Buscar

Portfólio ciclo 3 - Políticas da Educação Básica

Prévia do material em texto

PRISCILA REGINA RORATO VITOR
A Educação Básica no Brasil Atual: 
desafios e perspectivas
Atividade de Portfólio Ciclo 3 da Disciplina de Políticas da Educação Básica, professor MS. Luiz Ricardo Meneghelli Fernandes.
Curitiba
2020
Projeto de Prática
1ª etapa - documentário Pro dia nascer feliz (2007). 
2ª etapa
O documentário em questão, retrata a realidade de diferentes escolas situadas nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, mostrando diferenças e similaridades, de infraestrutura, perspectiva dos alunos adolescentes e dos professores sobre a realidade escolar, entre o ensino público e privado.
Na abordagem das escolas públicas situadas em Pernambuco, em cidades pequenas e mais afastadas da Capital Recife, retratou-se muito a questão da precariedade de infraestrutura escolar, saneamento básico, dificuldade de acesso e continuidade dos estudos, pois muitos alunos do ensino médio precisam se deslocar para uma cidade vizinha, dependendo de ônibus que muitas vezes não funcionam, além de enfrentarem a precarização do ensino por faltas dos professores e terem suas aulas canceladas. 
Já as escolas públicas das regiões mais periféricas de São Paulo e Rio de Janeiro, apresentadas pelo documentário, tinham melhores condições de infraestrutura e acesso ao ambiente escolar, em relação as de Pernambuco. Entretanto, enfrentam adversidades relacionadas ao grande índice de criminalidade e a realidade do tráfico de drogas próximo as escolas, influenciando os jovens a terem experiencias inapropriadas de roubar, brigar e até mesmo matar como em algumas situações relatadas, além de muitos adolescentes que necessitam parar de estudar para trabalhar ou que não reconhecem a importância dos estudos como perspectiva de futuro. Tais adversidades sociais desencadeiam um ciclo vicioso de desmotivação dos professores, por não saberem lidar com o desinteresse de grande parte dos alunos, que vivenciam o desencontro entre a realidade escolar e social, consequentemente culminando em um sistema educacional falho. 
Com relação a escola de São Paulo do âmbito privado retratada por Jardim, apresenta condições muito melhores de estrutura, realidade social e nível socioeconômico dos alunos, estrutura familiar, corpo docente comprometido, recursos didáticos e segurança aos alunos, porém através do relato dos alunos, o sistema de ensino acaba se tornando muito rígido e muitos apresentam dificuldades além dos estudos, para lidar com conflitos internos naturais da idade, do período de amadurecimento e formação de personalidade. Contudo, foi possível observar que esses alunos que enfrentam menos adversidades sociais, apresentam mais interesse escolar, mais criticidade em relação a importância dos estudos e perspectivas de futuro profissional relacionado ao ensino superior. 
Fortalecendo a lógica da elitização da educação e dos níveis superiores de ensino, enquanto muitos jovens de periferia abandonam seus sonhos para trabalhar e ajudar suas famílias, jovens do sistema de ensino privado em sua maioria se dedicam exclusivamente aos estudos, entretanto, os conflitos existências, a fase de amadurecimento e formação são os mesmos, mas em contextos extremamente diferentes.
3ª etapa
Segundo o painel educacional do município de Curitiba, podemos observar que o número de matriculas nas escolas diminui conforme avança o nível de escolaridade, sendo 83.956 nos anos iniciais, 72.956 nos anos finais e 54.452 no ensino médio, muito provavelmente pelo número de reprovações e desistências envolvidas durante o processo (BRASIL, INEP). Conforme informações da Prefeitura de Curitiba, a cidade superou 3,2% da meta estipulada do Índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) dos dados de 2017 para os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Dessa forma, Curitiba continua com o melhor ensino público dos anos iniciais do país entre as capitais com mais de um milhão de habitantes (CURITIBA, 2018).
A nível estadual o Paraná na avaliação dos anos iniciais do Ideb, varia entre a 3ª e a 4ª posições. Nos anos finais, quando a prova é aplicada no 9º ano, o Estado aparecia em 6º com 4,05 no Ideb 2011 e caiu para 7º com 4,65 na avaliação de 2017, atrás de Goiás, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina, Acre e Mato Grosso (PARANÁ, 2019). Outra questão relevante são os altos índices de evasão escolar no estado, que de dez anos atrás o Estado contabilizava 1,7 milhão de estudantes matriculados, sendo atualmente 1,1 milhão (PARANÁ, 2019).
O país segue melhorando seu desempenho nos anos iniciais do ensino fundamental, alcançando em 2017, um índice igual a 5,8. A meta proposta foi superada em 0,3 ponto (INEP, 2019). Entretanto, no ensino médio, nenhum estado atingiu a meta do Ideb 2017. Em 2009 o Paraná liderava o ranking nacional com 3,92, o Ideb 2017 mostrou que o Estado caiu para 7°, com 3,66. (PARANÁ, 2019).
4ª etapa
