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Consumidor - 350

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DIREITO
DIREITO DO CONSUMIDOR
PONTO 1: DIREITOS DO CONSUMIDOR. DISPOSIÇÕES GERAIS. POLÍTICA NACIONAL DE
RELAÇÕES DE CONSUMO. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR. 
1. INTRODUÇÃO
- Inicialmente, destaca-se que o ser humano realiza atos de consumo desde sempre, há, inclusive, menção
no Código de Hamurabi. Contudo, focaremos o estudo a partir da história mais recente da humanidade,
especialmente à época que surgiu a sociedade de consumo em massa. 
- Pós revolução industrial, muitas pessoas que viviam no campo migraram para as cidades em busca de
empregos, causando, consequentemente, a insuficiência de serviços públicos, bem como o surgimento de dois
grandes grupos: fornecedores (controlam os meios de produção) e os consumidores (que, por não controlarem os
bens de produção, se submetem ao poder econômico do primeiro grupo). Estava formada a sociedade de
consumo em massa, levada por técnicas eficientes de marketing a consumir de modo impulsivo e sem reflexão. 
- Neste cenário, o direito privado tradicional mostrou-se ineficaz para tutelar os agentes econômicos
vulneráveis: os consumidores.
Atribui-se a um discurso do Presidente norte-americano John F. Kennedy, no ano de 1962 – no qual foram
referidos como direitos básicos o direito à segurança, o direito à informação, o direito de escolha e o direito de ser
ouvido –, o despertar para uma reflexão mais profunda sobre a importância da proteção dos direitos dos
consumidores. 
- No ano de 1972 realizou-se, em Estocolmo, a Conferência Mundial do Consumidor. A Organização das
Nações Unidas (ONU), no ano de 1985, por meio da Resolução 39/248, estabeleceu diretrizes para o direito do
consumidor, reconhecendo a necessidade de proteção desse agente econômico vulnerável, em suas relações
frente aos fornecedores. 
- No Brasil, a CF/88 erigiu o Direito do Consumidor à categoria de direito fundamental. 
Em 1990, editou-se o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990).
1.1. FINALIDADE
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DIREITO
Basicamente, visa proteger o consumidor (agente vulnerável), reduzindo a desigualdade existente entre
ele e o fornecedor na relação de consumo, com o consequente reestabelecimento do equilíbrio. 
1.2. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR
Direito do Consumidor é o conjunto de normas e princípios que regula a tutela de um sujeito especial de
direitos, a saber, o consumidor, como agente privado vulnerável, nas suas relações frente a fornecedores. 
Destaca-se que o enfoque, no Brasil, é a tutela do sujeito vulnerável, por isso se tutela o consumidor. Na
França, diferentemente, tutela-se o consumo, ou seja, o objeto.
2. O DIREITO DO CONSUMIDOR E A CF/88.
2.1. DIREITO FUNDAMENTAL
A CF/88 consagrou a defesa do consumidor como um direito fundamental, nos termos do art. 5º,
XXXII. É um direito de terceira geração/dimensão, está dentro dos direitos difusos. 
2.1.1. Efeitos do status de direito fundamental 
A doutrina aponta três consequências da consagração do Direito do Consumidor como um direito
fundamental, quais sejam: 
a) Proteção como parte do núcleo imodificável da CF – trata-se, portanto, de uma cláusula pétrea (art.
60, §4º); 
b) Eficácia horizontal (direta ou indireta) do direito fundamental – o Estado deverá garantir que os
fornecedores respeitem o direito do consumidor. Será direta, quando utilizar o texto constitucional para
proteção dos direitos dos consumidores; será indireta, quando utilizar norma infraconstitucional para
proteção, por exemplo as normas do CDC. 
c) Garantia constitucional deste novo ramo do direito, tendo em vista a força normativa da
Constituição. Significa que nenhuma lei poderá desrespeitar a normatividade do CDC, pois está lastreado na
força normativa da Constituição, o que garante a eficácia de suas normas. 
OBS.: Para alguns, aplica-se aqui a Teoria da Proibição do Retrocesso, segundo a qual, qualquer norma
que tente diminuir ou suprimir direitos dos consumidores deve ser considerada inconstitucional. 
2.2. PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔMICA
A CF, em seu art. 170, V, consagra o direito do consumidor como um princípio da ordem econômica.
