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FACULDADE DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ – NOVAFAPI.
EDIOSEFFER LOBÃO DE SOUSA
ACESSO À INTERNET: um direito fundamental? 
TERESINA
2010
EDIOSEFFER LOBÃO DE SOUSA
ACESSO À INTERNET: um direito fundamental? 
Artigo apresentado à Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí ​– NOVAFAPI, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.
ORIENTADORA: ...
Teresina
2010
EDIOSEFFER LOBÃO DE SOUSA
ACESSO À INTERNET: um direito fundamental? 
Artigo apresentada à Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí ​– NOVAFAPI, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito, sobre o acesso à internet como um direito fundamental.
Aprovado em:___/___/____
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Título. Nome Completo (Novafapi)
(Orientadora)
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Prof. Título. Nome Completo (Novafapi)
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Prof. Título. Nome Completo (Novafapi)
Dedico este trabalho à minha família pelos anos de carinho e principalmente à Ravena, pelo apoio de todos os dias.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 
5
2 DIREITOS FUNDAMENTAIS
6
2.1 HISTÓRICO
6
2.2 CLASSIFICAÇÃO
7
1 INTRODUÇÃO
O direito como ciência social busca sempre acompanhar as mudanças na sociedade. Mudanças estas que invariavelmente ocorrem em face da necessidade do homem de evoluir, de sempre buscar respostas para seus problemas, o que acaba por gerar novas dúvidas, reiniciando o ciclo ininterrupto de evolução.
Desde a globalização, qual seja, uma maior integração entre os povos, estas mudanças se tornam mais rápidas e profundas, forçando o direito a manter o ritmo de mudanças para se manter atual. O fenômeno da globalização acabou com as barreiras para a livre circulação de pessoas e bens, num primeiro momento, como também, a circulação de idéias e tecnologias em um momento posterior.
Aspecto significativo destas mudanças é o surgimento da internet e o impacto desta na vida de todos. Impacto de tal forma tão profundo que essa tecnologia está presente em quase todos os aspectos do dia-a-dia da população em geral, seja para trabalhar, para contato com familiares, busca de informações, ter pleno acesso ao poder Judiciário entre outros, bem como ao próprio Estado que depende de tal ferramenta para uma melhor atuação.
Diante de tal realidade, o acesso à internet se reveste de uma grande importância, logo, tendo como fundamento a teoria dos Direitos Fundamentais, bem como a busca através da análise da Constituição Federal de 1988, bem como da relevância social do tema, este estudo busca demonstrar, então, o caráter de direito fundamental do acesso à internet. 
Buscando-se esclarecer a verdadeira natureza do direito de acesso à internet no direito brasileiro, e utilizando-se para tal tarefa a doutrina pátria e internacional, bem como a legislação brasileira e internacional, em sentindo amplo, como, também, a jurisprudência nacional e internacional, pesquisas bibliográficas e digitais e, por fim, a análise hermenêutica da Carta Magna Brasileira para, então, buscar as respostas aos problemas levantados pelo presente estudo.
2 DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais surgidos com as constituições se apresentam como a concretização da supremacia do povo frente ao Estado. Cabendo a este não somente respeitá-los, como também, garantir que estes sejam efetivamente utilizados pelos cidadãos. Logo importante analisar seu nascimento e evolução ao longo da história, sua classificação e sua eficácia frente ao poder público.
2.1 HISTÓRICO
Os direitos fundamentais surgiram com as revoluções burguesas do século XVIII. Diante do poder estabelecido que não se submetia a nenhuma limitação, os ricos não tinham acesso ao poder e os pobres não tinham condições de se defender das arbitrariedades dos governantes. No processo de evolução que culminou com a célebre Declaração dos Direitos do Homem de 1789 a lei passou a ser a sede de legitimação do poder tendo como ápice a constituição.
O direito como uma ciência social, tem na sociedade que se insere, sua fonte. Assim, com as constantes mudanças e evoluções sociais, o direito precisa mudar e evoluir para se adequar à realidade social que se faz presente. O ilustre Miguel Reale ensina “o Direito deve estar em correspondência com os fatos sociais, com os sentimentos e as idéias dominantes, e, por conseguinte, assentar-se sobre uma larga base de assentimento, de confiança, de adesão espontânea e de consenso costumeiro” 
.
