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ESTUDO DO MOVIMENTO: ANATOMIA NEUROMUSCULO- ESQUELÉTICO Juliano Vieira da Silva Sistema muscular: estrutura musculotendínea Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os componentes da estrutura musculotendínea. Diferenciar as estruturas e as funções dos tendões e das aponeuroses. Descrever as localizações e as atuações dos tendões e das aponeuroses no sistema neuromuscular. Introdução O sistema muscular é formado pelos músculos existentes no nosso corpo. Entre as inúmeras funções desse sistema se destacam a produção de movimentos corporais, a estabilização da postura, a movimentação de substâncias dentro do corpo (como o sangue, o alimento e a urina, por exemplo) e também a produção de calor. Ao todo, o corpo humano tem cerca de 640 músculos que são responsáveis por até 50% do peso corporal. Entre os componentes musculares destacaremos dois deles nesta unidade: os tendões e as aponeuroses. Esses dois elementos são vitais no processo de trabalho do músculo, pois estão ligados diretamente à força e ao próprio tecido muscular, respectivamente. Neste capítulo, você vai identificar os componentes da estrutura musculotendínea, bem como diferenciar as estruturas, as funções, as localizações e as atuações dos tendões e das aponeuroses no sistema neuromuscular. Estrutura musculotendínea A estrutura do sistema muscular é formada por inúmeros componentes. No entanto, para identifi cá-los com mais propriedade deve-se saber que, anato- micamente, os músculos podem ser divididos em esqueléticos — quando apresentam ao menos uma de suas extremidades ligadas ao osso — e viscerais — quando formam a parede de órgãos moles e cavitários. Segundo Larosa (2018), cada músculo do nosso corpo é formado por diversas fibras musculares, que são células alongadas e estreitas. O referido autor cita que, quanto maior for o número de fibras, maior será a força que o músculo pode exercer, visto que “[...] as fibras musculares também podem aumentar de volume quando são muito exigidas (hipertrofia), como ocorre, por exemplo, durante exercícios musculares, ou diminuir de volume quando ficam paradas por muito tempo (atrofia), como em casos de fraturas que exigem engessamento, impedindo os movimentos” (LAROSA, 2018, p. 71). Além da classificação anatômica, os músculos podem ser classificados por tipo, nos quais são divididos em: liso; estriado cardíaco; estriado esquelético. O músculo estriado esquelético é o único que possui contração voluntária, sendo assim relacionado com o sistema esquelético. Já os músculos lisos são associados às vísceras. A partir dessa classificação, ficará mais fácil identificar os componentes presentes na estrutura musculotendínea. Neste capítulo, nos interessará a es- trutura do músculo estriado esquelético, pois ele é parte integrante do sistema músculoesquelético. O músculo liso é de cor branca e é formado por aglomerados de células fusiformes que não apresentam estrias transversais. Eles são importantes elementos funcionais dos vasos sanguíneos e do sistema digestório (MIRANDA, 2008). Já o músculo estriado cardíaco tem uma estrutura peculiar, pois suas fibras são anastomosadas, constituindo-se de um sincício que permite sua contração em três dimensões. Esse tipo de músculo constitui o miocárdio, que assegura o funcionamento do coração (KAPANDJI, 2013). Sistema muscular: estrutura musculotendínea2 O músculo estriado esquelético é o responsável por nossos movimentos, ou seja, pelas contrações voluntárias que se caracterizam por serem rápidas e vigorosas. Miranda (2008, p. 231) afirma que esse tipo de músculo é “[...] constituído por feixes de células cilíndricas, longas, com vários núcleos que apresentam estrias transversais”. Anatomicamente, os músculos estriados esqueléticos são compostos por três componentes distintos: ventre muscular, fáscia muscular e tendão. Vejamos, brevemente, o que são estes elementos. O ventre muscular é a parte ativa do músculo. É a porção central carac- terizada pela cor vermelha, que contém as fibras musculares propriamente ditas (LAROSA, 2018) (Figura 1). No ventre muscular, o músculo se contrai e se encurta, gerando a força que é responsável por produzir o movimento. Alguns músculos têm dois ventres musculares e são classificados como digás- tricos, enquanto outros, formados por mais de dois ventres, são denominados poligástricos (LAROSA, 2018). Figura 1. Ventre muscular. Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 310). 3Sistema muscular: estrutura musculotendínea Você lembra como ocorre a contração muscular? Cada fibra muscular contém filamentos proteicos chamados de miofibrilas. Dentro delas, se aloja a unidade contrátil. Os fila- mentos grossos são formados pela proteína miosina, enquanto os finos são formados pela actina. As miofibrilas podem ser divididas individualmente nas unidades contráteis, as quais são chamadas de sarcômero. Os filamentos de miosina estão localizados principalmente na parte escura do sarcômero, chamada de banda A, enquanto os filamentos de actina estão localizados na parte clara, denominada de banda I. Na contração muscular, os filamentos de actina deslizam sobre os filamentos da miosina. Já a fáscia muscular consiste em um tecido conjuntivo (denso não mode- lado) de revestimento externo dos músculos, que permite maior deslizamento entre eles e também mantém a união das fibras durante sua contração ou extensão (LAROSA, 2018) (Figura 2). Sendo assim, a fáscia muscular en- volve cada músculo, com espessura variável de músculo para músculo. Suas principais funções são: servir de bainha elástica de contenção para exercer tração durante a contração; permitir fácil deslizamento muscular entre si; separar grupos em compartimentos musculares, por meio de sua es- pessura e de seu prolongamento, que termina se fixando em ossos, chamados de septos intermusculares. Sistema muscular: estrutura musculotendínea4 Figura 2. Fáscia muscular. Fonte: Adaptada de Anatomia Resumida (2019). O tendão é a parte que fixa os músculos aos ossos (parte branca). Pode ter dois formatos: cilíndrico ou em fita, constituído de tecido conjuntivo fibroso (denso modelado). Esse tecido denso é rico em fibroblastos, que são células planas grandes com processos ramificados (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Cada fibroblasto produz e secreta subunidades de proteína que interagem para formar grandes fibras extracelulares (Figura 3) (MARTINI; TIMMONS; TALLISTCH, 2009). Figura 3. Tecido conjuntivo do tendão. Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallistch (2009). 5Sistema muscular: estrutura musculotendínea Durante o movimento, o tendão transmite a força da contração do ventre para o osso. Quando esse tecido conjuntivo apresenta formato em leque ou é largo, chama-se aponeurose (LAROSA, 2018). Por não possuir unidades de contração muscular, os tendões e as aponeuroses são elementos passivos do movimento. Neste tópico, identificamos os componentes da estrutura musculotendínea que, além dos tendões, constitui-se da fáscia e do ventre muscular. Lembramos que essa estrutura se refere aos músculos estriados esqueléticos. Veremos mais sobre os tendões e as aponeuroses nos tópicos a seguir. Na sequência, verificaremos suas estruturas e funções. Estruturas e funções dos tendões e das aponeuroses Como vimos brevemente no tópico anterior, os tendões são estruturas fi brosas que vão ligar o osso ao músculo. Apresentam variações na forma e no tamanho e podem ser cilíndricos ou achatados. Miranda (2008, p. 245) aponta que os tendões “[...] são compostos de fibras colágenas onduladas e dispostas em paralelo, entremeadas por fibras de elastina e reticulina, que proporcionam volume ao conjunto”. Cerca de 90 a 95% do seu componente celular é composto de fibroblastos e de fibrócitos. Além disso, Vilela Junior ([200-?]) afirma