Buscar

dinamica de grupo Grupo operativo com adolescentes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Diversidade
Lenine 
Foi pra diferenciar / Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar / Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um / E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum / Diversidade é a sentença
Que seria do adeus / Sem o retorno
Que seria do nu / Sem o adorno
Que seria do sim / Sem o talvez e o não
Que seria de mim / Sem a compreensão
Que a vida é repleta /E o olhar do poeta
Percebe na sua presença / O toque de Deus
A vela no breu / A chama da diferença
A humanidade caminha / Atropelando os sinais
A história vai repetindo / Os erros que o homem traz
O mundo segue girando /Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo /Cada um é muito mais
Que seria do caos / Sem a paz
Que seria da dor / Sem o que lhe apraz
Que seria do não /Sem o talvez e o sim
Que seria de mim... / O que seria de nós
Que a vida é repleta / E o olhar do poeta
Percebe na sua presença /O toque de Deus
A vela no breu / A chama da diferença
Introdução
“Foi pra diferenciar / Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar / Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um / E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum / Diversidade é a sentença...”
Este trabalho , desenvolvido de acordo com as normas da disciplina dinâmica de grupo, foi desenvolvido baseado no artigo “Grupo operativo com adolescentes em um núcleo da assistência social: a questão da identidade de gênero”, de autoria de Manoel Antônio dos Santos ; Liliana Scatena ; Maria das Graças Carvalho Ferriani e Rodrigo Sanches Peres. Estudo este que objetivamos compreender o funcionamento do grupo operativo e criação de uma dinâmica, com seus objetivos e o passo-a-passo.
O artigo descreve a formação e o desenvolvimento de um grupo terapêutico, aberto, formado por dez adolescentes, de ambos os sexos, com faixa etária de dez a quinze anos, frequentadores de um núcleo da Assistência Social da Secretaria Social de um município interior de São Paulo. As sessões ocorriam semanalmente com duração de 1 hora e 20 minutos ao longo de 12 meses com objetivo de proporcionar aos integrantes a possibilidade de interagir, criar vínculos por intermédios de reflexão e trocas de vivência resultantes de problemas encontrados no cotidiano.
No presente trabalho, analisaremos o artigo à luz dos estudos e conceitos de grupos desenvolvidos por Pichom-Riviére ( 1988) que concebe grupo como um conjunto de pessoas que estabelecem relações grupais que se constituem a medida que começam a partilhar objetivos comuns com participação criativa e critica, a medica que realizam uma tarefa. Falaremos também do grupo operativo segundo Zimerman; Osório (1997) , lembrando que para ele, o grupo operativo possui basicamente três momentos, que são: Pré-tarefa, tarefa e projeto. A pré-tarefa é caracterizada pela resistência, a inicialização da tarefa, isso porque o desconhecido produz medos e insegurança. A tarefa é continuada pelo momento em que o grupo consegue elaborar seus medos e ansiedades provocadas pelo novo e se engaja no processo de mudança, assim surge o projeto, momento de planejamento e execução dos objetivos iniciais. 	Ainda apontamos neste trabalho que a aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidencia a possibilidade de uma nova elaboração do conhecimento, a integração e de questionamentos acerca de si e de outros ( Bezhelli, Santos 2008).
O ser humano é um ser social e somente existe em função de seus relacionamentos grupais. O fato de que o indivíduo nasce, aprende, trabalha e morre em grupo, torna evidente a necessidade do estudo da vida grupal. Para Lewin (1978), um grupo é mais do que a soma de seus membros: consiste numa totalidade dinâmica que não resulta apenas da soma de seus integrantes, tendo propriedades específicas enquanto totalidade, princípio da Escola da Gestalt. Possui estrutura própria, objetivos e relações com outros grupos. A essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas sua interdependência. Lewin caracteriza um grupo como sendo um todo dinâmico, o que significa que uma mudança no estado de uma das suas partes provoca mudança em todas as outras.
Partindo, assim, desses referenciais teóricos, esse trabalho visa decorrer sobre a relações dos integrantes do grupo operativo, os vínculos desenvolvidos e as trocas de vivencias ocorridas no Setting-grupal. Assim como, desenvolver uma dinâmica onde apontamos objetivos e o passo a passo , apontando para a riqueza das relações sociais estabelecidas ali.
Desenvolvimento:
“ ... A humanidade caminha / Atropelando os sinais
A história vai repetindo / Os erros que o homem traz
O mundo segue girando /Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo /Cada um é muito mais...”
