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E-BOOK 3 - DIREITO E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

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Ana Elizabeth Lapa Wanderley Cavalcanti
Direito e Sociedade 
da Informação
Sumário
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CAPÍTULO 3 – Os negócios jurídicos na era digital............................................................05
1. Conceito de Negócio Jurídico .....................................................................................05
2. Negócio jurídico em meio digital .................................................................................05
3. Requisitos de validade do Negócio Jurídico em meio eletrônico ......................................07
4. Comércio Eletrônico e os negócios jurídicos ..................................................................09
5. As operações B2B, B2C e C2C: Conceito e Regime jurídico ...........................................12
6. As operações de Governo Eletrônico (E-Gov) ................................................................13
7. Os metaversos como ambiente de relações sociais ........................................................14
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Capítulo 3 
1. Conceito de Negócio Jurídico
Antes de adentramos ao tema central, objeto deste estudo, é necessário compreendermos o que 
vem a ser um negócio jurídico para, posteriormente, avaliarmos a influência da tecnologia e o 
impacto da era digital nessas relações jurídicas. 
Negócio jurídico é um ato jurídico, ou um conjunto de atos interligados, realizado por uma ou 
por diversas pessoas com finalidade negocial cujo objetivo é produzir efeitos jurídicos e, conse-
quentemente, criar, transferir, modificar ou extinguir direitos no âmbito do Direito Privado.
Ao celebrar um negócio jurídico, as partes estabelecem normas concretas, pois, sendo um ato 
de autonomia privada, podem as partes criar regras que autorregulem seus interesses, obser-
vando-se o ordenamento jurídico.
Assim, pode-se concluir que “[...] negócio jurídico é o instrumento próprio da circulação dos 
direitos, isto é, da modificação intencional das relações jurídicas” (GOMES, 1988, p. 274). 
Gagliano e Pamplona Filho (2014, p. 367), ao tratarem do assunto, muito bem colocam que ne-
gócio jurídico seria a “[...] declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos 
de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordena-
mento jurídico pretendidos pelo agente”.
E, apenas para finalizar esta questão do conceito de negócio jurídico, Gonçalves (2014, p. 319-
322) nos lembra que a expressão “negócio jurídico” é empregada no Código Civil como uma 
das espécies em que se subdividem os atos jurídicos lícitos.
2. Negócio jurídico em meio digital
Superada essa análise conceitual, passaremos a examinar essas relações jurídicas na era da So-
ciedade da Informação, que é marcada pela proliferação dos avanços decorrentes da evolução 
tecnológica.
No início deste século, ao publicar o Livro Verde da Sociedade da Informação, o Ministério da 
Ciência e Tecnologia nos trouxe as primeiras noções sobre a sociedade contemporânea, que é 
marcada pelo desenvolvimento tecnológico e pela disseminação da informação em tempo real, 
proporcionada pelo uso da internet. Em nota introdutória, o órgão governamental definiu esta 
fase como sendo “[...] uma nova era em que a informação flui a velocidades e em quantidades 
há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo valores sociais e econômicos fundamentais” 
(BRASIL, 2000, p. 03). 
Os negócios jurídicos 
na era digital
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Direito e Sociedade da Informação
Decorrido mais de uma década da publicação do Livro Verde, inúmeras transformações decor-
rentes do avanço tecnológico puderam ser verificadas na seara negocial, dentre elas a possibili-
dade de utilização do meio eletrônico e da tecnologia informática para a celebração de negócios 
jurídicos e para a comercialização de produtos e serviços.
A internet e as tecnologias da informação transformaram significativamente a forma como atual-
mente são praticadas as interações comerciais.
Fonte: Shutterstock
O avanço tecnológico, nos dias atuais, é a cada dia mais rápido e profundo e a velocidade des-
sas mudanças exige que as empresas e o comércio se atualizem e acompanhem tais evoluções.
