Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria e História da Arte e do Design Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Christian David Rizzato Petrini Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Idade Contemporânea • Introdução; • A Transição do Design antes do Design para o Design pós-Industrial; • Arte Moderna; • Arte Contemporânea. • Estudar a relação e a infl uência que os movimentos artísticos da Idade Contemporânea tiveram para as civilizações e os movimentos artísticos posteriores, e têm para a função e atuação do designer contemporâneo. OBJETIVO DE APRENDIZADO Idade Contemporânea UNIDADE Idade Contemporânea Introdução Como vimos, a mudança de pensamento da humanidade na Idade Moderna foi extremamente importante para o desenvolvimento intelectual do homem nos sécu- los seguintes. Representou um inconformismo com o controle do conhecimento da Idade Média e mudou o rumo da produção do conhecimento. Costuma-se dizer que essa ruptura foi importante porque tirou o homem de um conformismo que poderia durar por muitos anos. E como também dissemos anteriormente, o Renascimento foi o movimento artís- tico e intelectual que começou com essa mudança. Ainda no final da Idade Moderna, surgem dois movimentos artísticos: o Romantismo e o Neoclassicismo. Esses pas- saram pela mudança da Idade Moderna e continuaram na Idade Contemporânea. Portanto, mesmo tendo surgido na Idade Moderna, foram os dois primeiros movi- mentos artísticos da Idade Contemporânea e se tornaram movimentos extremamen- te importante para esse período e, por isso, começaremos esta unidade por eles. A Transição do Design Antes do Design para o Design pós-Industrial Infelizmente, os principais acontecimentos da Idade Contemporânea são confli- tos e guerras. Por esse motivo, a Idade Contemporânea é conhecida como a Idade das Guerras. Os principais acontecimentos da Idade Contemporânea até hoje são: a Revolução Francesa, que vai de 1789 a 1799 e, como vimos na unidade anterior, marca o início da Idade Contemporânea; a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918; a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945; e a Guerra Fria, de 1947 a 1991. Essa característica dos conflitos e das guerras, de certa maneira, influenciou a Arte e o Design, como veremos mais adiante. Para iniciar esta unidade, é importante destacar duas informações importantes da Idade Contemporânea: a primeira é que esse é o momento que nós estamos vivendo atualmente, por mais que ele tenha começado há mais de 200 anos, o que acontece neste momento faz parte da Idade Contemporânea; a segunda informa- ção importante da Idade Contemporânea, mais precisamente sobre o Romantismo e o Neoclassicismo, é que, pela primeira vez até aqui, vimos dois movimentos artís- ticos com ideologias opostas que são simultâneos. Até então, já tínhamos estudado movimentos artísticos e intelectuais que se conectaram por influência ou por ruptura, porém, eles se sucederam, ou seja, vieram um após o outro, muitas vezes com séculos de diferença. O Romantismo e o Neoclassicismo, portanto, são correntes de pensamento com ideologias opostas que acontecem no mesmo momento da História. Os artistas de uma corrente sa- bem o que os artistas da outra corrente fazem e, muitas vezes, rejeitam a produção cultural do movimento contrário. 8 9 Como também já mencionamos, o Neoclassicismo (também conhecido como Arcadismo, quando relacionado à literatura) impunha uma função social, moral e política para a arte, o que podemos relacionar com o conceito funcional do design, como temos frizado desde o início da disciplina. Como o próprio nome já adianta, esse se dedicou ao retorno aos princípios gregos e romanos antigos e renascen- tistas. Neo é um prefixo usado para se referir ao que é “novo”, portanto, o Neo- classicismo é o “novo clássico”. Como vimos, o termo clássico era usado para se referir à Grécia antiga, ou seja, mais uma vez na História da Arte os artistas de um movimento buscavam referência na civilização clássica greco-romana pra produzir suas obras e, como o Renascimento já buscava referências na Grécia e na Roma antigas, os artistas neoclássicos também tinham os renascentistas como referência. Como a mudança da Idade Moderna para a Idade Contemporânea aconteceu em 1789 com a Revolução Francesa e o Neoclassicismo foi um dos movimentos que passou pela transição de um período