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P á g i n a | 1 Paralisia Facial Anatomia Nervo facial – VI par craniano → é um nervo misto motor e sensitivo. A parte motora é responsável pelos movimentos dos músculos da mimica do rosto: Na imagem vemos uma paralisia facial no lado esquerdo, puxando a boca para o lado bom. O lado que o olho permanece aberto é o lado que tem a lesão. A parte sensitiva é um ramo que vai para o conduto auditivo externo. Por isso que quando mexemos no ouvido do paciente, ele tosse. O paciente que tem pouco tecido subcutâneo no ouvido, por exemplo o idosos, as vezes não conseguimos trabalhar no conduto auditivo externo dele, nem limpar, que ele tem que tossir, pelo ramo sensitivo do facial. Segmentos do nervo facial: 1) Segmento supranuclear: paralisias centrais. Contração involuntária da musculatura da mímica – lágrimas de crocodilo. 2) Segmento nuclear: A lesão isolada do núcleo do facial faz paralisia periférica, com comprometimentoda muscula ipsilateral da face. 3) Segmento infranuclear: Subdividido em 6 segmentos: pontino (intracraniano), meatal, labiríntico, timpânico, mastoídeo e extratemporal. Isabela Terra Raupp Profª Ingrid Wendland Santanna P á g i n a | 2 Diagnóstico topográfico do nervo: Localização da lesão ao longo do trajeto do facial. Extracraniano: Parotida. Timpanomastoide: parte do nervo que tem o curso dentro do ouvido médio (entre membrana timpânica e saída do gânglio geniculado na parte posterior) e vai inervar o estribo. Inerva também a língua, glândula submandibular e glândula sublingual. Gânglio geniculado: inerva glândula lacrimal. Meato acústico interno: onde tem um conduto que vai o nervo facial, nervo vestibular (equilíbrio) e o nervo coclear (audição). Ângulo ponto cerebelar: entre esse ponto e o meato acústico interno é onde dão os tumores chamados de neurinomas. São tumores benignos, mas de comportamento ruim porque podem pegar o nervo facial e os outros nervos do meato acústico, causando alterações de equilíbrio e audição. Nuclear: nos núcleos da base. Supranuclear – lesão contralateral. Observe a relação da saída do nervo com a mastoide, com o conduto auditivo externo. Os ramos do facial vão inervar o m. orbicular dos olhos, a rima labial, a parte cervical (m. plastisma que vai em direção ao pescoço). Função do nervo facial Atividade motora dos músculos da mímica facial – o que nos dá expressões; Estimulação das glândulas lacrimais, salivares sublinguais e submandibulares; Gustação dos 2/3 anteriores da língua. Lesão: Depende do topodiagnóstico. Prejuízo na função motora da hemiface homolateral ao nervo facial afetado. Dificulta: piscar, elevar de sobrancelhas, alimentação, fala, sorriso; Prejuízo funcional, estético e psicológico. Geralmente é súbita. O paciente começa a babar, não consegue fechar a boca, não consegue levantar a pálpebra e logo o paciente já pensa que é um AVE. P á g i n a | 3 Fisiopatologia • 5 classes: Classe I (neuropraxia): compressão do fluxo de axoplasma ao axônio distal. A condução nervosa está preservada acima e abaixo do local da lesão, não ocorrendo degeneração walleriana. Uma vez removido o processo compressivo, ocorre remielinização; Classe II (axoniotmese): degeneração walleriana distal à lesão, caracterizada por preservação do endoneuro dos axônios motores; Classe III à V (neurotmese): degeneração walleriana seguido de perda da camada endoneural (classe III), perda das camadas endo e perineural (classe IV) e perda das camadas endo, peri e epineural (classe V), podendo ser por trauma, cirurgias de ouvido, tumores de parótida. Algum comprometimento da estrutura de sustentação conjuntiva do nervo e lesão axonal. Havendo proximidade dos tubos endoneurais comprometidos, a recuperação funcional espontânea pode ocorrer, porém nem sempre é satisfatória. 1- Fraqueza periférica dos músculos da expressão facial, perda auditiva ou surdez e excitabilidade auditiva diminuída 2- Alteração periférica e alteração do paladar, da lacrimação e da salivação. 