Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AN02FREV001/REV 4.0 108 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FISIOTERAPIA HOSPITALAR Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 109 CURSO DE FISIOTERAPIA HOSPITALAR MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 110 MÓDULO IV 14 FISIOTERAPIA APLICADA 14.1 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE QUEIMADO Grandes queimados podem evoluir com cicatrizes hipertróficas, contraturas e deformidades devido à perda de elasticidade do seu órgão de revestimento, podendo ainda evoluir com complicações respiratórias. Nos últimos 20 anos observou-se um aumento na sobrevida de pacientes queimados decorrente dos avanços na terapia antimicrobiana, nas técnicas cirúrgicas e na qualificação da equipe multiprofissional. A queimadura pode levar a consequências que variam de uma simples lesão sem sequelas, até o óbito, mas isso depende da extensão, profundidade e localização do dano1. Métodos e técnicas fisioterapêuticas devem ser aplicadas adequadamente após uma avaliação físico-funcional completa objetivando minimizar os efeitos das lesões, capacitando o paciente a realizar suas atividades.2 As queimaduras são “lesões dos tecidos orgânicos produzidos por um trauma de origem térmica. A injúria determinada por este trauma assume variadas proporções, dependendo do tempo de exposição, da extensão da área lesada e do agente causal.”3 Histopatologia: A queimadura tem sua distribuição tecidual em três zonas de acometimento: coagulação (central), estase (intermediária) e hiperemia (circundante). AN02FREV001/REV 4.0 111 Fisiopatologia: Após o acometimento da pele e tecidos adjacentes pelo agente térmico, há a excitação de terminações nervosas que liberam mediadores químicos como histamina, prostaglandina, serotonina e leucotrienos. Estes mediadores causam vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, havendo extravasamento de plasma para o interstício. Do ponto de vista hemodinâmico, há diminuição do volume sanguíneo, do débito cardíaco, da pressão arterial sistêmica, aumento da frequência cardíaca e da resistência vascular periférica. A hipovolemia instalada leva a hipoperfusão periférica, esplênica e com isso ao choque circulatório. O organismo fica em situação de hipermetabolismo com o consumo aumentado em até seis vezes mais que o normal. A gliconeogênese, lipólise, hiponatremia, hipercalemia se instalam. A proteína C - reativa (PCR-marcador inflamatório) aparece em ascensão assim como, o consumo muscular que é denotado pelo aumento das enzimas musculares CPK. Classificação: A queimadura pode ser classificada de cinco formas: 1-Agente causal: os principais agentes são: o térmico, químico, elétrico e radiações ionizantes.4 2-Quanto à profundidade da lesão: Depende da temperatura do agente gerador da queimadura e da duração do contato. A profundidade das lesões é diretamente proporcional à quantidade de calor que atua por unidade de superfície. Primeiro grau: queimaduras mais superficiais, caracterizadas pela perda da epiderme. Manifestação com eritema e dor. Resolução em 48 -72 horas. Segundo grau: queimadura que envolve toda a epiderme e parte da derme. Divide-se em superficial caracterizada por bolhas, dores profundas quando se tem aspecto avermelhado ou camada de derme não dolorosa. Cicatrização entre 10-14 dias. Terceiro grau: acomete por completo a epiderme, a derme e outros tecidos como músculos, tendão e tecido ósseo. A elasticidade tecidual encontra-se reduzida. AN02FREV001/REV 4.0 112 FIGURA 92 - PROFUNDIDADE DAS LESÕES FONTE: Disponível em: <www.burnshield.com.br>. Acesso em: 30 de Dezembro 2012. 3- Quanto à extensão: há vários métodos para avaliar a extensão da área lesada, entre elas a regra dos nove e o método de Lund e Browder: Regra dos noves: divide-se o corpo adulto anatomicamente em onze partes, cada uma compreendendo 9% da área total. Avaliam-se as partes queimadas de segundo e terceiro grau. A soma das respectivas porcentagens representa a magnitude da lesão. 5 Método de Lund e Browder: método mais exato para avaliar a extensão da queimadura, reconhece o percentual da superfície corporal queimada (SCQ) de diversas regiões anatômicas ao dividir o corpo em áreas muito pequenas e dar uma estimativa da proporção da SCQ atribuída para essas partes do corpo, pode-se obter uma estimativa do total de SCQ. 4. Quanto à gravidade: Classificação pela gravidade da lesão: AN02FREV001/REV 4.0 113 Mínima: < 15% da espessura parcial de SCQ em adulto, < 2% da espessura total da superfície corporal não envolvendo os olhos, orelhas, face ou períneo; Moderada: todas com 15-25% de SCQ em adultos, 2-10% da espessura total da superfície corporal não envolvendo os olhos, orelhas, face ou períneo; Maior: todas >25% de espessura da superfície corporal ou igual a 10% da espessura total de SCQ no adulto. Todas as queimaduras de face, olhos, orelhas, pés, todas as elétricas, por inalação, com fratura ou trauma tecidual importante. 5. Quanto à cicatrização: Primeiro grau: aceleração do processo natural que ocorre na epiderme normal resulta na pele sã. Segundo grau: resultado final semelhante à pele sã, com uma estrutura dérmica por baixo da epiderme. Terceiro grau: não resta anexo cutâneo normal. A epiderme regenerada sobre um tecido conjuntivo cicatricial, causando sequelas estéticas e funcionais em graus variados. 14.2 COMPLICAÇÕES COMPLICAÇÕES PULMONARES No final da década de 80 aceitava-se que aproximadamente 25% dos grandes queimados apresentavam complicações pulmonares e que a patologia pulmonar era responsável por 20 a 80% da mortalidade nestes casos. A incidência da lesão pulmonar bem como a mortalidade, nestes pacientes é diretamente proporcional à idade e a porcentagem da área total queimada. 6,7 AN02FREV001/REV 4.0 114 Há três complicações primárias de origem pulmonar: doença restritiva, lesão por inalação, e complicações posteriores. Pacientes com mais de 40% da área da superfície corporal queimada terá como decorrência doença restritiva em algum grau. Os variados graus de acometimento restritivo causam complicações pulmonares como: pneumonia, atelectasia, edema pulmonar entre outras. Pacientes com queimadura da parede torácica evoluem com redução do movimento torácico e consequentemente, diminuição à capacidade vital e aumento da resistência pulmonar. As consequentes complicações podem ser imediatas, precoces, tardias e residuais.7 Complicações Imediatas (0 a 1 dia após exposição): Lesão de via aérea superior: edema; Inflamação e obstrução aguda; Toxinas no trato respiratório inferior podem provocar broncoespasmo por irritação direta ou inflamação da via aérea; Deslocamento da mucosa brônquica ou traqueal resultando em obstrução da via aérea; Hipoxemia: por alteração na relação ventilação\perfusão decorrente do edema da via aérea e do broncoespasmo por redução