para o outro, ele aconteceu durante essa revo- lução, portanto, trouxe novas formas de produção artística, principalmente durante o governo de Napoleão Bonaparte, na França, mas sem se vincular ao governo. O Neoclassicismo foi um movimento cultural que teve larga influência na Arte e cultura de todo o Ocidente até meados do século XIX. Teve como base um renova- do interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da mo- deração, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco e do Rococó. As principais características do Neoclassicismo são: • Retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-romanos; • Academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às re- gras ensinadas nas academias de belas-artes; • Arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro cultoà teoria do pensador grego Aristóteles. Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica se- guiu o modelo dos templos greco-romanos ou das edificações do Renascimento italiano, como, por esemplo, a igreja de Santa Genoveva, posteriormente transfor- mada no Panteão Nacional, em Paris; e o Portão de Brandemburgo, em Berlim. A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilí- brio da composição. As características da pintura são: • Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante; • Exatidão nos contornos; • Harmonia do colorido. Um dos maiores representantes da pintura neoclássica é o francês Jacques-Louis David. Podemos destacar suas obras: Despedida de Telemachus e Eucharis (1818) e Marte desarmado por Vênus (1825). Nessas fica claro também a relação 9 UNIDADE Idade Contemporânea com a cultura grega, uma vez que essas pinturas citadas retratam figuras pagãs, ou seja, personagens das mitologias grega e romana. Quanto ao Romantismo, também já descrevemos que ele enfatizava a experiên- cia individual do artista, ou seja, os artistas do Romantismo acreditavam que uma obra de arte deveria expressar o estilo do artista. Foi um movimento artístico, políti- co e filosófico surgido também nas últimas décadas do século XVIII e que perdurou por grande parte do século XIX na Europa. Assim como o Neoclassicismo, surgiu em meio a uma grande era de revolução, a Revolução Francesa. O Romantismo, porém, diferentemente do Neoclassicismo, teve uma breve relação com a Revolu- ção Francesa, principalmente em seu início, como falaremos mais adiante. O Romantismo se caracterizou como uma visão de mundo contrária ao racio- nalismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. A primeira onda do Romantismo foi fortemente influenciada pelo espírito da Revolução Francesa e pelo seu ideal de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Contudo, com a decepção tanto em relação ao regime de terror da Revolução Francesa quanto a Napoleão Bonaparte, o Romantismo voltou-se a uma crítica ao imperialismo, à lógica e ao materialismo artificial da sociedade industrial. Ou seja, no início, o Romantismo se vinculou à Revolução Francesa, tornando- -se um movimento imperialista, porém, a decepção quanto ao resultado dessa revolução fez com que esse movimento mudasse completamente seu foco, da exaltação para a crítica. As principais características do Romantismo são: individualismo, subjetivismo, idealização, sentimentalismo exacerbado e egocentrismo; e entre os destaques do Romantismo podemos destacar A Liberdade Guiando o Povo, pintura de Eugène Delacroix, que ainda carregao espírito nacionalista e foi produzida em comemora- ção à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X, também conhecida como As Três Gloriosas. É a obra mais conhecida de Delacroix e mostra a imagem de uma mulher representando a Liberdade, que guia o povo passando por cima dos corpos dos derrotados, levando a bandeira da Revolução Francesa em uma mão e brandindo um mosquete com baioneta na outra. O Brasil também tem obras românticas, principalmente na literatura. O princi- pal nome desse período é José de Alencar, um dos grandes patriarcas da literatura brasileira, pelo volume e a mensagem de suas obras, que deu à ficção produzida no século XIX um tratamento monumental. José de Alencar foi um escritor romântico que enfocou os mais importantes aspectos da nossa realidade: o índio e o branco; a cidade e o campo; o sertão e o litoral. Uma das principais obras românticas de José de Alencar foi O Guarani, que lhe deu popularidade ao ser lançado em folhetim. O romance conta a história de amor entre o índio Peri e a moça branca Ceci, tendo como cenário o Brasil do século XVII. Ele era lido avidamente, até nas ruas, à luz dos lampiões. 