Em razão disso, as empresas e as indústrias vêm utilizando o meio eletrônico como ferramenta 
para a concretização de negócios, eis que a agilidade proporcionada pelo ambiente virtual atrai 
investimentos e cria novas oportunidades de exploração.
Atualmente, comercializar no ambiente virtual deixou de ser um diferencial, tornando-se requisito 
obrigatório para a sobrevivência da empresa, haja vista que os negócios jurídicos celebrados 
dessa forma apresentam maior praticidade, com economia de tempo e despesas para deslo-
camento e muitas vezes proporcionam conforto, vez que em poucos minutos, com apenas um 
clique, compras e vendas são realizadas.
Compete-nos, todavia, avaliar a validade dos negócios jurídicos celebrados digitalmente, haja 
vista que, inegavelmente, essa modalidade de transação se diferencia do modo tradicional.
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3. Requisitos de validade do Negócio 
Jurídico em meio eletrônico
Considerando os avanços já relatados e o aumento do uso dessas tecnologias para celebração 
de negócios jurídicos, importante é analisar os requisitos indispensáveis para a validade do 
negócio jurídico, especialmente quando o mesmo é realizado com a utilização de alguma ferra-
menta eletrônica. 
Como já explanado anteriormente, negócio jurídico são relações jurídicas e sociais que atribuem 
às partes direitos e deveres e, por estarem no campo da autonomia da vontade, dependem da 
vontade consciente, devendo-se observar, contudo, os elementos indispensáveis para a existência 
e validade do negócio.
Apenas como explicação dos termos, utilizamos a lição de Farias e Rosenvald (2015, p. 511) 
que, ao tratarem da estrutura do negócio jurídico, nos ensinam que o “plano de existência” é 
relativo ao ser, ou seja, à estruturação do negócio; “plano de validade” diz respeito à aptidão do 
negócio jurídico frente ao ordenamento jurídico, com a finalidade de produzir efeitos; e “plano 
de eficácia” está relacionado à capacidade do negócio produzir efeitos desde logo ou ficar sub-
metido a determinados elementos acidentais que podem liberar ou conter sua eficácia imediata.
No plano da existência, o negócio jurídico deve conter: 
• declaração de vontade, ou seja, manifestação de vontade expressa que comprove a 
intenção das partes em criar direitos e/ou contrair deveres, sendo imprescindível que esta 
manifestação de vontade se exteriorize;
• a finalidade negocial que nada mais é do que a vontade de criar, conservar ou modificar 
direitos;
• disposição do objeto, ou seja, idoneidade do bem, objeto do negócio.
Para ilustrar os requisitos acima elencados, podemos imaginar a celebração de um contrato, que 
é um exemplo típico de negócio jurídico.
Imaginemos a celebração de um contrato para a compra e venda de um bem imóvel.
O proprietário, vendedor, deve declarar e manifestar a sua vontade humana em vender o imóvel 
e o comprador, por sua vez, deve manifestar o seu desejo em adquirir o imóvel.
Além disso, o vendedor deve estar disposto a entregar o imóvel e receber o dinheiro do compra-
dor e este, por sua vez, deve estar disposto a entregar o dinheiro e receber o imóvel.
No caso em apreço, o objeto em disposição que deve estar em conformidade com a norma jurí-
dica é o imóvel, objeto do negócio.
Na ausência de algum dos requisitos acima elencados, o negócio será inexistente.
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No plano da validade o negócio jurídico requer:
• agente capaz que se traduz na necessidade de aptidão e discernimento para realização 
de atos da vida civil;
• objeto lícito (não contrário à lei), possível (aceitável em uma negociação), determinado 
ou determinável (que as partes conheçam ou possam conhecer as suas características);
• forma prescrita ou não defesa em lei, que retrata a forma, ou seja, o meio através do qual 
as partesexteriorizarão a sua vontade (Código Civil, artigo 104).