na tensão inspirada de oxigênio; Por níveis elevados de monóxido de carbono que deslocam a curva de dissociação da oxi-hemoglobina para a esquerda, tornando mais difícil a extração de oxigênio pelos tecidos; Edema pulmonar: pode-se desenvolver entre 6 a 72 horasapós o acidente. Complicações Precoces (1 a 5 dias após a exposição): Desde leve edema pulmonar até síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA). Complicações Tardias (após 5 dias da exposição): AN02FREV001/REV 4.0 115 SDRA, atelectasias, tromboembolismo e pneumonias. Além destas existem as complicações associadas à lesão por inalação são: envenenamento pelo monóxido de carbono, lesão traqueal, obstrução das vias aéreas superiores, edema pulmonar e pneumonia. Setenta porcento dos pacientes com lesão por inalação apresentam queimaduras faciais, porém somente 30% dos pacientes com queimaduras faciais apresentam lesão significativa do trato respiratório. COMPLICAÇÕES DO SISTEMA URINÁRIO A desidratação transforma uma queimadura de espessura parcial viável em uma queimadura de espessura total, aumentando a morbidade e a mortalidade. Devido ao aumento da permeabilidade vascular o organismo perde aproximadamente 4,4 ml de líquido por quilograma por hora, precisando, portanto de uma reposição volêmica muito agressiva. Mas na ausência de uma reposição volêmica agressiva, ocorre redução do débito cardíaco e do fluxo plasmático renal, e consequentemente a insuficiência renal. COMPLICAÇÕES METABÓLICAS As lesões provocam uma significativa agressão metabólica e catabólica ao organismo que desencadeiam um rápido decréscimo no peso corporal, equilíbrio negativo do nitrogênio, perda de componentes intracelulares, e uma redução nas reservas de energia, que são vitais para o processo de cicatrização. COMPLICAÇÕES CARDIOCIRCULATÓRIAS Logo após a lesão por queimadura haverá um decréscimo acentuado do débito cardíaco, podendo chegar a uma queda de 30% dentro de 30 minutos pós- queimadura. O débito cardíaco atinge lentamente os níveis normais dentro de 36 AN02FREV001/REV 4.0 116 horas. Uma das causas suspeitas são a depressão e a alteração da função cardíaca que têm sido rotuladas de "fator depressor do miocárdio". Também ocorrem alterações hematológicas e circulatórias, em seguida a uma lesão por queimadura. Essas alterações envolvem a concentração e função plaquetária, fatores da coagulação, componentes leucocitários, e disfunção das hemácias. INFECÇÃO NA QUEIMADURA A perda da barreira da pele, a presença de tecido morto, as alterações do fluxo sanguíneo e a imunodepressão sistêmica contribuem para o surgimento da infecção na queimadura, e os lugares mais propensos a ter infecções são os pulmões, a ferida e os cateteres vasculares. As lesões causadas pelas queimaduras representam um local suscetível para a colonização de organismos endógenos ou exógenos.1 FISIOTERAPIA A reabilitação do paciente queimado inicia-se no momento de sua admissão no hospital. É nesta fase de prevenção que a fisioterapia intensiva será de grande importância para o paciente. Se o fisioterapeuta estiver envolvido ativamente com o tratamento precoce e estabelecer um programa de movimentos em conjunção com o processo de cicatrização, a reabilitação pós-cicatrização poderá ser muito menos traumática e mais bem sucedida. O fisioterapeuta deve observar, antes de prescrever seu plano de tratamento, qual o tipo de postura ou movimento, qual o tipo de contração muscular, qual a sucessão de movimentos e o ritmo que ele deseja aplicar e que seja possível ao paciente executar, sendo para este a melhor escolha aquela relacionada ao seu estado atual. Desta forma a prevenção de retrações, contratura e deformidades, além de complicações respiratórias no paciente queimado, dever ter início no primeiro atendimento fisioterapêutico. É estimado que 26% dos pacientes queimados evoluam com insuficiência respiratória decorrente da lesão inalatória. AN02FREV001/REV 4.0 117 A falência respiratória aguda na maioria das vezes é tratada com ventilação mecânica invasiva, embora a ventilação mecânica não invasiva (VMNI) tenha demonstrado ser tão eficaz quanto à ventilação convencional na melhora da troca gasosa. A VMNI é eficiente na função de suporte respiratório e com isso a intubação endotraqueal pode ser evitada em muitos casos.8,10 Quanto a intubação endotraqueal existem algumas contraindicações, como obstrução nasal ou intraoral, edema de laringe entre outras. Se a intubação não for possível ou se o paciente necessitar de mais do que três dias de suporte ventilatório deve se optar por uma traqueostomia eletiva9. A traqueostomia precoce tem sido requerida para reduzir o suporte ventilatório, cuidados intensivos ou a duração da estadia hospitalar dos pacientes na UTI. Na especialidade dos cuidados intensivos, tanto na intubação endotraqueal como na traqueostomia, as utilizações de estratégias protetoras para reduzir as lesões pulmonares causadas pela ventilação estão sob investigação. O suporte ventilatório em pacientes queimados pode ser dado pela estratégia protetora de ventilação pulmonar. A ventilação com valores elevados da pressão positiva no final da expiração (PEEP) e baixo volume corrente em pacientes queimados tem como benefício à melhora do índice de oxigenação, porém não altera a mortalidade, o número de complicações pulmonares ou o índice de pneumotórax. O processo de extubação deve ser conduzido sequencialmente à evolução clínica do paciente queimado. A melhora é exibida constantemente pela elevação gradativa da PaO2 ou pela PaO2 maior que 150 mmHg ou ambos. A PEEP é reduzida de 3 a 5 cmH2O, antes de cada redução, o paciente deve ser capaz de manter uma saturação de oxigênio > 92%. O tubo T pode ser usado nesta etapa. Se o paciente estiver traqueostomizado o cuff deve ser esvaziado, e a próxima etapa é diminuir progressivamente o diâmetro da cânula, ocluir por 24 h e após isso proceder a decanulação. Referente ao sistema musculoesquelético e ao tecido conjuntivo, a meta principal na reabilitação é minimizar as consequências de cicatrizes hipertróficas e contraturas concomitantes. O paciente queimado necessita de habilidade e cuidados especiais do fisioterapeuta para manter suas condições favoráveis, a fim de recobrar os movimentos e prevenir às deformidades que poderão torná-lo incapacitado. A AN02FREV001/REV 4.0 118 manutenção do paciente queimado na posição contrária à assumida em razão às sintomatologias próprias da patologia deve ser objetivada. A postura correta previne as contraturas, ajuda na normalização da absorção dos líquidos, evita o acúmulo de secreções brônquicas e diminui o número de cirurgias reparadoras. O fisioterapeuta pode manipular estes pacientes já no centro cirúrgico, com a finalidade de colocar o segmento em uma posição normal, movimentar todas as articulações deste segmento, partindo das maiores em direção os