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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA MESTRADO ACADÊMICO EM SOCIOLOGIA ALANA CAETANO FREIRE O BANCO MUNDIAL E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO DO CEARÁ. FORTALEZA- CEARÁ 2018 2 ALANA CAETANO FREIRE O BANCO MUNDIAL E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO DO CEARÁ. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Sociologia do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Área de Concentração: Sociologia Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lia Pinheiro Barbosa FORTALEZA – CEARÁ 2018 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Sistema de Bibliotecas Freire, Alana Caetano. O Banco Mundial e a Educação: um olhar sobre a avaliação nas escolas de Ensino Médio do Ceará. [recurso eletrônico] / Alana Caetano Freire - 2018. 1 CD-ROM :il. ; 4 ¾ pol. CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 186 folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm). Dissertação (mestrado acadêmico) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Estudos Sociais Aplicados, Programa de Pós Graduação em Sociologia, Fortaleza, 2018. Área de Concentração: Sociologia. Orientação: Profª. Drª Lia Pinheiro Barbosa 1. Escola. 2. Avaliação em larga escala no Ceará. 3. Estado- Nação. 4. Organismos Multilaterais. I. Título. 4 ALANA CAETANO FREIRE O BANCO MUNDIAL E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO DO CEARÁ. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Sociologia do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Área de Concentração: Sociologia 5 AGRADECIMENTOS À Mônica Martins, professora e amiga, que desde o início dos meus estudos no curso de Ciências Sociais, me acompanha e apoia nesse percurso acadêmico. Aos professores Geovani Jacó, Bosco Feitosa, Rosemary Almeida, Socorro Osterne e David Oliveira pelas experiências compartilhadas nas aulas do mestrado. À professora Gustava Bezerril, que me acolheu com muito afeto nas suas aulas e me fez refletir cada vez mais sobre as práticas docentes. Aos professores Lia Pinheiro e Mario Valdemarin, pelas contribuições valiosas para o desenvolvimento desta pesquisa. Aos diretores e professores das escolas, Liceu de Iguatu Dr. José Gondim, Dona Luiza Távora e Dona Creusa do Carmo Rocha, que com toda solitude abriram as portas das suas escolas para a realização dessa pesquisa. Aos meus amigos da turma 2016, Jersey Oliveira, Leo Melo, Ingrid Lorena, Rai Costa e Gislane Santos que compartilharam comigo muitas alegrias e angustias em muitas tardes no bar da “Lôra”. Às “veadas”, verdadeiros presentes do mestrado, Laís Maia e Laura Hêmilly, pelos cafés e pelas gargalhadas na madrugada. Sem vocês esse caminho teria sido muito mais tortuoso. Aos meus pais, Socorro Caetano e Arimatea Freire, e minha irmã Aline Caetano, por todo apoio e orações. As minhas companheiras purpurinadas, Aline Mendes, Ellen Garcia, Fernanda Nascimento, Jéssica Soares, Joyce Campelo, Pryscilla Martins e Susanne Soares, por carnavalizar a minha vida, me fazerem rir e esquecer durante alguns momentos que eu estava escrevendo uma dissertação. À César Weyne, companheiro de sonhos, que com todo seu carinho e zelo, esteve ao meu lado com total entrega. 6 "A educação deve ser compreendida como um campo social de disputa, portanto, um espaço de luta e contradição, uma vez que reflete a própria constituição da sociedade e seus grupos sociais hegemônicos". (José Carlos Libâneo) http://kdfrases.com/frase/95507 7 RESUMO A escola, na contemporaneidade, tem servido a múltiplos interesses, em especial à lógica do capital. Torna-se necessário ter uma melhor apreensão da conjuntura política internacional, entendendo como os organismos multilaterais, em particular o Banco Mundial, atuam dentro desse campo e como o Brasil está inserido nessa conjuntura. Assim, a partir desta realidade, analisamos a Reforma do Estado brasileiro nos anos de 1990 dentro de uma perspectiva neoliberal, suas consequências para as políticas públicas voltadas para a Educação Básica, em especial para o Ensino Médio e conhecemos as repercussões produzidas pelos modelos de Avaliações Externas, como o SPAECE, nas ações pedagógicas dos professores. Para tanto, fizemos uma pesquisa empírica qualitativa com professores de três escolas do Estado do Ceará. Temos como marco temporal a Conferência Mundial sobre "Educação para Todos" realizada em Jomtien no inicio de 1990 e usamos como base da nossa investigação as ideias neoliberais propagadas pelo Banco Mundial. Palavras-chave: Escola. Avaliação em Larga Escala no Ceará. Estado-Nação. Organismos Internacionais. 8 ABSTRACT The school, in the contemporaneity, has served to multiple interests, especially to the logic of the capital. It is necessary to have a better understanding of the international political situation, understanding how the multilateral organizations, particularly the World Bank, work within this field and how Brazil is inserted in this conjuncture. Thus, from this reality, we analyze the Brazilian State Reform in the 1990s from a neoliberal perspective, its consequences for public policies focused on Basic Education, especially for High School and we know the repercussions produced by the models of Assessments External, such as SPAECE, in the pedagogical actions of teachers. For that, we did a qualitative empirical research with teachers from three schools in the State of Ceará. We have as a timeframe the World Conference on "Education for All" held in Jomtien in the early 1990s and used the neoliberal ideas propagated by the World Bank as a basis for our research. Keywords: School. Wide-Scale Assessment in Ceará. State-Nation and International. Organizations. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Fachada da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim .. 29 Figura 2- Dados do SPAECE da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim ........................................................................................................... 30 Figura 3 - Interior da Escola de Ensino Médio Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim ............................................................................... 32 Figura 4 - Fachada da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora 33 Figura 5 - Dados do SPAECE da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora ................................................................................................. 34 Figura 6 - Espaço de convivência da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora .................................................................................................. 36 Figura 7 - Fachada da Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha ................................................................................................. 37 Figura 8 - Dados do SPAECE da Escola Estadualde Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha .............................................................................. 40 Figura 9 - Viveiro de Mudas da Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha .............................................................................. 41 Figura 10 - Sexo dos entrevistados ................................................................................... 42 Figura 11 - Escolaridade dos entrevistados ..................................................................... 43 Figura 12 - Idade dos entrevistados ................................................................................ 43 Figura 13 - Disciplinas que os entrevistados ministram ................................................ 43 Figura 14 - Quais séries os entrevistados lecionam ........................................................ 44 Figura 15 - Tempo que os entrevistados exercem a carreira docente ........................... 44 Figura 16 - Tempo de trabalho naquela escola ............................................................... 44 Figura 17 - Carga horária semanal dos entrevistados ................................................... 45 Figura 18 - Situação trabalhistas dos entrevistados ....................................................... 45 Figura 19 - Exemplo do resultado da escola no SPAECE em comparação com a média estadual ................................................................................................ 106 Figura 20 - Proficiência em matemática. Ceará, 2016 ................................................... 107 Figura 21 - Nomes da CREDES do Ceará ....................................................................... 108 Figura 22 - Percentual da frequência dos alunos por escola ......................................... 