Neste último aspecto é que surgem algumas discussões a respeito da validade dos negócios jurí-
dicos celebrados virtualmente. A nossa legislação impõe que o ato se realize como determinado 
pela lei ou, ainda, que seja concretizado de maneira que não contrarie o ordenamento jurídico 
vigente.
Se a lei exige, para a formalização de ato jurídico, determinada forma, esta, por constituir ele-
mento complementar do seu suporte factivo, há de ser atendida sob pena de invalidade. Igual-
mente, se o emprego de certa forma é proibido: a sua utilização faz inválido o negócio jurídico 
(MELLO, 2015, p. 80).
Entretanto, o princípio da liberdade de forma vigente em nosso ordenamento jurídico (artigo 107 
do Código Civil) permite que as partes concretizem negócios jurídicos da maneira que lhes for 
conveniente, excepcionando as hipóteses em que a própria legislação traga a previsão de algum 
requisito especial, como, por exemplo, as situações em que a lei impõe a necessidade do negó-
cio ser firmado através de instrumento público (artigo 108 e 109 do Código Civil).
A própria legislação define qual é a punição do ato realizado de modo contrário à lei ou com a 
inobservância de alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade, qual seja, 
a nulidade do negócio jurídico (artigo 166, incisos IV e V, do Código Civil).
Feitas essas considerações, incumbe-nos avaliar se os negócios jurídicos celebrados no âmbito 
digital prescindem de alguma forma especial, ou seja, se existem regras que devam ser observa-
das para que os mesmos sejam eficazes e produzam efeitos.
Traçando um paralelo entre o tradicional negócio jurídico, já existente, e o novo modelo, qual 
seja, o negócio virtual, verificamos que este último deve possuir ao menos as mesmas garantias 
do negócio formalizado através dos tradicionais documentos em papel, ou seja, as informações 
veiculadas virtualmente devem guardar o sigilo, sendo vedado sua propagação a pessoas estra-
nhas ao negócio. 
Além disso, o negócio virtual deve preservar a integridade das mensagens, sem quaisquer altera-
ções, e poder garantir a identificação das pessoas envolvidas na celebração.
Temos, contudo, que tais garantias devem ser adequadas à nossa nova realidade contemporâ-
nea, considerando a possibilidade de instrumentalidade da forma virtual de contratação, com 
base no princípio da liberdade de forma vigente em nosso ordenamento jurídico. 
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4. Comércio Eletrônico e os negócios 
jurídicos
Inegavelmente, a internet se revela como um espaço novo para o comércio, que não pode ficar 
à margem dos avanços tecnológicos.
O comércio é o ramo da produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela in-
terposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias (ROCCO, 
1995, p. 04).
O comércio pode ser visto como o conjunto de trocas e compras e vendas objetivando ganhos 
e/ou satisfações. Para sua estabilidade e crescimento, os agentes operadores do comércio foram 
desenvolvendo regras ao longo do tempo, fundamentalmente, por meio dos usos e costumes, 
que acabaram colaborando para a construção do direito comercial como um ramo do Direito 
(TEIXEIRA, 2015, p. 21).
Comércio Eletrônico ou e-commerce ou e-business, termo utilizado para se contrapor ao comér-
cio tradicional, é um tipo de transação comercial realizada com a utilização de equipamentos 
eletrônicos, tais como PC’s (personal computer), tablets, smartphones e até mesmo com o uso do 
telefone, vez que a venda realizada através de telemarketing também não é realizada de modo 
presencial.
Nas palavras de Pinheiro (2017, p. 146-147), o comércio por via eletrônica já é antigo, pois 
inclui meios eletrônicos como um todo, que vão desde o fax, caixas eletrônicos de banco, in-
ternet e etc. Ela vai mais além ao dizer que a sociedade digital de hoje já assumiu o comércio 
eletrônico como um novo formato de negócios, gerando uma nova tendência de que esse tipo 
de comércio se amplie cada vez mais, conforme o avanço de novas tecnologias. Mas é impor-
tante salientar que todo negócio depende de confiança e este é o ponto mais significativo para 
o desenvolvimento adequado desse tipo de comércio. Daí a importância da informação clara, 
precisa e verdadeira.
