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P á g i n a | 1 Insuficiência Renal Aguda Lesão renal aguda Qualquer redução na função renal. A perda da função renal, além de reduzir a qualidade de vida, aumenta muito a mortalidade do paciente. Característica: multifatorial → há uma variedade de etiologias e elas podem se sobrepor. EPIDEMIOLOGIA 11-63% de mortalidade pediátrica → relacionado a mortalidade em relação as causas da lesão ou por comorbidades associadas ou pela população estudada ou relacionada a questão específica da idade. 60% permanece com algum tipo de alteração → “sequela” que aumenta o risco futuro de hipertensão vascular, proteinúria com perda renal progressiva e outros problemas. Maior tempo de internação e gasto hospitalar → quanto mais tempo internado, maior a morbidade, mais sequelas, maior mortalidade. o Quando pensamos em insuficiência renal vemos o impacto que tem, porque geralmente associamos a pacientes internados por longos períodos, com necessidade de diálise ou transplante. ETIOLOGIA Crianças não críticas: Isquemia, nefrotoxicidade, sepse. o Isquemia: diminuição do fluxo sanguíneo. Na criança, está relacionada a desidratação como em diarreias após doenças perinatais, vômitos por estenose hipertrófica do piloro (vômitos após a fase neonatal, podendo levar ao choque.). Em crianças maiores, contamos a parte de acidentes automobilísticos. o Nefrotoxicidade: medicações (paracetamol, dipirona, AINEs, antibióticos como aminoglicosídeos, medicações para cardiopatias congênitas – diuréticos como furosemida e espironolactona). Os Inibidores da angiotensina 2 (atorvastatana, losartana) e os inibidores da enzima conversora de angiotensina (captopril, enalapril), associados a diuréticos tem altíssimo poder de nefrotoxicidade. Aminoglicosídeos (amicacina, gentamicina) já são conhecidos por causar nefrotoxicidade e ototoxicidade. Uma das medidas tomadas para reduzir a nefrotoxicidade é fazer a administração em dose única. Medicações oncológicas: cisplatina, vermicina, adreamicina o Sepse: Foco infeccioso associado a resposta metabólica ao trauma da infecção. Geralmente se apresentam taquipneicos, taquicárdicos, com alteração da perfusão periférica, toxêmicos, com estado geral regular a ruim. Isso interfere no volume sanguíneo que chega ao rim. Crianças críticas: Sepses, pós operatório de cirurgia cardíaca. o Sepse: maior causa de mortalidade perinatal e intra-hospitalar. Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 o Pós operatório de cirurgia cardíaca: não só pelo trauma da cirurgia ou pelo tempo de espera para acontecer ela, mas também pelo suporte que precisa para que ela aconteça, como circulação extra-corpórea. Isso aumenta os distúrbios de coagulação que também aumentam as lesões renais agudas. O baixo fluxo causado por essa circulação também pode levar a lesão renal. As cirurgias cardíacas podem causar lesão renal por abaixarem o débito cardíaco e redirecionar o fluxo com fuga de fluxo para o rim. Países em desenvolvimento: doenças primárias renais. Ex.: glomerulopatias. o Relacionados a glomerulonefrites pós-estreptocócicas ou doenças infecciosas bacterianas simples, relacionada a falta de incentivo ao sistema de saúde primário. Mecanismos mais comuns 1) Isquemia: necrose tubular aguda. Não se consegue manter a função desses túbulos e acontece a necrose. Quando essa necrose é mais grave ela pode acontecer na parte mais cortical também (necrose cortical aguda). 