 	As rápidas e pequenas movimentações da vida atual, causadas, em parte, pelos grandes acontecimentos de repercussão mundial, criaram a necessidade de um novo tipo de ensino. Disciplinas como sociologia, filosofia e psicologia deram origem a um processo de renovação que tem nos auxiliados a viver e conviver no mundo de hoje, em uma sociedade dinâmica e complexa. Em uma cultura dinâmica tudo aquilo que é ensinado e aprendido está em constante evolução, dessa maneira o conhecimento acompanha as mudanças aceleradas de novos tempos.	
	A dinâmica de grupo surgiu como um resultado da evolução de diferentes correntes pedagógicas que tentaram dá ao ensino uma característica mais socializante e ativa. Ela é uma ferramenta de estudo que tem por objetivo estudar fenômenos que ocorrem nos grupos. O estudo de pequenos grupos surgiu com Kurt Lewin, que criou a teoria de campo; que aborda as mudanças de comportamento como reação e alteração no seu campo de vida, seu ambiente, através de formas internas e externas do indivíduo.
O processo de execução da dinâmica envolve a formação do grupo. Segundo Lorena 2014, a característica integradora dos grupos sociais -______- do sentimento de pertencimento. Para que haja um grupo social é fundamental haver interação e ele passar por diversas etapas que vai desde sua classificação, seleção, setting, coordenação e metodologia.
Aprender é o resultado da interação em estruturas mentais e o meio ambiente. A aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiencia construída por fatores emocionais, neurológicos, ambientais e relacionais, logo, o conhecimento é construído e reconstruído continuadamente. Sendo assim podemos concluir que aprender um grupo, significa operar uma leitura crítica da realidade, uma abertura para dúvidas e inquietações suscitadas por um desconhecido que não cessa de nos interpretar.
A partir desse processo de interação entre os indivíduos, o sujeito pode referenciar-se no outro, encontra-se com o outro, diferenciar-se do outro, dá-se a ele e, assim transformar e ser transformado. O sujeito se constitui, desde sempre, a partir do Outro. Um Outro que aliena e humaniza; que permite, portanto, ser – ser a partir do Outro, mas diferente dele, pois a própria palavra sugere alteridade. Esse Outro, como podemos ler em Lacan, está no campo da linguagem, portanto, no campo do social, estando presente em sua constituição a lei, a cultura, a linguagem e também a família .
A teoria dos grupos entende que o individuo é composto antes do seu nascimento somadas a todas as outras que realiza ao longo de sua existência. Se o aparelho psíquico é constituído por essas relações, em sua identidade, ações e tudo mais que o caracteriza enquanto sujeito. As teorias voltadas aos grupos de estudo fundamentam e confirmam essas articulações da teoria psicanalítica. Freud (1912/1921) vai sustentar em Tólem e Tabú, que em cada individuo singular existem estruturas trans-individuais que se manifestam nos contextos grupais e coletivos, acentuando-o surgimento da psicologia individual a partir da psicologia da massa. Em 1921, Freu O campo da transferência é onde opera a psicanálise, a cena do sujeito “na qual ele próprio reconstrói sua história e desvela seu desejo, o que equivale dizer que a psicanálise não comporta significações preestabelecidas”(Alberti, 2009, p. 201).
 “...Sabemos que hoje o adolescente não pode mais recorrer a um campo de significações claramente mapeado, que existiu em outras épocas e conferia sentido a transformações próprias à passagem da infância para a vida adulta. Os ritos, a religião, pilares do estabelecimento de regras, tal como nos coloca Foucault (1976) foram desestabilizados nos últimos duzentos anos, sobretudo pelo discurso tecnológico-científico. Isso faz com que o adolescente tenha que se responsabilizar por uma solução para as suas questões, o que é extremamente difícil, principalmente por que há, no imaginário coletivo contemporâneo, pouco lugar para a singularidade do desejo...” http://www.isepol.com/asephallus/numero_12/artigo_07.html
Bion (1970) demonstra que o grupo é essencial para a realização da vida mental de um homem, formando articulação entre a dimensão individual e a grupal da mente humana. Recorrendo as ideias sustentadas por Freud, W. R. Bion fez com que a psicanalise desse prosseguimento a uma forma de compreensão psíquica da realidade que não é limitada apenas ao indivíduo. Para ele nenhum individuo por mais que isolado que esteja no tempo e no espaço, deve ser encarado como externo a um grupo ou não possuidor de manifestações ativas de psicologia de grupo.