Desta forma, o Estado poderá intervir na economia para a defesa dos consumidores. Para a doutrina, este
princípio possui um caráter conformador, pois autoriza a intervenção do Estado na economia – decorrência do
Estado Social de Direito -, bem como conforma a atuação do fornecedor, garantindo a sua livre iniciativa, mas,
também, garantindo a proteção do consumidor. É uma forma de harmonizar o sistema, evitando o desequilíbrio
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DIREITO
na relação consumerista. Ademais, pode-se afirmar que se trata de um princípio de ação política, tendo em vista
que legitima o Estado a adotar políticas protetoras ao consumidor. 
2.3. Competência legislativa: Nos termos do art. 24 da CF, a competência para legislar sobre produção e
consumo (inciso V), bem como sobre responsabilidade por danos ao consumidor (inciso VIII) é concorrente entre
a União, os Estados e o DF. Trata-se de uma competência vertical ou não cumulativa. A União possui
competência para legislar sobre as normas gerais, ao passo que os Estados e o DF podem legislar de forma
suplementar, ou seja, com o intuito de adequar a legislação federal às peculiaridades locais. Destaca-se que
havendo inércia da União, poderá ser exercida a competência plena, nos termos dos §§ 3º e 4º, do art. 24 da CF.
Igualmente, os Municípios possuem competência para legislar sobre direito do consumidor, tratando-se de
interesse local, nos termos do art. 30 da CF. Cita-se, como exemplo, lei municipal que obrigue agências
bancárias a disponibilizarem bebedouros ou banheiros aos clientes; lei municipal que regule o tempo de
espera em filas. 
2.4. Proteção infraconstitucional: O legislador constituinte, no art. 48 do ADCT, determinou que em 120
dias, após a promulgação da CF/88, o Congresso Nacional deveria editar um Código de Defesa do Consumidor,
confirmando a grande importância deste ramo do direito na tutela dos vulneráveis. Em 1990, editou-se a Lei
8.078/90, Código de Defesa do Consumidor (CDC) que organizou, sistematicamente, as normas de proteção a este
sujeito especial de direitos, a partir de princípios e regras específicos. 
 O b s . : D e a c o r d o c o m S T F e S T J , o C D C n ã o p o d e s e r a p l i c a d o e m s i t u a ç õ e s a n t e r i o r e s a s u a v i g ê n c i a . S a l v o n o s
casos de prestações sucessivas, em que o contrato é por prazo indeterminado, a exemplo dos contratos de plano de saúde.
Cláudia Lima Marques, em entendimento minoritário, afirma que o CDC poderá retroagir e ser aplicado a relações que
tenham ocorrido antes de sua vigência, justamente por ser considerado uma norma de ordem pública. Como visto acima,
nem o STF e nem o STJ aceitam esta tese.
3. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
3.1. Influências: O Código de Defesa do Consumidor foi inspirado em vários modelos legislativos
estrangeiros, mas foi o Código de Consumo francês nossa principal influência. Salienta-se que o CDC foi uma
norma extremamente revolucionária, servindo, hoje, como modelo para outros países da América Latina.
3.2. Microssistema Jurídico: O CDC inaugurou um microssistema jurídico,pois trouxe princípios gerais
que devem orientar a aplicação das normas consumeristas em todas as relações jurídicas de consumo. Instituiu
uma base principiológica sólida que confere coesão ao sistema, sem ter a preocupação de exauri-lo. Por exemplo,
não trata de cada espécie de relação jurídica, mas trouxe uma base sólida de princípios que devem ser observadas
em todas e quaisquer relações jurídicas que envolvam fornecedor e consumidor. Podemos citar, ainda, a
multidisciplinariedade como outra característica do CDC, visto que cuida de questões que se acham inseridas nos
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DIREITO
Direitos Constitucional,Civil, Penal, Processual e Administrativo, sempre com o intuito de promover a efetiva
tutela dos interesses dos consumidores. 
3.3. Lei Principiológica: O CDC é uma lei principiológica, tendo em vista que consagra os princípios que
devem ser seguidos em todas as relações de consumo. É, nos termos do seu art. 1º, uma norma de ordem pública
e de interesse social, inserida (como já vimos), no microssistema.
3.3.1. Norma de Ordem Pública: As normas de ordem pública ou cogentes são aquelas que, por
estabelecerem valores básicos e fundamentais de nossa ordem jurídica, transcendem o interesse das partes,
prevalecendo sobre a vontade destas. São normas que permitem a intervenção do juiz de ofício, a fim de que seja
preservado o interesse do consumidor e o interesse social. Por exemplo, em tese, o juiz pode inverter o ônus da
prova de ofício, declarar a nulidade de cláusulas abusivas.