10 11 O Romantismo se dividiu em três gerações, não nomeadas e não datadas cro- nologicamente: • 1ª geração: as características centrais do romantismo são o nacionalismo, o lirismo, o subjetivismo. O sonho de um lado; o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro; • 2ª geração: eventualmente também são notados o pessimismo e um certo gosto pela morte (o escritor norte-americano Edgar Allan Poe é um exemplo), além de religiosidade e naturalismo; • 3ª geração: é a fase de transição para outra corrente literária, o Realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica, com o intuito de apresentar realidades desconhecidas que revelam fragilidades. Portanto, é aqui que o Romantismo se aproxima do Neoclassicismo e se co- necta, por ruptura, com outro movimento literário, e também artístico, da Idade Contemporânea, o Realismo. O Romantismo, que começou como um movi- mento oposto ao Neoclassicismo, mudou seu foco de retratação três vezes com o passar dos anos. E quando o Romantismo, por ruptura, deu origem ao Realismo, ele já estava com a ideologia bem próxima à do Neoclassicismo. O Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX, na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Roman- tismo, como comentamos. Entre 1850 e 1900, o Realismo, enquanto movimento cultural, predominou na França e se estendeu pela Europa e por outros continen- tes. Teve como principal influência a industrialização e como característica o retrato da realidade e os diversos temas sociais. Importante! Como vimos, o Realismo teve como principal influência a industrialização, fruto da Revolu- ção Industrial. Como falamos na primeira unidade da disciplina, o design, com esse nome e definição, surgiu após a Revolução Industrial, e como estudamos nas demais unidades, seria no mínimo menosprezo considerar que ele começou “apenas” a partir de 1820, uma vez que outros períodos da história da humanidade forneceram influências e referências para o que conhecemos hoje como design. Portanto, aqui podemos encerrar o que chamamos a partir da segunda unidade de O Design antes do Design, uma vez que já estamos em um momento pós-industrial. Aqui começam a surgir movimentos artísticos que influenciaram diretamente o design; o mais importante, como vimos, foi perceber que antes mesmo do início “oficial” do design, existiram muitas técnicas e práticas que usamos até hoje. Trocando ideias... 11 UNIDADE Idade Contemporânea Os integrantes do Realismo repudiaram o que chamaram de artificialidade, tanto do Neoclassicismo quanto do Romantismo. Sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa, não inspirados em mo- delos do passado. As ideias do liberalismo e da democracia ganharam mais espaço. O Realismo se desenvolveu em um momento em que as ciências evoluiram e os métodos de experimentação e observação da realidade passaram a ser vistos como os únicos capazes de explicar o mundo físico. No Brasil, em 1870, iniciaram-se os primeiros sintomas da agitação cultural, sobre- tudo nas academias de Recife, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, devido aos seus con- tatos frequentes com as grandes cidades europeias. Houve também uma transformação no aspecto social com o surgimento da população urbana, a desigualdade econômica e o aparecimento do proletariado, e isso se refletiu também na produção artística. O Realismo se manifestou em diversas formas de arte, mas, principalmente, na literatura, e tem como principais características: • Oposição ao idealismo romântico, não há envolvimento sentimental; • Representação mais fiel da realidade; • Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes – como o casamento, por exemplo; • Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe; • Influência dos métodos experimentais; • Narrativa minuciosa (com muitos detalhes); • Personagens analisados psicologicamente. Quanto aos artistas, podemos destacar Édouard Manet, um artista pivô durante o século XIX. Não só o seu trabalho crítico foi de princípios realistas, mas sua arte também desempenhou um papel importante no desenvolvimento do Impressionis- mo, em 1870, como falaremos mais adiante. Sua obra-prima, O piquenique no bosque, de 1862/1863, retrata