3- Fraqueza dos músculos da expressão facial, alteração do paladar e da salivação e perda auditiva. 4- Fraqueza periférica dos músculos do paladar (n. corda do tímpano) e da salivação. 5- Fraqueza periférica dos músculos da expressão facial. P á g i n a | 4 Doenças que cursam com paralisia facial periférica 1. Extracanianas: que passam o côndilo da mandíbula e o conduto auditivo externo. a. Traumáticas: laceração facial, contusão, FAF, fratura de mandíbula, injúrias iatrogênicas, paralisia do neonato (trauma de parto, puxa com o forceps). b. Neoplasicas: parótida, CAE, neuroma facial → grandes chances de dar lesão. c. Congênitas: ausência de inervação musculatura facial → difícil de diagnosticar. 2. Intratemporais: osso do ouvido onde o nervo facial cruza. a. Traumáticas: fratura da pirâmide petrosa, ferimentos penetrantes (tiro, tentativa de suicídio com arma de fogo – fica com tontura, paralisia facial e surdez), injúrias iatrogênicas. b. Neoplásicas: tumor glômico (tumor vascular de jugular ou carótida – comprime nervo), colesteatoma (causa necrose e lise óssea até o nervo), neuroma facial, hemangioma, meningioma, neuroma acústico (conduto auditivo interno), rabdomiossarcoma, cisto aracnoideo, CEC, CBC, metástases. c. Infecciosas: OMA (facial passa no assoalho do ouvido médio e se tem secreção purulenta ela pode contaminar e fazer pressão. O facial passa dentro do canal ósseo, que faz com que ele fique mais próximo da infecção e pelo edema, faz a paralisia), OMC, OM maligna (imunocomprometidos, que dá bem na fissura do conduto auditivo externo entre a cartilagem e o osso), Herpes zoster (síndrome de Ramsey-Hunt, podendo ter paralisia facial + vesículas do conduto auditivo externo + surdez). d. Idiopatica: paralisia de Bell, síndrome de Melkersson Rosenthal. e. Congênitas: osteoporose e colesteatoma. 3. Intracranianas: a. Injuria iatrogênica b. Neoplasias c. Congênitas: síndrome de Mobius, ausência de unidade motora. 4. Doenças que podem causar paralisia facial bilateral: DM, paralisia de Bell, sarcoidose, poliartrite nodosa, síndrome de Guillain Barré, Miastenia gravis, paralisia bulbar, porfiria, leucemias, distrodia miotônica, meningite, síndrome Mobius, botulismo, mononucleose infecciosa, lepra, malária, poliomielite, doença de Lyme, sífilis, uso de isoniazida, osteoporose, neuropatia por vacinação. P á g i n a | 5 Avaliação do paciente com paralisia facial Em uma paralisia central somente há envolvimento do movimento voluntário do terço inferior do da face, e as secreções salivares e lacrimais e a gustação não estão envolvidas. Pacientes com essa característica devem ser encaminhados ao neurologista com urgência. 1) Saber se é central ou periférica: Central a paralisia é mais perigosa, pode ser um tumor, um AVE. 2) Se periférica, saber localização: Se periférica saber onde está a lesão, que pode ser desmielinizante, pode ser de foco infeccioso no ouvido, pode ter lesão tumoral no conduto auditivo interno. Grau de paralisia – sistema de House-Brackmann Grau 1: normal o Função facial normal em todas as áreas Grau 2: disfunção leve o Geral: leve fraqueza notável apenas à inspeção próxima, pode haver sincinesia muito discreta. o No repouso, simetria e tônus normais. o Ao movimento: Testa: função boa a moderada Olho: fechamento com mínimo esforço Boca: leve assimetria. Grau 3: disfunção moderada o Geral: diferença óbvia mas não desfigurante entre os dois lados, sincinesia e/ou espasmo hemifacial notáveismas não severos. o Ao repouso: simetria e tônus normais o Ao movimento: PERIFÉRICA: - Atinge toda hemiface. - É homolateral a lesão. - A lesão é nuclear (núcleo motor do nervo facial) ou infranuclear (mais comum). - Causas: idiopática, viral, diabetes, trauma. CENTRAL: - Atinge somente a metade inferior da hemiface. - É contralateral a lesão. - A lesão é supranuclear (no trato córtico-nuclear). - Exame de imagem imediato e avaliação com o neurologista - Causas: AVC, tumor, abcesso cerebral. P á g i n a | 6 Testa: movimento moderado