109 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AF Alfabetização AID Associação Internacional de Desenvolvimento AMGI Agência Multilateral de Garantia de Investimentos ANA Avaliação Nacional da Alfabetização ANEB Avaliação Nacional da Educação Básica ANRESC Avaliação Nacional da Educação Básica BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento BM Banco Mundial CAED Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação CDES Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social CETREDE Centro de Treinamento e Desenvolvimento CFI Corporação Financeira Internacional CIADI Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos CIVED Civic Education Study CONSED Conselho Nacional de Secretários de Educação dos Estados e Distrito Federal CNI Confederação Nacional da Industria CREDE Centros Regionais de Desenvolvimento da Educação DERE Delegacias Regionais de Educação EEEP Escolas Estaduais de Educação Profissional EF Ensino Fundamental EJA Educação de Jovens e Adultos ENEM Exame Nacional de Ensino Médio EM Ensino Médio EUA Estados Unidos das Américas FCPC Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura FDG Fundação de Desenvolvimento Gerencial FECLI Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu FHC Fernando Henrique Cardoso FIES Fundo de Financiamento Estudantil FMI Fundo Monetário Internacional 11 FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FPM Fundo de Participação dos Municípios FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério GIFE Grupo de Institutos Fundações e Empresas IDE Instituto de Desenvolvimento Econômico IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDH Índice de Desenvolvimento Humano IEA International Association for the Evaluation of Educational Achievement IFI's Instituições Financeiras Internacionais INSOFT Instituto de Software do Ceará INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira LBA Legião Brasileira de Assistência LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação LEME Laboratório de Estatística e Medidas Educacionais LLECE Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação MAG Magistério MARE Ministério da Administração e Reforma do Estado MEC Ministério da Educação e da Cultura NTPPS Núcleo de Trabalho Pesquisas e Práticas Sociais OCDE Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento ONG's Organizações Não Governamentais OMC Organização Mundial do Comércio ONU Organização das Nações Unidas OREALC Escritório Regional de Educação para a América Latina e Caribe OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PAR Plano de Ações Articuladas PCN Parâmetros Curriculares Nacionais PDT Projeto Diretor de Turma PDE Plano de Desenvolvimento da Educação PIBID's Programa Institucional de bolsas de iniciação à docência 12 PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes PLAMETAS Plano de Metas do Diretor PNE Plano Nacional de Educação PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPP Projeto Político Pedagógico PREAL Programa de Reformas Educacionais na América Latina PROUNI Programa Universidade para Todos PRU Primária Universal QT Qualidade Total REDUCA Rede Latino Americana de Organizações da Sociedade Civil pela Educação SAEB Sistema de Avaliação da Educação Básica SEDUC Secretaria de Educação do Ceará SIMAVE Sistema de Avaliação da Educação Pública SPAECE Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará SWAP Abordagem Setorial Ampla TAC Teste Auxiliado por Computador TAM Programa Tempo de Avançar Médio TCH Teoria do Capital Humano TIMSS Trends in International Mathematic sand Science Study TPE Movimento Todos pela Educação UE União Européia UFC Universidade Federal do Ceará UNDIME União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância UNFPA Fundo das Nações para Atividades da População 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15 2 O PERCURSO TEÓRICO METODOLÓGICO DA PESQUISA .................. 23 2.1 O PERFIL DAS ESCOLAS SELECIONADAS ................................................... 27 2.1.1 Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim ............................ 29 2.1.2 Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora ......................... 33 2.1.3 Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha 37 2.2 O PERFIL DOS PROFESSORES ENTREVISTADOS ....................................... 42 2.3 ESCOLHAS E PROCEDIMENTOS DE APROXIMAÇÕES COM O OBJETO 45 3 A REFORMA DO ESTADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA .............................................................................. 48 3.1 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO ........................................................ 48 3.2 O PAPEL DO BANCO MUNDIAL NO CONTEXTO DA REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO ....................................................................................... 53 3.3 A INFLUÊNCIA DAS CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ................................................................................ 59 3.4 O MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO (TPE) ....................................... 66 4 A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DO CAPITAL ............................. 73 4.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA .................................................................... 73 4.2 AVALIAÇÃO: INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM? ................................. 77 4.3 AS DIRETRIZES DO BANCO MUNDIAL PARA OS PROCESSOS AVALIATIVOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ............................................... 81 4.4 AS AVALIAÇÕES DE LARGAESCALA NO BRASIL ............................... 85 5 AS CONSEQUÊNCIAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SPAECE SOBRE O FAZER PEDAGÓGICO ..................................................................................... 89 5.1 CEARÁ, ESTADO PIONEIRO: UM OLHAR SOBRE O SPAECE................... 89 5.2 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES PARA ATUAR NO ENSINO MÉDIO 99 5.3 AS CONSEQUÊNCIAS DAS AVALIAÇÕES DE LARGA ESCALA NO COTIDIANO ESCOLAR .................................................................................... 101 5.4 AS POLÍTICAS DE BONIFICAÇÕES ................................................................ 111 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 117 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 120 http://planetaeducar.com.br/portal/anunciantes/ver/18600/EEM_Liceu_de_Iguatu_Dr_Jose_Gondim.html 14 ANEXOS ............................................................................................................. 132 ANEXO A - ROTEIRO PARA AS ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES ................................................................................................... 133 ANEXO B- DECLARAÇÃO TODOS PELA EDUCAÇÃO .............................. 134 ANEXO C- DECLARAÇÃO DE NOVA DELHI SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS ................................................................................................................. 144 ANEXO D - MARCO DE AÇÃO DE DAKAR - EDUCAÇÃO PARA TODOS: ATENDENDO NOSSOS COMPROMISSOS COLETIVOS ............... 146 ANEXO E - DECRETO DE CRIAÇÃO DO PRÊMIO APRENDER PRA VALER ................................................................................................................ 178 ANEXO F - INSTRUÇÃO NORMATIVA QUE ESTABELECE NORMAS PARA A PROGRESSÃO HORIZONTAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA ....................................................................................... 179 15 1 INTRODUÇÃO Sala de aula lotada, carteiras enfileiradas dispostas bem próximas umas das outras, o que torna um ambiente com pouca ventilação quase insuportável de se ficar. O professor em sala já suado tenta organizar minimamente o ambiente, passando de cadeira em cadeira, tentando separar os alunos ditos "vagabundos" dos "nerds", solicitando silêncio e informando as regras/sanções para a realização da atividade que vai começar. Hoje a turma está um pouco mais ansiosa. O início das provas finais determinará se aqueles estudantes entrarão de férias ou ficarão até perto do Natal na escola, podendo chegar a repetir o ano. Uns aparentam nervosismo e até uma certa tensão, pois tem medo de ficar de recuperação. Contudo, a maioria apenas sorri e comenta frases do tipo: "VDC 1 ". O pacote de provas é entregue pela coordenação ao professor e este começa a aplicação do certame com uma expressão de vigilância para que ninguém ouse olhar para o lado e cole do seu vizinho as respostas. Os estudantes, ao receberem o exame em suas mãos, o encaram com desespero, pensando e, muitas vezes, até expressando sua angustia em voz alta: “isso foi estudado em sala?” O docente logo pede para o estudante se calar e se concentrar na prova. Ele deveria marcar as alternativas nem que fosse "na doida” 2 . O importante era não errar o preenchimento do gabarito, pois ele não entregaria outro. Naquele dia foram aplicadas as provas de sociologia, matemática e biologia. Juntas, totalizavam quarenta e cinco questões objetivas, contendo cinco itens cada. Os alunos tinham duas horas e meia para respondê-la o que significava que eles teriam três minutos e meio para responder cada questão. Esse é o padrão ENEM 3 ! Luana 4 , muito tímida, sempre sentou na frente. É tida como uma boa aluna e, assim que recebeu a prova, conseguiu resolvê-la com certa agilidade, só ficou com raiva porque não deu tempo terminar as duas últimas questões de matemática e talvez não consiga garantir o seu dez em todas as provas. Flávio, jogador do time de futsal da escola, até que fez uma excelente prova de matemática, mas, como detesta ler, não conseguiu ter um bom desempenho nas provas de 1 Gíria que significa: vai dar certo. Ela é usada especialmente em situações problemáticas, onde com um tom irônico, o interlocutor demonstra que mesmo não estando apto a resolver a situação ele espera um êxito. 