Assim, podemos dizer que o comércio eletrônico é o comércio “clássico” de atos negociais entre 
empresários e clientes para vender produtos e serviços, agora realizado através de contrata-
ções à distância, conduzidas por meios eletrônicos (e-mails, mensagens de texto etc.), pela 
internet (on-line) ou por meios de telecomunicação de massa (telefones fixos, televisão a cabo, 
telefones celulares etc.). Esses negócios jurídicos por meio eletrônico são concluídos sem a pre-
sença física simultânea de dois contratantes no mesmo lugar, daí serem denominados, normal-
mente, contratos à distância no comércio eletrônico, e incluírem trocas de dados digitais, textos, 
sons e imagens (MARQUES, 2016, p. 35).
O comércio eletrônico, todavia, em uma visão mais ampla, não fica adstrito tão somente à efe-
tiva contratação, englobando os serviços de busca, a publicidade, as formas de pagamento, a 
troca de informações e qualquer outro ato que objetive a conclusão do negócio, ou seja, sempre 
que tivermos o emprego da ferramenta eletrônica para a concretização do negócio, estamos 
diante dele.
Segundo Lorenzetti, citado por Marques (2016, p. 39) de forma ampla, comércio eletrônico 
engloba todas as atividades que tenham por fim o intercâmbio, por meios eletrônicos, de bens 
físicos e de bens digitais ou imateriais e as relações daí oriundas podem ser de Direito Público 
(entre cidadão e Administração ou mesmo entre Administração e Administração) ou de Direito 
Privado de forma puramente civil, comercial ou de consumo.
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Porém, chama a atenção desse tipo de negócio a questão da confiança. A confiança, como 
muito bem ressalta Marques (2016, p. 31), é um elemento central da vida em sociedade e pode 
ser encarada como a base da atuação organizada do indivíduo. E, portanto, nos ensinamentos 
de Larenz, a confiança é princípio inerente de todo o direito. Portanto, no comércio eletrônico 
devemos pensar também na confiança como um princípio. Mas como fazer com que a confiança 
realmente esteja presente? Não há outro jeito, precisamos dar ênfase nas informações, transpa-
rência nas ações e segurança nos negócios realizados.
Fonte: Shutterstock
Vemos, portanto, que as inovações não ficam adstritas à simples comercialização de um produto 
ou serviço. Os empresários e comerciantes inovam dia a dia no intuito de aprimorarem essas 
atividades, criando novos métodos de negócios, almejando a sua expansão.
Uma forma bastante interessante de consumo eletrônico surgiu com a chamada compra cole-
tiva. A compra coletiva foi mais uma inovação do comércio eletrônico que surgiu no Brasil no 
ano de 2010. Os sites de compras coletivas, tais como Groupon, Peixe Urbano, dentre outros, 
comercializam cupons de descontos, de produtos e de serviços que, via de regra, são fornecidos 
e prestados por outro comerciante, por preços atrativos, vez que inferiores ao valor original do 
produto ou serviço.
Os cupons são comercializados com certas condições, tais como período de uso, número mínimo 
de compras necessárias para validar a promoção, horários específicos, dentre outros.
Note-se que teremos neste cenário a empresa titular do site de compra coletiva, por exemplo, 
o Groupon, que é o fornecedor intermediário e imediato, cuja obrigação é de concretizar o 
contrato, entregando-lhe o seu cupom após o devido pagamento. Teremos ainda o fornecedor 
que está ofertando o produto ou serviço e que assume a obrigação de entregá-lo, ou prestá-lo, 
mediante o ajustamento de certas condições (fornecedor primário e mediato) e o consumidor 
final do produto ou do serviço.
