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Fichamento Arrighi,1996 (o longo séc. XX)

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Fichamento 
 
Bibliografia: ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de 
nosso tempo. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo: Editora Unesp, 1996, p.200-
227. 
 
Disciplina: Economia Política Internacional 
 
Aluna: Érika Damião 
Resumo: Neste apanhado, Arrighi discorre sobre governos capitalistas e territorialistas 
com enfoque nas navegações e no comércio marítimo, abordando também a 
terminologia do “longo século XX” explicando sobre a sistematização de ciclos dentro 
dos séculos na história 
 
A Dialética entre Capitalismo e Territorialismo 
 
(200) O autor inicia falando sobre como a diferença entre o capitalismo holandês e 
britânico se encontra na ausência de um ingrediente crucial na condensação de 
capitalismo e territorialismo inglês: a supremacia do comércio mundial; 
(200-201) A expansão do recém-criado Estado inglês se fez subordinado ao regime 
holandês e isso foi muito visível, por exemplo, quando o governo inglês proibiu a 
exportação de tecidos não tingidos a fim de “livrar” seu comércio das restrições 
holandesas, o que fez com que esse proibisse as importações nas Províncias Unidas 
causando uma “queda paralisante e a disseminação da miséria” em território inglês 
estabelecendo instabilidade política e tensões sociais; 
(201) Dentro desse cenário estudado é possível notar a precedência do capitalismo 
comercial sobre o capitalismo industrial na economia mundial europeia, com isso, 
percebe-se que a apropriação dos lucros do trabalho inglês pelo capital holandês dá-se 
por causa de sua centralidade na intermediação do comercio mundial (e não por sua 
superioridade na produção industrial); 
(202) Durante o reinado Stuart a comunidade inglesa passou por um período de 
transição de um sistema de dominação e acumulação para um outro sistema na 
economia mundial, sendo concluído seu processo de formação pós Guerra Civil Inglesa 
e criação do Sistema de Vestifália; 
(203) Com a criação de um império comercial inglês, foi muito importante o apoio dado 
pelos portugueses contra os holandeses, com isso temos também a incorporação da 
América, Índia, Austrália e África na economia mundial capitalista (que, então, tinha seu 
centro nos britânicos), tomando também dos holandeses o comércio triangular do 
Atlântico; 
(204) O poder da Inglaterra promoveu a transferência do comércio de entrepostos de 
Amsterdam para cidades portuárias inglesas; 
(204) O autor começa a discorrer então sobre a diferença fundamental entre a antiga 
supremacia comercial holandesa e a recente supremacia comercial inglesa do início do 
século XVIII que se encontra no encontro harmonioso entre a lógica territorialista do 
poder e a do capitalismo; 
(204-205) O império holandês se formou e se expandiu investindo em aquisições 
territoriais essenciais apenas, o que Brudel identificou como “procurar países que 
pudessem ser explorados, em vez de colonizados e desenvolvidos”, enquanto os 
ingleses acabaram fazendo o contrário; 
(205-206) Arrighi comenta um pouco sobre o comércio triangular e como a Companhia 
Holandesa das índias Ocidentais (WIC) foi pioneira nesse processo, mas como seus 
empreendimentos não tomaram um caminho tão sórdido ao oceano Índico, foi mais fácil 
para os ingleses tomarem seu lugar quando propício; 
(206) Brudel faz uma observação interessante que é mencionada no texto “uma coisa 
era empreender a expansão comercial em regiões de civilização antiga, com uma 
economia monetária bem desenvolvida e rica, como as Índias Orientais, e outra, 
completamente diferente, era fazê-lo em terras escassamente povoadas, onde o 
desenvolvimento de uma economia monetária mal havia começado, como nas 
Américas”; 
(207) O autor comenta sobre as Grandes Navegações e como a recuperação da 
autonomia portuguesa em relação a Espanha fez com que aqueles reconquistassem 
territórios no Brasil, todavia os custos da colonização e da guerra terrestre acabaram 
excedendo os lucros comerciais, prejudicando a situação financeira da WIC que 
apresentou dificuldades em reproduzir seu sucesso no oceano Índico; 
(208) Quando a Espanha triunfou com a institucionalização do Tratado de Vestfália “as 
energias e recursos dos Estados territorialistas ficaram livres de seu compromisso 
mútuo anterior na Europa e puderam ser empregadas para desafiar a supremacia 
comercial e naval dos holandeses”; 
(209) Além disso, com a institucionalização das Leis de Navegação entre 1651 e 1660 
pelo parlamento inglês, os ingleses conseguiram construir seu próprio império comercial 
para concorrer com os holandeses; 
(209-210) No início do século XVIII, a Holanda começa a sofrer com a escassez de mão 
de obra, com o aumento do comércio marítimo e das guerras marítimas a demanda por 
mão de obra começou a superar a oferta; 
(210-211) Com a Guerra da Sucessão Espanhola temos outro indicador de que os 
holandeses não possuíam vantagem competitiva na luta europeia pelo poder, uma vez 
que a ascensão do poderio inglês em território marítimo e francês em território terrestre 
se intensificaram. A Holanda terminou essa guerra com uma das piores dívidas públicas 
em sua história, “os custos implicados na defesa simultânea de uma fronteira terrestre 
e marítima haviam se tornado proibitivos para o pequeno Estado holandês”; 
(211-212) Com tantas dificuldades, o governo holandês acabou buscando auxílio inglês 
através do investimento em ações e títulos do governo inglês o que mostrou ser a melhor 
alternativa para a saída do capital excedente holandês, essa expansão de investimentos 
holandeses em títulos ingleses teve seu auge durante a Guerra dos Sete Anos. O que 
aconteceu aqui foi que “os holandeses simplesmente contribuíram para o fecho de um 
longo processo histórico, que eles não haviam iniciado e não tinham como deter [...] a 
vitória inglesa marcou a derrubada dos próprios holandeses do alto comando da 
economia capitalista mundial”; 
(212) Arrighi também comenta aqui sobre as frouxas alianças entre “nações” capitalistas 
e Estados territorialistas que caracterizaram os blocos genovês-ibérico e florentino-
francês durante o século XVI e como o poder dessas alianças foi cada vez mais coberto 
pela competição e hostilidade mútuas; 
(213) “No século XVII, a estrutura e a orientação mais estritamente capitalistas do 
Estado holandês conferiram ao capital holandês uma vantagem competitiva decisiva na 
luta pela apropriação dos despojos do império territorial ibérico [...] a estrutura enxuta 
do Estado holandês transformou-se, de vantagem competitiva decisiva, numa 
deficiência insuperável [...] Saiu-se então vencedor o Estado inglês, que levara essa 
internalização (do capitalismo) mais longe que qualquer outro país territorialista e 
redirecionara suas inclinações territorialistas, mas sem perde-las”; 
(213-214) O autor divide a Revolução Industrial em 3 momentos: 1) rápida expansão da 
indústria têxtil inglesa; 2) rápida expansão da indústria metalúrgica inglesa e 3) rápida 
expansão das indústrias têxtil e metalúrgica, durante a expansão financeira liderada 
pelos holandeses no século XVIII (a então chamada revolução industrial); 
(216) Pós Guerras Napoleônicas, “a ascensão da riqueza financeira, bem como o 
domínio dos fluxos de moedas e mercadorias por contratos e licenças emitidos em 
Londres, exerceram uma forte pressão sobre os recursos do Banco da Inglaterra [...] Os 
banqueiros mercantis, em especial, tornaram-se absolutamente cruciais para a 
administração e a regulação das despesas de guerra da Grã-Bretanha”; 
(217) Arrighi explica sobre as diferenças entre os espaços-de-fluxo genoveses do século 
XVI e os da Grã-Bretanha do século XIX, mostrando como o espaço britânico era mais 
complexo, enquanto o genovês era mais “externo” às redes imperialistas de poder ou 
que o espaço-de-fluxo britânico se concentrava no mesmo local que o centro do próprio 
império (Londres) e que o regime genovês se baseava numa relação de intercâmbio 
político com a Espanha; 
 