2 Preencher o gabarito de forma aleatória, já que a pessoa não sabe a resolução. 3 O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é realizado uma vez por ano em todo território nacional. Sua nota é utilizada para ingresso na maioria das universidades públicas do país ( no caso do Ceará, são todas), para concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (PROUNI) e para conseguir um financiamento em faculdades particulares (FIES). O certame é composto por quatro provas objetivas contendo 45 questões cada e uma prova de redação. As provas são divididas em dois dias: primeiro dia - redação, área de humanas e linguagens e códigos, tempo de prova 5h30min; segundo dia área de ciência e tecnologia e matemática, tempo de prova 5h30min. 4 Nomes fictícios. 16 sociologia e biologia. Rafael que mal veio às aulas o ano todo, pois precisava trabalhar, "chutou 5 " todas as questões e com menos de uma hora de prova já perguntava ao professor se podia ir embora. Flávia, a líder de sala e dançarina profissional de funk, sempre gostou de problematizar a realidade que a cercava, tem certeza que tirou uma nota boa em sociologia, mas entregou a prova de matemática em branco. Estudantes com perfis totalmente diferentes são avaliados da mesma forma. A sineta bate com uma hora de início da atividade e é dada a autorização para que os estudantes saiam da sala, quase todos se levantam, alguns teimam em ficar na porta pedindo para que o professor, que é de sociologia, corrija a sua prova e dê a nota. Em pouco tempo ouvem-se gritos, é a coordenação mandando os estudantes irem embora e deixar quem quer fazer a "prova direito 6 " em paz. O docente fica até feliz quando a maioria dos estudantes vão embora, pode começar discretamente a corrigir os gabaritos, afinal muitos outros o esperam. Quando finalmente o último aluno sai, o professor pensa: hoje foi um bom dia, não precisei ministrar 10 aulas, contudo, essa alegria acaba em poucos instantes, pois ao chegar à sala de professores para entregar à coordenação o pacote de provas na qual ele estava fiscalizando, ele ganha um pacote muito maior contendo os gabaritos de todas as suas vinte e sete turmas 7 , ou seja, 1.215. Ainda com uma cara tristeza ele recebe o sonoro aviso da coordenação: todos os diários precisam ficar prontos dentro de três dias e estes não podem ser preenchidos fora da escola. Automaticamente o professor já imagina como ele fará para corrigir 1215 gabaritos, fechar 1215 médias manualmente e passar 1215 notas para 27 diários 8 em três dias. Essa é uma breve narração dos processos avaliativos que acontecem nas escolas públicas de Ensino Médio do Ceará. Infelizmente, na sociedade brasileira e, portanto, nas escolas, o autoritarismo está muito presente. A concepção de gestão participativa no sistema educacional brasileiro, modelo que 5 Tentar acertar as questões na sorte. 6 Expressão que significa que as pessoas estão se dedicando a resolução de um problema ou situação. 7 Na rede básica do Estado do Ceará o professor de Ensino Médio para ter sua carga horária completa necessita ser lotado 27hs em sala de aula. Caso a disciplina ministrada seja de apenas 1h aula, o professor precisa ter 27 turmas. Em média são matriculados 45 estudantes por sala.Ou seja, o professor nessa situação tem em média 1215 alunos sob sua responsabilidade. Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/images/cogep/02_10_2015/lotacao/ portaria_lotacao_2015_doe_19_12_2014.pdf>. Acesso em : 09 fev. 2018. 8 É importante destacar que não são só as notas que compõem o preenchimento de um diário. Existe também o cálculo manual das faltas mensais/ anuais por aluno e o preenchimento das atividades realizadas por mês naquela sala. 17 poderia ir ao encontro a essa prática, ainda é uma realidade muito distante. A verticalidade das decisões e sua implementação obrigatória, sem questionamentos, é um fato corriqueiro. As formas de avaliação, os projetos e planos elaborados pelo Ministério da Educação (MEC) e as Secretarias Estaduais, bem como a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) 9 , acabam se tornando, na maioria das vezes, apenas informações que geralmente se reduzem a preenchimentos de formulários, prazos de entrega de informações e índices de aprovação em avaliações internas, como as provas bimestrais, e externas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE) 10 . Em cinco anos como docente, de sociologia e filosofia, do Ensino Médio da rede básica de ensino do Estado do Ceará, escutei muitos profissionais de educação, como outros professores e gestores, falarem que a avaliação deveria ser processual e que os aspectos qualitativos têm prevalência sobre os quantitativos, como meio seguro e eficaz de medir o rendimento escolar. Contudo, a verificação de conteúdos, através de testes, simulados e provas, são prioridade. Por outro lado, não podemos esquecer que vivemos em uma sociedade neoliberal globalizada que é extremamente influenciada pelos Organismos Multilaterais, como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU), dentre outros, que orientam a escola a introduzir mecanismos que regulem a produtividade e a eficácia, em suma: a qualidade dos serviços educacionais. A presença dos organismos internacionais na educação é ampla e diversificada. Apesar de já ter ocorrido intervenções anteriores, foi com a realização da "Conferência Mundial de Educação para Todos", em Jomtien na Tailândia em 1990, que setores empresariais e o Banco Mundial propuseram reformas educacionais mais contundentes em vários aspectos, por exemplo, no currículo, nas prioridades educacionais, nas formas de financiamento e na avaliação. Organizada pela UNESCO, a conferência reuniu cerca de 1500 participantes, entre eles delegados de 150 países, incluindo especialistas em educação e autoridades nacionais. Além de 9 O Projeto Político-Pedagógico (PPP) deve se constituir na referência norteadora de todos os âmbitos da ação educativa da escola. Por isso, sua elaboração requer, a participação de todos aqueles que compõem a comunidade escolar. Este documento é um projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. E é pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/2-sala_projeto_vivencial/ pdf/dimensoesconceituais.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2015. 10 O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE) foi implementado em 1992 pela Secretaria da Educação (SEDUC), com o objetivo de promover um ensino de qualidade e equânime para todos os alunos da rede pública do estado. Disponível em: <http://www.spaece.caedufjf.net/o-programa/>. Acesso: 30 ago. 2015. 18 contar com representantes de organismos inter-governamentais e não-governamentais (UNESCO, 1990). A legislação educacional brasileira foi modificada de várias formas, a partir de 1990, para seguir as diretrizes da Conferência de Jomtien, com destaque para a implementação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/1996) e o fortalecimento do Sistema de Avaliação Nacional (SAEB), criado em 1988. O SAEB tem como principal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira, contribuir para a melhoria de sua qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para a Educação Básica. Além disso, procura também oferecer dados e indicadores que possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o desempenho dos alunos nas áreas e anos avaliados. Ele é composto por três avaliações externas em larga escala: Avaliação Nacional da Educação Básica – ANEB, Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC (também denomina de Prova Brasil) 11 . A partir da introdução das avaliações como mecanismo de monitoramento das políticas educacionais, as escolas precisam agora "provar que são boas" através de exames objetivos e pontuais que podem ter caráter nacional, como a Prova Brasil 12 e o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) ou local, como o SPAECE. No pacote da reforma educativa, recomendado aos países em desenvolvimento pela Conferência de Jomtien, encontramos as seguintes recomendações: Primazia da análise econômica na definição de problemas e das prioridades (redução de custos e relação custo-benefício como critérios centrais nas decisões políticas); reforma administrativa como prioridade, elemento central e articulador; descentralização da gestão e da autonomia da instituição escolar; políticas de financiamento compartilhado e recuperação de custos (contribuição econômica dos pais e da comunidade para pagar as contas da educação escolar local) (TORRES, 2001, p. 79 - 80). A “Declaração de Jomtien” está em consonância com as diretrizes e os objetivos traçados pelo Banco Mundial. Para essa instituição financeira, a educação é concebida como uma solução para o combate à pobreza e sua responsabilidade é da comunidade, da família e do Estado. Os aspectos mais relevantes referentes à educação expressos nesse documento, são os seguintes: 11 Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/web/saeb/aneb-e-anresc>. Acesso em: 22 ago. 2016. 