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VIDA HUMANA

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VIDA HUMANA
Meus amigos, não é só a pandemia que tem trazido à tona a discussão sobre o valor ou a dignidade da vida humana. Há muitas polêmicas relacionadas ao tema, como o aborto, a eutanásia, os preconceitos, a indiferença. A pandemia, pelo menos no Brasil, trouxe outra discussão: a vida humana vale menos do que a economia, vale menos do que uma arma na mão, vale menos do que remédios que não tem eficácia comprovada na cura do vírus (cloroquina ou hidroxicloroquina ou outro), ou menos do que um projeto pessoal e egoísta de poder, basta ver a polarização existente hoje. Podem morrer milhares de pessoas, e daí? Enquanto cresce a polarização política no Brasil, escancaram-se problemas sociais excludentes e marginalizantes que atacam a dignidade e a vida humanas. Na saúde, por exemplo, hospitais públicos sempre lotados e sem infraestrutura adequada, consequência da falta de investimento público, revelando, agora, uma situação delicada, onde pessoas precisam de leitos e ficam à espera de uma vaga e, por vezes, morrem sem conseguir acesso ao socorro necessário. Situação semelhante acontece na educação, com escolas sucateadas e pouca valorização dos professores e dos técnicos e trabalhadores em educação em geral. Só para citar duas áreas, sem esquecer os sem-teto, os sem-emprego, os sem-terra. Outro elemento na discussão é a utilidade ou não do indivíduo. O Papa Francisco já denunciou uma lógica econômica que mata. Nessa lógica econômica, se alguém não pode consumir não é considerado indivíduo útil para a economia e acaba marginalizado, sem amparo necessário para manutenção de sua dignidade. Qual é o valor da vida humana? O valor da vida humana não está atrelado à economia. No Sermão da Montanha, instruindo os seus discípulos, Jesus ensina que uma preocupação exagerada com o acúmulo de riqueza pode levar o homem (ser humano) à escravidão e à morte por causa de opressão e de exploração. Quanto mais valorizamos uma economia de mercado e a lógica do descartável, mais vamos gerar opressão e exploração e, consequentemente, menos justiça e menos dignidade humana. Por isso, Jesus alerta: “não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros?” (Mt 6,25-26). Não estamos negando que o dinheiro é um bem necessário. Estamos alertando que a vida se sobrepõe à economia, porque ela tem um valor inestimável. É dom de Deus, por isso é sagrada e inviolável em todas as suas fases e em todas as situações. Qualquer ideologia que não leve em consideração a inviolabilidade da vida humana é injusta e não é compatível com o ensinamento de Cristo. Portanto, não é concebível cristão que seja favorável ao aborto, à pena de morte; cristão que ostente a bandeira do bandido bom é bandido morto ou outra bandeira que incentive a morte. Para dizer que somos cristãos, devemos ser defensores da dignidade e da vida humanas. Lembro-me de uma canção de Pe. Zezinho, que diz: Diante de ti ponho a vida e ponho a morte, Mas tens que saber escolher. Se escolhes matar, também morrerás; Se deixas viver, também viverás. Então viva e deixa viver. Não mais a tortura, nem a guerra. Não mais violência, nem rancor. Não mais o veneno que se joga/ Na mente do povo sofredor. Não mais este medo sem sentido! Não destruirás nem oprimirás! A vida é pequena e entrelaçada. Se o homem morrer, também morrerás!
Pensemos nisso! Pe. Gil

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