duas mulheres, estando uma nua, e dois homens vestidos desfrutando um tipo de piquenique, representando uma crítica aos valores da época. Em consonância com os princípios realistas, Manet baseava todas as figuras de primeiro plano em pessoas vivendo cenas “corriqueiras”. No Brasil, destacamos Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de As- sis, como o marco inaugural do Realismo no país. Como fica explícito no título, quem narra as memórias já está morto, o que estabelece um diálogo crítico com a estética realista. Noções como verdade, ciência e razão são colocadas em discussão e relativi- zadas por Brás Cubas. O narrador vê o mundo com ceticismo e desprezo e, dirigindo sua crítica ao gênero humano, transforma o próprio leitor em uma das vítimas das ironias do livro. A publicação desse romance, em 1881, é precedida pelo formato em folhetim da obra, publicado na Revista Brasileira entre março e dezembro de 1880. Mais precisamente no final do século XIX, temos outro movimento de destaque da Idade Contemporânea, o Impressionismo, movimento que transformou a arte do 12 13 século XX. Baseava-se na observação minunciosa da luz sobre os objetivos artísticos, suas variações e como eles poderiam aparecer na tela dos pintores impressionistas. Surgido na França, em 1874, o Impressionismo foi um movimento artístico que passou a explorar, de forma conjunta, a intensidade das cores e a sensibilidade do artista. A denominação desse movimento foi dada após a declaração pejorativa do crítico de arte francês Louis Leroy ao ver a tela Impressão: nascer do Sol, de Claude Monet, um dos principais artistas do movimento. Como mencionamos, os impressionistas buscavam retratar em suas obras os efeitos da luz do Sol sobre a natureza, por isso, quase sempre pintavam ao ar livre. A ênfase, portanto, era dada na capacidade da luz solar em modificar todas as cores de um ambiente, assim, a retratação de uma imagem mais de uma vez, em horários e luminosidades diferentes, era algo normal. O Impressionismo explora os contras- tes e a claridade das cores, resplandecendo a ideia de felicidade e harmonia. Um exemplo disso é a série de telas de Monet para representar a Catedral de Rouen, na França, em diferentes horas do dia, todas retratando a igreja de um mesmo ângulo. Para os impressionistas, os objetos deveriam ser retratados como se estivessem totalmente iluminados pelo Sol, valorizando as cores da natureza.Além disso, as figuras não deveriam ter contornos nítidos e o preto não era muito utilizado, até as sombras deveriam ser luminosas e coloridas. Como dissemos, tinham ênfase nos temas da natureza, principalmente de paisagens. O Impressionismo tem como principais características: • Uso de técnicas de pintura que valorizam a ação da luz natural; • Valorização da decomposição das cores; • Pinceladas soltas buscando os movimentos da cena retratada; • Uso de efeitos de sombras coloridas e luminosas. O Impressionismo usa a técnica do pontilhismo, ou seja, quando o artista dá pinceladas rápidas na tela, parecendo pontos. E ssa é uma técnica muito usada pe- los impressionistas por se tratar de uma pintura rápida, muito viável para a propos- ta de pintar ao ar livre, aproveitando a luminosidade de um determinado momento do dia que dura pouco tempo. São muitos os principais artistas impressionistas, entre eles: Claude Monet, Édouard Manet, Pierre-August Renoir, Camile Pissaro, Alfred Sisley, Vincent Van Gogh, Edgar Degas, Paul Cézanne, Gustave Caillebotte, Mary Cassatt, Eugène Boudin, Berthe Morisot, entre outros. Importante! Como vimos acima, são diversos nomes que podem ser citados como grandes figuras do Impressionismo. Alguns deles, como Monet, Manet, Renoir, Van Gogh, Degas e Cézanne são nomes marcantes da História da Arte. É aqui na Idade Contemporânea, principal- mente a partir do Impresisonismo, que começam a surgir os grandes nomes da arte que permanecem até hoje como referência. Trocando ideias... 