Para o consumidor final, o grande atrativo é a possibilidadede aquisição dos produtos e serviços 
por preços inferiores.
Já o fornecedor primário promove a divulgação de seu negócio, potencializando suas vendas e 
fazendo o seu negócio girar nos momentos mais ociosos.
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O fornecedor intermediário, por sua vez, lucra na venda dos cupons que posteriormente serão 
trocados por produtos e serviços que serão prestados e comercializados pelo fornecedor primá-
rio.
O grande problema, nesse cenário, está em identificar o nível de responsabilidade de cada um 
dos envolvidos nestas transações, cabendo, muitas vezes ao judiciário, dirimir tais questões.
De forma recorrente, o judiciário conclui que o fornecedor intermediário, no caso, os sites de 
compras coletivas, assumem responsabilidades perante o consumidor final, haja vista que fazem 
parte da cadeia de consumo na condição de intermediadora de vendas, auferindo lucro com 
a operação (Recurso Cível Nº 71005341128, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, 
Relator: Deborah Coleto Assumpção de Moraes, Julgado em 01/04/2016).
Fonte: Shutterstock
Os problemas jurídicos decorrentes do comércio eletrônico têm sido o grande desafio entre os 
operadores do direito, que tentam amoldar o Direito do Consumidor, já existente, a este novo 
modelo de comércio.
Atualmente, grande parte das demandas judiciais relacionadas ao comércio envolve negócios 
celebrados pela internet. Inúmeras são as razões para tais demandas e grande parte delas está 
ligada à ausência de entrega do produto comercializado, à entrega de produto diverso do que foi 
comercializado, seja na quantidade, seja na qualidade do produto, problemas ligados a cobran-
ças indevidas, fraudes, entrega do produto sem o respectivo pagamento, divulgação de dados 
pessoais, discussões a respeito das condições impostas nas compras coletivas, dentre inúmeros 
outros.
Nossos Tribunais vêm entendendo que o Código de Defesa do Consumidor é aplicável às rela-
ções de consumo envolvendo a exploração comercial da rede mundial de computadores, ainda 
que o serviço seja prestado gratuitamente ao consumidor (Apelação Cível Nº 70070608450, 
Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado 
em 18/05/2017).
Assim, não nos restam dúvidas com relação à aplicabilidade da Lei 8078/1990 (Código de De-
fesa do Consumidor) às relações jurídicas celebradas em meio digital.
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5. As operações B2B, B2C e C2C: Conceito 
e Regime jurídico
Existem diversos tipos de negócios comerciais que se realizam virtualmente.
Algumas nomenclaturas definirão o tipo de estratégia de comunicação que as empresas utilizam 
para celebrar negócios.
São elas: 
B2B – Business to Business
Este comércio cibernético – business-to-business – é caracterizado por transações realizadas 
entre empresas.
Para exemplificar, podemos citar as transações que são realizadas pela empresa “decolar.com”, 
que promove busca de passagens aéreas e hospedagens com a utilização de um sistema de bus-
ca e com base nos critérios informados pelo interessado, o sistema informa ao usuário a melhor 
oferta entre as diversas companhias aéreas e rede de hotéis.
Ao final, se o consumidor finalizar a compra, a “Decolar”, empresa que administra o site, con-
firmará as reservas das passagens e/ou dos hotéis junto à companhia aérea ou junto à rede de 
hotéis, realizando operações entre essas empresas.
O B2B abarca todos os negócios eletrônicos realizados entre empresas e se desenvolve em três 
áreas.
Para compreendê-las, é necessário entender previamente o que é uma plataforma de e-commer-
ce, que nada mais é do que o sistema responsável pela criação, visualização e pelo gerencia-
mento da loja virtual na internet.