a leve Olho: fechamento completo com esforço Boca: levemente fraca com máximo de esforço. Grau 4: disfunção moderadamente severa o Geral: fraqueza óbvia e/ou assimetria desconfigurante. o No repouso: simetria e tônus normais. o Ao movimento: Testa: nenhum movimento Olho: fechamento incompleto Boca: assimetria com máximo esforço. Grau 5: disfunção severa o Geral: apenas uma movimentação discretamente perceptível o No repouso: assimetria o Ao movimento: Testa: nenhum movimento Olho: fechado incompleto Boca: movimento discreto Grau 6: paralisia total o Nenhum movimento Sempre em repouso e movimento, porque quando temos um grau avançado, se perde até a rima labial. A avaliação é importante porque as vezes um paciente vem em um grau e vai piorando. Pode ser uma lesão tumoral evoluindo, infecção→ vou ter que investigar diferente. Ou o contrário, o paciente vem diminuindo o grau na classificação → tratamento funcionante. Anamnese • História de trauma, contato com carrapato (Doença de Lyme – pedir onde ele trabalha), vesículas (Herpes Zoster), otorreia (otite média) ou surgimento congênito ou neonatal; P á g i n a | 7 • Definir entre quadro súbito e tardio, uma vez que a maioria dos casos de PFP são de caráter súbito, sendo as paralisias de origem tardia relacionadas a causas infecciosas ou traumáticas. • Isso porque, por exemplo, a gente pode ter um trauma, como um acidente de carro e bater a região temporal, fazendo um hematoma retroauricular que acomete o ouvido médio e as vezes a compressão do sangue, com a passagem dos dias, vai causar a paralisia facial. • Se eu faço uma cirurgia no tímpano do paciente e depois no 4 dia ele fica com paralisa, eu sei que não foi minha causa porque se tivesse lesado o nervo, logo ele teria ficado com paralisia. Ela pode ser por um edema, por manipulação ou infecção. • Piora dentro das primeiras três semanas de história deve ser minuciosamente investigada quanto à possibilidade de neoplasia. • Paralisia facial recorrente pode indicar malignidade, embora possa ocorrer tal fato na Paralisia de Bell e na Síndrome de Melkersson-Rosenthal; Exame físico • Exame da cavidade oral, orofaringe, cabeça e pescoço e tórax (somente 2/3 dos pacientes com Síndrome de Ramsay Hunt têm vesículas localizadas no ouvido); • Otoscopia (estabelecer etiologias como otite média, otite externa maligna ou tumores, situações em que se faz necessário exame de imagem); • Palpação bimanual (exame também deve excluir massas na cabeça ou pescoço, principalmente de parótidas); • Testar outros pares cranianos; • Sempre lembrar do topodiagnóstico para testar lacrimejamento, vê o sabor (2/3 anteriores da língua), a motricidade; P á g i n a | 8 Exames complementares • Exames sorológicos (para Lyme, por exemplo); • Aids também pode cursar com paralisia facial; • Rubéola, sarampo e toxoplasmose não são tão comuns, mas ocasionalmente podem acontecer. • PCR (confirmar a presença de herpes zoster – em estudo); • Glicemia de jejum e teste de tolerância a glicose (diabetes mellitus); • RNM (maior acurácia para detecção de tumores). Para ver a lesão no gânglio geniculado. Mostra captação maior em relação ao lado contralateral. Testes eletrofisiológicos São testes importantes para testar como está a musculatura, como está a recuperação do nervo de forma numérica. • Teste de excitabilidade nervosa (NET ou Hilger): Determina o limiar de estímulo elétrico no nervo necessário para provocar movimento em ampéres. • Deve ser realizado, exclusivamente, nos casos de paralisia completa (1as 2 a 3 semanas), pois nas incompletas será sempre normal. • Não prevê a recuperação do nervo; • Compara a intensidade elétrica necessária para desencadear a contração da musculatura facial do lado íntegro com o lado acometido. • Teste de estimulação máxima (MST): Método subjetivo de avaliar movimentos faciais estimulados eletricamente. A desvantagem é que esse exame é doloroso para alguns pacientes. • O exame é normal nos pacientes classe I e alterado entre II-V; • Choques para