menores, e liberar aderências, mantendo-o posteriormente em posição funcional, por meio de talas gessadas de fácil remoção. Para todas as fases de tratamento, avaliações são necessárias para rever as metas da reabilitação. Durante a fase aguda a alternância do posicionamento é priorizada para manter a extremidade afetada numa posição antideformante, usando talas ou outros dispositivos. Em fase de reabilitação, o tratamento é focado em exercícios de fortalecimento, uso de talas dinâmicas e na correção das contraturas residuais. Cada parte do corpo deve ter uma visão diferenciada os membros inferiores (MMII) não podem assumir posturas em flexão ou extensão exageradas em favor da queimadura. Mesmo nas queimaduras que não atinjam a região de tornozelo, o cuidado é para que o pé não assuma posição equina. O pé deve ser mantido em uma postura contínua, repousado sobre o leito ou com os calcanhares livres e em posição ortogonal em relação ao resto do membro. Deve ser evitada a posição de flexão e cruzamento de um membro sobre o outro, por acarretar rotação de pelve sobre a coluna lombar e desta sobrea dorsal, provocando retração da musculatura e rotação, ficando o cíngulo dos músculos superiores em posição ortogonal ao dos membros inferiores, com rotação dos corpos vertebrais8. A deambulação deve ser iniciada de imediato, sendo contraindicada logo após as cirurgias por enxerto em MMII ou quando esses forem às áreas doadoras. Nos casos dos MMII queimados e recém-enxertados, preconiza-se repouso de seis dias pós-operatório. Inicia-se com isometria e depois de 15 dias com exercícios isotônicos. Os pacientes com queimaduras extensas na região dorsal devem manter uma postura no leito de maneira que não desenvolvam hiperlordose; caso atinjam a porção anterior, não permitir o desenvolvimento de posturas cifóticas; e aquelas que AN02FREV001/REV 4.0 119 atingem a porção lateral do tronco devem ser prevenidas, não permitindo a posição de flexão lateral, para não ocasionar uma postura escoliótica. O uso de colchões que tenham superfície consistente é importante para diminuir a dor nos pacientes e também facilitam o emprego das técnicas fisioterapêuticas. De modo geral, aliviam a sintomatologia e mantêm a musculatura simétrica. 8 O membro superior deve permanecer abduzido, evitando posições de extensão, flexão e adução exageradas, que impedem uma funcionalidade razoável do referido segmento. A posição deve ser a mais funcional, procurando uma semiflexão. As drenagens com elevação do membro são utilizadas em razão à presença de edema. O uso de férula pode ser útil devendo ser usada como precaução durante o intervalo das sessões de fisioterapia. As compressões e preensão, com o auxílio de objetos elásticos, a mobilização das mãos, em posição fechada ou semifechada, conforme a tendência de retração, e o uso das férulas ajudam o fisioterapeuta no tratamento. A mão é a parte mais importante para as atividades diárias do homem, e uma grande preocupação para o fisioterapeuta. O tratamento é iniciado com o cuidado na imobilização, envolvendo parte por parte, para evitar as sinéquias e posições antifuncionais, a fim de facilitar a movimentação das articulações interfalângicas, durante a cinesioterapia. Se a lesão ocorrer em toda região da mão, a postura ideal será de punho em posição neutra, leve flexão dos metacarpos, extensão das falanges e abdução dos dedos. A queimadura de pescoço e face provoca edema de grande proporção, deforma a fisionomia, acarreta alterações ao aparelho respiratório, do tipo obstrutivo ou tóxico, podendo surgir edemas, secreções brônquicas e congestão pulmonar. Em queimadura de pescoço deve se posicionar a cabeça sobre o leito e manter em flexão dorsal, por efeito de tração ou pela elevação dos ombros sobre travesseiros, deixando a cabeça cair no colchão, a fim de evitar bridas, sem impedir os movimentos mandibulares e de mastigação. Em geral, na fase de pré-enxertia deve-se iniciar o exercício, e dar continuidade ao enfaixamento e postura. Devido à dor o paciente pode adquirir posturas viciosas, este posicionamento deve ser praticado intermitentemente a fim de aliviar o sofrimento e promover a correção. Após o enxerto de pele a fisioterapia AN02FREV001/REV 4.0 120 atuará novamente na postura correta e ideal de imobilização, iniciando o tratamento fisioterapêutico para a prevenção de sequelas após três semanas, tendo como cuidado, não deslocar o enxerto. Massoterapia é um estímulo benéfico quando corretamente aplicado e pode atuar nos sistemas por meio de vários caminhos: pelas vias linfáticas e nervosas, sobre a fibra muscular, os tendões e através dos dermátomos. Os principais efeitos produzidos pela massagem são a recomposição do tecido em menor espaço de tempo, a distribuição dos líquidos para o sistema linfático e a diminuição das aderências, cicatrizes hipertróficas e queloide. 8,10 Apesar de todos os avanços, a cinesioterapia continua sendo a técnica primordial em um plano de tratamento para os queimados. 15 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE COM DOENÇA NEUROMUSCULAR Classificação das doenças neuromusculares: De acordo com a região acometida. Doença de•Neurônio motor: Trauma; Neuropatia periférica; Polineuropatia do paciente crítico (muito comum após sepse, uso de corticoides e bloqueadores neuromusculares); Infecção; Diabetes mellitus; Alcoolismo; Idiopático. Doenças da medula espinal Trauma raquimedular (TRM) AN02FREV001/REV 4.0 121 Lesões que ocupam espaço medular: Tumores; Siringomielia; Doenças do corno anterior da medula: Poliomielite; Esclerose lateral amiotrófica (ELA); Bloqueio de neurônios inibitórios; Tétano; Envenenamento por estricnina. Doença de Junção neuromuscular: Miastenia gravis; Botulismo; Envenenamento por organofosforado; Toxicidade por antibiótico. Doença muscular: Distrofias progressivas; Miotonia; Miopatia; Inflamatória. Associada a colagenose: Congênita; Nutricional; Metabólica. Avaliação Muscular Respiratória Testes Globais de Função Respiratória Medidas de Volumes Pulmonares Estáticos (Prova de função pulmonar): Avalia Principalmente as alterações de VRE e CPT que diminuem na presença de doença neuromuscular. AN02FREV001/REV 4.0 122 Avaliação dos Fluxos Expiratórios Máximos (Peak flow): Teste simples que avalia a presença de redução do fluxo expiratório que pode ocorrer na DPOC e na doença neuromuscular pode refletir uma fraqueza muscular expiratória e tosse ineficaz. Testes de Força Muscular PI / PE máx: manovacuômetro (ver modulo II)- valores e medidas. Avaliação da Resistência Muscular (teste de endurance). PI / PE max (Medidas): •Avaliação da Força (Pressão); •Execução simples, baixo custo; •Não Invasivo; •Teste voluntário; •Reflete Pmus + Pel,RS; •Maior Especificidade. VT VRI VR VR CV CPT NORMAL VT VRI VR VR C CPT REDUÇÃO FORÇA MUSCULAR CRF AN02FREV001/REV 4.0 123 FIGURA 93 - MEDIDA DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA FONTE: Green, ATS/ERS Statemment – 2002. Avaliação de Resistência (Endurance). Índice Pressão-Tempo (PTI) - normal =0,02 PTI = Pdi x Ti Pdi,max Ttot Fadiga: condição em que o músculo reduz sua capacidade de desenvolver tensão ou encurtamento frente a uma carga, sendo reversível com repouso. (sem lesão da fibra muscular). Ocorre quando: Demanda > Capacidade; Conexão Manômetro Válvula Orifício AN02FREV001/REV 4.0 124 Consumo Energia > Suprimento. Aumento da Carga (DPOC) Redução da Capacidade Muscular (Doença Neuromuscular) Não ocorre em indivíduos normais: Reserva muscular periférica é menor do que a respiratória. São parâmetros preditores de fadiga: Pdi > 0,4 Pdi,max PTI > 0,15 Fraqueza: condição na qual o músculo, mesmo após repouso, apresenta redução da sua capacidade de desenvolver tensão ou encurtamento. FIGURA 94 - RX COM APARENTE DISFUNÇÃO DIAFRAGMÁTICA A. RX COM DERRAME PLEURAL B Observe que a cúpula diafragmática em A é mais elevada. FONTE: (arquivo pessoal). AN02FREV001/REV 4.0 125 Polineuropatia do doente crítico. Polineuropatia e miopatia normalmente estão associadas e ocorre em aproximadamente 25% dos pacientes ventilados mecanicamente. Fatores de risco: Sepse, corticoides, hiperglicemia, bloqueadores neuromusculares e a gravidade da doença. Condição normalmente associada ao aumento da mortalidade, aumento do tempo de ventilação mecânica e prolongamento da internação. 16 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE NEUROLÓGICO 16.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) acompanhaa humanidade desde os seus primórdios. A incidência desta afecção aumenta em relação direta com o desenvolvimento tecnológico e a modernização. O tratamento clínico do TCE ainda é controverso nos grandes centros do mundo. O manuseio terapêutico tem embasamento no conhecimento das injúrias cerebrais primárias e secundárias. As injúrias primárias representam os efeitos imediatos e/ou irreversíveis da dissipação de energia dentro da substância cerebral. A vasta maioria desses fenômenos ocorre dentro dos segundos do impacto ou penetração, rupturas neuronais ou gliais diretas, as injúrias vasculares e as injúrias de partilhação (explosão temporal, lacerações). As injúrias primárias são melhores compreendidas quando separadas em focais - hematomas, contusão, laceração e hemorragia, ou difusas - hemorragias petequiais múltiplas e inchaço cerebral, disfunção transitória - confusão, amnésia, inconsciência e lesão axonal persistente - inconsciência longa, lesão axonal difusa13. Imediatamente depois do insulto primário, uma série de eventos reativos inicia-se, alguns causam aceleração ou aumento da injúria celular inicial e outros AN02FREV001/REV 4.0 126 causam novas injúrias. Esta cascata complexa de eventos constitui as injúrias cerebrais secundárias. Eventos extracranianos como hipotensão e hipóxia podem ocorrer como resultado da injúria primária ou devido ao trauma sistêmico, aspiração ou má- conduta nas manobras de ressuscitação. Diferentemente da injúria primária, os processos bioquímicos e sistêmicos que constituem a injúria cerebral secundária pode ser amenizada por uma variedade de intervenções ou terapias farmacológicas13, 14. O foco dos cuidados clínicos é: 1. A prevenção da isquemia cerebral. 2. Ao fornecimento do substrato fisiológico para manutenção da energia celular. 3. A prevenção das complicações. As medidas primárias visam proteger o cérebro contra as injúrias secundárias. Essas medidas são baseadas na proteção e manutenção das vias aéreas; prevenção e correção da hipóxia; prevenção e correção da hipotensão; imobilização da coluna vertebral; identificação, estabilização e tratamento de injúrias extracranianas associadas. A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é genericamente utilizada na graduação do nível de consciência. Essa avalia e pontua a abertura ocular, a melhor resposta verbal e a melhor resposta motora; variando entre 3 e 15 pontos. Possuem traumatismo leve aos pacientes com pontos entre 13 e 15, moderados os de 8 a 12 pontos; e, graves os de pontos menores que oito. AN02FREV001/REV 4.0 127 FIGURA 95 A hipóxia é injúria secundária e aumenta a morbidade e mortalidade. As causas potenciais da hipóxia são múltiplas nesses pacientes. Apneia transitória ocorre depois do TCE, quanto mais severo é o trauma maior é o período de apneia. Diminuição do drive respiratório pode ocorrer. As vias aéreas podem estar obstruídas pela língua, por corpos estranhos, vômito, sangue, etc. Injúria torácica e/ou pulmonar associada impedem a ventilação e trocas gasosas. Finalmente, o edema pulmonar neurogênico (mais raro), pois há aumento no shunt pulmonar e desaturação arterial de oxigênio. O manuseio das vias aéreas pré-hospitalar é de vital importância, evitar a hiperextensão ou hiperflexão cervical é fundamental em razão a ocorrência simultânea de trauma espinhal. A obstrução aérea pode se manifestar de várias formas como inabilidade de falar (injúria laríngea), rouquidão, sons anormais, etc. Hipóxia e hipercapnia resultam em agitação e irritação. Hipotensão é mais frequente que hipóxia (PAsistólica < 90 mmHg). Esta quando originária do trauma craniano é um evento terminal, resultando da falha do tronco cerebral. Assim, a hipotensão é devida à perda de volume e requer AN02FREV001/REV 4.0 128 ressuscitação adequada com fluído para restaurar o nível ótimo de perfusão cerebral. A reposição excessiva pode resultar no, ou agravar, o edema cerebral e subsequentemente hipertensão intracraniana12,16. O manuseio avançado no tratamento clínico do TCE possui dois pontos principais: (1) identificação e encaminhamento das injúrias neurocirúrgicas, que necessitam de intervenção; (2) compreensão e manuseio terapêutico da hipertensão intracraniana, do fluxo sanguíneo cerebral, e da pressão de perfusão cerebral. Hipertensão Intracraniana O crânio é uma caixa óssea rígida e os elementos contidos nela são três: (1) cérebro (70%/1250 mL) e fluido intersticial (10%/150 mL); (2) sangue (10%/150 mL); (3) líquido cérebro-espinhal (10%/150 mL). Como o volume intracraniano é constante, quando uma massa é introduzida (ex.: hematoma) deve ocorrer um decréscimo compensatório no volume de sangue e líquido cérebro-espinhal. Essa é a doutrina de Monro-Kellie-Burrows. Apenas em crianças, nas quais as suturas não são fusionadas, o crânio pode expandir-se para acomodar um volume extra. A fim de manter a pressão dentro dos limites fisiológicos o sistema venoso colapsa facilmente, espremendo o sangue venoso nas veias jugulares. Chama-se hipertensão intracraniana (PIC) quando esta é maior ou igual a 20 mmHg (valor normal varia de 10 a 15 mmHg 136 a 204 cmH2O). Os mecanismos do TCE provocam rupturas na barreira hematoencefálica, permitindo que os componentes plasmáticos atravessem facilmente essa barreira para dentro do