12 Trata-se de uma avaliação censitária envolvendo os alunos da 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas. Participam desta avaliação as escolas que possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por escola e por ente federativo. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/saeb/aneb-e-anresc>. Acesso em: 22 ago. 2016. 19 "necessidade da reforma do Estado e posteriormente da Educação, a focalização, a equidade, a descentralização, a privatização e a solidariedade" (DIAS; LARA, 2008, p. 04). Essas orientações revelam os objetivos econômicos dos organismos patrocinadores da Conferência de Jomtien, especialmente do BM, seu principal arquiteto. Nota-se, também, a pretensão de privatização da educação, através da descentralização local/comunitária das despesas com educação. Idéias neoliberais, como as de "capital humano", permeiam o planejamento educacional do BM. Segundo Torres (1995, p.129), esta teoria estabelece as seguintes diretrizes: "descentralização administrativa, com o pressuposto de que os programas administrados localmente são mais econômicos que os centralizados". Esta concepçãodá sustentação ao sistema capitalista para que ele proponha a redução da participação financeira do Estado no setor educacional. (...) os governos neoliberais propõem noções de mercados abertos e tratados de livre comércio, redução do setor público e diminuição do intervencionismo estatal na economia e na regulação do mercado. O ajuste estrutural define-se como um conjunto de programas e políticas recomendadas pelo Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e outras organizações financeiras (...). Este modelo de estabilização e ajuste tem resultado em uma série de recomendações de políticas públicas, incluindo a redução do gasto governamental do setor estatal mediante a privatização das empresas paraestatais (TORRES, 1995, p. 114). A política macroeconômica praticada pelos bancos internacionais se insere em uma ampla estratégia com vistas ao desenvolvimento capitalista. Nos anos de 1980, sob o chamado Consenso de Washington, as equipes do Banco Mundial e do FMI foram encarregadas de adaptar os países à emergente ordem global neoliberal. Mencionada atribuição significou intervenção direta nas políticas nacionais e não apenas no campo macroeconômico. Os governos que haviam contraído dívidas privadas, bilaterais ou multilaterais e se viam incapazes de pagar essas dívidas eram alvos primários das IFI's, as quais entendiam sua "missão" como sendo a promoção do ajuste estrutural das economias "errantes" (GALLI, 2011, p.22). Os projetos destas instituições são negociados com os governos nacionais e, então, cabe a estes a responsabilidade de averiguar e decidir quais os reais benefícios que tais projetos trarão à realidade socioeconômica e cultural de seus países. Os críticos mais radicais acreditam que as instituições internacionais agem de forma arbitrária e irredutível nas negociações com os Estados nacionais em que atuam. No entanto, os governos também têm seu poder de barganha e, às vezes, manifestam posições contrárias às ações “multilaterais”. Nesse sentido, o pesquisador Sérgio Haddad, lembra que é um equívoco acreditar que: 20 (...) haja um alinhamento incondicional entre as políticas produzidas no contexto das instituições multilaterais e as políticas nacionais que aceitam e ratificam suas orientações em função das necessidades dos recursos que os acompanham. Acreditamos, ao contrário, que os atores responsáveis pelas políticas nacionais têm papel relevante nos processos de negociações (HADDAD, 1998, p. 44). Assim, as políticas públicas dessa natureza são articulações entre Estados nacionais e entidades internacionais, em que se negociam desde os pequenos detalhes até as repercussões macroeconômicas que possam surtir efeito em âmbito internacional. Portanto, a "Conferência Mundial sobre Educação para Todos" foi fundamental para que houvesse uma espécie de homogeneização sobre a forma de fazer educação nos países clientes do Banco Mundial, pois foi a partir dela que diretrizes foram traçadas fazendo com que as leis educacionais dos países fossem modificadas, em especial as voltadas para os processos avaliativos, para terem consonância com os objetivos da conferência. É importante destacar que se faz necessário uma atualização sobre essa relação entre os organismos internacionais e as políticas públicas educacionais brasileiras nas duas primeiras décadas do século XXI, tendo em vista que as mudanças conjunturais e estruturais na economia e na política em nosso país e no mundo refletiram consideravelmente sobre a natureza e o sentido dessas políticas, fazendo com que erroneamente muitas vezes achemos que a influência de instituições, como o Banco Mundial, são coisas do passado. Novos documentos foram escritos, novas categorias e discursos emergiram, novos atores entraram em cena e novas necessidades se impuseram a partir de mudanças históricas de grande importância, como o aprofundamento do processo de globalização e a ascensão de um governo nacional bastante controverso. A implementação das políticas de accountability na área educacional traz consigo todo um ideário neoliberal que coloca nos processos de responsabilização toda a incumbência de superar a péssima qualidade de ensino no país. De modo geral estes programas avaliam os alunos e as escolas através de exames de proficiência padronizados e fornecem recompensas salariais às escolas que alcançam metas pré-determinadas de desempenho. O Estado, nesta perspectiva, deixa de ser o executor das políticas públicas e passa a ser um Estado avaliador, por isso, os modelos de avaliação externos, como o SPAECE, ganham destaque na atualidade e se tornam uma ferramenta fundamental de controle do trabalho docente. As consequências da aplicação destes testes estandardizados é que eles tendem a deixar o processo de ensino e aprendizagem em segundo plano, tornando-o em apenas um momento 21 mecânico de decorar fórmulas, manuais e regras para responder um padrão de prova, fazendo com que essa ocasião enriquecedora se torne em seletiva, traumática e constrangedora. As formas tradicionais de aferição passam a ser bastante utilizadas, já que os docentes só são reconhecidos como bons profissionais quando seus alunos conseguem atingir, nas avaliações externas, êxito. Assim, esses exames tendem a ditar a metodologia e modelar as práticas pedagógicas de avaliação dos professores. Diante desta perspectiva é possível indagar: Quais as implicações das intervenções realizadas pelo Banco Mundial, para o desenvolvimento da Educação Básica no Brasil? Quais são os impactos do SPAECE, para a implementação de políticas públicas de educação no Ceará? As práticas pedagógicas de avaliação dos professores são influenciadas pelas avaliações externas, como o SPAECE? Quais as conseqüências das políticas de responsabilização e bonificação dos professores no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes? Na tentativa de responder tais questões, esse trabalho tem por objetivo conhecer as repercussões produzidas pelos modelos de Avaliações Externas, como o SPAECE, nas ações pedagógicas de avaliação dos professores e analisar a influência do Banco Mundial nas políticas públicas voltadas para a Educação Básica no Brasil, em especial para o Ensino Médio, bem como Para tanto, nós começaremos nossa investigação com o capítulo dois apresentando o percurso teórico metodológico da pesquisa. Este trás o perfil das escolas selecionadas e dos professores entrevistados, bem como disserta como aconteceram as escolhas dos procedimentos analíticos do objeto. A seguir, no capítulo três, tomamos como ponto de partida uma análise sobre a reforma do Estado brasileiro em um contexto neoliberal nos anos de 1990 e suas consequências para as políticas públicas educacionais. Destaco nesse momento o papel do Banco Mundial, das conferências internacionais de educação e do Movimento Todos pela Educação (TPE). Posteriormente, no quarto capítulo, discutimos a função social da escola e da avaliação sob a lógica do capital, exploramos as diretrizes propostas pelo Banco Mundial para área e apresentamos o histórico da realização das avaliações em larga escala no Brasil. 