ver como o rosto de mexe. • Eletroneurografia (ENoG): A principal vantagem é a possibilidade de um registro objetivo das respostas obtidas eletricamente. • Prognóstico na Paralisia de Bell e pós-traumática e para selecionar candidatos à descompressão cirúrgica; • Avalia necessidade de enxerto ou de piora no nervo. • Eletromiografia (EMG): Registro de potenciais musculares espontâneos e voluntários por agulhas introduzidas na musculatura facial. • Exame complementar na avaliação de paralisia aguda e essencial no seguimento de paralisias de longa duração. • Não adianta fazer nos primeiros dias depois da paralisia porque ele não vai me dar o grau exato do comprometimento dos músculos. Testes topodiagnósticos Baseiam-se no conhecimento do trajeto e da função do nervo facial, a fim de estabelecer o local da lesão. Atualmente, o local da lesão é melhor determinado pela TC ou RNM. P á g i n a | 9 • BERA, audiometria tonal e vocal e função vestibular: Avaliação do comprometimento associado do VIII nervo craniano – avalia tronco cerebral; • Teste de Schirmer (lacrimejamento): É considerada normal diferença de lacrimejamento menor que 30% entre os lados. Diferença maior no lado afetado indica disfunção do nervo petroso superficial maior e, portanto, lesão acima ou no gânglio geniculado; • É realizado com papéis de filtro de 0,5 x 5 cm no fórnix conjuntival inferior de cada olho por 5 minutos. Diferença menor de 30% é considerado normal. • Reflexo Estapediano: Indica lesão do nervo distal à emergência da inervação do músculo estapediano; São plugs que mandam som no conduto auditivo externo e medem o reflexo nessa região. É importante para ver se a lesão no nervo está acima do estapédio ou abaixo dele. Usado também para ver a quantidade de secreção no ouvido médio. • Paladar: A função gustativa estará alterada nas lesões acima da emergência do corda do tímpano. É avaliado pela estimulação de agulhas ou de essências; Eletrogustômetro - corrente galvânica desperta sensação gustatória de caráter metálico ou ácido. Avaliação das duas metades anteriores da língua com as 4 sensações básicas. Ou usa-se essências em cotonetes embebidados em sal, açúcar, limão e café. • Fluxo salivar (Blatt): canulação dos ductos de Wharton e estimulação (limão). Avalia o tanto que há de saliva (fluxo). Uma diferença maior que 40% no fluxo salivar entre o normal e o paralisado, significa comprometimento do facial. • Diferença maior no lado afetado indica disfunção do nervo petroso superficial maior e, portanto, lesão acima ou no gânglio geniculado P á g i n a | 10 Etiologias: Paralisia de Bell • Clínica: • A paralisia é periférica, flácida, súbita (instalação em 24 a 48 horas) e idiopática. • A paralisia pode piorar até o décimo dia. • Epidemiologia • É a forma mais comum de paralisia facial, correspondendo a 60 a 80% dos casos, sendo diagnosticada após a exclusão das demais causas; • Abrange idades entre 15 e 45 anos. Não há diferença significativa entre os sexos; • A paralisia deBell costuma de manifestar om mais frequência após infecções virais e durante a gravidez. • 40 mil pessoas apresentam PFP nos EUA. • Hipóteses etiológicas: • A fisiopatologia não é precisa, sendo sugerido alterações hormonais, retenção de fluidos, hipertensão, infecção e processos autoimunes; • genética, metabólica, autoimune, vascular (DM, HAS, vasoespasmo, frio, stress), compressiva, e infecciosa (herpes simples vírus); • Afeta somente a porção do nervo facial confinada ao canal de Falópio. • Sinais e sintomas: • Pode ser acompanhada de dor retroauricular, alterações gustativas e olho seco; • Sintomas auditivos, como hiperacusia e/ou algiacusia, podem estar presentes (30%)→ desconforto com o som, acontecendo por degeneração do nervo. • Exames diagnósticos: • Eletromiografia • RMN • Prognóstico: • Curso geralmente autolimitado. • De forma geral, 85% dos casos começam a apresentar retorno do movimento facial em até 3 semanas. Os outros 15% começam a melhorar em 3 a 6 meses após o início da