Dessa forma, para ser plenamente eficaz, o direito precisar estar em consonância com os valores insculpidos no agrupamento social que regula. 
2.2 CLASSIFICAÇÃO
A doutrina na temática da classificação dos direitos fundamentais criou as chamadas gerações ou dimensões dos direitos fundamentais. Importante assinalar que estas gerações não se excluem, mas “traduzem sem dúvida um processo cumulativo e qualitativo”
, ou seja, as dimensões não se sucedem, mas buscam através de uma maior universalização aumentar o campo de atuação dos direitos. 
Diz-se de primeira dimensão os direitos de liberdade, que são os direitos que exigem uma atuação negativa do Estado. Surgiram para combater a ingerência do Estado na vida particular dos indivíduos, segundo a máxima de não intervenção dos liberalistas, enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante o Estado.
Ao se analisar os direitos de segunda dimensão o pensamento de Cass R. Sustein se mostra bastante relevante para uma melhor compreensão, o autor traz que “parece muito difícil sustentar que, em uma democracia constitucional, a omissão do governo seja sempre adequada. Na verdade, parece que o correto é o contrario”
. Esta geração requer assim uma postura positiva do Estado.
Busca-se o ideal da igualdade, cabendo ao Estado igualar os indivíduos. O entanto estes devem ser igualados levando-se em consideração suas diferenças. Essas acabam por impor que “sejam tratados igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”
.
Na terceira geração não mais são focados os indivíduos ou coletividades, amplia-se a visão para toda a humanidade, Bonavides nos traz que estes são:
Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos da terceira geração tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto direitos que não se destinam especificadamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado 
.
Na jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento ao classificar os direitos fundamentais seguindo a classificação doutrinária clássica. Sendo este exemplificado pelo voto proferido pelo Min. Celso de Mello, que com maestria traz que:
Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade 
.
2.3 Os Direitos Fundamentais e a Reserva do Possível
A reserva do possível pode ser vista como a dicotomia entre as os direitos fundamentais a serem garantidos pelo Estado (prestações positivas), e a limitações, especialmente financeiras, por parte do Erário.
O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 45 MC/DF, afirma que, os administradores não podem demitir-se do gravíssimo encargo de tornar efetivos os direitos fundamentais, sob penade o Poder Público, por violação positiva ou negativa da Constituição, comprometer de modo inaceitável, a integridade da própria ordem constitucional, traz ainda, na busca da plena efetivação (sempre onerosa) dos direitos fundamentais, a reserva do possível traduz-se no binômio: razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e, a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
3 INTERNET
Através da análise do seu surgimento e evolução histórica, busca-se um conceito para o fenômeno internet, em seguida, a relação desta com o Direito. 
3.1 Histórico e Conceito
A internet surgiu como um projeto militar dos Estados Unidos da América durante a Guerra Fria chamado ARPANET. Possuía como diferencial, a descentralização de sua estrutura, ou seja, qualquer sub-rede, no caso os usuários poderia se conectar sem depender de um servidor central, desde que possuíssem o mesmo protocolo de comunicação. 
O protocolo desenvolvido foi o TCP/IP, usado até hoje. Este protocolo garante uma identidade única para cada participante da rede mundial de computadores, chamado IP.
Com sua constante evolução, hoje as velocidades oferecidas aumentaram, e continuam a aumentar, bem como criou-se novas formas de conexão, como internet sem fio, garantindo uma maior penetração do acesso à internet para a população. No entanto, a disponibilidade deste acesso, bem como sua qualidade, variam enormemente de país para país, inclusive com discrepâncias dentro de um mesmo país, como no Brasil.
Assim, o conceito usado neste estudo é: conjunto de redes e sistemas interligados entre si, a nível global, utilizando-se do protocolo de comunicação TCP/IP.
3.2 A Internet e os Direitos Fundamentais
Com a evolução e popularização da internet, dúvida não há quanto uma maior conexão entre esta e os Direitos Fundamentais. Com o início da era da informática, se mostra relevante o uso desta como mais um mecanismo de garantia e disseminação destes direitos.
Diante dos inúmeros pontos de contato, é necessária uma divisão, dentre os diversos Direitos Fundamentais afetados pela internet, afim de facilitar o entendimento.