que os tendões são compostos por 70% de água e de colágeno e queos tendões são regiões pouco vascularizadas (em torno de 1 a 2% da área). Ainda sobre a estrutura do tendão, Miranda (2008) afirma que todas suas estruturas estão suspensas por um substrato gelatinoso que reduz a fricção entre os componentes da fibra, o que os torna ligeiramente elásticos: Quando o tendão é submetido à tensão, as fibras onduladas paralelas alongam- -se na direção da força de tensão. Quando a carga é interrompida, as fibras elásticas ajudam a reorientar a configuração das fibras onduladas de colágeno e, desde que a força tensionadora não tenha excedido o limite da resistência mecânica do tendão, este voltará à sua situação normal de repouso sem sofrer lesões. (MIRANDA, 2008, p. 245) Por possuírem uma estrutura espiralada, as moléculas de colágeno pro- duzem esse alongamento e a “volta ao normal” quando a tração cessa (KA- PANDJI, 2013). Sistema muscular: estrutura musculotendínea6 Ainda sobre os tendões, existe uma importante estrutura chamada de órgão tendinoso de Golgi (OTG). Marieb, Wilhelm e Mallatt (2014) apontam que o OTG consiste em um feixe encapsulado de fibras tendinosas dentro das quais as terminações nervosas sensitivas são entrelaçadas. Essas fibras são localizadas na junção dos músculos com seus tendões e são inervadas por axônios sensoriais do grupo IB. Elas têm cerca de 1mm de comprimento e 0,1mm de largura (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). Os OTGs são proprioceptores localizados perto da junção músculo-tendão, que servem para monitorar a tensão dentro dos tendões (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014). Tortora e Derrickson (2017) afirmam que basicamente o OTG inibe a contração do músculo agonista e estimula a contração do antagonista quando a tensão muscular atinge níveis críticos. Esse mecanismo recebe o nome de reflexo tendinoso. Assim sendo, quando o músculo se contrai, a tensão sobre as fibrilas de colágeno aumenta. À medida que as fibrilas se estiram e espremem os axônios IB, seus canais iônicos são ativados e os potenciais de ação podem ser mencionados (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). Esse processo realizado pelo OTG evita que aconteça uma contração excessiva do músculo, o que poderia resultar em uma sobrecarga no tendão e ocasionar uma lesão. Quando você contrai o bíceps em uma flexão de cotovelo, o seu músculo contra, com isso, puxa seu tendão. A partir disso, os órgãos tendinosos são estimulados e seus neurônios sensitivos enviam essa informação ao cerebelo. Esse reflexo estimula uma inibição da contração muscular do bíceps braquial e também ativa o músculo antagonista (neste caso, o tríceps) a realizar uma contração. As respostas do OTG podem ser dinâmicas ou estáticas. Por resposta dinâmica compreende-se a reação quando a tensão no músculo aumenta com rapidez. A diminuição em fração de segundos para nível mais inferior de disparo de estado de repouso, que é quase diretamente proporcional à tensão sobre o músculo, é a resposta estática (HALL, 2017). Os sinais no OTG são transmitidas por fibras nervosas tipo IB, elas transmitem o influxo para a medula e para as áreas centrais distantes. 7Sistema muscular: estrutura musculotendínea Entre as principais funções do tendão (Figura 4) estão: transmitir as cargas do músculo para o osso (essa força necessita ser modulada de maneira que não haja concentração brusca de cargas entre vários componentes do sistema musculoesquelético); armazenar energia (que será utilizada como energia propulsora); possibilitar que o volume muscular esteja longe da articulação, assim não atrapalha o movimento articular; funcionar como um amortecedor (dissipador de energia) e resistir às forças tensivas na flexibilidade (MIRANDA, 2008; VILELA JUNIOR, [200-?]). Figura 4. Tendão. Fonte: Adaptada de Marieb e Hoehn (2008). Uma situação bastante corriqueira que pode