3.3.2. Norma de Interesse Social: O CDC é uma norma de interesse social, pois interessa mais diretamente
à sociedade do que aos particulares. O CDC visa proteger a relação de consumo. Ou seja, o combate aos abusos,
não interessa apenas às partes, mas sim toda a coletividade, pois estas relações são disseminadas.
Responsabilidade em matéria de direito do consumidor
4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
O art. 4º do CDC é considerado uma norma narrativa, pois traz os objetivos e os princípios da relação de
consumo, não se limitando a estabelecer um programa. Funciona como um guia para a aplicação das demais
normas do CDC.
Objetivos da política nacional das relações de consumo: 
• Defesa dos interesses dos consumidores; 
• Transparência nas relações de consumo; 
• Harmonia entre consumidores e fornecedores. 
Por fim, destaca-se que embora inspirada na reconhecida necessidade de proteger o consumidor, agente
vulnerável nas relações de consumo, não tem caráter paternalista, ou seja, não visa favorecer ilimitada e
injustificadamente este especial sujeito de direitos. Ao contrário, quando se fala em “política nacional de relações
de consumo”, o que se busca é a propalada harmonia que deve regê-las a todo o momento. Obs.: O art. 4º, ao
definir os fins, impõe obrigações de resultados. Por isso, é dotado de eficácia plena, designando um programa de
interesse público, voltado à consecução de uma finalidade – defesa do consumidor – imposta pela CF e na Lei.
DIÁLOGO DAS FONTES:
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DIREITO
É uma técnica utilizada para solucionar princípios de interesses. Por ser uma norma principiológica, os
princípios do direito do consumidor alcançam as relações consumeristas em todo o ordenamento jurídico.
Critérios Tradicionais de Solução de Conflitos De Normas: Os critérios tradicionais excluem uma das
normas do ordenamento jurídico, verdadeiro monólogo. Atualmente, são insuficientes para a solução de conflitos
entre normas. 
- Critério cronológico: A lei mais nova retira do sistema a lei anterior com ela conflitante. 
- Critério da especialidade: A lei geral nova não revoga a lei especial anterior, a não ser que incorpore ou
regule inteiramente a matéria que tratava a lei especial antiga.
- Critério da hierarquia: A lei hierarquicamente superior tem prioridade de aplicação e pode afastar ou
revogar a lei inferior com ela conflitante. 
Critério Atual: Como visto acima, o diálogo das fontes é um novo critério de solução de conflitos entre
normas. Por este critério, as duas leis serão aplicadas uma em caráter principal e a outra de forma
complementar/subsidiária. O STF reconhece o uso da teoria do diálogo das fontes. Obs.: O CDC será sempre
aplicado em caráter primário e as outras normas serão aplicadas subsidiariamente, desde que compatíveis com a
principiologia do CDC. 
Diálogo Entre o CDC e o CC: Identifica-se três espécies de diálogos entre o CDC e o CC (Cláudia Lima
Marques). 
Diálogosistemático de coerência: Consiste no aproveitamento da base conceitual de uma lei pelaoutra.
Conceitos gerais do CC (pessoajurídica, nulidades, provas, contratos) podemseraproveitados na aplicação do CDC, que
deles não se ocupou. Percebe-seque o CDC se preocupouapenas com a construção de conceitosespecíficos,
consideradosimportantes para a sistemática de defesa dos sujeitosconsumidores (ex.: consumidor, fornecedor, produto,
serviço). 
Diálogosistemático de complementaridade: É a adoção de princípios e normas, em carátercomplementar, por
um dos sistemas, quando se fizernecessário para a solução de um casoconcreto. Na relação de consumo, aplica-
seprioritariamente o CDC, e sósubsidiariamente, no quecouber e for complementarmentenecessário, o CC. Porexemplo,
o CDC, em seu art. 42, parágrafoúnico, dispõeque o consumidorcobrado em quantiaindevidatemdireito à repetição do
indébito, por valor igualao dobro do quepagou em excesso. Porém, nãoestabelece o prazo para o consumidorbuscar a
satisfaçãodessapretensão em juízo. Nessecaso, comonãohá norma específica a reger a hipótese, aplica-se,
complementarmente, o prazoprescricional de dezanos, estabelecidopelaregrageral do Código Civil de 2002 (art. 205).
Diálogo das influênciasrecíprocassistemáticas: É a influência do sistema especial no geral e do sistemageral no
especial (diálogo de coordenação e adaptaçãosistemática). Porexemplo, o CC tornou-sesuficiente para harmonizar as
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DIREITO
relaçõesentreiguais, a aplicação do CDC foidirecionadaapenas para a proteção do vulnerável, o queexplica a atualopção
do STJ pelateoriafinalista (simples oumitigada), na definição do conceito de consumidor. 