22 Em seguida, no capítulo cinco, mostramos o pioneirismo do Estado do Ceará na implementação de testes estandardizados, com foco no SPAECE, discutimos sobre a formação dos docentes que atuam no Ensino Médio tentando compreender como suas práticas pedagógicas são influenciadas por avaliações em larga escala e fazemos ponderações acerca do alcance das políticas de responsabilização e bonificação da prática docente, bem como problematizamos como estes testes podem transformar o espaço escolar em um local de hierarquização dos saberes dos estudantes, trazendo a tona a lógica da meritocracia e da culpabilização individual pelo seu fracasso.23 2 O PERCURSO TEÓRICO METODOLÓGICO DA PESQUISA O discurso atual sobre o papel da educação escolar tem cada vez mais motivações meramente econômicas. A adoção do documento “Educação um Tesouro a Descobrir 13 ” (1996), pelo Brasil, aprofunda a trajetória das relações entre capitalismo e educação. Este foi baseado em um relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, coordenado por Jacques Delors. Segundo este documento, a educação deve ser organizada com base em quatro princípios, também chamados de pilares da educação ou pilares do conhecimento: aprender a conhecer (adquirir instrumentos da compreensão), aprender a fazer (para poder agir sobre o meio), aprender a viver juntos (cooperação com os outros em todas as atividades humana) e aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores). Parâmetros educacionais foram determinados e ajustados em consonância a um novo perfil trabalhista, com vistas aos ajustes do capital mundial. Este foi instituído a partir da Declaração de Jomtien. A "declaração de Jomtien" tem por objetivo fornecer definições sobre as necessidades básicas de aprendizagem, estabelecendo compromissos mundiais para garantir que todas as pessoas tenham acesso a conhecimentos básicos. No Brasil, essas diretrizes idealizadas tiveram impacto na elaboração de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/1996), no Plano Nacional de Educação (PNE), a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e na implantação de um amplo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), com a finalidade de aferir a "aprendizagem" dos alunos. As avaliações externas, a partir de então, ganham maior destaque, pois se colocam como uma forma de controle e vigilância, fazendo com que esse processo torne as práticas escolares hierarquizadas. Segundo Luckesi (2011), a avaliação deveria ser um processo amoroso, inclusivo, dinâmico e construtivo, diferente dos exames, que não são amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam. Nessa perspectiva, o processo de ensino e aprendizagem é deixado em segundo plano e as formas tradicionais de aferição são bastante utilizadas. O quantitativo (notas e faltas) é mais 13 Disponível em: < http://pt.slideshare.net/soaresd2004/delors-jacques-et-al>. Acesso em 22 ago. 2016. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Delors 24 valorizado do que o qualitativo (participação nas atividades propostas, compreensão dos conteúdos através de processos lúdicos, como o teatro ou desenho, etc. A escola aparece então como uma instituição controladora e disciplinar que responde as exigências do capital. Esta é marcada pelo pensamento moderno e tem por objetivo a ordenação e organização, ou seja, a normalização disciplinar, não só dos corpos, mas também à submissão dos conhecimentos. Isto Foucault (2008) vai chamar de escolarização dos saberes. Assim, a educação formal surge como peça fundamental para uma maior compreensão da disseminação da lógica do capital dentro de um Estado-Nação. Para Gellner (2000), as mudanças nos sistemas educacionais são cruciais para compreender melhor as grandes transformações no mundo ocidental dentro de uma determinada nação. Segundo o autor supracitado, a sociedade inteira deve ser perpassada por uma só cultura superior padronizada, caso pretenda funcionar. Esta homogeneização só poderá ser alcançada através da instituição escolar. O acesso à cultura superior apropriada e a aceitabilidade dentro dela são o bem mais importante e valioso das pessoas: ele instaura uma condição de acesso não apenas ao emprego, mas a cidadania legal e moral e a todos os tipos de participação social (GELLNER, 1993, p.62). Benedict Anderson (2008, p. 32) define nação como: uma comunidade política imaginada - e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana. Ela é imaginada porque mesmo os membros da mais minúscula das nações jamais conhecerão, encontrarão, ou sequer ouvirão falar da maioria de seus companheiros, embora todos tenham em mente a imagem viva da comunhão entre eles. (...) Imagina-se a nação limitada porque mesmo a maior delas, que agregue, digamos, um bilhão de habitantes, possui fronteiras finitas, ainda que elásticas, para além das quais existem outras nações. (...) Imagina-se a nação soberana porque o conceito nasceu na época em que o Iluminismo e a Revolução estavam destruindo a legitimidade do reino dinástico hierárquico de ordem divina. (...) A garantia e o emblema da liberdade é o Estado Soberano. (...) E, por último, ela é imaginada como comunidade porque, independentemente da desigualdade e da exploração efetivas que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida como uma profunda camaradagem horizontal (ANDERSON, 2008, p. 32-34). Hobsbawm (2002) destaca a grande importância da educação no processo de constituição dos nacionalismos. Em sua análise, estes para consolidar-se precisaram de meios de comunicação eficazes para agilizar a ação burocrática do Estado sobre cada cidadão, recorrendo a meios mais “universais” e mais duradouros, como a língua falada e escrita. Daí a alfabetização e escolarização em massa ser inerente aos processos de nacionalização. Portanto, nossa hipótese é que a escola é uma instituição chave para se conhecer a lógica neoliberal propagada por organismos multilaterais, como o Banco Mundial. Nela já se encontra, 25 com muita força, as ideias de eficiência e eficácia, onde a busca por bons resultados nas avaliações externas, se tornam o centro da sua atividade. Essa lógica traz modificações importantes nas práticas pedagógicas dos professores, fazendo com que o processo de ensino e aprendizagem seja deixado de lado, dando prioridade ao "ensinar para o teste". Assim, em uma tentativa de compreender como as avaliações externas afetam o cotidiano docente, nossa pesquisa adentrará no universo das Escolas Públicas da Rede Estadual de Ensino Médio do Ceará. Nossa pesquisa, a partir do processo vivenciado pelos sujeitos, será de natureza qualitativa. A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa (GOLDENBERG, 1997, p. 34). A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. O paradigma qualitativo tem seu eixo central na apreensão dos fenômenos sociais a partir do ponto de vista dos sujeitos envolvidos e implicados na situação em estudo e dá ênfase à expansão do conhecimento em relação ao sujeito com o qual se está dialogando e aproximar-se de significados e vivências singulares. Foram escolhidas, então, três escolas que possuem Ensino Médio nos turnos manhã e tarde. A seleção destas está ligada a sua localização (pelo menos uma no interior do Estado), a sua organização(pelo menos uma escola profissionalizante) e ao seu tamanho - uma escola tipo A (mais de 1000 matrículas), uma escola tipo B (possui entre 501 e 1000 alunos matriculados) e uma escola tipo C (possui entre 1 e 500 alunos matriculados). Nossos sujeitos de análise são professores lotados em escolas públicas da Rede Estadual de Ensino do Ceará, que trabalham nos turnos manhã e tarde no Ensino Médio, a mais de dois anos nas escolas selecionadas. Não foram levados em consideração outros recortes, como 26 gênero, formação, divisão de carga horária, etc. Aliás, se buscou a maior diversidade possível dentro do perfil pré-estabelecido. A amostra de uma pesquisa qualitativa precisa levar em consideração a dimensão do objeto, o tempo e os recursos disponíveis para tal. Minayo (2017) considera que fazer uma amostra de tamanho adequado deve merecer uma atenção especial do pesquisador qualitativo afirmando que o tamanho da amostra e seu desenho representam um processo ativo de reflexão. No que se refere ao tamanho da amostra, Bottoli (2010) conjectura que é impossível abordar todos os sujeitos que compõem o grupo de interesse do pesquisador. Por esse motivo, a amostra é definida como uma porção, um pedaço, um fragmento, uma parcela selecionada, determinada conforme a conveniência de uma população de sujeitos. A autora explicita ainda que a finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, e sim, explorar o espectro de opiniões sobre o assunto. Neste trabalho usamos como recurso metodológico a saturação da resposta. Saturação é um termo cunhado por Glaser e Strauss (1967) para se referirem a um momento no trabalho de campo em que a coleta de novos dados não traria mais esclarecimentos para o objeto estudado. Turato (2008) nos diz que o fechamento de amostra por saturação é uma ferramenta muito utilizada em pesquisas qualitativas. A avaliação da amostra exige uma análise dos dados coletados durante toda a pesquisa, assim a suspensão de novos participantes se dá quando o pesquisador avalia que, no conjunto das informações, os acréscimos de elementos vão ficando raros. Para isso, o autor reitera a importância do pesquisador avaliar se os objetivos da pesquisa foram respondidos com aquele número de sujeitos previsto, pois, diferentes objetivos específicos serão saturados em diferentes momentos de estudo. Minayo (2017) ressalta que o tamanho da amostra e o ponto de saturação são resultantes da heterogeneidade da população que será estudada e