ocorrer nos tendões são as lesões. A mais conhecida das lesões do tendão é a tendinite, que consiste em uma inflamação que surge por causa do excesso de repetições de um mesmo movimento. Em geral, afeta pessoas que fazem uma tarefa única ao longo de um período de tempo. Sistema muscular: estrutura musculotendínea8 A tendinite pode virar uma lesão crônica, o que leva o tendão ao enfraque- cimento e o torna mais suscetível a lesões que podem se tornar mais graves, como é o caso da ruptura. Os sintomas mais comuns de tendinite são dor em uma parte específica do membro e dificuldade em realizar o movimento. Nos membros superiores, pode haver fraqueza ou fisgadas, e, no joelho, dificuldade em subir escadas ou sentar em uma cadeira (TOMIOSSO, 2008). As rupturas ocorrem, em geral, na extremidade inferior dos tendões e podem ser totais ou parciais. As lesões e rupturas completas ou parciais desse tendão podem ocorrer por razões de idade, doenças, trauma ou deformidades congênitas (LESIC; BUMBASIREVIC, 2004 apud TOMIOSSO, 2008). Outro motivo é a sobrecarga de tensão, situação corriqueira em exercícios de força máxima. No caso das rupturas, o tratamento consiste em cirurgias. A aponeurose, também conhecida como tendão laminar, é um “[...] tecido conjuntivo que envolve tecidos especializados — como o muscular. Reveste e separa os músculos entre si” (MIRANDA, 2018, p. 246). Ela é considerada um tendão mais largo e achatado de cor esbranquiçada. Pode também se apresentar em forma de leque (Figura 5). Figura 5. Aponeurose. Fonte: Adaptada de Marieb e Hoehn (2008). 9Sistema muscular: estrutura musculotendínea A espessura das aponeuroses é variável, mas mesmo as mais finas apre- sentam grande resistência. São formadas por tecidos conjuntivos densos, apresentam pouca irrigação, assim como os tendões. A principal diferença entre eles é que o tendão é cilíndrico ou em fita e as aponeuroses são laminares. As aponeuroses apresentam as seguintes funções: servem para a origem e a inserção do músculo; formam faixas especializadas de retenção (retináculos ou ligamentos anulares), especialmente encontradas no nível das articulações do punho e do tornozelo; formam a bainha fibrosa para os tendões — inseridas no ossos —, vias de orientações para vasos e nervos; permitem o deslizamento de uma estrutura sobre a outra, pois, além da contração muscular, proporcionam um vigoroso meio elástico que, associado à contração muscular, evita a êxtase sanguínea e o abaula- mento muscular exagerado durante a contração (MIRANDA, 2008). Neste tópico, aprendemos um pouco mais sobre os tendões, que servem para ligar o osso ao músculo. Eles servem para transmitir as cargas do mús- culo para o osso (evitando cargas bruscas) e também para resistir às forças tensivas. Já as aponeuroses são tendões laminares, um tecido conjuntivo que envolve os músculos colaborando na contração muscular. A seguir, veremos as localizações e as atuações dos tendões e das aponeuroses. Localizações e atuações dos tendões e das aponeuroses Neste tópico, vamos abordar as localizações e as atuações dos tendões e das aponeuroses começando pelos primeiros. Como vimos no tópico anterior, os tendões fazem a articulação ou a ligação do osso com o músculo. Sendo assim, todo local onde há essa ligação, eles se fazem presentes. Vamos agora acom- panhar alguns dos principais locais de atuação dos tendões do corpo humano. Uma das mais importantes articulações do corpo é a do ombro, pois é a que permite maior amplitude de movimento do corpo. Nessa articulação, ocorre o ligamento transverso do úmero por meio do tendão que liga os tubérculos maior e menor e a cabeça longa do bíceps braquial (MARTINI; TIMMONS; TALLISTCH, 2009). Os tendões reforçam as porções anterior, posterior e superior da cápsula articular. Os tendões de músculos apendiculares apoiam o Sistema muscular: estrutura musculotendínea10 ombro e limitam sua amplitude de movimento. Além