3.2.1 Direitos Políticos
A participação popular nas decisões, surgiu na Grécia, com sua democracia direta, porém só admitindo a participação dos homens livres. Com a hegemonia do absolutismo houve uma mitigação neste participação, tendo seu retorno, apenas, com as democracias modernas, onde via-se essa participação como um direito fundamental, uma parte da noção de cidadania.
Com o aumento da população e uma maior abertura do processo de participação política, a internet se mostra uma ferramenta extremamente poderosa a fim de garantir uma maior rapidez e lisura durante este processo.
Hodiernamente, qualquer candidato pode apresentar suas propostas on line, e os eleitores podem acompanhá-las e participar mais ativamente nas discussões acerca dos rumos do país, forçando, assim, uma maior preocupação, por parte dos candidatos, com suas propostas e sua atuação política.
4 DIREITO FUNDAMENTAL AO ACESSO À INTERNET
Através do Direito Comparado, faz-se uma análise da realidade do acesso à internet no direito internacional, seja através das leis e constituições, seja através da jurisprudência, e por fim, através de políticas públicas.
Após, fazendo uso de todo o apanhado teórico apresentado ao longo deste estudo, busca-se, dentro da realidade brasileira, demonstrar o caráter de Direito Fundamental ao acesso à internet.
3.2 ACESSO À INTERNET NO DIREITO INTERNACIONAL
O direito se mostra em contínua evolução no Brasil e no mundo, isto se dá em decorrência da própria essência da Ciência do Direito. Desta forma, não há duvida acerca da necessária adequação do Direito às necessidades sociais.
Logo ao se analisar os ordenamentos jurídicos fora do Brasil nota-se a constante evolução do tema ora em estudo, qual seja, o direito ao acesso à internet. Alguns países buscam através de suas Constituições, outros através de seus Tribunais, bem como, através de políticas públicas, onde há a tentativa de se criar planos para levar acesso a todos, com a participação de especialistas dos diversos setores envolvidos.
Temos como exemplos, os planos dos Estados Unidos para levar o acesso para toda a população, onde apesar da força econômica deste país ainda não possui pleno acesso à internet em todas as suas regiões.
Alguns países foram além na matéria, ao inserir tal direito em suas Constituições, como é o caso da Suíça, onde em 1996, foi inserido o pleno acesso à internet como um direito fundamental dos seus cidadãos. 
Seguindo o caminho iniciado pela Suíça, a Finlândia em 2009, também editou sua Carta Magna para garantir status de direito fundamental ao acesso à internet.
3.3 ACESSO À INTERNET NO DIREITO BRASILEIRO
No Brasil a questão se mostra embrionária, pois a única manifestação acerca do tema de maneira relevante foi a Conferência Nacional de Comunicação (CONFECON). Onde se buscou debater o tema e definir o status do direito de acesso à internet.
Apesar de se chegar à conclusão pelo caráter de direito fundamental do acesso à internet, tal parecer não vincula, de qualquer forma, o poder público a agir de maneira a garanti-lo como tal.
Este por sua vez, elaborou o Plano Nacional da Banda Larga que busca levar a todos o acesso à internet, plano este, que se espera contar com a colaboração da iniciativa privada. Interessante proposta, pois a iniciativa privada não tem interesse em levar o acesso a áreas pouco rentáveis. Nessas áreas o poder público entraria para complementar.
REFERÊNCIAS
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BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança nº 22.164/SP. Relator: Min. Celso de Mello. Julgamento em: 30/10/1995, publicado no DJ de 17/11/1995 p. 1157. Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?classe=MS&numero=22164 >. Acessado em 21/04/2010.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Ação civil pública. São Paulo: Atlas, 1997.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 13. ed. rev.,atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009.
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SUSTEIN, Cass R. As funções das normas reguladoras. Tradução Vera Scarpinella. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2003..
PÉREZ LUÑO, Antonio Enrique. ¿Ciberciudadaní@ o ciudadaní@.com? Barcelona: Gedisa, 2004. 
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�	 SUSTEIN, Cass R. As funções das normas reguladoras. Tradução Vera Scarpinella. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2003.
�	 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 13. ed. rev.,atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 679.
�	 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 569.
�	 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança nº 22.164/SP. Relator: Min. Celso de Mello. Julgamento em: 30/10/1995, publicado no DJ de 17/11/1995 p. 1157. Disponível em < � HYPERLINK "http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?classe=MS&numero=22164"��http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?classe=MS&numero=22164� >. Acessado em 21/04/2010.

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