tecido neural (edema vasogênico). A hipóxia (injúria secundária) afeta a ATPase sódio/potássio da membrana celular promovendo acúmulo intracelular de sódio, e o subsequente fluxo de água para dentro da célula por gradiente osmótico12. AN02FREV001/REV 4.0 129 Fluxo Sanguíneo Cerebral O fluxo sanguíneo cerebral normal é de 55 a 60 mL/100g de tecido cerebral/min. O fluxo na matéria cinzenta é de 75 mL/100g/min, enquanto na substância branca é de 45 mL/100g/min. Esse fluxo é suficiente para manter as necessidades metabólicas cerebrais. O fator mais importante para que o fluxo sanguíneo cerebral seja determinado é pressão de perfusão cerebral (obtida pela diferença entre a pressão arterial média e a pressão intracraniana). Os fatores mais importantes que regulam o fluxo sanguíneo cerebral sob condições fisiológicas normais são: Pressão sistêmica sanguínea; Concentração arterial de CO2, hidrogênio e oxigênio. A tensão de CO2 é o estímulo cerebrovascular mais importante para a vasodilatação. O fluxo sanguíneo cerebral aumenta quando a tensão de dióxido de carbono situa-se entre 15 e 80 mmHg, a hipóxia também gera vasodilatação. O fluxo sanguíneo cerebral é autorregulado, mantendo-se normal na variação de 50 a 160 mmHg da pressão arterial média. Valores abaixo de 50 mmHg correspondem a choque hipovolêmico, e os acima de 160 mmHg levam a edema vasogênico e hemorragia12,16. Hiperventilação A hiperventilação é o primeiro método capaz de restaurar autorregulação da perfusão cerebral, porém, é potencialmente danosa ao paciente. O uso generoso da hiperventilação para obter PaCO2 de 20 a 30 mmHg dentro dos primeiros dias de injúria cerebral é o observado na prática médica diária. A redução da PIC ocorre devido ao efeito vasoconstritor da hiperventilação17. Conduta fisioterapêutica Grande parte dos TCE (95%) é descrita como de pouca gravidade, o 5% restante pode ser descrito como grave e, como tal, apresenta algumas AN02FREV001/REV 4.0 130 consequências: a) Incapacidade física; b) Dependência nas AVD´S; c) Deficiência cognitiva; d) Distúrbio comportamental; e) Problemas emocionais do paciente e da família; f) Problemas psiquiátricos. Conduta fisioterapêutica inicial a) Prioriza a boa função respiratória e a prevenção de contraturas e trata as consequências da espasticidade e as anormalidades de movimento e de tônus muscular. b) A fisioterapia respiratóriavisa remover secreções, evita uma descompensação respiratória e otimiza a oxigenação cerebral. Nesta fase, o paciente deve ser manipulado cuidadosamente. Os exercícios de ADM devem ser realizados diariamente e deve-se utilizar órteses para posicionamento se necessário12,14. Conduta fisioterapêutica em longo prazo depois de lesão cefálica grave Os principais objetivos são limitar as complicações secundárias, enquanto se maximiza toda e qualquer habilidade remanescente. Complicações a) Contraturas que produzam deformidades posturais fixas; b) Úlcera de decúbito; c) Habilidade mascarada, isto é, a habilidade que não pode ser utilizada devido à dominância de sinais neurológicos positivos, como espasticidade; d) Cansaço e desconforto; e) Potencial para confinamento ao leito. AN02FREV001/REV 4.0 131 Avaliação fisioterapêutica Identificar os problemas, estabelecer metas e implementar o atendimento apropriado. Plano de atendimento Controle de postura em decúbito, sentado e posição ortostática: a) Em decúbito: muitos pacientes apresentam posturas assimétricas e descerebradas e são incapazes de aceitar a sustentação da superfície do leito. Isso ocasiona carga desigual no leito, a postura pode ser modificada com apoio adicional (travesseiros, rolos de espuma e calços em forma de cunha) que proporcionam estabilidade aos segmentos do corpo. b) Sentado: os pacientes normalmente não ficam sentados adequadamente e com segurança nas cadeiras de roda. A base de sustentação deve ser aumentada, dando-se apoio apropriado para o tronco, de modo a mantê-lo alinhado sobre a base. A cadeira de rodas imprópria pode exacerbar os problemas físicos do paciente. Existem três padrões posturais típicos ao sentar: postura em “C” (afundamento, cifótico), postura arqueada (corpo fica arqueado para trás, a partir do cóccix, com lordose lombar exagerada. MMII tendem a flexão e os MMSS à extensão), postura assimétrica (MMII podem ficar desviados, a pelve fica inclinada e sofre rotação e o tronco e a parte lateral da cabeça, flexionados e rotados). c) Postura ortostática: é atingida pela sustentação mecânica de uma prancha inclinada, na qual a ADM articular dos MMII torna esse procedimento seguro e estável. Deve-se buscar a manutenção da amplitude de movimento nas articulações. Os cuidados respiratórios são fundamentais, pois a excursão pulmonar se encontra limitada em virtude da perda de função dos músculos respiratórios e ao controle postural deficitário, e isso predispõe à infecção pulmonar. O reforço das habilidades remanescentes estimulando o interesse em uma tarefa, introduzindo um elemento de competição e a repetição frequente, pode ampliar o desempenho mesmo nas tarefas mais simples. AN02FREV001/REV 4.0 132 As atividades de lazer como nadar, devem ser incentivadas assim como as atividades na cadeira de rodas. As atividades sociais também são importantes, por exemplo, frequentar eventos esportivos ou teatros. O objetivo global do programa de tratamento é assegurar que o paciente desfrute de uma melhor qualidade de vida, tanto em termos de bem-estar geral e controle das complicações secundárias, quanto na exploração da independência que lhe é possível. Apesar da alta incidência de traumatismo craniano, felizmente, tanto nas incidências americanas quanto nas nacionais, a grande maioria (50 a 75%) é considerada leve, não apresentando o paciente qualquer sinal ou sintoma de lesão neurológica de fratura craniana ou trauma cerebral. Estes pacientes recebem alta hospitalar e orientações de como proceder se sinais de complicações tardias ao traumatismo surgirem. Os pacientes que são vítimas de TCE com Escala de Glasgow menor ou igual a oito são classificados como TCE grave e são os que apresentam piores prognósticos em relação à sobrevida e à recuperação. Muitos apresentarão HIC o que inibe os médicos a indicarem a fisioterapia motora, realizando apenas a respiratória. No entanto, o decúbito dorsal prolongado predispõe à atividade reflexa anormal, devido à influência dos reflexos tônicos cervicais e labirínticos; enquanto a imobilidade no leito predispõe à rigidez articular, aderências capsulares, trombose venosa, pneumonias, ossificação heterotópica e miosite ossificante. A fisioterapia deve ser realizada sem maiores complicações, desde que se evitem manobras que aumentem a pressão intratorácica e que dificultem o retorno venoso cerebral. Portanto, não há motivos para permitir que qualquer paciente permaneça estático no leito ou que não seja colocado