Atualmente muitos profissionais trabalham com grupos, Pichon-Riren (1998) sistematiza a teórica dos grupos operativos através da interação, ação reciproca que gera aprendizagem, um processo continuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida em que aprendemos a partir da relação com os outros. A técnica do grupo operativo pressupõe a tarefa explicita (aprendizagem, diagnóstico) e tarefa implícita (modo como cada integrante vivencia o grupo) e o enquadra de elementos físicos (tempo, duração, frequência, função do coordenador e do observador) Bastos (2010).
O objetivo do grupo operativo é proporcionar aos seus integrantes um espaço que o auxilie no processo aprendizagem, independente de sua natureza, em um movimento de desestruturação, estruturação e reestruturação (Bastos 2010). E as dinâmicas para jovens realmente funcionam, pois a essência de juventude é a sua necessidade se pertencimento aos grupos sociais e a troca permanente de experiencias. A aprendizagem do jovem é dinâmica por si só e a troca permanente de experiencia tem o poder de ampliar a visão do mundo e desenvolver competências. 
Esse trabalho trata-se de um estudo que foi desenvolvido de novembro de 2013 a novembro de 2014 em que ocorreram encontros semanais com duração de uma hora e 20 minutos realizados no Núcleo de Assistência Social da Secretaria da Assistência Social de um município do interior do Estado de São Paulo. Os envolvidos eram adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 10 e 15 anos com perfis diferenciados quanto ao desempenho acadêmico e aos indicadores comportamentais.
Assim, os jovens vão caminhando e aprendendo a conversar sobre suas vivencias, aprendem a conversar sobre suas vivências, fazem observações interessantes acerca de seu cotidiano e debatem as relações com o grupo de pares. A possibilidade de criar aberturas para a reflexão pode conduzir à adoção de condutas alternativas diante de obstáculos que se apresentam como processos obstrutivos à consumação da tarefa grupal (BECHELLI; SANTOS, 2005a; 2005b).
Quando o grupo se põe a questionar aspectos da adolescente que não correspondia aos estereótipos conhecidos, eles começam a amadurecer, indicando que a tendência a reproduzir mecanicamente os estereótipos de gênero pode ser uma das áreas mais fecundas para instaurar o processo crítico-reflexivo no trabalho em grupo. Com a evolução do processo grupal observa-se o constante e gradual descolamento em relação a formas estereotipadas de pensar, sentir e agir, apresentadas em profusão nos primeiros encontros grupais. O que serviu também para os mesmos adolescentes se enxergarem mais como grupo. 
“Os adolescentes integrantes do grupo se mostraram mais perspicazes e perceptivos em relação às expressões da diversidade humana, reconhecendo paulatinamente a complexidade e a pluralidade que caracteriza a vida social e comunitária na era contemporânea. Embora apresentassem diferentes modos de entendimento sobre o que é ser homem e o que é ser mulher, bem como distintos modos de pensar sobre seus conflitos e suas escolhas, os adolescentes passaram a se perceber como protagonistas e agentes de sua própria mudança.”
 
CONCLUSAO
“Que a vida é repleta / E o olhar do poeta
Percebe na sua presença /O toque de Deus
A vela no breu / A chama da diferença”
	
http://www.isepol.com/asephallus/numero_12/artigo_07.html
ANEXO: ( OU JUSTIFICATIVA
“O que é ser homem e o que é ser mulher? Para tentar responder essa questão, talvez seja necessário considerar que não existe, quando falamos em identidades, uma forma de ser que seja correta ou definitiva. As pessoas estão em constante transformação, variando seus interesses e desejos, reorganizando seus projetos, alterando práticas cotidianas e a forma como se percebem e como veem os outros.
 As identidades coletivas (de grupos, sociedades) e individuais vão sofrendo a influência das experiências de vida, modelos, regras e discursos que nos atravessam, produzindo novos significados e sentidos para as várias dimensões das nossas vidas – profissional, familiar, amorosa, etc. Durante muito tempo prevaleceu, na maior parte das sociedades, a ideia de que as diferenças entre homens e mulheres eram naturais e definidas por diferenças dos corpos biológicos. As mulheres teriam nascido com uma aptidão maior para o cuidado com o lar e os filhos, enquanto os homens tinham maior facilidade para trabalhar fora, fazer maior esforço físico e assumir cargos de chefia, entre muitas outras concepções que marcaram as distinções entre os sexos. Esse mesmo discurso era, notadamente, utilizado para justificar a subordinação feminina e as relações desiguais entre homens e mulheres. 