dele, colaboram na arti- culação do ombro o tendão do músculo supraespinal e subescapular (Figura 6). Figura 6. Tendões da articulação do ombro. Fonte: Adaptada de Martini, Timmonse Tallistch (2009). O tendão do bíceps braquial também tem importante função na articulação rádio-ulnar, pois é responsável pelo movimento de pronação e de supinação. É pelo posicionamento da inserção muscular, que ocorre por meio do tendão, que se insere na tuberosidade do rádio, que permite ao bíceps ser considerado um músculo biarticular, produzindo os movimentos de flexão do cotovelo e de supinação do antebraço (Figura 7). 11Sistema muscular: estrutura musculotendínea Figura 7. Tendões da articulação do cotovelo. Fonte: Martini, Timmons e Tallistch (2009, p. 221). Sistema muscular: estrutura musculotendínea12 Os tendões também são vitais para a articulação do joelho. Segundo Martini, Timmons e Tallistch (2009) nessa articulação, eles agem como ligamentos de sustentação, pois a estabilizam. Segundo os mesmos autores, o tendão do músculo quadríceps femoral — responsável pela extensão do joelho — passa sobre a face anterior da articulação. A patela também é envolvida por esse tendão, pois se liga à tuberosidade da tíbia. Esse tendão é comum aos quatro músculos (reto femoral e vastos intermédio, médio e lateral) (Figura 8). Figura 8. Tendão do quadríceps femoral. Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallistch (2009). Na região dos pés, há tendões importantes, entre eles o tendão do calcâneo (popularmente chamado de tendão de Aquiles) e o tendão dos flexores e extensores dos dedos. O tendão de Aquiles é considerado o mais resistente do corpo humano. Ele está localizado atrás do tornozelo e liga os músculos da panturrilha (tríceps) ao osso do calcanhar (calcâneo). É responsável por gerar força na passada e é bastante utilizado em caminhadas e corridas (Figura 9). 13Sistema muscular: estrutura musculotendínea Figura 9. Tendão dos pés. Fonte: Tank e Gest (2009, p. 118). Sistema muscular: estrutura musculotendínea14 Apesar de ser um tendão resistente, a lesão no tendão de Aquiles é bastante comum; ele pode romper ou sofrer tendinite. Confira no link a seguir, alguns dos principais atletas do esporte mundial que já sofreram essa lesão. https://goo.gl/o3sL1Y Já as aponeuroses, como vimos anteriormente, reveste e separa os múscu- los, é considerada um tendão alargado. Assim como os tendões, vamos citar algumas das mais importantes aponeuroses que existem no corpo humano. A aponeurose epicrânica, como o próprio nome sugere, está localizada no crânio. A sua origem é no ventre frontal, fixada entre a região do ventre frontal (inserção) e o ventre occipital (inserção) do músculo occipitofrontal. Esse músculo é um dos responsáveis pela expressão da face. Na face, ainda encontra-se aponeurose entre a parte inferior e no dorso dos músculos nasais (MARTINI; TIMMONS; TALLISTCH, 2009) (Figura 10). Figura 10. Aponeurose epicrânica. Fonte: Adaptada de Tortora e Derrickson (2017). A aponeurose toracolombar atua nos músculos da região do abdome no oblíquo interno. Ela se faz importante na contração desses músculos e na flexão da coluna vertebral. Ainda nessa região, temos a aponeurose resistente próxima do centro do diafragma que colabora em sua contração e aumento 15Sistema muscular: estrutura musculotendínea nos movimentos de inspiração e respiração. Nos músculos das mãos, há a aponeurose palmar, que fica entre os carpos na palma da mão (Figura 11). Figura 11. Aponeurose palmar. Fonte: Tortora e Derrickson (2017 p; 220). Neste capítulo, você conferiu que os músculos são formados por células alongadas e estreitas chamadas de fibras, que atuam diretamente na produção da força. Também viu que o sistema muscular esquelético é constituído pelo ventre muscular, pela fáscia muscular e pelo tendão. O ventre muscular é a parte ativa do músculo, de cor vermelha, que contém as fibras musculares