que estabelecer epistemologicamente o momento de pausa da pesquisa é um momento muito difícil, pois a complexidade de qualquer objeto é imensa. Reconhecendo os inúmeros desafios dessa proposta e os diversos caminhos que poderíamos ter seguido, realizamos trinta e uma entrevistas semi-estruturadas, (ver roteiro em anexo A) fundamentadas nos objetivos desta pesquisa com os docentes das escolas selecionadas, sendo catorze professores na escola Liceu de Iguatu Dr. José Gondim (professores dentro do perfil vinte e seis), nove na escola Dona Luiza Távora (professores dentro do perfil treze) e oito na escola Dona Creusa do Carmo Rocha (professores dentro do perfil 9). A entrevista se caracteriza por uma conversação de natureza profissional para obtenção de informações a respeito de um determinado assunto. Na entrevista semiestruturada, o 27 entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido, com perguntas predeterminadas, efetuadas com pessoas selecionadas de acordo com o plano (GIL, 1999). Para Bottoli (2010), a pesquisa com entrevista é um processo social, em que há interação e cooperação entre entrevistado e entrevistador. Nesse âmbito, as palavras são o meio principal de troca de ideias e significados de várias realidades e percepções, visando à produção de conhecimento. Todas as entrevistas foram realizadas individualmente e em condições adequadas ao sigilo e a privacidade das informações, entre meses de setembro e outubro de 2017. Depois deste momento, iniciamos a análise de conteúdo das mesmas, através de minuciosa leitura, para identificar os pontos divergentes e comuns entre os entrevistados e realizar os cortes necessários que puderam ressaltar as múltiplas facetas e dimensões que cercam os impactos das avaliações em larga escala no cotidiano escolar. Nossa proposta não é fazer nenhum tipo de comparação entre as escolas e sim perceber através das entrevistas como diferentes profissionais que vivenciam realidades bastante distintas são impactados pela aplicação do SPAECE. Portanto, as falas do interlocutores não serão identificados por escola e sim por uma numeração dada pela a pesquisadora. 2.1 PERFIL DAS ESCOLAS SELECIONADAS São instituições que têm entre oito e doze salas de aula, podendo ter mais de 1500 estudantes divididos em três turnos (manhã, tarde e noite) e em três turmas (1°, 2° e 3° anos). O padrão MEC 14 coloca que estes espaços precisam ter: salas arejadas que possam comportar até 45 estudantes (esse número pode ser reduzido, caso na sala tenha um estudante com alguma deficiência, nesse caso a turma terá no máximo 25 alunos), quadra poliesportiva, biblioteca, sala de multimeios (também conhecida como sala de vídeo), laboratórios de informática, biologia, química, física e matemática. Contudo, a maioria delas não possuem essas estruturas ou quando as têm, funcionam de forma precária. Atualmente, o foco da aprendizagem da maioria desses colégios é a obtenção de uma boa nota no ENEM. Apesar de não haver uma estrutura mínima adequada, como a produção de material específico, já que em grande parte das instituições faltam papel ou tonner na máquina de xerox, existe uma "comoção" pós férias de julho, promovida pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) para que toda a atenção esteja voltada para o certame, que geralmente é 14 Disponível em:< http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000562.pdf>. Acesso em 20 dez. 2017. 28 realizado no último final de semana de outubro. Inclusive, sugere-se que o conteúdo seja paralisado e os professores se dediquem em resoluções de exercícios preparatórios e das provas do ENEM nos anos anteriores. Além da direção, a gestão escolar é composta por coordenadores da área pedagógica e financeira. Existe também um aporte de pessoas que trabalham na administração e manutenção do ambiente como: as secretárias, merendeiras, zeladores, porteiros, etc. Os professores são lotados por disciplina, na maioria das vezes na área de sua formação 15 . Para fechar a sua carga horária nas escolas da rede estadual de ensino precisam ser lotados em 27hs em sala de aula e 13hs são para planejamento das atividades pedagógicas e preenchimento da burocracia, como os diários de sala, totalizando assim, 40hs de contrato. Os estudantes, com exceção do curso noturno, têm em média entre 15 e 18 anos, a grande maioria estão "dentro de faixa" e boa parte já trabalha, em especial em programas como o "Jovem Aprendiz 16 " ou em trabalhos temporários sem grandes remunerações ou vínculo empregatício na rede de serviços próxima a sua residência, como manicure, garçom, embalador de supermercado, etc. Geralmente são ministradas cinco aulas por dia (apesar de existirem instituições que ministram seis aulas), de segunda a sexta, o sábado quando usado são para atividades festivas ou reposições de aula. Por lei são garantidos 200 dias letivos em sala de aula, mais período de recuperação. Na maior parte das vezes as aulas começam no final de janeiro, há um período de férias em julho, retornam as atividades em agosto e tem seu encerramento em meados do mês de dezembro. As disciplinas que compõem a grade curricular da maioria das instituições escolares são: história (2 aulas), geografia (2 aulas), sociologia (1 aula), filosofia, (1 aula), física (2aulas), 15 Alguns professores, para fechar a sua carga horária e não precisarem ter dois ou mais locais de trabalho, são lotados em outras disciplinas da sua área de formação. Exemplo: o professor de sociologia, também ministra aulas de filosofia ou o professor de química, dá aulas de física. 16 O Programa Jovem Aprendiz é um projeto do governo federal criado a partir da Lei da Aprendizagem (Lei 10.097/00) com o objetivo de que as empresas desenvolvam programas de aprendizagem que visam a capacitação profissional de adolescentes e jovens em todo o país. O programa é composto por curso de aprendizagem gratuito com duração de até dois anos. Durante este período, o aprendiz receberá ensinamentos teórico (sala de aula) e prático (dentro da empresa contratante). Muitas empresas participam do programa, como a Caixa Econômica Federal e os Correios . Para participar o adolescente ou jovem precisa ter entre 14 e 24 anos e estar matriculado e freqüentando a escola. A remuneração tem como referência o salário mínimo/ hora. Mas o empregador é livre para estipular qualquer valor de salário acima deste mínimo estipulado pela lei. 29 química (2 aulas), biologia (2 aulas), matemática (4 aulas), inglês (1 aula), espanhol (1 aula), educação física (2 aulas), português (4 aulas) e formação para cidadania (1 aula) 17 . 2.1.1 Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim Figura 1- Fachada da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim Escola regular localizada em Iguatu, município do Ceará, localizado na Região Centro- Sul do Estado, distante 380 km da capital Fortaleza. Configura-se como o principal pólo econômico da região. Foi inaugurada em 12 de dezembro de 2000 pelo governador Tasso Jereissati, porém só começou suas atividades em 2001. O prédio situado na rua 25 de março, s/n, foi construído em um terreno doado pela município, com uma área de 45.000m². Devido aos serviços prestados à comunidade iguatuense, o Dr. José Gondim teve seu nome indicado pela prefeitura para ser homenageado com o nome da escola. Na época a instituição oferecia 14 turmas de 1° ano do Ensino Médio e 15 do Programa Tempo de Avançar Médio (TAM) 18 , subdividas nos três turnos, com a clientela inicial de 1.180 estudantes. 17 Disciplina da Área curricular transversal que estimula a reflexão e a ressignificação de valores, atitudes e comportamentos, levando estudantes a assumir novas formas de ser e de conviver. Faz parte do Projeto Professor Diretor de Turma (PDT), que é uma tecnologia educacional, em que um professor, ministrante de qualquer disciplina e com perfil adequado para exercer a função, assume o compromisso de responsabilizar-se pelos alunos de uma única turma, ao longo de 04 horas semanais, desenvolvendo atividades de planejamento, monitoramento e avaliação do desempenho acadêmico dos estudantes. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade- legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/ce/ arquivos/apresentacao-fortaleza>. Acesso em 19 ago. 2016. Fonte: < http://www.maisfm.com/pais-de-alunos-reclamam-de-falta-de-vagas-na-escola-liceu-de-iguatu/>. http://planetaeducar.com.br/portal/anunciantes/ver/18600/EEM_Liceu_de_Iguatu_Dr_Jose_Gondim.html 30 A escola ao longo da sua trajetória se tornou referência na região, inclusive recebendo alunos da zona rural do município e de outras cidades vizinhas. Atualmente é a maior da região, com mais de 1000 alunos divididos nos três turnos e 25 turmas de Ensino Médio, fazendo com que o perfil do aluno seja bastante diversificado, compondo assim vários níveis socioeconômicos. O corpo docente compreende 32 professores, sendo 7 temporários e 25 efetivos. O núcleo gestor é composto de 01 diretora e 02 coordenadores pedagógicos. A instituição tem como missão "proporcionar um ensino de qualidade, preparando os alunos para os desafios da vida, visando a sua formação cidadã de modo crítico, participativo e consciente dos seus direitos e deveres. E tem como objetivo aumentar a taxa de aprovação de 88,55 % para 90% e reduzir a taxa de abandono de 1,77% para 1%. (PROJETO POLITICO PEDAGOGICO da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim, 2016, p. 19). Para tal, se utiliza do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do Ceará (SPAECE) para monitorar a melhoria da aprendizagem de seus estudantes, pois a partir dos resultados obtidos a cada ano, os professores têm conseguido aprimorar sua forma de avaliar os alunos. (Ibid, p. 13) Abaixo segue os índices no SPAECE da escola: Figura 2- Dados do SPAECE da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim A escala de rendimentos é dividida da seguinte forma: até 225 pontos - muito critica a situação de aprendizagem; de 226 à 275 pontos - crítica a situação de aprendizagem; de 276 à 18 Projeto desenvolvido para a educação de jovens e adultos no Ceará. Caracteriza-se por ser uma ação de escolarização supletiva nos níveis fundamental e médio, que se utilizava de aulas pela televisão, com a metodologia do Telecurso 2000. A experiência ocorreu em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará, secretarias municipais de educação e Fundação Roberto Marinho, abrangeu toda a rede estadual de ensino (CEARA, 1999). Fonte: Elaborada pela autora. http://planetaeducar.com.br/portal/anunciantes/ver/18600/EEM_Liceu_de_Iguatu_Dr_Jose_Gondim.html 31 325 pontos - situação intermediária de aprendizagem; e mais de 326 pontos - situação adequada de aprendizagem. Atualmente, a escola se encontra no nível intermediário na aprendizagem de português e no nível crítico de aprendizagem em matemática. Programas e projetos desenvolvidos na escola: Projeto Jovem de Futuro: é um projeto de Gestão Escolar para Resultados da Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC) em parceria com o Instituto Unibanco que oferece às escolas participantes apoio técnico e financeiro para, em um período de 3 anos (duração do Ensino Médio), melhorar substancialmente seu desempenho 19 . Dentro dele a escola realiza as seguintes atividades: coral vozes do Liceu e banda; letramento entre pares monitoria/tutoria; liceu olímpico da matemática; o circulo de leitura; o viva esporte; e a gincana. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID's): o programa oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública. O objetivo é antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula da rede pública. Com essa iniciativa, o PIBID faz uma articulação entre a educação superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais 20 . Na escola esse programa acontece em parceria com a Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (FECLI) e são contempladas as seguintes disciplinas: química, matemática, português e biologia. Células de Aprendizagem Cooperativa de Estudo: as células de estudo funcionam do seguinte modo - um grupo de pessoas se reúne para compartilhar conhecimentos e consequentemente, suas histórias de vida. Não há professor, os próprios estudantes se tornam facilitadores das disciplinas com que tem mais afinidade. Eles se apoiam mutuamente e juntos superam suas deficiências de aprendizagem preparando-se assim para ingressar no ensino superior. 21 Programa Geração da Paz: objetivo do programa “Geração da Paz” é promover e desenvolver estratégias de aproximação da escolae comunidade, através da valorização dos 19 Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/legislacao/87-pagina-inicial-servicos/ desenvolvimento- da -escola/3176-projeto-jovem-de-futuro>. Acesso em 14 dez. 2017. 20 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/pibid>. Acesso em 14 dez. 2017. 21 Disponível em: <http://www.prece.ufc.br/?page_id=381>. Acesso em 14 dez. 2017. 32 saberes e experiências locais, que apoiem a construção de uma cultura de paz no estado do Ceará 22 . Núcleo de Trabalho Pesquisas e Práticas Sociais (NTPPS): É um componente curricular integrador e indutor de novas práticas que tem como finalidade o desenvolvimento de competências socioemocionais por meio da pesquisa, da interdisciplinaridade, do protagonismo estudantil, contribuindo fortemente para um ambiente escolar mais integrado, motivador e favorável à produção de conhecimentos 23 . Estrutura física da escola: 13 salas de aula; 01 laboratório de biologia; 01 laboratório de física; 01 laboratório de química; 02 laboratórios de informática; 01 centro de multimeios com biblioteca e sala de vídeo; 01 sala multifuncional que atende aos alunos com alguma deficiência; 01 auditório; 01 sala para a direção; 01 sala para os professores; 01 sala para a coordenação pedagógica; 01 ginásio poliesportivo; 01 cozinha com refeitório; 06 banheiros para alunos e funcionários; 01 secretaria; 01 sala de mecanografia; 01 pátio com anfiteatro; 01 estacionamento. 22 Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/noticias/143-programa-geracao-da-paz/3492-programa- geracao-da-paz>. Acesso em 14 dez. 2017. 23 Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/legislacao/196-pagina-inicial-servicos/ desenvolvimento- da-escola/ntpps/8891-e-o-que-e-o-ntpps>. Acesso em: 14 dez. 2017. Fonte: < http://www.maisfm.com/pais-de-alunos- reclamam-de-falta-de-vagas-na-escola-liceu-de-iguatu/>. Figura 3- Interior da Escola de Ensino Médio Escola de Ensino Médio Liceu Dr. José Gondim 33 2.1.2 Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora Figura 4- Fachada da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora Instituição localizada no bairro Pio XII. Este é situado na Regional II (divisão administrativa) do município de Fortaleza, caracteriza-se por ser uma região de baixo IDH. 24 A escola regular de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora – Pio XII, nasceu em 1964 com a criação do Centro Profissional do Lagamar, na Rua Sabino do Monte nº 4506, local onde as lavadeiras levavam seus filhos para as acompanharem no trabalho. Na segunda gestão do governador Virgílio Távora (1979-1982), sua esposa, Dona Luiza Távora, então presidente local da Legião Brasileira de Assistência (LBA) 25 , ajudou a contratar professores e funcionários para aquela instituição. Assim, para homenagear a primeira dama do Estado, quando o colégio foi reinaugurado em 1980 recebeu o seu nome. 24 Disponível em: <http://pt.calameo.com/read/0032553521353dc27b3d9>. Acesso em 21 fev. 2018. 25 LBA é a sigla de Legião Brasileira de Assistência, uma entidade filantrópica fundada em 1942 por Darcy Vargas, esposa do então presidente Getúlio Vargas. A fundação tinha como objetivo inicial prestar auxílio às famílias dos soldados enviados à 2ª Guerra Mundial. Com o fim da guerra, continuou a existir para ajudar famílias carentes. A instituição era presidida por primeiras-damas. Contudo, muitas denúncias de desvios de verbas no ano de 1991 marcaram negativamente a gestão de Rosane Collor, mulher de Fernando Collor de Melo presidente em exercício do Brasil. Em 1995, a LBA foi extinta logo no primeiro dia do governo do então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Disponível em: <https://www.significados.com.br/lba/>. Acesso em 07 dez. 2017. Fonte : <https://pt.foursquare.com/v/eefm-dona-luiza-t%C3%A1vora--pio-xii/5221485f2fc65ac dc7bf3737/photos> . 34 A partir de junho de 1981, a escola passou a funcionar em uma casa residencial na Rua José Justa, nº 4248, local alugado pela Secretaria Estadual de Educação do Ceará (SEDUC). Apenas em fevereiro de 1985, foi inaugurada a sede, situada na Rua Ana Gonçalves, nº 947, onde funciona até a presente data. A escola está localizada num bairro residencial com alguns pontos comerciais, considerado violento e perigoso, pelas falas da população local e da mídia. A região também é alvo de especulação imobiliária, o que causa constantemente conflitos entre os moradores e os poderes públicos. A comunidade é composta na sua maioria por pessoas subempregadas que faz com que grande parte dos estudantes pertençam à classes menos favorecidas. O uso de álcool e de outras drogas ilícitas predomina na região, fazendo dela território do trafico e de facções criminosas que disputam o local, causando constantemente transtornos para a população. Atualmente a escola possui 536 alunos, divididos em três turnos e 17 turmas de Ensino Fundamental e Médio. O corpo docente compreende 35 professores, sendo 13 temporários e 22 efetivos. O núcleo gestor é composto de 01 diretora e 02 coordenadoras pedagógicas. A escola convive com altos índices de repetência e abandono. Em seu PPP, a instituição demonstra preocupação com os seus índices de aprendizagem aferidos nas avaliações externas, como o SPAECE, por isso coloca como meta para os próximo anos o aumento dos índices de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática em 8,2%. Segue abaixo o resultado da escola no SPAECE: Figura 5- Dados do SPAECE da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora. 35 Atualmente, a escola se encontra no nível crítico de aprendizagem nas duas áreas avaliadas: português e matemática. Dentro do ponto três do Plano de Metas do Diretor (PLAMETAS) 26 da escola, verificamos especificamente normativas sobre as avaliações externas. Ele trás como objetivos: 1. elaborar um instrumento de auto-avaliação de desempenho para ser aplicado junto aos professores; 2. realizar um relatório avaliativo sobre as atividades executadas; 3. realizar um acompanhamento pedagógico dos resultados das avaliações externas. Ratificando assim a atenção destinada aos resultados das avaliações externas. 