A Educação Básica no Brasil apesar de avanços históricos, conquistas no âmbito da Constituição Federal de 1988, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica de 2013, que norteiam o sistema educacional brasileiro, encontra muitos desafios na realidade prática do sistema de ensino público, devido a inúmeras barreiras sociais que dificultam todo o processo.
Vivemos em um país com grande extensão territorial e um elevado índice de desigualdade social, tal contexto que dificulta a efetivação de inúmeras leis, diretrizes e princípios idealizados por esses documentos. Através das análises, reflexões geradas pelo documentário “Pro dia Nascer Feliz”, e pelos dados e pesquisas sobre a realidade da educação brasileira no contexto municipal e estadual, é possível perceber muitas fragilidades desse sistema, por questões de má distribuição de recursos públicos, baixa valorização da estrutura escolar e dos profissionais da educação.
Em vários cenários foi possível observar um sistema falho e adoecido para professores e alunos, que continua a privilegiar poucos, principalmente aqueles do ensino privado, que possui condições mais dignas de ambiente escolar e qualidade do ensino. Em muitos contextos existe um grande índice de evasão escolar, tanto relatado no documentário como em pesquisas sobre dados estaduais, principalmente entre os alunos do ensino médio, em que os jovens encontram dificuldades relacionadas a contextos de vida e precisam interromper os estudos por ter que trabalhar, muitas meninas por motivos de gravidez na adolescência, também muitos casos ocorrem por falta de interesse nos estudos, em não identificar como oportunidade de futuro, além da falta de acesso ao ensino médico em cidade mais pequenas necessitando frequentar escolas em cidades vizinhas. 
Esses alunos enfrentam inúmeras barreiras estruturadas socialmente, por questões políticas, ideológicas, históricas, que apesar de serem “garantidas” por legislações que regem a educação brasileira, efetivamente não são colocadas em prática, desmotivando alunos, professores e perpetuando uma sociedade com um sistema educacional precário, em que os índices de desenvolvimento da educação básica (Ideb), apresentam poucos avanços. 
Para contornar essa situação, precisamos repensar o sistema de educação do nosso país, aproximar a educação gratuita, de qualidade e democrática dos agentes envolvidos, de acordo com a realidade contemporânea, trazer os alunos para participar do seu próprio processo de aprendizagem, proporcionando autonomia dos mesmos, de construção conjunta com a escola, o envolvimento da comunidade e dos familiares de forma efetiva. Quanto ao educador é necessário a valorização e empoderamento da categoria, para constante motivação em desempenhar seu papel de agente transformador, o qual viabiliza o estímulo do pensamento crítico-reflexivo e adequação dos ideais legislativos para a pratica diária da educação.
Há que se compreender que a tarefa vital de um educador seja a permanente interpretação, reinterpretação e reflexão da sociedade, exatamente por atender a interesses de grupos dominantes, onde grandeparcela não tem seus direitos efetivamente garantidos. Com toda complexidade e diversidade de nossa sociedade contemporânea, é necessário tornar a pedagogia mais política atuando na luta pela superação das injustiças, sem medo do discurso que defende a suposta neutralidade da escola, pois, quem se posiciona dessa maneira, engaja-se no projeto da não mudança. Por outro lado, ao problematizar o conhecimento, o professor torna-se, junto com seus alunos, mais crítico e, portanto, agente da mudança (CARDOSO et al, 2012).
Contudo, as mudanças só se efetivam gradativamente e dependem de questões político-sociais, é preciso fortalecer os movimentos sociais e conquistar representantes políticos de fato interessados em uma sociedade com sujeitos detentores do conhecimento, afim de gerar mudanças de uma educação para todos e não para uma minoria elitizada.
Referências
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Nenhum estado atinge a meta do Ideb 2017 no ensino médio. 2018.
Acesso em: 03/06/2020 as 18h05
Disponível em: 
<http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/nenhum-estado-atinge-a-meta-do-ideb-2017-no-ensino-medio/21206>
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Acesso em: 03/06/2020 as 18h26
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/painel-educacional> 
CARDOSO R.L.; CHERUTI L.J.C.; PONTE M.K. Pro dia nascer feliz: Análise do documentário. Revista de Educação, Ciência e Cultura. v.17; n.2. 2012.
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Educação mira o topo do Ideb, valorização de professores e menor evasão. Agencia de Notícias do Paraná, 2019.
Acesso em: 03/06/2020 as 17h36
Disponível em: <http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=101601&tit=Educacao-mira-o-topo-do-Ideb-valorizacao-de-professores-e-menor-evasao>
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Escolas com melhor Ideb recebem homenagem e farão intercâmbio na Finlândia. 2018.
Acesso em: 03/06/2020 as 17h17
Disponível em: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/escolas-com-melhor-ideb-recebem-homenagem-e-farao-intercambio-na-finlandia/47933>

Continue navegando