13 UNIDADE Idade Contemporânea No Brasil, o representante máximo do impressionismo foi Eliseu Visconti, o qual teve contato com a obra dos impressionistas europeus e soube transformar as ca- racterísticas do movimento conforme a cor e a atmosfera luminosa do nosso país. Como dito, o Impressionismo foi um movimento artístico do final do século XIX que apresentou ao mundo diversos artistas, principalmente no início do século XX. Artistas impressionistas como Van Gogh, por exemplo, são referência para muitos trabalhos de design e da cultura pop, como a animação Com Amor, Van Gogh, de 2017. O que marca o século XX é a multiplicação de correntes artísticas. É nessa época que temos o que nomeamos como Arte Moderna e Arte Contemporânea. Arte Moderna é um termo usado para se referir às expressões artísticas surgidas nos últimos anos do século XIX e que se estenderam até a metade do século XX; Arte Contemporânea, por sua vez, são os movimentos artísticos surgidos a partir da segunda metade do século XX, como uma ação de ruptura com a Arte Moderna. Importante! Não confunda Idade Contemporânea com Arte Contemporânea! A Idade Contemporâ- nea, como falamos, é o Período da História em que estamos vivendo atualmente e que se iniciou no século XVIII, em 1789, com a Revolução Francesa. A Arte Contemporânea é um termo usado para designar os movimentos artísticos que surgiram a partir da segunda metade do século XX. Tanto a Arte Moderna quanto a Arte Contemporânea se situam na Idade Contemporânea. Importante! Arte Moderna Arte Moderna, como dissemos, é um termo que se refere às expressões artís- ticas surgidas no final do século XIX, que se estenderam até a metade do século XX. A modernidade é fruto da industrialização, como falamos, portanto, na Arte Moderna vê-se a influência da Revolução Industrial, das máquinas a vapor, do au- mento das velocidades, da fotografia, do cinema, do avião, do estudo da mente, entre outros elementos que contribuíram para a mudança do pensamento e das atitudes. Como resultado da industrialização, a Arte Moderna se voltou para três correntes: • Estilo: os artistas buscaram o rompimento das regras na busca de um novo estilo capaz de expressar a vida moderna; • Mente: os artistas experimentalistas declararam que o objetivo da arte não era o da simples representação do visível, mas a expressão interior da emoção e da sensibilidade; • Função: designers, ilustradores e arquitetos passaram a se preocupar com a funcionalidade da arte, sem o descuido da forma, sendo o modo de vida das pessoas a maior preocupação. 14 15 Importante! Se até aqui vimos que a arte forneceu referências para o design; na Arte Moderna, principal- mente na corrente funcionalista das obras, a arte se aproxima do Design de maneira literal! Trocando ideias... Como falamos anteriormente, a multiplicação de correntes artísticas marca a arte do século XX. Se nos períodos anteriores existiam poucos movimentos artísticos que duravam muito, no século XX, surgiram muitos movimentos artísticos quase que si- multêneos em um curto período. Dentre os mais importantes desses movimentos da Arte Moderna que mencionaremos aqui, podemos destacar: Pós-Impressionismo, ainda do final do século XIX; Cubismo, Fauvismo, Expressionismo, Abstracionis- mo, Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo, todos do século XX. O Pós-impressionismo nada mais é do que um termo usado para descrever as últimas obras do impressionismo, sobre as quais falamos anteriormente, e é im- portante pois serve de conexão entre esse famoso movimento artístico do final do século XIX e os movimentos artísticos do século XX, bem como marca o início de um dos movimentos mais significativos da Arte Moderna: o Cubismo. O Cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, sendo que as representações das imagens não tinham nenhum compromisso com a aparência real das coisas. Teve como fundadores Georges Braque e Pablo Picasso, sendo que o quadro As garotas de Avignon, de 1907, de Picasso, é co- nhecido como seu marco inicial. Como falamos anterioromente, o Cubismo pode ser relacionado com a pintura egíp- cia. A obra As garotas de Avignon, de Picasso, usa a técnica da assamblage, ou seja, uma reunião de elementos e objetos sem se preocupar com a coerência, assim como os egípcios faziam. O Fauvismo tem esse nome pois os artistas desse movimento eram chamados de fauve, que significa feras, principalmente por suas pinturas agressivas. Agres- sividade não ncessariamente pelo o que era retratado nas pinturas, mas sim pela utilização das cores. O Fauvismo é marcado pela utilização de cores puras, tais como as que vêm no tubo de tinta, sem nenhuma mistura. Pinturas que também não representam a realidade, sendo que as cores e as figuras são sugestões dos artistas. Entre os principais nomes fauvistas, estão André