4. realizar um levantamento diagnóstico dos alunos do ensino Fundamental nas séries finais e dos alunos do Ensino Médio nas disciplinas de Português e Matemática; 5. planejar atividades de leitura e escrita diversificadas com o auxilio da sala de informática para os alunos de ensino médio e fundamental; 6. apresentar o desempenho acadêmico dos alunos aos pais e professores, procurando fazer um monitoramento para um melhor desenvolvimento da escola; e 7. implementar na escola a função do professor diretor de turmas para facilitar o acompanhamento dos rendimentos. Projetos desenvolvidos na escola Projeto clube de leitores: Este projeto tem como objetivos: exercitar a leitura como prática democrática, envolver e conscientizar a comunidade estudantil sobre o ato de ler, desenvolver competências de compreensão leitora, ampliar as práticas promotoras do acesso e da democratização da leitura, incentivar a leitura e formação de novos leitores; possibilitar a vivência de emoções e o exercício da fantasia e da imaginação, valorizar e estimular a criação e circulação do acervo de literatura da biblioteca. 27 26 O Plano de Metas do Diretor – PLAMETAS, representa o compromisso inicial do diretor com a Escola e a SEDUC, servindo de base para a redefinição, junto à comunidade escolar, dos instrumentos de gestão da Escola.Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/legislacao/87-pagina-inicial-servicos/desenvolvimento-da- escola/363-plano-de-metas-do-diretor-plametas>. Acesso em: 15 dez. 2017. 27 Disponível em: <http://www.cbbionline.org/uploads/8/4/3/3/8433852/clube_da_leitura_(1).pdf>. Acesso em 15 dez. 2017. Fonte: Elaborada pela autora. 36 Projeto de monitoria: são atividades desenvolvidas por alunos do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino, voltadas para o fortalecimento das ações pedagógicas e de projetos da unidade escolar na qual estão matriculados. Assim, os estudantes irão auxiliar colegas e professores nas atividades escolares. 28 Projeto reforço paralelo: são aulas de Reforço em Língua Portuguesa e Matemática. Justifica-se pela importância de ser um instrumento de apoio didático e pedagógico para suprir dificuldades de aprendizagem relacionadas a conteúdo de leitura, escrita e operações matemática. 29 Projeto feira cultural e esportiva: Proporcionar momentos de integração entre alunos de turmas diferentes e deste com os professores estimulando atitudes de solidariedade, perseverança, colaboração e responsabilidade, na realização de tarefas de cunho cultural e esportivo. 30 Estrutura física da escola 07 salas de aula; 01 laboratório de ciências; 01 laboratório de informática; 01 centro de multimeios com biblioteca 01 sala para a direção e coordenação; 01 sala para os professores; 01 cozinha com refeitório; 03 banheiros para alunos e funcionários; 01 secretaria; 01 espaço de convivência 28 Disponível em: <http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/195-noticias-2015/9238-escolas- do-proemi-jovem-de-futuro-lancam-editais-para-monitores-e-tutores-2015>. Acesso em 15 dez. 2017. 29 PROJETO POLITICO PEDAGOGICO da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora, 2015. 30 Ibid. Figura 6- Espaço de convivência da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Luiza Távora 37 2.1.3 Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha Figura 7- Fachada da Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha Fonte:<https://www.facebook.com/pg/EEEP-Dona-Creusa-do-Carmo-Rocha-1399049723703118/photos/ ?ref=page_internal>. A instituição é localizada na Av. Sargento Hermínio, n° 2006, no Monte Castelo. Este é situado na Regional I (divisão administrativa) do município de Fortaleza, caracteriza-se por ser um bairro residencial que em meados do século XX possuía muitas fábricas. A E.E.P. Dona Creusa Do Carmo Rocha é um local que desenvolve o Ensino Profissional integrado ao Ensino Médio regular. Ela faz parte do grupo de escolas criadas, conforme Lei nº 14.273 de 19/12/2008, para implementar o projeto de formação profissional idealizado pelo Governo do Estado do Ceará visando a formação de profissionais para atender as necessidades do mercado de trabalho nos seus diversos setores. Este projeto foi corroborado pela Fonte : <https://pt.foursquare.com/v/eefm-dona-luiza-t%C3%A1vora--pio- xii/5221485f2fc65acdc7bf3737/photos>. 38 parceria entre os governos estadual, Cid Ferreira Gomes e o federal Luís Inácio Lula da Silva através do programa Brasil Profissionalizado. O Programa Brasil Profissionalizado visa fortalecer as redes estaduais de educação profissional e tecnológica. A iniciativa repassa recursos do governo federal para que os estados invistam em suas escolas técnicas. Criado em 2007, o programa possibilita a modernização, a expansão das redes públicas de Ensino Médio integradas à Educação Profissional, levando em consideração o desenvolvimento da educação básica na rede local de ensino e fazendo uma projeção dos resultados para a melhoria da aprendizagem. Em 2008, quando o programa foi iniciado, foram implantadas 25 Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP), que ofertavam, em 20 municípios, quatro cursos profissionais de nível técnico: Informática, Enfermagem, Guia de Turismo e Segurança do Trabalho, totalizando uma carga horária total nos três anos do Ensino médio 2.620 horas. Além do currículo regular, as EEEP têm em seu quadro de disciplinas uma "parte diversificada" que envolve atividades escolhidas pelos estabelecimentos escolares, de acordo com as características regionais, culturais, sociais e econômicas locais. Dentre os componentes da parte diversificada destacam-se: Projeto de Vida; Formação para a Cidadania; Mundo do Trabalho; Oficina de Redação; e Empreendedorismo. Segundo as diretrizes estaduais para as escolas profissionais, (...) essas unidades curriculares favorecem a comunicação entre a formação geral e a formação profissional, na medida em que tratam de temáticas que são transversais ao currículo proposto, como também contribuem para desenvolver o protagonismo cooperativo e solidário 31 . O critério adotado pela SEDUC-CE para a escolha dos municípios que iriam receber as primeiras escolas profissionais foi, além da capital, ser município sede das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (CREDE), se situarem em áreas de vulnerabilidade social, apresentarem indicadores educacionais abaixo do esperado como forma de revitalizá-las, e estarem em condições mínimas necessárias à implantação. A escolha dos cursos se deu em função das características socioeconômicas dos municípios inicialmente contemplados, em diálogo com os projetos estratégicos do governo estadual no que se refere ao desenvolvimento 31 Disponível em: <http://educacaoprofissional.seduc.ce.gov.br/index.php?option=com_content&view =article&id=3&Itemid=103 >. Acesso em 12 dez. 2017. 39 econômico e produtivo do Ceará. Esse critério continua a ser considerado na criação de novos cursos 32 . Em 2017 já se chega ao número de 115 escolas profissionais no Estado do Ceará, divididas em 93 municípios, com quase 50 mil estudantes matriculados. São ofertados atualmente 53 cursos profissionalizantes divididos em 12 eixos centrais, a saber: Quadro 1- Lista com os cursos ofertados nas escolas profissionalizantes do Estado do Ceará Eixo Cursos Ambiente e Saúde Enfermagem; Estética; Massoterapia; Meio Ambiente; Nutrição e Dietética; Saúde Bucal. Controle e Processos Industriais Automação Industrial; Eletromecânica; Eletrotécnica; Manutenção Automotiva; Mecânica. Desenvolvimento Educacional e Social Instrução de Libras - Experimental; Secretaria Escolar; Tradução e Interpretação de Libras. Gestão e Negócios Administração; Comércio; Contabilidade; Finanças; Logística; Secretariado; Transações Imobiliárias. Informação e Comunicação Informática; Redes de Computadores. Infraestrutura Agrimensura; Desenho de Construção Civil; Edificações; Portos. Produção Alimentícia Agroindústria Produção Cultural e Design Design de Interiores; Gestão Cultural - Experimental; Modelagem do Vestuário; Multimídia; Paisagismo; Produção de Áudio e Vídeo; Produção de Moda; Regência. Produção Industrial Biotecnologia; Fabricação Mecânica; Móveis; Petróleo e Gás; Química; Têxtil; Vestuário. Recursos Naturais Agricultura(Floricultura); Agronegócio; Agropecuária; Aquicultura; Fruticultura; Mineração. Segurança Segurança do Trabalho Turismo, hospitalidade e lazer Eventos; Guia de Turismo; Hospedagem. Fonte: PROJETO POLITICO PEDAGOGICO da Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha, 2014. 32 Disponível em: < http://educacaoprofissional.seduc.ce.gov.br/index.php?option=com_content&view= article&id=3&Itemid=103>. Acesso em: 12 dez. 2017. 40 Atualmente
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