A primeira delas, denominada “e-Marketplaces” é formada por plataformas eletrônicas que pos-
sibilitam que as empresas criem laços comerciais, o que pode ocorrer entre empresas do mesmo 
segmento, ou ainda entre empresas de diversos setores e ramos de atividade.
A segunda, conhecida como “e-Procurements” consiste em plataformas eletrônicas, cujo objetivo 
é criar melhores condições na cadeia de fornecimento, otimizando o tempo e os custos.
E, por fim, a terceira área, denominada “e-Distributions” é formada por plataformas eletrônicas 
criadas com o intuito de agregar as empresas e seus respectivos representantes e distribuidores, 
possibilitando a execução de inúmeras atividades, tais como consultar catálogos, emitir faturas, 
enviar mercadorias, além de outras funções e tarefas que fazem parte do dia a dia de um co-
mércio eletrônico.
B2C – Business to Consumers
Este comércio eletrônico – business to consumers – é caracterizado por relações mistas entre o 
consumidor final e um fornecedor/comerciante/fabricante vendendo diretamente o seu produto, 
serviço ou mercadoria.
Inúmeros sites de compra podem ser citados para ilustrar essa modalidade de comércio ciberné-
tico, dentre elas: “americanas.com.br”, “extra.com.br”, dentre inúmeros outros.
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C2C – Consumer to consumer
Nessa modalidade de comércio eletrônico, bastante popular e difundida nas nossas relações 
negociais, qualquer pessoa que possui um produto e deseja comercializá-lo pode acessar um site 
de ofertas e anunciá-lo, desde que, evidentemente, o produto a ser comercializado seja lícito e 
atenda a política de uso e segurança do site de ofertas.
Anunciando o seu produto, o vendedor estará interligado com diversos vendedores e compra-
dores e negociará o seu produto em uma plataforma web, através do suporte técnico de uma 
empresa que fica responsável pela organização dos anúncios e pela fiscalização das regras e 
políticas de segurança daquele ambiente digital.
No C2C não há envolvimento de empresas e produtores, sendo a comercialização realizada 
entre dois consumidores finais, que diretamente negociam entre si, com o auxílio de empresas ou 
comunidades virtuais que facilitam essa transação, fornecendo o suporte técnico e administrati-
vo, através de sistemas que facilitam o gerenciamento de venda e compra.
Registra-se que, normalmente, essas empresas facilitadoras da transação apenas promovem a 
intermediação, não se responsabilizando pela qualidade do produto, nem tampouco pelo conte-
údo dos anúncios, haja vista que as mesmas apenas percebem uma comissão ou taxa em razão 
da transação, quando efetivada e, por esta razão, assumem a responsabilidade tão somente de 
informar, cabendo aos anunciantes, vendedores ou compradores, diligenciar no intuito de obter 
as informações acerca do produto.
Para exemplificar esta modalidade, citamos o MercadoLivre, que é uma empresa de tecnologia 
que oferece soluções de comércio eletrônico para que pessoas e empresas possam comprar, 
vender, pagar, anunciar e enviar produtos por meio da internet.
6. As operações de Governo Eletrônico 
(E-Gov)
O Estado e a Sociedade não poderiam ficar alheios à revolução tecnológica. Não é somente o 
comércio que está ficando cada vez mais digital, o governo também. No Brasil, por exemplo, a 
declaração de Imposto de Renda é feita pela internet. Nosso sistema eleitoral também é quase 
que totalmente digital e cada vez mais a Administração Pública tem usado o formato digital para 
se tornar mais transparente e eficaz. Para muitos, o governo eletrônico é uma potente ferramenta 
para o desenvolvimento (PINHEIRO, 2017, p. 346).
Ressalta-se também que no Brasil contamos com a Lei 12.527, de 2011, (Lei de Acesso à In-
formação) que regulamenta o art. 5º, inciso XXXIII, art. 37 § 3º, inciso II, e art. 216 § 2º da 
Constituição Federal. Ou seja, regulamenta as informações que são manuseadas pelo Poder 
Público, possibilitando maior transparência das atividades públicas. Gerando, inclusive, regras 
de responsabilidade.