em decúbito lateral. Para isto, basta manter a coluna cervical alinhada, sem compressões sobre a jugular que a drenagem venosa cerebral se dará normalmente sem repercussões sobre a PIC. O posicionamento em decúbito lateral sobre o lado afetado reduz a espasticidade. É essencial que qualquer vítima de lesão cerebral seja colocada em postura ortostática o mais precoce possível, mesmo que ainda esteja inconsciente. O ortostatismo apresenta os seguintes benefícios: redução da ocorrência de contraturas, redução da espasticidade em membros inferiores, redução dos períodos de inconsciência, AN02FREV001/REV 4.0 133 menor temor ao deambular, melhora da circulação, diminui escaras, melhora da função da bexiga e do desempenho motor em tarefas do dia-a-dia. A fisioterapia motora precoce, assim como as manobras de fisioterapia respiratória, deve ser realizada em todos os pacientes, vítimas de TCE, mesmo nos que se encontram na fase aguda e com HIC, basta apenas usar o bom senso e pesar o custo e benefício da intervenção em cada momento. A fisioterapia mostra-se essencial e indispensável desde a terapia intensiva até a alta hospitalar para que se possa ter uma plena recuperação, evitar complicações e retorno às atividades12,15,16,18. 16.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) O tratamento da fase aguda do AVC isquêmico (AVCi) inclui a preservação da zona de penumbra isquêmica, o tratamento das complicações clínicas decorrentes do AVCi e a tentativa de determinação do mecanismo fisiopatológico responsável pelo evento. O AVCi é a terceira causa de morte no mundo e a primeira de incapacidade. O tratamento do AVCi é baseado nas recomendações do EUSI (European Stroke Initiative Recomendations for Stroke Management 2003) e da ASA (American Stroke association 2005). Ver Tabela abaixo11: FONTE: Revista neurociências 2005 11 AN02FREV001/REV 4.0 134 Avaliação na fase aguda: O paciente com AVC agudo deve ser tratado como uma emergência médica independente da gravidade dos déficits. O exame inicial inclui a observação da função respiratória e da saturação de oxigênio arterial, da pressão arterial e do ritmo cardíaco. A coleta de exames laboratoriais deve ser realizada o mais breve possível. NEUROIMAGEM A tomografia computadorizada (TC) continua a ser a principal técnica de neuroimagem para avaliar pacientes com AVC (Grau A). TRATAMENTO GERAL O termo geral se refere a estratégias para estabilização do paciente crítico na tentativa de controlar problemas sistêmicos que possam influenciar de maneira negativa o prognóstico do AVC. PROTEÇÃO DE VIA AÉREA. Suporte ventilatório e ventilação mecânica (VM) podem ser necessários em pacientes com alterações graves do nível de consciência (Glasgow < ou = 8). O prognóstico de pacientes com AVCi em VM nem sempre é ruim (nível de evidência IV).11 Todos os recursos de oxigenioterapia comentados no módulo III podem ser utilizados de acordo com suas indicações. O grande determinante é o nível de consciência e a presença de algum distúrbio de ritmo respiratório (ver módulo I) que cause alteração importante na ventilação, colaborando com a piora do quadro clínico. AN02FREV001/REV 4.0 135 FISIOTERAPIAO tratamento fisioterapêutico vai depender da disfunção apresentada pelo paciente no momento da avaliação clínica e na prevenção de sequelas motoras e complicações respiratórias. Na fase hospitalar o tratamento não tem por objetivo principal a reabilitação, pois é uma fase aguda e de curta duração. Alongamentos, posicionamento e mobilização são as principais técnicas utilizadas neste período. 17 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE PÓS-CIRÚRGICO Pré-operatório É o período de tempo que tem início no momento em que se reconhece a necessidade de uma cirurgia e termina no momento em que o paciente chega à sala de operação. Subdivide-se em mediato (desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior a ela) e em imediato (corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia). Pós-operatório É o período que se inicia a partir da saída do paciente da sala de cirurgia e perdura até a sua total recuperação Subdivide-se em: Imediato: (até 24 horas após cirurgia); Tardio: (após 07 dias do recebimento da alta). AN02FREV001/REV 4.0 136 17.1 PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA Monitorização É de extrema importância uma monitorização adequada e eficiente para o sucesso do acompanhamento pós-operatório. Estes pacientes têm uma labilidade hemodinâmica ímpar, e uma monitorização correta permitem um acompanhamento seguro e prevenção de complicações graves. Toda a equipe multidisciplinar envolvida no acompanhamento destes pacientes deve estar familiarizada com os equipamentos, bem como treinada no seu manuseio. A monitorização básica presente na maioria das cirurgias inclui cardioscópio, oximetria de pulso, temperatura, sonda vesical de demora (SVD), sonda nasogástrica (SNG), pressão venosa central (PVC), pressão arterial invasiva contínua (PAM), e em casos mais complexos podemos ainda ter cateter de diálise, pressões de átrio esquerdo (PAE) e artéria pulmonar (PAP). Cardioscópio – deve-se ter um eficiente monitor da frequência e ritmo cardíaco, se possível com múltiplos canais para que uma avaliação precisa e veloz possa ser feita na vigência de uma arritmia. Oximetria de pulso – deve-se ter cuidado na instalação e manipulação dos sensores oximétricos, tendo sempre em mente que esses estão sujeitos a alterações às condições de baixa perfusão periférica (vasoconstrição severa, baixa temperatura corporal, etc.). Temperatura – atenção especial na chegada do paciente do centro cirúrgico quando comumente estão hipotérmicos em razão à circulação extracorpórea (CEC). SVD – é fundamental um acompanhamento contínuo da diurese. Deve-se ter sempre em mente uma diurese mínima de 1ml/kg/h, e não deve ser medida em espaços prolongados (>2h), pois pode mascarar períodos de oligúria. SNG – monitorizar hemorragias digestivas, bem como aliviar distensões gástricas que possam ocorrer no pós-operatório proveniente de uma ventilação não invasiva ou mesmo íleo prolongado. É importante ressaltar as alterações de ventilação em neonatos devido à distensão abdominal. AN02FREV001/REV 4.0 137 PVC – conectada a um acesso venoso central, sendo um importante auxílio na avaliação da volemia. Deve ser ressaltado que essa pode estar alterada em pacientes com baixa complacência do ventrículo direito -VD- (hipertrofia de VD) ou mesmo hipertensão arterial pulmonar. PAM – deve-se usar solução de heparina e solução salina. Deve-se observar sempre o volume e a quantidade de heparina administrados. PAE – é primordial uma manipulação segura desta monitorização, pois em contato direto com as câmaras sistêmicas do coração, a entrada de ar nesta linha pode ser catastrófica. PAP – normalmente utilizada em casos com grave hipertensão arterial pulmonar19. O acompanhamento de eletrólitos, hemograma, gasometria, metabólitos renais e Raios-X de tórax, que devem ser feitos sequencialmente, ou no caso de qualquer alteração. (Tabela – 1). Uma avaliação completa da coagulação deve ser feita na chegada à UTI e repetida sempre que necessário20. Tabela 1 – Controle laboratorial pós-operatório. Exames PO imediato 1° DPO 2° DPO Gasometria 6/6h 12/12h 1x ao dia Eletrólitos 6/6h 12/12h 1x ao dia Hemograma 6/6h 12/12h 1x ao dia Ureia /creatinina 1x ao dia 1x ao dia 1x ao dia Rx tórax 12/12h 12/12h 1x ao dia Aporte hídrico e eletrolítico 1. Dieta zero - Manter SOG aberta nas primeiras 12h. Tão logo seja possível inicia-se o suporte nutricional. 