Derain, Othon Friesz e, o mais famoso, Henri Matisse. O Expressionismo nasceu como uma oposição ao Impressionismo, que comen- tamos ateriormente, e focou mais nas sensações que a arte proporcionava ao es- pectador, ou seja, o Expressionismo pensava em quem observava a obra, e não na impressão do artista como no Impressionismo. Tem como característica principal a 15 UNIDADE Idade Contemporânea deformação da realidade e a melancolia. Entre os artistas do movimento, podemos destacar Ernst Ludwig Kichner e Erich Heckel, porém, o mais famoso foi o norue- guês Edvard Munch. Sua principal obra é O Grito, que se destaca pela expressão das linhas, cores e seres que mostravam as angústias do homem moderno. O Abstracionismo, por sua vez, surgiu com a tela Composição VII, de Wassily Kandinsky. Na pintura abstracionista também não existe relação entre a realidade, as cores e formas. Destacamos o próprio Kandinsky como expoente do Abstracio- nismo e podemos mencionar também os artistas russos Mikhail Larionov, Natália Gontcharova e Vladimir Tatlin, que estudaram com Kandinsky na Bauhaus, na Alemanha, levaram a abstração para a Rússia e ajudaram a desenvolver o Constru- tivismo russo, movimento do início do século XX muito associado ao Design. O Futurismo é um estilo influenciado pelo movimento literário Manifesto Fu- turista, de Fillippo Tommaso Marinetti, e retrata uma sugestão à velocidade das máquinas e como exaltação ao futuro. Para os futuristas, os artistas de outros mo- vimentos não tinham nenhuma visão de futuro. Podemos mencionar artistas como Luigi Russolo, Carolo Carrà, Gino Severinie Umberto Boccioni. Um dos mais fascinantes movimentos artísticos da Arte Moderna é o Dadaísmo. Nasceu por artistas franceses e alemães em oposição à Primeira Guerra Mundial. A principal crítica dos artistas é que a Guerra não tinha nada a acrescentar à humani- dade, a Guerra não significava nada, portanto, criaram uma arte que não significava nada. O próprio nome dada significa cavalo de pau, ou seja, o próprio nome retrata a essência do movimento, não tem relação ou significado nenhum com a obra. Tem como principal característica os elementos que fugiam do racional e eram combi- nados por acaso. Os artistas negavam sua cultura e representavam um protesto. A colagem presente nas obras representava a desordem que a Europa vivia na época. Os principais artistas são Francis Picabia, Man Ray e Marcel Duchamp. O Dadaísmo deu origem a outro movimento artístico, o Surrealismo. Nesse es- tilo, as obras eram representações ilógicas do subconsciente, como imagens vistas em sonhos ou alucinações. Podiam também representar aspectos da realidade em excesso, com elementos inexistentes. Dois dos principais nomes do Surrealismo são Salvador Dalí e Joan Miró. O Brasil também acompanhou as tendências da Arte Moderna. A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade. O evento contou com o apoio do governador do estado de São Paulo na época, Washington Luís, para conseguir patrocínio para trazer os artistas do Rio de Janeiro, Plínio Salgado e Menotti Del Picchia. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultu- ral: pintura, escultura, poesia, literatura e música. O evento marcou o início do mo- dernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do século XX. Como dissemos, a Arte Moderna e seus principais movimentos artísticos acon- teceram até a metade do século XX. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, surgiu o que chamamos de Arte Contemporânea. 16 17 Arte Contemporânea Depois da guerra, os artistas mostraram-se voltados a verdades do incons- ciente e interessados na reconstrução da sociedade. E essa recosntrução tam- bém se refletiu na arte, mais especificamente nos movimentos artísticos da Arte Contemporânea, que se caracterizaram pela constante experimentação de novas técnicas. A Arte Contemporânea se mostrou mais evidente a partir da década de 1960 e se refletiu no estilo de vida da sociedade pós-guerra, se difundindo no cinema, na moda, na televisão e na literatura. A Arte Contemporânea se caracteriza também pela liberdade de atuação do artista, que não tem mais compromissos institucio- nais que o limitem, portanto, pode exercer seu trabalho sem se preocupar em enserir em suas obras um determinado cunho religioso ou político, é a arte do questionamento. Os artistas passam a questionar a própria linguagem artística, a