propriamente ditas. No ventre muscular, o músculo se contrai, se encurta e gera tensão. Já a fáscia muscular, consiste em um tecido conjuntivo (denso não modelado) de revestimento externo dos músculos, que permite maior deslizamento entre eles e também mantém a união das fibras durante sua contração ou extensão. Sendo assim, a fáscia muscular envolve cada músculo. O tendão é a parte que fixa os músculos aos ossos (parte branca) e pode ter dois formatos: cilíndrico ou em fita sendo constituído de tecido conjuntivo fibroso (denso modelado). Quando esse tecido conjuntivo apresenta formato em leque ou é largo, chama-se aponeurose. Entre as principais funções dos tendões estão a de transmitir as cargas do músculo para o osso, armazenar energia, possibilitar que o volume muscular esteja longe da articulação, funcionar como um amortecedor e resistir às forças Sistema muscular: estrutura musculotendínea16 tensivas na flexibilidade. Os tendões também podem sofrer lesões, sendo a tendinite a mais conhecida. Eles também podem sofrer rupturas. A aponeurose é um tecido conjuntivo que reveste e separa os músculos entre si. Ela é considerada um tendão mais largo e achatado de cor esbranqui- çada. Apresentam as seguintes funções: servem para a origem e a inserção do músculo, formam faixas especializadas de retenção (retináculos ou ligamentos anulares), especialmente encontradas no nível das articulações do punho e do tornozelo, formam a bainha fibrosa para os tendões, vias de orientações para vasos e nervos, permitem o deslizamento de uma estrutura sobre a outra, além da contração muscular, proporcionam um vigoroso meio elástico que, associado à contração muscular, evita a extase sanguínea e evitam abaulamento muscular exagerado durante a contração. Vimos ainda que os tendões se fazem presentes em muitos lugares do corpo, principalmente nas articulações mais importantes como no ombro, no cotovelo, nos dedos, no joelho e no tornozelo. Nessa região, fica o tendão de Aquiles, que é considerado o mais resistente do corpo humano. Em relação às aponeuroses, conhecemos a aponeurose epicrânica, a toracolombar, a apo- neurose resistente próxima do centro e a aponeurose palmar, que fica entre os carpos na palma da mão. Para um profissional de educação física, esse conhecimento se torna fundamental para a atuação correta na hora de prescrever exercícios, tanto para evitar a sobrecarga quanto para fortalecimento e recuperação do tendão quando há algum tipo de lesão. Na fase escolar, é um tema central, visto que o conhecimento do corpo é um tema importante para o aluno ter sua percepção corporal apurada. 17Sistema muscular: estrutura musculotendínea ANATOMIA RESUMIDA. Sistema muscular. Brasil, 2019. Disponível em: http://www. anatomiaresumida.com/sistema-muscular/. Acesso em: 06 mar. 2019. BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2002. CAEL, C. Anatomia palpatória e funcional. Barueri, SP: Manole, 2013. KAPANDJI, A. O que é biomecânica. Barueri, SP: Manole, 2013. HALL, J. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, E. J. Anatomia humana. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. (Coleção Martini). MIRANDA, E. Bases de anatomia e cinesiologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009. TOMIOSSO, T. Estudo da matriz celular do tendão calcanear após transecção parcial, com e sem inibidor de óxido nítrico sintetase. 2008. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Estrutural) — Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/317422/1/ Tomiosso_TatianaCarla_D.pdf. Acesso em: 06 mar. 2019. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. Porto Alegre: Art- med, 2016. VILELA JUNIOR, G. Biomecânica dos tendões. [Brasil], [200-?]. Disponível em: http:// www.cpaqv.org/biomecanica/biomecanica_tendoes.pdf. Acesso em: 06 mar. 2019. Sistema muscular: estrutura musculotendínea18
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