Recapitulação Prévia 
(218) O autor explica o conceitode “longo século”, mostrando que, na verdade, um 
século constitui prazo curto, mas a ideia de “longo” se da como moldura temporal para 
analisar um ciclo sistêmico; 
(219-220) Existem 3 segmentos/ períodos distintos: 1) período de expansão financeira; 
2) período de consolidação e desenvolvimento adicional do novo regime de acumulação 
e 3) um segundo período de expansão financeira; 
(220) “Chamamos ao evento ou série de eventos que levam a essa superação final de 
‘crise terminal’ [...] consideramos que ela assinala o fim do século longo que abrangeu 
a ascensão, plena expansão e queda desse regime”; 
(220- 221) Arrighi explica como o longo século XX é composto por 3 segmentos 
distintos: 1) crise sinalizadora até crise terminal do regime britânico (1870-1930); 2) crise 
terminal do regime britânico até crise sinalizadora do regime norte-americano (1970) e 
3) crise sinalizadora do regime norte-americano até crise terminal do regime norte-
americano (1970- ?); 
(221-222) existem duas maneiras de medir o tempo em que os regimes sistêmicos de 
acumulação ascendem, medindo a duração dos próprios longos séculos ou avaliando a 
aceleração do ritmo da história comparando os períodos que separam as crises 
sinalizadoras; 
(222) “Embora o tempo que os sucessivos regimes de acumulação levam para ascender 
à dominação e atingir a maturidade venha decrescendo, o tamanho e a complexidade 
organizacional dos principais agentes desses regimes sucessivos tem aumentado”; 
(223) O autor aponta para como a classe capitalista britânica conseguiu “reverter em 
benefício próprio a competição interestatal pelo capital circulante e ‘produzir’ toda a 
proteção exigida pela auto expansão de seu próprio capital, mas sem ter que depender 
de organizações territorialistas estrangeiras”. Aponta-se aqui também como os Estados 
Unidos, na época da ascensão, eram um complexo militar-industrial de dimensões 
continentais que conseguiram não apenas “internalizar” a proteção e os custos de 
produção, como também os custos de transação em um duplo movimento que 
caracterizou o desenvolvimento sucessivo de ciclos sistêmicos de acumulação; 
(224-225) “Quando o pêndulo se move em direção aos regimes extensivos, como na 
transição do holandês para o britânico, a tendência subjacente se amplia. E, quando 
oscila em direção aos regimes intensivos, como nas transições do regime genovês para 
o holandês e do britânico para o norte-americano, a tendência subjacente parece ser 
menos significativa do que efetivamente é”; 
(225) “O desenvolvimento do capitalismo histórico como sistema mundial baseou-se na 
formação de blocos cosmopolitas0imperialistas [...] cada vez mais poderosos de 
organizações governamentais e empresariais, dotados da capacidade de ampliar (ou 
aprofundar) o raio de ação da economia mundial capitalista”; 
(226) Para concluir esse texto, o autor afirma que o ponto de partida e de chegada da 
expansão material sempre foi a busca do lucro como um fim em si por parte de um; 
(226) “O capital britânico simplesmente repetiu no século XIX um padrão que fora 
estabelecido muito antes do o capitalismo histórico como modo de acumulação também 
se haver tornado um modo de produção”.

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