2. A taxa hídrica básica em pacientes submetidos à circulação extracorpórea (CEC) deve ser de 30% das necessidades básicas no PO imediato, e 50% no 1° DPO. Deve-se utilizar o cálculo básico de 100 ml/Kg até 10Kg. 3. Glicose: infusão inicial cerca de 2mg/Kg/min com SG 10%. AN02FREV001/REV 4.0 138 4. Eletrólitos repostos de acordo com a necessidade básica e corrigidos caso necessário. Fisioterapia Para a grande maioria dos pacientes o pós-operatório de cirurgia cardíaca resulta em algum grau de disfunção pulmonar secundária a CEC, trauma cirúrgico e indução anestésica. Fatores pré-operatórios como idade e tabagismo agravam estas disfunções respiratórias. A CEC é responsável pela resposta inflamatória sistêmica (SIRS), que maior será quanto maior for o tempo de extracorpórea. Tempos acima de 90 minutos são considerados prolongados e na grande maioria das vezes está relacionada com disfunções pulmonares mais graves. A indução anestésica está diretamente relacionada à atelectasias e aumento na produção de secreções pulmonares. Além disso, o tipo de anestesia requer a intubação do paciente que muitas vezes chega a UTI sob ventilação mecânica. A esternotomia e a presença de drenos torácicos relacionam-se diretamente com a dor e consequentemente com baixos volumes pulmonares que acabam por perpetuar os demais efeitos descritos e predispõe o paciente a complicações inesperadas como hipoxemia e infecções pulmonares. Em vista de todos esses fatores, a fisioterapia respiratória tem sido utilizada para minimizar e reverter estes fatores para uma recuperação segura e completa destes pacientes. AN02FREV001/REV 4.0 139 FIGURA 96 - CEC FONTE: Arquivo pessoal. Fatores de complicações cirúrgicas: • Toracotomia; • Anestésicos; • CEC (atelectasias); • Imobilização em supino. Fatores de complicações pulmonares: • Condições pré-operatórias; • Doença pulmonar preexistente; • IMC > 28; • Tabagismo; • Idade > 60 anos; • Anestesia > 3 horas; • CEC > 90 minutos. AN02FREV001/REV 4.0 140 FIGURA 97 - PACIENTE PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO (POI) INTUBADO (IOT) FONTE: Arquivo pessoal. FIGURA 98 - DRENOS, MONITORAÇÃO E ESTERNOTOMIA FONTE: Arquivo pessoal. AN02FREV001/REV 4.0 141 FIGURA 99 - AVALIAÇÃO AO PACIENTE POI FONTE: Arquivo pessoal. Critérios para desmame e extubação: • Estabilidade hemodinâmica; • Respiratória; • Metabólica; • Neurológica; • Avaliação clínica periódica (nível de consciência, configuração Toracoabdominal, alterações motoras, temperatura e sangramentos). AN02FREV001/REV 4.0 142 FIGURA 100 - EXTUBAÇÃO FONTE: Arquivo pessoal. Principais alterações respiratórias pós-extubação: • Padrão ventilatório restritivo – necessidade de analgesia eficaz (redução de volume e aumento da frequência respiratória); • Redução da complacência torácica (dor, posição no leito, drenos); • Acúmulo de secreções devido tosse ineficaz; • Necessidade de mobilização precoce. Objetivos da fisioterapia: Restaurar os volumes e capacidades pulmonares por intermédio de técnicas de reexpansão pulmonar e exercícios; Promover higiene brônquica com intuito de melhorar a ventilação e expansibilidade pulmonar e evitar complicações decorrentesde uma infecção indesejada para este período; Desmamar oxigênio; Promover a volta às atividades de vida diária o mais breve possível; Evitar complicações decorrentes do imobilismo. AN02FREV001/REV 4.0 143 17.2 CIRURGIAS ABDOMINAIS A maioria dos pacientes no período pós-operatório de cirurgias abdominais alta queixa-se de dor, adquirindo uma respiração superficial, consequentemente diminuição da capacidade vital, capacidade residual funcional, retenção de secreção e atelectasias. Essas alterações precisam ser minimizadas o mais precocemente possível, tanto pela conduta analgésica adequada, quanto pela intervenção da fisioterapia respiratória. As complicações pulmonares estão entre as maiores causas de mortalidade e morbidade após cirurgia abdominal alta. A taxa de incidência destas complicações depende da presença de fatores de risco do local da cirurgia e do critério usado para definir as complicações pulmonares pós-operatórias21. As complicações pulmonares são frequentes no pós-operatório de qualquer cirurgia, porém sua incidência é maior em cirurgias torácicas e abdominais. As cirurgias abdominais, realizadas por incisão acima da cicatriz umbilical, têm uma incidência de complicações pulmonares maiores que as que envolvem incisão abaixo desta. Essas complicações ocorrem em consequência de atingir a integridade da musculatura abdominal, levando a alterações nos volumes e forças pulmonares, devido à diminuição da contração muscular, alteração do acoplamento entre o tórax e o abdome, dor, ou inibição reflexa, propiciando o aparecimento de complicações pulmonares. Os comprometimentos estão relacionados a alterações da função pulmonar, com redução da Capacidade Residual Funcional (CRF), Capacidade Vital Forçada (CVF) e Pressão parcial de oxigênio (PaO2). Essas alterações são consequentes à insuflação pulmonar inadequada decorrente do aumento da frequência respiratória e do monótono padrão respiratório com respiração superficial sem suspiros durante o ato anestésico e período pós- operatório imediato. A disfunção diafragmática temporária, com longos períodos em decúbito dorsal horizontal, a dor na ferida operatória e os efeitos residuais dos anestésicos também contribuem para diminuição da CRF. A diminuição dos volumes expiratórios está associada à diminuição da complacência pulmonar, o que aumenta o trabalho elástico do pulmão. Para minimizar este trabalho os pacientes AN02FREV001/REV 4.0 144 apresentam respiração superficial e aumento da frequência respiratória, podendo assim diminuir o volume pulmonar21,22,23. As principais complicações pulmonares encontradas no pós-operatório são: diminuição da clearance mucociliar, diminuição da efetividade da tosse levando ao aumento de secreções pulmonares, atelectasia, infecção traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou intubação orotraqueal prolongadas e broncoespasmo. A ocorrência destas complicações está intimamente ligada à existência de fatores de risco pré-operatórios que são amplamente estudados