2) Nefrotoxicidade medicamentosa: geralmente tem efeito pior quando associado a outro fator (ex.: sepse + nefrotoxicidade). Acontece uma necrose intersticial aguda 3) Hemólise e lise celular (cristalização): geralmente em pacientes cirúrgicos pediátricos. a. A hemólise libera hemoglobina no sangue e a hemólise leva ao aumento da hemoglobina intraglomerular. Nessa região, a hemoglobina pode sofrer cristalização, principalmente se associada a acidoses (anemias hemolíticas, pacientes transfundidos, circulação estra-corporea). b. Lise celular: lises tumorais, por exemplo, como o linfoma de Burkitt, que é um linfoma de rápido crescimento e quando ele cresce muito rápido, ele não tem suprimento sanguíneo adequado ao seu crescimento e ocorre a necrose, com liberação de todo o material intracelular na corrente sanguínea, levando a excreção de eletrólitos, ácido úrico e outros produtos intracitoplasmáticos aumentados na corrente sanguínea. Isso faz uma sobrecarga que leva a cristalização intrarrenal. c. Foiceização: leva a deformação da hemoglobina, causando deformidade da hemácia. Faz com que ela oclua um glomérulo ou vaso eferente, causando isquemia. 4) Obstruções: Pacientes urológicos, que podem já nascer com grau de lesão renal importante e irreversível. Acontece através do refluxo intrarrenal. Acontece na estenose de JUP uni ou bilateral, megaureter obstrutivo primário, refluxo vesicoureteral grave. 5) Glomerulopatias primárias: perda gradual da função renal, relacionada a esclerose focal glomerular, característica em glomerulopatias primárias. a. Um exemplo é a lesão mínima de membrana causada por síndrome nefrótica, relacionada aos pseudopodos dos glomerulócitos. Tipo de disfunção Mecanismo isquemia Necrose tubular aguda ou necrose cortical aguda nefrotoxicidade Necrose intersticial aguda Hemodiálise e lise cristalização Obstruções Lesão renal direta e irreversível Glomerulopatias primárias Perda gradual de função relacionada a esclerose glomerular Diagnóstico P á g i n a | 3 Identificação dos fatores de risco para LRA (Isquemia, sepse, drogas nefrotóxicas) Avaliação laboratorial: o Densidade urinária (precoce) Sinal de que o mecanismo de contra-corrente está sendo perdido. Nesse caso ainda não existe necrose ou lesão permanente. O problema da densidade urinária é que ela altera por qualquer coisa, como pacientes que vomitaram já podem ter a densidade urinária alterada. o Ureia e creatinina (tardio) – 50% da lesão renal já foi perdida. o Novos marcadores (NGAL, IFGBP7, TIMP-2, Cystatina-C, kim-1, Interleucina 18) – deixam passar lesões renais agudas em pacientes que já estão sendo tratados. o Renal Angina Index (RAI): baseado em todos os marcadores, com dados clínico. Isso está sendo feito para identificar as lesões renais mais precocemente. Classificação pRIFLE: melhor classificação pediátrica P á g i n a | 4 o R: REDUÇÃO/RISCO - na pediatria é redução de 25% de creatinina o I: INJÚRIA - uma redução estimada de 50% de creatinina com menos de 0,5 mL/kg/hora por 16 horas; o F: FALÊNCIA redução de creatinina maior que 75% com menos de 0,3 mL/kg/hora por 24 horas ou anúria por 12 horas. o L: LOST (perda) falência por mais de um mês o E: ESTADO TERMINAL: ou persistência da falência por mais de 3 meses. KDIGO: melhor classificação neonatal. Reversão da LRA Eliminação dos fatores de risco: o Drogas nefrotóxicas devem ser usadas de acordo com a função renal, ajustando a dose ou trocar por medicações análogas não nefrotóxicas. o Os aminoglicosídeos devem ter doses ajustadas e dadas 1 vez ao dia para diminuir a nefrotoxicidade. o Pacientes oncológicos se puderem suspender a medicação sem alterar o prognóstico do câncer, devem ser suspensos. o Medicações cardiológicas devem ser substituídas por outras pelo menos temporariamente. Correção da doença de base o Correção de quadros de vômitos e diarreias. o Tratamento de quadros de anemia falciforme o Correção de hipóxia Manutenção da homeostase o Terapia de reposição oral para pacientes com vômitos/diarreia. o Controle da febre (perda de líquidos insensivel). Prevenção de novos episódios o Analise de interações medicamentosas Suporte nutricional o Alimentação oral ou enteral, evitando catabolismo. Suporte avançado