paralisia. Algum movimento deve retornar em praticamente todos os pacientes com Bell até 6 meses. • Não se pode dizer para o paciente logo no diagnóstico que ele vai melhorar porque primeiro é preciso excluir todas as outras causas ruins, como turmores e infecções. • Tratamento: P á g i n a | 11 • 1 mg/kg/dia (máximo de 80 mg) de prednisona por uma semana, seguida de outra semana em doses decrescentes. • Pode-se associar antivirais como aciclovir e valaciclovir; • Descompressão do nervo facial no conduto auditivo externo, liberando o túnel ósseo por onde passa o nervo (?); • Conduta conservadora em pacientes com condições debilitantes, contraindicação para cirurgia ou anestesia, ou que não aceite a cirurgia proposta. Herpes Zoster Oticus (Síndrome de Ramsey Hunt) • Clínica: A paralisia facial parece ser causada por edema e compressão. O acometimento das fibras sensitivas leva ao aparecimento das vesículas e a dor intensa. Devido a anastomoses entre o VII e VIII pares pode haver como sintomas asssociados perda auditiva neurossensorial, zumbido e vertigem; • Segmento labiríntico do nervo o sítio da patologia. • A degeneração tende a ser mais severa que na Paralisia de Bell, portanto o prognóstico para recuperação é pior. Assim como na Paralisia de Bell, há uma boa correlação entre testes elétricos da função do nervo facial e recuperação; Sinais e sintomas: • Vesículas • Dor intensa • Perda auditiva • Zumbido • Vertigem P á g i n a | 12 • Tratamento: prednisona e aciclovir, se dados precocemente, melhoram o prognóstico global dos pacientes. Otite média aguda • Paralisia facial é uma complicação rara de OMA bacteriana; • Microorganismos: mais comuns são Gram positivos: pneumococos e estafilococos. • Tratamento: ▫ Antibioticoterapia por 10 a 14 dias com cefalosporinas de segunda geração ou amoxicilina com clavulanato de potássio. • Para as primeiras 48 a 72 horas, o antibiótico deve ser dado por via parenteral (ceftriaxone); • Deve ser prolongado porque ou o nervo teve exposição pelo microorganismo, sem capa óssea. Ou a infecção foi tão forte que causou erosão na capa óssea ▫ Drenagem para a secreção do ouvido médio através de uma ampla miringotomia. Otite média crônica • O mecanismo mais provável é uma combinação de osteíte, erosão óssea, compressão, inflamação e infecção direta do nervo. • Colesteatoma está presente em cerca de 70-80% dos casos, associados a algum grau de erosão do canal de Falópio, principalmente no segmento timpânico; • Na cirurgia pode acontecer porque tem todo o tecido erosado, com perfuração timpânica e colesteatoma, muitas vezes, e então quando se vai retirar o colestearoma está o nervo facial. • O tratamento de escolha para esse tipo de complicação é mastoidectomia com erradicação completa da doença e descompressão do nervo envolvido, associado a tratamento antimicrobiano intravenoso. Doença de Lyme Inflamação erosão intraotológica atinge nervo P á g i n a | 13 • Doença multissistêmica provocada pela picada de um carrapato (Ixodes dammini) inoculando a espiroqueta Borrellia burgdorferi. • Critérios diagnósticos: • Eritema migrans > 5 cm diagnosticado por um médico OU • Manifestações tardias incluindo: • Edema recorrente de articulações. • Início súbito de defeito de condução cardíaco secundário ou terciário. • Meningite, neuropatia craniana, radiculoneurite, encefalomielite com produção intratecal de anticorpos → inclui acometimento auditivo. E Confirmação laboratorial como: o Cultura. o Anticorpos séricos ou liquoricos com aumento nos títulos em dosagens consecutivos. Síndrome de Melkersson Rosenthal • Clínica: Quadro caracterizado por paralisia facial alternante recorrente, edemas facial e labial recorrentes (queilite granulomatosa), e presença de língua fissurada (língua plicata). • Nem todos os sinais aparecem simultaneamente e a paralisa facial, portanto, pode ser confundida com paralisia de Bell. • Edema orofacial é uma característica sempre presente. • A língua fissurada e a PFP ocorrem em 50-60% dos pacientes e a