E-Gov (E-Government) ou Governo eletrônico traduz-se na possibilidade de utilização de ferra-
mentas eletrônicas para facilitar a comunicação e aproximar o governo dos seus cidadãos e das 
organizações públicas e privadas.
A tecnologia é utilizadaem prol da modernização, permitindo-se a criação de portais que facili-
tem a divulgação de bancos de dados, informações, telefones úteis e até mesmo a prestação de 
serviços por meio eletrônico, tornando o governo mais efetivo, transparente e acessível.
14 Laureate- International Universities
Direito e Sociedade da Informação
O objetivo do governo eletrônico é utilizar a tecnologia para desburocratizar suas atividades e 
criar mecanismos para que a sociedade exerça um controle sobre as ações do governo.
Como exemplo de utilização do meio eletrônico para a desburocratização das atividades do 
governo, podemos mencionar a possibilidade de realização de pregão eletrônico, de licitação 
eletrônica para a aquisição de produtos e serviços, com a economia de tempo e de recursos.
O governo eletrônico objetiva também facilitar os debates e decidir estratégias, efetivar transa-
ções, ouvir a população e divulgar informações de interesse da coletividade, permitindo que o 
cidadão seja mais presente.
7. Os metaversos como ambiente de 
relações sociais
Metaverso é a ampliação do espaço real do mundo físico dentro de um ambiente virtual na in-
ternet.
É o surgimento de “mundos virtuais paralelos”, propiciado por dispositivos digitais capazes de 
reproduzir um mundo real, que possibilitam que os usuários interajam uns com os outros.
Um Mundo Virtual é uma representação em 3D, modelada computacionalmente por meio de 
técnicas de computação gráfica e usado para representar a parte visual de um sistema de rea-
lidade virtual. Esses ambientes são projetados por meio de ferramentas especiais, tais como a 
linguagem de programação VRML (Virtual Reality Modeling Languagem) (SCHLEMMER; BACKES, 
2008, p. 522).
São “mundos virtuais e tridimensionais” com características contemporâneas que se materiali-
zam com a utilização da tecnologia informática e que, inclusive, possuem linguagem e símbolos 
próprios.
Na atualidade, talvez o metaverso mais conhecido seja o “Second Life”, mas podemos mencio-
nar outros, tais como o “There” e “ActiveWorld”, que é uma plataforma que distribui de modo 
eletrônico e em tempo real, conteúdos 3D, propiciando a realização de aplicações empresariais 
e pessoais.
Para a ciência jurídica, o que mais importará serão as consequências advindas dessas relações 
que se desenvolvem nestes mundos virtuais, haja vista que os negócios celebrados nesses mun-
dos paralelos trarão impacto ao mundo jurídico e operadores do direito deverão estar atentos 
para solucioná-los.
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Referências
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Livro Verde da Sociedade da Informação no 
Brasil. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte 
Geral v. 1. São Paulo: Saraiva, 2014.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1988.
MARQUES, Cláudia Lima. Confiança no comércio eletrônico e proteção do consumidor: 
um estudo dos negócios jurídicos de consumo no comércio eletrônico. São Paulo: RT, 2004.
_______. Contratos no código de defesa do consumidor. 8ª edição. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2016. 
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: plano de validade. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015.
PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2017. 
ROCCO, Alfredo. Princípios de direito comercial. In: REQUIÃO, Rubens. Curso de direito 
comercial. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
SCHLEMMER, Eliane; BACKES, Luciana. Metaversos: novos espaços para construção do 
conhecimento. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 8, n. 24, p. 519-532, mai/ago, 
2008. 
TEIXEIRA, Tarcísio. Comércio eletrônico: conforme o Marco Civil da Internet e a regulamentação 
do e-commerce no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2015.
Bibliográficas

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