na literatura. Entre eles, destacam-se: idade avançada, presença de doença pulmonar prévia ou outras doenças clínicas, tabagismo intenso, obesidade, desnutrição, tipo de anestesia, tempo de cirurgia e técnica cirúrgica empregada, valores espirométricos anormais, capacidade diminuída ao exercício e tempo de internação pré-operatório prolongado. As escalas de risco cirúrgico aglutinam fatores que predispõem a ocorrência de complicações no pós-operatório e permitem calcular a chance ou a probabilidade que um paciente tem de desenvolvê-las. Elas vêm sendo formuladas há décadas, de modo que, identificando pacientes de alto risco, pode-se prepará-los da melhor maneira possível, tentando evitar, assim, que desenvolvam tais complicações. Não há dúvidas que a incidência de complicação pulmonar no período pós-operatório está estreitamente relacionada com a presença de fatores de risco relacionados com a anestesia instituída, com o ato operatório e com características inerentes a cada paciente e que na maioria das vezes já são reconhecidas no período pré-operatório. Fisioterapia A fisioterapia pnemofuncional é muito ampla na prática profissional e atua tanto na prevenção quanto no tratamento dos distúrbios pulmonares agudos e crônicos, cirurgias abdominais e torácicas entre outros e utiliza-se de diversas técnicas e procedimentos terapêuticos, com objetivo de estabelecer ou restabelecer um padrão respiratório funcional, no intuito de reduzir os gastos energéticos durante a respiração, capacitando o indivíduo a realizar as mais diferentes atividades de vida diária sem promover grandes transtornos e repercussões negativas em seu organismo. AN02FREV001/REV 4.0 145 Vários estudos relatam o uso de incentivador respiratório (IR), ventilação não invasiva (VNI), como CPAP E RPPI, e respiração profunda com tosse assistida para prevenir complicações pulmonares pós-operatório em cirurgia abdominal alta. Além de trabalho de desobstrução brônquica se houver necessidade. Manobras de incremento a expansão pulmonar são realizadas, em geral, em pacientes cirúrgicos com o objetivo de minimizar a redução dos volumes e capacidades respiratórias, garantindo a adequada troca gasosa22. Dentro das técnicas e manobras respiratórias utilizadas no tratamento, podemos citar: Espirometria de incentivo, terapia com pressão positiva no final da expiração (EPAP), pressão positiva intermitente (RPPI), pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) e pressão positiva com dois níveis (inspiratória e expiratória), vibração, percussão torácica, drenagem postural, higienização brônquica e aerossolterapia. As orientações fisioterapêuticas incluem: Exercícios respiratórios (entre eles estão os exercícios diafragmáticos, respiração fracionada, respiração passiva e inspiração contrarresistência); Exercícios de membros superiores e inferiores; Consciência postural (ensinar ao paciente consciência da respiração e da relação entre movimentos torácicos e abdominais); Orientar quanto ao uso de incentivadores; Orientar a importância da tosse para remoção da secreção; Manter mobilidade suficiente para prevenir complicações circulatórias e movimentos restritos do tórax, cintura escapular e de membros superiores; Ajudar para que o paciente volte a uma boa postura, livres de dor e a ter uma vida tão plena e independente possível.21 17.3 CIRURGIAS ORTOPÉDICAS AN02FREV001/REV 4.0 146 Os cuidados fisioterapêuticos no pós-operatório de cirurgias ortopédicas variam muito de acordo com o tipo de procedimento realizado, com os antecedentes e idade do paciente. Pacientes idosos têm maior dificuldade para cicatrização, assim como os diabéticos, têm maiores propensões de complicações respiratórias, sangramentos, infecções e fraturas em geral, embolia gordurosa e suas complicações. Em contrapartida é a população mais operada. Cirurgias de coluna vertebral (artrodeses, laminectomias, etc.) Objetivos: Movimentar o paciente em bloco; Manter trofismo muscular periférico; Manter capacidade circulatória dos membros inferiores (exercícios circulatórios, meias elásticas, botas pneumáticas e anticoagulação); Manter capacidade respiratória (FR profilática ou como tratamento); Evitar deformidades por meio de posicionamento adequado e controle rigoroso da dor. Próteses de membros inferiores: Os principais cuidados estão em conhecer os movimentos a serem evitados para que não ocorra subluxação ou luxação da prótese. Os principais objetivos terapêuticos são: Manutenção do trofismo periférico (isométricos e quando possíveis ativos livres, evoluindo para os resistidos); Ganho de ADM progressiva, sempre com a liberação do cirurgião responsável; Ortostatismo sem carga, com carga parcial evoluindo até carga total. Sempre de acordo com a equipe cirúrgica e com a etapa clínica do paciente; Deambulação com andador ou bengala. Sempre respeitando o tipo de carga (parcial ou total). AN02FREV001/REV 4.0 147 Na fase hospitalar, na maioria das vezes, o papel do fisioterapeuta é evitar complicações respiratórias e preparar o paciente para o retorno as atividades de vida diária23,24. 18 FISIOTERAPIA APLICADA A PACIENTES ONCOLÓGICOS Pacientes oncológicos, devido o tipo de tratamento aos quais são submetidos, são mais susceptíveis a infecções pulmonares, fraqueza muscular e redução da mobilidade prévia ao tratamento. O fisioterapeuta pode auxiliar de diversas maneiras: No tratamento e prevenção de Infecções respiratórias: Exercícios respiratórios; Posicionamentos; Técnicas instrumentais e manuais; Exercícios aeróbios. Fraqueza muscular: Treinamento muscular específico; Exercícios globais ativos; Hidroterapia na fase ambulatorial. Encurtamentos: Alongamentos; Órteses; Splints; Hidroterapia na fase ambulatorial. Reabilitação do paciente oncológico: Os principais objetivos do tratamento são promover qualidade de vida e manter capacidade funcional. AN02FREV001/REV 4.0 148 Esta categoria de paciente requer a atenção de uma equipe multiprofissional com médicos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, enfermeiro especializado em oncologia, farmacêutico, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo. Normalmente os pacientes oncológicos são internados para quimioterapia e monitoração. Nesses momentos a fisioterapia é para manutenção da capacidade funcional, controle da dor e prevenção de complicações osteomusculares e respiratórias. O paciente oncológico é imunossuprimido e os profissionais que prestam cuidados a ele devem redobrar a atenção com o risco de infecções, além de estar atento aos eventuais riscos de sangramento nos pacientes com distúrbios de coagulação. As complicações são tratadas na medida em que elas acontecem como nas demais situações clínicas descritas neste módulo. O fundamental é a avaliação inicial e muita atenção às disfunções e as particularidades de cada uma destas situações25. FIM DO MÓDULO IV
Compartilhar