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Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 1 CONTROLE BIOLÓGICO NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS Isabela Aparecida de Almeida 1 ; Geraldo Henrique 2 ¹Graduanda no curso de Engenharia Agronômica no Centro Universitário Sudoeste Paulista – UniFSP; 2 Docente do curso de Engenharia Agronômica no Centro Universitário Sudoeste Paulista. Endereço eletrônico: isa_almeida.aparecida@hotmail.com 1.0 INTRODUÇÃO A alta demanda de grãos, como os cereais e algumas leguminosas, a modernização da agricultura e os fatores mercadológicos, como a espera por preços mais satisfatórios, permitiram maior produção e geraram a necessidade de armazenamento. No entanto, as condições inadequadas e o tempo prolongado de armazenamento podem levar ao surgimento de avarias nas massas de grãos. Essas avarias podem ser grãos fermentados ou carunchados (CARVALHO; ROSSETTO (1968) apud SOARES, 2009). Os agricultores dependem inteiramente do uso de produtos químicos há muitos anos para obter as vantagens de baixo custo e resposta rápida. Mas com o passar do tempo, com a mudança da sociedade, outras ferramentas precisaram ser estudadas. Como o uso do controle biológico, constituindo uma “tática importante e fundamental em programas de manejo integrado de pragas, representando alternativa viável ao uso unilateral de produtos químicos de amplo espectro de ação” (CRUZ, 1994, p. 49). O aumento da conscientização social sobre a necessidade de alavancar o desenvolvimento econômico sustentável que promova a saúde da população e proteja o meio ambiente, foi o que determinou um aumento no uso de métodos alternativos aos métodos químicos de controle de pragas. (SANCHES et al., 2018). Atualmente, o programa de controle biológico mais famoso do mundo é uma espécie brasileira, que controla ativamente as pragas da cana-de-açúcar, 50% das áreas agrícolas se beneficiam dessa tecnologia, tendo como resposta altíssima eficiência de controle e bons resultados em nível de campo. (SIMONATO; GRIGOLLI; OLIVEIRA, 2014). Os principais insetos pragas de grãos armazenados são pertencentes às ordens Coleoptera e Lepidoptera. A ordem Psocoptera também ocorre nas massas de grãos e embora não causem danos consideráveis, sua presença afeta a qualidade comercial do grão (LORINI, 1999). Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 2 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 CLASSIFICAÇÃO DE PRAGA Os insetos-praga de grãos armazenados, de acordo com o habito alimentar, podem ser classificados como pragas primárias, secundárias e associadas: 2.1.1 Pragas Primárias: As pragas primárias são capazes de romper a parede externa dos grãos íntegros e sadios para atingir o endosperma. São divididas em pragas primárias internas e externas. As pragas primárias internas, que compreendem algumas espécies mais importantes, completam seu ciclo evolutivo no interior de apenas um grão. Em algumas espécies como Sitophilus spp. e A. fasciculatus os adultos rompem a película protetora dos grãos com as mandíbulas e depositam o ovo na parte interna do grão. As larvas eclodem e se desenvolvem deixando o grão após atingir a fase adulta. Outras como S. cerealella, R. dominica e os carunchos C. maculatus, A. obtectus e Z. subfasciatus depositam os ovos externamente e as larvas, assim que eclodem, penetram no grão onde se desenvolvem, saindo para o exterior no estágio adulto. As pragas primárias externas se alimentam da porção externa do grão, podendo alimentar da parte interna após o rompimento da externa. Este grupo pode ser representado pelas traças P. interpunctella e pelos besouros L. serricorne e T. mauritanicus (FARONI; SOUZA, 2008). 2.1.2 Pragas Secundárias: São aquelas que não conseguem atacar grãos e sementes sadias, pois requerem que estejam danificados ou quebrados para deles se alimentarem. Essas pragas ocorrem na massa de grãos quando estes estão trincados, quebrados ou mesmo danificados por pragas primárias. Multiplicam-se rapidamente e causam prejuízos elevados. Como exemplo, citam-se as espécies Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum (LORINI, 2008). 2.1.3 Principais pragas: O conhecimento do hábito alimentar de cada praga constitui elemento importante para definir o manejo a ser implementado na massa de grãos ou sementes (KRZYZANOWSKI; et al 2015). Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 3 Ordem Coleóptera: o Lasioderma serricorne (F) o Stegobium paniceum (L.) o Araecerus fasciculatus o Rhyzopertha dominica (F.) o Prostephanus truncatus Ordem Lepdóptera: o Sitotroga cerealella o Corcyra cephalonica o Ephestia (Cadra) cautella (Walker) o Ephestia (Anagasta) kuehniella (Zeller) o Ephestia figulilella (Gregson) o Ephestia elutella Hübner) o Ordem Psocóptera: Liposcelis sp. o Ácaros: Acarus Siro. Amostragem de pragas em grãos armazenados: o Estimativas da densidade populacional de insetos; o Índices da população; o Programa de amostragem. 2.2 CONTROLE BIOLÓGICO EM ARMAZENAMENTO DE GRÃOS Uma das alternativas para minimizar as perdas é o Manejo integrado de pragas de grãos e sementes armazenadas. Este prevê o conhecimento das condições de armazenagem dos grãos e sementes, da unidade armazenadora (UA) e unidade de beneficiamento de sementes (UBS), a identificação de espécies e de populações de pragas ocorrentes e seus danos, a limpeza e a higienização das instalações de armazenagem, a associação de medidas preventivas e curativas de controle de pragas, o conhecimento dos inseticidas registrados, sua eficiência e da existência de resistência de pragas aos mesmos, a análise econômica do custo de controle e da prevenção de perdas. Da mesma forma, faz-se necessária a adoção de rigoroso sistema de monitoramento de pragas, de temperatura e de umidade da massa de grãos (LORINI et al., 2002). Segundo Parra et al. (2002), o controle biológico consiste na regulação populacional, seja de plantas ou animais, por inimigos naturais, que são os agentes bióticos de mortalidade. Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 4 Envolve o mecanismo da densidade recíproca (ou densidade-dependente), o qual atua de tal forma que uma população é regulada por outra população. Conceitualmente falando, existem diversas definições de controle biológico. Como sendo uma importante estratégia que, “através da liberação, incremento e conservação de inimigos naturais (parasitoides, predadores e microrganismos), impede que os insetos-praga atinjam níveis capazes de causar dano econômico, tendo como principais vantagens, não deixar resíduo no ambiente” (OLIVEIRA, 2010, p. 121). A preservação dos fungos como agentes microbianos de ocorrência natural é essencial para evitar ressurgência ou surtos de pragas (SOSA-GOMEZ, 2005). No entanto, devido à falta de entendimento das vantagens do controle biológico, de acordo com as características físicas, normalmente pequenos, esses agentes de controle é de baixa visibilidade, dificultando assim as percepções dos agricultores aos seus efeitos e benéficos. (SIMONATO; GRIGOLLI; OLIVEIRA, 2014). As pragas que atacam os diferentes tipos de grãos devem ser identificadas taxonomicamente, pois dessa identificação dependerão as medidas de controle a ser tomadas e a consequente potencialidade de destruição dos grãos. As pragas de grãos armazenados podem ser divididas em dois grupos de maior importância econômica, que são os besouros e as traças (KRZYZANOWSKI; et al 2015). Controle biológico: o Patógenos de Insetos: Bactérias; Vírus; Fungos; Protozoários. Planejamento para um programa de controle biológico: o Primeiro a identificação da praga; O sistema de monitoramento de pragas que ocorrem na massa de grãos armazenados é de fundamental importância, pois irá detectar o início de qualquer infestação que poderá alterar a qualidade final do grão (KRZYZANOWSKI; et al 2015). Medidas de resistência e manejo: Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 5 o Resistência em insetos de produtos armazenados o Programas de manejo da resistência Manejo integrado de pragas: o Nível de ação, o Tomada de decisão. Sendo assim paralelamente, torna-se necessário gerar técnicas econômicas para criação massal, armazenamento, transporte e liberação dos agentes de controle biológico; monitorar as populações das pragas nas massas de grãos e realizarem-se estudos básicos sobre a biologia e as relações ecológicas das pragas e seus inimigos naturais. A utilização do controle biológico, em massas de grãos, apresenta certas vantagens como a proteção dos inimigos naturais das condições adversas do ambiente externo, ausência de resíduos químicos nos alimentos e a localização e combate das pragas em espaços da unidade armazenadora que os inseticidas podem não atingir (SOARES; et al, 2009). REFERÊNCIAS CARVALHO; ROSSETTO (1968) apud SOARES, Marcus Alvarenga. Controle biológico de pragas em armazenamento: uma alternativa para reduzir o uso de agrotóxicos no Brasil? Unimontes Científica. Montes Claros, v.11, n.1/2 – jan./dez. 2009. CRUZ, Ivan. Manejo integrado de pragas de milho com ênfase para o controle biológico. Embrapa/CNPMS. Sete Lagoas, MG. 1994. p. 48-92. FARONI, Leda; SOUZA, Adalberto. Os problemas com pragas de armazenamento e as tendências para seu controle na pós-colheita de grãos. Disponível em:< http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/16_20160821_20-54-21_438.pdf> Acesso em: 25 de maio de 2020. KRZYZANOWSKI; et al. Manejo Integrado de pragas de grãos e sementes armazenadas. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Soja. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2015. LORINI, I. Manejo integrado de pragas de grãos de cereais armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2008. 72 p. LORINI, I. Pragas de grãos de cereais armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 1999. 60p. LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. Armazenagem de grãos. Campinas: IBG, 2002. 983p. Centro Universitário Sudoeste Paulista (Mantida pela ICE – Instituição Chaddad de Ensino Ltda) 6 OLIVEIRA, H. N. de. Controle biológico: amigo oculto do agricultor. A Lavoura, Rio de Janeiro, p. 121-122, fev. 2010. PARRA, J. R. P.; et al. Controle biológico: terminologia. Controle biológico no Brasil: parasitoides e predadores. São Paulo: Manole, 2002. p. 1-16. SANCHES; et al. Avaliação de co-infecção de Anticarsia gemmatalis MNPV e Chrysodeixis includens NPV em cultura de células de inseto. Boletim de pesquisa e desenvolvimento 333. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. ISSN 0102-0110. Brasília, DF. 2018. SIMONATO, Juliana; GRIGOLLI, José Fernando Jurca; OLIVEIRA, Harley Nonato. Controle Biológico de Insetos-Praga na Soja. Tecnologia e Produção: Soja. p. 178-179. 2013/2014. SOSA-GÓMEZ, D. R. Seletividade de agroquímicos para fungos entomopatogênicos. 2006. Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/download/artigos/seletiv_fung.pdf>. Acesso em: 03 maio de 2013. SOARES, Marcus Alvarenga. Controle biológico de pragas em armazenamento: uma alternativa para reduzir o uso de agrotóxicos no Brasil? Unimontes Científica. Montes Claros, v.11, n.1/2 – jan./dez. 2009.
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