades que se destina à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho com ações de assistência ao trabalhador, vítima de acidente de trabalho ou portador de doença profissional, estudos, pesquisas, avaliação e controle de riscos e agravos potenciais à saúde (BRASIL, 2010). A análise da situação de saúde permite a identificação, descrição, priorização e explicação dos problemas de saúde da população, porque aponta as características da população, a caracterização das condições de vida e condições de saúde e de doença de uma população em um território específico (BRASIL, 2010). Como podemos ver na figura, a seguir, a interseção das informações entre os componentes da vigilância em saúde, possibilita a análise situacional de um território. Vigilância Ambiental Vigilância Epidemiológica Saúde do Trabalhador Vigilância Sanitária Situação de Saúde CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Análise Situacional e a Estimativa Rápida Participativa A Estimativa Rápida Participativa (ERP) é um método que apoia o planejamento no sentido de contribuir para a identificação das necessidades de saúde de grupos distintos, a partir da própria população, em conjunto com os administradores de saúde. A ERP propicia a identificação das condições de vida da população e a maneira como ela se distribui pelo território, evidenciando problemas que afetam a população e seus determinantes sociais, econômicos e ambientais. Tem como vantagens a simplicidade, baixo custo, rapidez, com informações específicas de populações definidas. Apresenta três princípios: coletar dados pertinentes e necessários; coletar informações que reflitam as condições locais e as situações específicas; e envolver a comunidade na definição de seus próprios problemas e na busca de soluções. O método se fundamenta na análise da distribuição espacial das características socioeconômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas, o que auxilia a identificação das particularidades e evidencia as áreas de maior prioridade, orientando o planejamento das ações de saúde (TANCREDI, 1998). A ERP pode ser uma excelente ferramenta para equipes de saúde das famílias. Assista ao vídeo e conheça as etapas do método da Estimativa Rápida Popular para realizar a análise situacional por meio de um exemplo de um território da Estratégia de Saúde da Família. A ERP trabalha, fundamentalmente, com três fontes de dados: registros escritos, tanto de fontes primárias quanto de secundárias; entrevistas com informantes-chave; e observação de campo. (Vídeo disponível no material on-line) Sistema de Informação em Saúde para Análise Situacional O Sistema de Informação em Saúde integra as estruturas organizacionais no Sistema Único de Saúde em todos os níveis. É constituído por vários subsistemas e tem, como propósito geral, facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo CCDD – Centro de Criação e DesenvolvimentoDialógico 9 de tomada de decisões. Um dos objetivos básicos do Sistema de Informação em Saúde, na concepção do Sistema Único de Saúde, é possibilitar a análise da situação de saúde no nível local, tomando como referencial microrregiões homogêneas e considerando, necessariamente, as condições de vida da população na determinação do processo saúde-doença. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) É o mais importante para a Vigilância Epidemiológica. Foi desenvolvido para ser operado a partir das unidades de saúde, considerando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de notificação, em todo o território nacional, desde o nível local. É alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluírem outros problemas de saúde, importantes em sua região. O número de doenças e agravos contemplados pelo SINAN vem aumentando progressivamente, desde seu processo de implementação, em 1993, sem uma relação direta com a compulsoriedade nacional da notificação, expressando as diferenças regionais de perfis de morbidade registradas no Sistema. A entrada de dados, no SINAN, é feita mediante a utilização de formulários padronizados. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) A Declaração de Óbito (DO) é o instrumento padronizado de coleta de dados, cuja emissão e distribuição são de competência exclusiva do Ministério da Saúde. O preenchimento da DO deve ser realizado exclusivamente por médicos, exceto em locais onde não existam esses profissionais, situações nas quais poderá ser preenchida por oficiais de Cartórios de Registro Civil, sendo também assinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de preenchimento desse instrumento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal 6.015/73. O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do evento. Traz informações sobre as características de pessoa, tempo e lugar, da ocorrência do óbito assistência prestada ao paciente, causas básicas e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 associadas de óbito, que são extremamente relevantes e muito utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da população. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) O número de nascidos vivos constitui-se em relevante informação para o campo da saúde pública; pois, a partir do mesmo, pode-se construir inúmeros indicadores, voltados para avaliação de riscos à saúde do segmento materno- infantil, por representar o denominador dos coeficientes de mortalidade infantil e materna, dentre outros. O SINASC tem, como instrumento padronizado de coleta de dados, a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a exemplo da DO, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Tanto a emissão da DN, como o seu registro em cartório, são realizados no município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida pelos hospitais e por outras instituições de saúde que realizam parto e nos Cartórios de Registro Civil quando o nascimento da criança ocorre no domicílio. A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país. Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) O SIH/SUS não foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósito de operar o sistema de pagamento de internação nos hospitais, contratados pelo Ministério da Previdência. Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos hospitalares realizados no país, tratando-se, portanto, de uma grande fonte de dados sobre os agravos à saúde que requerem internação, contribuindo expressivamente para o conhecimento da situação de saúde e a gestão de serviços. O instrumento de coleta de dados é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados, a partir de uma série numérica única definida anualmente em portaria ministerial. Esse formulário contém os dados de atendimento, com o diagnóstico de internamento e da alta (codificado de acordo com a CID), informações relativas às características de pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das internações, procedimentos realizados, os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 valores pagos e os dados cadastrais das unidades de saúde, entre outros, que permitem a sua utilização para fins epidemiológicos. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) O Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) é o instrumento de ordenação do pagamento dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando, como informação aos gestores, apenas o gasto por natureza jurídica do prestador. Por obedecer à lógica de pagamento por procedimento, não se registra o CID do diagnóstico dos pacientes e, portanto, não pode ser utilizado como informação epidemiológica, ou seja, seus dados não permitem o delineamento dos perfis de morbidade da população, a não ser pelo que se pode inferir a partir dos serviços utilizados. Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais, outros indicadores operacionais podem ser importantes, como complemento das análises epidemiológicas, a exemplo de: número de consultas médicas por habitante ao ano, número de consultas médicas por consultório, número de exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas médicas. Sistema de Informações de Atenção Básica (SIAB) Sistema de informação com base territorial que coleta dados, os quais possibilitam a construção de indicadores populacionais, referentes a áreas de abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde e da Estratégia de Saúde da Família. A base de dados do SIAB possui três blocos: o cadastramento familiar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de saneamento básico dos domicílios); o acompanhamento de grupos de risco (crianças menores de 2 anos, gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas com tuberculose e pessoas com hanseníase); e o registro de atividades, procedimentos e notificações (produção e cobertura de ações e serviços básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) O SISVAN tem como objetivo fornecer informações sobre o estado nutricional da população e de fatores que o influenciam. Disponibiliza informações para monitoramento do estado nutricional de diferentes grupos populacionais atendidos nos estabelecimentos de saúde e por profissionais da Estratégia Saúde da Família e pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde. A partir de 2006, foi disponibilizada a possibilidade de inserção de dados de usuários do Programa Bolsa Família acompanhados pelo setor de saúde (mulheres em idade fértil e crianças menores de 7 anos). Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) Esse sistema, implantado em todos os municípios brasileiros, fornece dados relativos à cobertura vacinal de rotina e em campanhas, taxa de abandono e controle do envio de boletins de imunização. Além do módulo de avaliação do PNI, esse sistema dispõe de um subsistema de estoque e distribuição de imunobiológicos para fins gerenciais. Acesse o link a seguir e conheça os demais sistemas que compõem o Sistema de Informação em Saúde do SUS. http://bvsms.saude.gov.br/sistemas-de-informacao/ Revendo a Problematização Agora que você sabe como acontece a análise da situação de saúde em territórios, veja a seguir as possíveis ações em relação à situação que lhe foi apresentada no começo deste tema. Escolha aquela que você acredita ser a mais adequada: a. Encaminharia a proposta para relocação imediata de todos os moradoresdessa comunidade. b. Proporia uma equipe pluri-institucional (habitação, assistência social, saúde, educação e segurança) para realizar um estudo sócio ambiental e das condições de saúde da Vila Resistência. Enquanto gestor da saúde, destacaria a equipe da vigilância em saúde para realizar uma http://bvsms.saude.gov.br/sistemas-de-informacao/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Análise da Situação de saúde dessa comunidade para realizar o planejamento da atenção à saúde. c. Destacaria a equipe da vigilância em saúde para realizar uma Análise da Situação de saúde dessa comunidade para realizar o planejamento da atenção à saúde, de imediato, destacaria uma equipe de saúde da estratégia de saúde da família para realizar atenção básica, e colocaria uma ambulância na Igreja para transporte de pacientes para outros serviços de saúde. Responderia ao prefeito que a saúde já estaria cumprindo sua responsabilidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Feedback a. Essa proposta parece ser a mais indicada diante das condições do local de moradia dessa comunidade, contudo a relocação de 625 famílias exige investimento e planejamento do município. Providenciar um terreno, a construção das residências, a avaliação sócio assistencial e demais ações que são necessárias para a relocação dessas famílias levam tempo que as