a vida (UTIP/UTIN)– pode ser necessário diálise o Ventilação mecânica o Balanço hídrico e reposição de volume o Drogas vasoativas o Circulação extra-corpórea de membrana (pulmão) ou cardíaca Medicações Furosemida o Usada em pacientes com oligúria ou queda do volume urinário. o Pode mascarar uma sobrecarga hídrica. o Ajuda na redução da possibilidade de lesão renal P á g i n a | 5 Bicarbonato o Sepse e isquemias o Corrige Acidoses instauradas – acidoses de medula renal, levando melhora da função renal. o Cristalização (usado para fazer alcalinização da urna e reduzir o risco de cristalinização). Dopamina o Droga vasoativa o Transforma oligúricos em poliúricos o Não melhora função renal o Usado em pacientes com comorbidades cardíacas. Alopurinol o Síndrome de lise tumoral o Diminui o ácido úrico o Diminui o risco de lesão renal aguda Rasburicase o Reduz o grau de disfunção renal principalmente em pacientes com uso de drogas nefrotóxicas. Terapia de suporte ou substituição renal Usado em lesão renal grave ou falência ou lesão irreversível. Pode ser uma ponte para o transplante renal. Catéter é introduzido cirúrgico e é alocado no fundo de saco (onde tem acúmulo de líquido). Tem risco de infecção. Não pode ser usado em pacientes com infecção. Tem 2 bolsas: uma que infunde a solução de troca, com concentrações de acordo com o peso e tamanho da criança. A solução tem que ser infundida dentro do peritônio e tem que ficar um tempo ali (banhos) para que tenha troca com os vasos sanguíneos do peritônio, já que o peritônio tem propriedades filtrativas e absortivas e secretivas. Depois é esvaziado. Pode ser feita ambulatorialmente (CAPD). O cateter fica em uso enquanto ele estiver em funcionamento ou não tiver infeccionado. Hemodiálise Uso em crianças acima de 2 a 3 kg com um bom acesso vascular. Cateter de Shirley é o principal cateter usado para hemodiálise depois da fístula arterio-venosa. Esse cateter é passado como se fosse acesso venoso central, e o menor que temos é de 7,5. P á g i n a | 6 Em uma criança com < 3kg, esse cateter fica ocupando quase todo o lúmen da veia, mesmo que na VCS, VCI, veia braquicefálica ou veias hipogástricas. Quando a máquina puxa o sangue, ela cria um vácuo. Se não há um volume adequado ou um diâmetro adequado do vaso, esse vaso colaba no cateter e a máquina não consegue filtrar o sangue. Continuo (hemofiltração ou hemodialise) em pacientes críticos. Depende se quer remover escórias (substâncias que fazem mal ao organismo e normalmente são eliminadas pelo rim) ou quando a gente só quer fazer uma filtração, principalmente quando queremos diluir o sangue ou remoção de volume. Problemas em pacientes pequenos se preenchimento do circuito > 10% - necessidade de CHAD o Nós precisamos de 10% do sangue do paciente para preencher a máquina de hemodiálise. Quando a criança é muito pequena, esses 10% podem fazer com que ela entre em choque. Nesses casos, temos que por CHAD (concentrado de hemácias) na máquina. o Então esse paciente vai ser transfundido. Isso pode levar a baixa da imunidade e outras complicações, como sensibilização. o Prisma (máquina). o Precisa do pediatra, nefropediatra e o técnico em diálise, porque a criança não pode perder tanto peso. Isso evita que a criança entre em choque, faça uma parada cardíaca e até AVE, acidente miocárdico. o Há um alto risco de mortalidade principalmente depois de um ano de hemodiálise, porque é uma terapia de reposição de função renal, porém tem muitas chances de complicação. Prognóstico Taxa de mortalidade ainda alta e depende das causas e comorbidades. Sequelas são comuns, como: doença renal crônica, proteinúria e hipertensão arterial secundária (mesmo com creatinina normal). o Acontecem em até 60% dos pacientes. o Creatinina normal não é marcador de sequela.
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