5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
Considerações Iniciais: Para a escola jusnaturalista, os princípios gerais do direito não possuíam força de
lei. Sua aplicação era feita em caráter suplementar. Havendo lacuna, utilizavam-se os princípios extraídos do
direito natural. Para escola positivista, os princípios são extraídos do próprio ordenamento jurídico, mas não
possuem força normativa. Para a escola pós-positivista, os princípios estão previstos expressa ou implicitamente
no próprio ordenamento jurídico e possuem força normativa. Entendem que se diferem das normas quanto à
forma e quanto ao conteúdo. Obs.:As cláusulas gerais são disposições normativas que utilizam, no enunciado,
uma linguagem aberta, fluída ou vaga, a ser preenchida pelo magistrado quando da análise de um caso concreto.
As cláusulas gerais constituem uma moderna técnica legislativa que possibilita ao intérprete determinar,
previamente, qual a norma de conduta que deveria ter sido observada naquele caso. E, para alcançar tal objetivo,
poderá aproveitar-se de princípios positivados ou não positivados no ordenamento jurídico, concretizando seus
valores na solução dos casos concretos. 
Princípio da Vulnerabilidade: É o principal princípio do direito do consumidor, traz a ideia de que o
consumidor se encontra em uma posição de inferioridade em relação ao fornecedor. Possui fundamento na CF,
tendo em vista que a defesa do consumidor é um direito fundamental, bem como um princípio que rege a ordem
econômica, conforme vimos acima. Encontra-se expressamente previsto no art. 4º, I do CDC. A vulnerabilidade
possui presunção absoluta e decorre da própria lei. A doutrina (Cláudia Lima Marques) aponta três espécies de
vulnerabilidade, as quais diversas vezes já foram mencionadas em decisões proferidas pelo STJ.
Vulnerabilidade técnica: Desconhecimento, por parte do consumidor, das características do
produto/serviço. Desta forma, a vulnerabilidade decorre da não participação do consumidor na produção do
bem. Eventualmente, o consumidor profissional poderá ser considerado um vulnerável técnico, nos casos em que
o produto ou o serviço adquirido não tiver relação com a sua formação, competência ou área de atuação. 
Vulnerabilidade jurídica: Desconhecimento, por parte do consumidor, dos seus direitos e deveres,
incluindo aspectoseconômicos e contábeis. 
Vulnerabilidade econômica 
O consumidor é frágil diante do fornecedor, por uma série de motivos, vejamos: 
• Em razão do forte poder econômico do fornecedor; 
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DIREITO
• Em razão de o fornecedor deter o monopólio fático ou jurídico da relação, 
• Em razão de o fornecedor desenvolver uma atividade considerada essencial (ex. provedor de internet). 
VULNERABILIDADE DEFINIÇÃO EXEMPLO
TÉCNICA Consiste na ausência de
conhecimentosespecíficossobre o
produtoque o
consumidoradquireouutiliza.
É o caso do
estudantequecompra um notebook
sempossuirconhecimentostécnicosesp
ecíficossobre o produtoadquirido.
JURÍDICA Consiste na falta de
conhecimento, pelo consumidor, dos
direitos e deveres inerentes à relação
de consumo.
É o caso da pessoaquefirma
um compromisso de compra e venda
de um lote, junto a umaincorporadora,
sempossuirconhecimentojurídico para
compreender todos os aspectos do
negócio. 
ECONÔMICA Consiste na condição de fragilidade do
consumidor frente ao fornecedor que,
por sua posição de monopólio, fático
ou jurídico, por seu forte poderio
econômico ou em razão da
essencialidade do serviço que fornece,
impõe sua superioridade a todos que
com ele contratem.
É o caso do pai de família que
contrata serviço de internet banda
larga fornecido em seu endereço
porumaúnicaconcessionária de serviço
público.
Vulnerabilidade informacional: A falta da informação é causa de vulnerabilidade. Aqui, o consumidor
não detém informações suficientes para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço. 
PESSOA NATURAL PESSOA JURÍDICA ou PROFISSIONAL
Tem a vulnerabilidade presumida Tem de comprovar a vulnerabilidade
Ex: microempresário e EPP
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DIREITO
VULNERABILIDADE HIPOSSUFICIÊNCIA
+ material
+ presunção absoluta
+ decorre da própria relação de consumo
+ processual
+ tem de ser provada
+ origina-se de uma situação fática
[Símbolo] Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
Princípio da Boa-fé Objetiva 
Conceito e fundamento: Representa o padrão de conduta que deve ser observado por todos os
fornecedores no mercado de consumo, com base em valores éticos, de modo a respeitar as expectativas do
consumidor naquela relação jurídica. 
