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PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA (PFP) ANATOMIA O seguimento nuclear do nervo facial é dividido em anterior (ventral) e posterior (dorsal). A ventral anterior recebe fibras do córtex contralateral e inerva o andar inferior da face. A parte dorsal recebe fibras do córtex contra e ipsilateral, inervando ambos andares da face. Assim, se a lesão for central, haverá paralisia do andar inferior contralateral à lesão. Se a lesão for periférica, isto é, abaixo no núcleo do VII par, a hemiface ipsilateral fica comprometida. ETIOLOGIA 1. Paralisia de Bell 2. Traumática 3. Infecciosa 4. Tumoral 5. Congênitas 6. Imunológicas 7. Intoxicação por metais 8. Outros PARALISIA DE BELL: É considerada uma causa idiopática, portanto é um diagnóstico de exclusão. Tem prognóstico bom, com melhora espontânea ✓ Causa mais frequente de PFP o Mulheres: fases hormonais (principalmente na gestação) o Homens: 3ª – 5ª década de vida FISIOPATOLOGIA Acredita-se estar relacionada com a reativação do vírus herpes simples no gânglio geniculado do nervo facial. Por uma alteração imunológica temporária, o vírus se replica → inflamação → paralisia facial. TRATAMENTO ✓ Até 2 semanas do início dos sintomas: prednisona 60mg/dia por 5-7 dias (3cp 20mg pela manhã). Após esse período, regredir 20mg a cada 5 dias. ✓ Na primeira semana dos sintomas: aciclovir 2g/dia por 7 dias (1cp 500mg 8/8h) o Valaciclovir ($$$): 1cp 500mg 8/8h ✓ CUIDADOS OFTÁLMICOS: colírio de hora em hora + uso de óculos escuro com proteção lateral, pomada oftalmológica com adesivo para dormir ✓ Cirurgia de descompressão do n. facial: refratários ou mau prognóstico TRAUMÁTICA No TCE existem alguns tipos de fratura que levam a PFP. A fratura transversa do osso temporal é a que mais causa a paralisia. Paralisia total imediata ao trauma: secção do n. facial, mau prognóstico → cirurgia Paralisia parcial alguns dias após: edema pós traumático → corticoide INFECCIOSAS 1. Herpes zoster (Sd. Ramsay Hunt) 2. Otite média aguda 3. Doença de Lyme (picada de carrapato → dor articular + febre + pfp → sorologia → atb) 4. OMC colesteatomatosa SÍNDROME DE RAMSAY HUNT Presença de vesículas no pavilhão auricular, otalgia, PFP, perda auditiva, vertigem Tratamento: aciclovir (4g/dia) + prednisona o Se optar pelo valaciclovir: 2 cp 8/8h por 7 dias o Se não tem condições econômicas → internar + aciclovir EV OTITE MÉDIA AGUDA < 1% das OMA causam PFP Canal de falópio exposto na região timpânica do n. facial Otalgia importante + febre Tratamento: atb + corticoide o Se abaulamento importante da MT → drenagem OMC colesteatomatosa Crônica, evolução lenta A doença invade o canal do n. facial Tratamento: cirúrgico TUMORES Schwannoma Vestibular / Facial: raro, espasmo facial → PFP, evolução lenta e gradativa Meningiomas Paragangliomas Tumores de parótida (malignos) Metástases (ex: mama) Tumores sistêmicos (LLA, LMA) QUADRO CLÍNICO • Diminuição do tônus facial, com abaixamento da sobrancelha • Apagamento das rugas • Boca desviada para o lado normal • Sulco nasogeniano apagado • Fenda palpebral AVALIAÇÃO CLÍNICA DA GRAVIDADE (CLASSIFICAÇÃO DE HOUSE – BRACKMANN) Sinal de Bell: quando o paciente fecha os olhos, o globo ocular sobe e é possível visualizar o branco dos olhos. → paralisia mais intensa TOPOGRAFANDO A LESÃO Determinar se está na região mais próxima do núcleo do n. facial ou do forame estilomastoideo. Isso é feito por meio de testes. Teste de Schirmer (do lacrimejamento): é testada a glândula lacrimal, inervada pelo primeiro ramo do n. facial (n. petroso superficial maior). ➢ Mede-se o lacrimejamento do lado paralisado e do lado normal. ➢ Somar os dois lados, dividir o lado paralisado pelo total Ex.: lado paralisado 1cm + lado normal 3 cm = 4cm ¼ = 0,25 = 25% da produção normal de lágrimas ➢ Se < 30%: teste alterado. N. facial comprometido na porção que inerva a glândula lacrimal, portanto a lesão é mais próxima do núcleo. Impedânciometria: avalia o reflexo estapediano (testa o n. estapediano), região timpânica do n. facial. • Ausência do reflexo (↓): em todas as frequências testadas não houve reflexo. Audiometria: avalia nervo coclear (meato acústico interno). Gustometria: testa alguns sabores na língua. O n. corda do tímpano faz a gustação dos 2/3 anteriores da língua e produção da saliva. TC: trauma RNM: PFP de causa inflamatória ou tumoral TESTES PROGNÓSTICOS São realizados testes elétricos para avaliar a condução da eletricidade no nervo facial na face do paciente. O teste mais utilizado é a eletroneurografia, que determina o grau de degeneração normal. Deve ser feio a partir do 3º dia de PFP até a 3ª semana (idealmente entre 10- 14º dia). Por meio de um eletrodo próximo a boca e o nariz, é liberada uma descarga elétrica próxima ao tronco do facial na raiz da mandíbula. Os lados paralisado e normal são comparados quanto a amplitude de onda, ou seja, quanto do n. facial está conduzindo impulso elétrico. A curva do lado normal tem uma amplitude maior do que a do lado paralisado. Determinar o quanto a curva significa em porcentagem, dividindo paralisado / normal. < 10% da onda normal: mau prognóstico 10 – 30%: prognóstico moderado > 30%: bom prognóstico TIPOS DE LESÃO: • Neuropraxia: interrupção da transmissão de neurotransmissores → paralisia incompleta + regeneração completa na 3ª semana após o trauma • Axoniotmese: morte de axônios → regeneração incompleta • Neurotmese: morte celular importante com pouquíssima regeneração → pode ocorrer de forma anômala, com sequela (sincinesia) Após 1 ou 2 meses de PFP, o melhor exame a ser realizado é a eletromiografia, na qual são posicionadas agulhas nos músculos da face. Quando o paciente faz o movimento referente a esse músculo, a agulha capta o potencial de ação. Potencial polifásico = presença de reinervação Potencial de fibrilação = ainda está tendo degeneração TRATAMENTO (GERAL) ✓ Fisioterapia ✓ Fonoterapia: ajuda na fala e deglutição ✓ Cuidados oculares ✓ Cirurgia plástica em pctes com sequela definitiva ✓ Toxina botulínica se espasmo facial ✓ Peso palpebral
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