tríade completa em 25%. • A conduta para esta paralisia inclui tratamento com corticóides e, recentemente, tem sido proposto um tratamento com clofazimina, um medicamento para Hanseníase→ porque tem sido proposto que é uma doença autoimune (ela retorna com o tempo). Otite externa maligna • Corresponde a invasão de tecidos moles, cartilagens e osso por Pseudomonas, produzindo uma infecção de base de crânio com risco de vida. • “ostiomielte do ouvido” • Ocorre mais frequentemente em indivíduos diabéticos e imunossuprimidos, quando se tem manipulação do ouvido externo. • O envolvimento de pares cranianos é frequente→ principalmente o VII. P á g i n a | 14 • O tratamento inclui cobertura antibiótica contra Pseudomonas; ceftazidima, aminoglicosídeos (evitados porque são ototóxicos) ou ciprofloxacina constituem a conduta mais apropriada, por um período mínimo de 8 semanas. A administração deve ser endovenosa no primeiro mês. Neoplasias • Massas parotídeas associadas com disfunção de facial constituem um sinal de malignidade. As duas principais neoplasias responsáveis por paralisia facial são: carcinoma adenóide cístico (parótida) e carcinoma indiferenciado. • Hoje em dia não se opera mais parótida sem a monitorização do nervo facial com receptores. • A lesão maligna é aderida e bem difícil de dissecar. Síndrome de Möebius Também conhecida como paralisia facial congênita bilateral, deve ser suspeitada nos recém nascidos quando a face permanece sem expressão durante o choro, a dificuldade do recém-nascido em sugar e há fechamento incompleto dos olhos durante o sono. Características comuns da síndrome incluem: perda bilateral ou unilateral, completa ou incompleta dos movimentos da face, deformidade de extremidades e paralisia de outro par craniano (VI). Tratamentos e cuidados 1. Cuidados oculares: prevenção de ceratite e ulceração que podem levar a infecção secundária e até perda do globo ocular→ porque a noite o paciente fica com o olho aberto e além de propiciar ocorrências como infecções, tem diminuição na secreção da lágrima. • Durante o dia pode se usar a lagrima artificial – para lubrificar o olho • Para dormir se coloca uma pomada oftálmica e mantém a pálpebra fechada. 2. Eletroestimulação: controverso; • Estímulo para não atrofiar a musculatura. 3. Fisioterapia: mesmo que não se perceba movimento facial, fibras nervosas intactas serão ativadas, auxiliando a manter o tônus muscular. 4. Anastomose Hipoglosso – Facial: deve ser apenas realizado após considerar: o déficit adicional causado pelo procedimento, e a função facial resultante,que pode variar P á g i n a | 15 de flacidez completa (paralisia facial) à recuperação do tônus com algum movimento voluntário, mas sem expressão. Importância do tratamento de fonoterapia e fisioterapia: Recentes metanálises sugerem que o uso: - reduz risco de desnervação se iniciado rapidamente; - previnem ou diminuem sincinesias; - previnem a progressão de paralisias incompletas para completas; - aceleram recuperação e previnem sincinesias autonômicas (lágrimas de crocodilo). Indicações de tratamento cirúrgico - Paralisia de Bell graus V e VI da escala de House-Brackmann. - Acometimento maior que 95% na eletroneuromiografia. - Mau prognóstico, indicação formal de abordagem cirúrgica do nervo Facial. - Clínico; - Cirúrgico → anastomose, enxertos; - Fisioterapia e Fonoterapia. • Acompanhamento clínico determina o tratamento dependendo da: - Etiologia – DM, AVE, tumor; - Grau de acometimento; - Tempo de Evolução. P á g i n a | 16 Técnicas operatórias • Enxerto de nervo sural: • Enxerto muscular: Prognóstico • Varia com a etiologia, e do tratamento inicial, geralmente a PFP apresenta bom prognóstico. • Estudos sugerem que comorbidades como DM, HAS estão associadas a um pior prognóstico. • No teste de Hilger uma diferença entre os lados faciais maior que 3 mA sugere pior prognóstico. o Alteração do teste de Higler em duas ocasiões também me da o prognóstico.
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