Quando o feminismo ganhou fôlego, após a segunda metade do século XX, algumas pesquisadoras propuseram substituir a noção de “diferenças entre sexos” por “diferenças entre gêneros”, como forma de mostrar que a cultura, por meio de valores, práticas e discursos, influencia a construção do ser homem e ser mulher. O conceito de gênero procura evidenciar que esses modelos são aprendidos ao longo da vida e se alteram ao longo do tempo, em diferentes contextos históricos e sociais. É, por exemplo, muito diferente ser uma mulher no Brasil ou no Afeganistão, assim como ser uma mulher em 1930 ou em 2010. Os espaços de socialização, sejam institucionais ou informais, oferecem, a todo tempo, modelos que passam a ser incorporados desde a infância. Um exemplo disso são as famílias, quando definem os brinquedos “de menino” – como a bola e a espada – e os “de menina” – como a boneca, o fogãozinho e jogo de panelas. O mesmo vale para as roupas, os móveis e as cores de um quarto e tantas outras escolhas que evidenciam uma determinada forma de olhar para a criança. Outro espaço de convívio importante na nossa formação é a escola, onde os professores expressam e afirmam, na sua ação pedagógica, valores, ideias e comportamentos que consideram adequados para cada sexo. 
À medida que nosso universo de relações vai se ampliando, torna-se importante também a influência dos amigos e de tudo aquilo que vamos percebendo como expectativas sociais e as possibilidades de sermos reconhecidos socialmente. Isso vai dando indicações de como devemos lidar com as emoções, como devemos nos comportar sexualmente, fazer escolhas profissionais, etc. 
Quando se pensa a construção de identidades na sociedade moderna, não devemos subestimar o poder que os padrões de consumo e a cultura de massas exercem sobre as pessoas e, de forma muito especial, os/as jovens. Videoclipes, revistas, páginas da web, programas de televisão, propagandas e produtos por elas oferecidos são alguns dos elementos que exercem grande influência nos comportamentos, na formação dos gostos, padrõesestéticos e outras formas de viver e expressar identidades. Certamente, neles estão presentes modelos de gênero que são mais ou menos valorizados. Um padrão em filmes de ação é mostrar homens fortes e guerreiros, que usam armas e conquistam belas mulheres, ao mesmo tempo em que revistas trazem seções e mais seções que ensinam as mulheres a cuidar do corpo para serem mais desejáveis e “femininas”. É importante ressaltar que esses padrões variam muito de um grupo social para outro. 
Entre os recortes mais importantes, que produzem diferenças significativas, estão os de classe social, região geográfica e étnico-racial. Portanto, algo que pode ser valorizado em determinado contexto pode variar consideravelmente quando deslocamos o olhar para outro espaço ou conjunto de pessoas. Um exemplo é a expectativa maior nas classes mais ricas de que o jovem adie 1 sua entrada no mercado de trabalho e a gravidez, enquanto nas classes baixas o jovem é estimulado a trabalhar e a adolescente grávida é vista de modo mais natural. Além disso, é possível se relacionar com os modelos de formas bastante variáveis, não apenas aceitando-os como referências prontas. Somos capazes de perceber as informações que chegam a nós de forma crítica e, assim, adequar os modelos ao que acreditamos ser melhor para nós e nosso meio. Somos também produtores e disseminadores de novas formas de viver a feminilidade e a masculinidade. Por conta disso, é fundamental que educadores que atuam com jovens os auxiliem para que possam fazer uma leitura crítica a respeito dos modelos de gênero e daquilo que é valorizado e legitimado através deles. O questionamento de certas barreiras que foram historicamente erguidas é inevitável quando pensamos numa sociedade mais democrática e menos desigual. Por que o homem agressivo, dominador, que por vezes coloca em risco sua saúde e integridade física é ainda tão valorizado? Por que tantos homens deixam de ver a paternidade como uma forma importante e saudável de realização da sua masculinidade? Por que a mulher valorizada é aquela que possui o corpo considerado “desejável” pelos homens? Qual a possibilidade de ser aceita quando decide viver de forma autônoma, quando expressa interesse de viver sua sexualidade sem ser estigmatizada? Por que ainda se encontram justificativas para legitimar a violência contra a mulher ou para sustentar o preconceito contra homossexuais? Quando as identidades estão aprisionadas por modelos rígidos e ao mesmo tempo tão arraigados, tão comuns, que nem sequer nossa adesão a eles é percebida, nossa capacidade de escolher e transformar a realidade é consideravelmente reduzida. Por outro lado, à medida que nos damos conta desses modelos e compreendemos que eles são frutos de construções culturais, passamos a ser capazes de escolher e atuar como produtores, promovendo a transformação de valores culturais e tendo maior poder de realização dos nossos desejos, interesses e projetos pessoais e coletivos.”

Continue navegando