necessidades de atenção à saúde não podem esperar. A população da Vila Resistência continuará insatisfeita com a atuação da administração municipal, não há qualquer proposta para atenção à saúde dessa comunidade, por isso, poderá realizar outros protestos. b. Você está sugerindo uma proposta importante para a administração pública. Essa proposta poderá trazer solução definitiva para a comunidade, com atuação de várias instituições. A saúde utilizará a vigilância em saúde como ferramenta de Análise da Situação de Saúde da população integrando as vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador para realizar o planejamento da atenção à saúde. c. Os conceitos da vigilância em saúde apontam a necessidade de atuação de várias instituições de setores governamentais para solucionar problemas que interferem nas condições de vida de uma comunidade. Sua proposta é muita boa para equacionar os problemas de assistência à saúde da Vila Resistência, contudo não alterará as condições de vida e consequentemente os condicionantes e determinantes do processo saúde-doença. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Síntese O principal objetivo deste tema foi aprender uma das principais etapas para a realização de planejamento, a Análise da Situação de Saúde ou Análise Situacional de um Território. Iniciamos com o conceito de território que ultrapassa o conceito geográfico. A vigilância em saúde e o Sistema de Informação em Saúde são importantes para a realização dessa análise. Pudemos conhecer também uma estratégia apropriada para territórios de equipes de saúde da família, simples e de baixo custo para realizar a análise situacional e a Estimativa Rápida Popular (ERP). (Vídeo disponível no material on-line) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Referências BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 27/01/1999, p. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica/7. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 108 p.: (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 13) (a). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 110 p.: il. (Série E. Legislação em Saúde). MONKEN, Maurício; BARCELLOS, Christovam. Vigilância em saúde e território utilizado: possibilidades teóricas e metodológicas. Cad. Saúde Pública [online]. 2005, vol. 21, n. 3, pp. 898-906. PEREIRA, Martha Priscila Bezerra; BARCELLOS Christovam. O Território No Programa de Saúde da Família Hygeia, 2(2):47-55, Jun. 2006. TANCREDI, Francisco Bernadini; BARRIOS, Susana Rosa Lopez; FERREIRA, José Henrique Germann. Planejamento em Saúde, vol. 2, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. (Série Saúde & Cidadania). TEIXEIRA, Carmen F. et al. O contexto político-administrativo da implantação de Distritos Sanitários no Estado da Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 1993, vol. 9, n. 1, pp. 79-84. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Atividades Classifique em verdadeiro ou falso as afirmações referentes à atuação 1. da vigilância ambiental em conjunto com a vigilância sanitária. Em seguida, assinale a alternativa correta: ( ) Garantia de equilíbrio entre saúde humana e meio ambiente. ( ) Atuação no ambiente natural para permitir contaminação dos recursos naturais. ( ) Não tem qualquer atuação na urbanização. ( ) Garantia da qualidade de água de consumo humano. ( ) Atua nos ambientes de trabalho. a. V, F, F, V, V. b. F, F, V, V, V. c. V, V, F, V, F. d. V, F, F, F, F. A vigilância epidemiológica é um dos componentes da vigilância em 2. saúde que permite o conhecimento da ________________ das pessoas e da população, importante para o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores __________________ de saúde individual ou coletiva com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de______________ das doenças ou agravos. Assinale a alternativa que completa o texto corretamente. a. Situação ambiental, determinantes e condicionantes, prevenção e detecção. b. Situação de saúde, determinantes e condicionantes, prevenção e controle. c. Situação de doenças, ambientais, internamento e prevenção. d. Situação de saúde, ambientais, internamento e controle. A Estimativa Rápida Popular é uma estratégia de análise situacional que 3. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 pode ser usada com melhor resultado para o planejamento de qual tipo de território? Analise as alternativas a seguir e assinale a correta: a. Países da América Latina. b. Estados do nordeste brasileiro. c. Região Sul do Brasil. d. Territórios de equipes de saúde da família. Analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta sobre o 4. território: I - Sempre corresponde aos limites geofísicos. II - Espaço em permanente construção, produto de uma dinâmica social onde há vários sujeitos sociais. III - Uma das diretrizes estratégicas do SUS. a. Somente a proposição III está correta b. As proposições I II e III estão corretas c. As proposições II e III estão corretas d. Somente a proposição I está correta Correlacione as colunas corretamente sobre as características de cada 5. sistema que compõe o Sistema de Informação em Saúde. Depois, assinale alternativa correta: I. SIM ( ) Fornece dados sobre agravos de notificação. II. SINASC ( )Informa as internações e os procedimentos realizados. III. SIA/SUS ( ) Mostra assistência prestada ao paciente, causas básicas e associadas de óbito. IV. SIAB ( ) Contém o número de consultas médicas por habitante ao ano. V. SINAN ( ) Avalia os riscos à saúde do segmento materno-infantil. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 VI. SIH/SUS ( ) Informa sobre áreas de abrangênciada Estratégia de Saúde da Família. a. VI, I, III, II, IV, V b. II, V, VI, III, I, IV c. V, III, II, I, VI,VI d. V, VI, I, III, II, IV
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