imagem em si, a qual subitamente dominou o dia a dia do mundo contemporâneo. O criador se volta para a crítica de sua mesma obra e do material de que se vale para concebê-la. Na Arte Contemporânea, podemos mencionar movimentos extremamente atuais, como o graffiti, a arte conceitual, a arte digital e arte interativa, esses dois últimos, que sempre usaram e usam cada vez mais as tecnologias disponíveis, por- tanto, são movimentos artísticos próximos de nossa época; muitos deles estão em desenvolvimento neste exato momento. Contudo, destacamos aqui dois movimentos extremamente importantes pelo que representaram e representam até hoje: a Pop Art e a Land Art. Diz-se que a Pop Art é o marco de passagem da modernidade, fruto da indus- trialização dos séculos XVIII e XIX, para a pós-modernidade da metade final do século XX na cultura ocidental, sendo que os artistas retratavam o dia a dia das grandes cidades. O tema desse movimento é formado por símbolos da grande mas- sa consumidora, ou seja, retrata o consumo do capitalismo por parte da sociedade. Os principais nomes da Pop Art são Andy Warhol e Roy Lichtenstein. A Land Art, por fim, é o tipo de arte em que o terreno natural, em vez de pro- ver o ambiente para uma obra, é ele próprio trabalhado de modo a interagir com a obra. Pelas suas características, não é exposta em museus ou galerias – exceto por fotografias. Dentre os nomes mais expressivos estão o brasileiro Vik Muniz e Robert Smithson. Falar sobre Arte Contemporânea é falar sobre a constante renovação da arte. Como falamos anteriormente, nós estamos vivendo a Idade Contemporânea, assim como os movimentos artísticos que surgem atualmente e que fazem parte da Arte Contemporânea, portanto, nós estamos vendo e vivendo, em tempo real, a Histó- ria da Arte e do design sendo escrita. 17 UNIDADE Idade Contemporânea Importante! Como tratado e visto no decorrer de nossas unidades, o que é mais importante destacar em relação aos movimentos artísticos é que eles sempre se conectam uns aos outros por influência ou por ruptura – mesmo que tenham demorado muitos anos, talvez até muitos séculos, para tal. Sempre existiram movimentos artísticos que foram inspirados por outros ou surgiram de manifestações artísticas que quiseram romper completamente com o que foi feito, e isso continuará. Sempre existirá a influência e a ruptura. Isso acontece porque os movimentos artísticos, desde a Pré-História até a Arte Contemporânea, sempre foram e sempre serão influência para quaisquer profissionais, entre eles, os designers. Os movimentos artísticos que mencionamos nesta disciplina podem até ter uma data de surgimento, porém, não têm data de encerramento, ou seja, eles não tiveram seu fim. Hoje um artista pode não somente se inspirar em um movimento cultural de centenas ou milha- res de anos atrás, ele pode reproduzir essa arte. A evolução dos movimentos artísticos é o espelho do pensamento humano nos diversos momentos da sociedade. São manifestações do ser humano que sempre se renovam, por isso, o homem sempre produziu arte e sempre produzirá arte e design. Em Síntese Na vieoaula desta unidade, você vai encontrar um conteúdo exclusivo para aprimorar ainda mais os seus estudos. Assista!Ex pl or Como sabemos, a Idade Contemporânea começou em 1789, no século XVIII, com a Revolução Francesa, e se extende até os dias atuais, no século XXI. Dentro da Idade Contemporânea, temos a Arte Moderna, que define os movimentos artísticos surgi- dos das últimas décadas do século XIX, até meados do século XX, aproximadamente, 1940; e a Arte Contemporânea, que define os movimentos artísticos surgidos a partir de 1945 até os dias atuais. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos ARGAN, G. C. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. A história da arte GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2008. Filmes Com Amor, Van Gogh Uma animação produzida inteiramente no estilo do pintor holandês. Meia-Noite em Paris Filme que mostra a efervescência de artistas e movimentos artísticos da Arte Moderna. 19 UNIDADE Idade Contemporânea Referências ARCHER, M. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2008. PETRINI, C. D. R. Legenda Cinética: tipografia em movimento e traduções nar- rativas. São Paulo: Gênio Criador, 2018. STANGOS, N. Conceitos da Arte Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. 20
Compartilhar