O fundamento é constitucional, de modo implícito (art. 1º, III e art. 3º I da CF), decorrente da dignidade da
pessoa humana e da do princípio da solidariedade, e legal, de modo expresso (art. 4º, III CDC e arts. 113, 187 e
422, CC).
Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva: Boa-fé objetiva trata-se de um princípio, ora estudado. Boa-fé subjetiva
trata-se do estado anímico da pessoa, ou seja, a sua intenção ao realizar determinado ato. Não interessa ao direito
do consumidor. 
Funções da boa-fé 
a) Função interpretativa ou critério hermenêutico (CC, art. 113 e CDC, art. 4º, III): Quando houver, por
exemplo, cláusulas contratuais de interpretação dúbia, a interpretação deve ser orientada de acordo com a boa-fé
objetiva. 
b) Função integrativa ou de criação de deveres jurídicos: A boa-fé objetiva cria deveres anexos ao
contrato que devem ser respeitados, tais como o dever de cuidado, o dever de informação e o dever de
cooperação. 
• Dever de informação: o fornecedor deve informar ao consumidor todas as características do produto; 
• Dever de cuidado: impõe ao fornecedor o dever de adotar uma conduta protetiva, voltada à prevenção de
danos ao patrimônio e à pessoa do consumidor. 
• Dever de cooperação: as partes de uma relação jurídica de consumo devem cooperar entre si para que as
obrigações sejam satisfeitas. 
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DIREITO
c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos: 
[Símbolo] A atuação do fornecedor é limitada pelo princípio da boa-fé objetiva. Os seus direitos não
podem ser exercidos de modo abusivo. A nulidade das cláusulas incompatíveis com a boa-fé objetiva é uma
limitação ao exercício de direito pelo fornecedor. 
Princípio Do Equilíbrio: Previsto no art. 4º, III, do CDC. Deve haver um equilíbrio na relação jurídica
entre consumidor e fornecedor, tanto no plano material quanto no pano processual pelo CDC. O equilíbrio no
plano material seria, por exemplo, o estabelecimento da responsabilidade objetiva por dano ao consumidor. No
plano processual, a inversão do ônus da prova visa equilibrar a relação consumerista. 
Princípio Da Defesa Do Consumidor Pelo Estado: Traduz a ideia de que o Estado deve intervir nas
relações de consumo para defender os interesses dos consumidores.
Princípio Da Harmonização: Previsto no art. 4º, III, do CDC. Indica a necessidade de se conciliar os
interesses dos participantes das relações de consumo, a saber, consumidor e fornecedor. 
Princípio da Transparência: Em todas as fases da relação de consumo deve haver transparência, mesmo
após a fase contratual. É o que se dá com quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall.
Aplicado na fase pré-contratual (art. 37), fase contratual (art. 46) e fase pós-contratual (art. 10§1º).
Princípio Da Confiança: Não possui previsão expressa, sendo extraído do princípio da boa-fé objetiva.
Traduz a ideia de que o fornecedor deve respeitar as legitimas expectativas do consumidor na relação de
consumo, tanto as expectativas relacionadas ao conteúdo do contrato quanto as expectativas relacionadas ao bem
de consumo.
Princípio Do Combate Ao Abuso: Previsto no inciso VI, do art. 4º do CDC. O fornecedor não pode
desrespeitar, de forma abusiva, os direitos do consumidor. Destaca-se que se tutela a relação entre os
fornecedores, combatendo, por exemplo, as práticas de concorrência desleal. 
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DIREITO
Princípio Da Educação e Da Informação: Os consumidores devem ser devidamente informados, a fim de
que a decisão do ato de consumo seja a mais consciente, evitando práticas de consumo irrefletidas, a exemplo do
superendividamento. 
A educação pode ser: 
• Formal, inserindo-se uma educação sobre consumo nas disciplinas do ensino básico; 
• Informal, ministrada pelos meios de comunicação social, normalmente pelo PROCON, pela promotoria
do direito do consumidor ou, ainda, pela imprensa. 
Princípio Da Precaução: Expressamente previsto em diplomas relativos ao Direito Ambiental. Boa parte
da doutrina defende que este princípio também se aplique ao direito do consumidor, sendo extraído de normas
constitucionais e CDC (previsão da defesa do consumidor, defesa da vida, saúde e segurança do consumidor).
Sempre que houver risco cientifico crível, alguma providência deve ser adotada. Difere-se do princípio da
prevenção, pois este visa prevenir dano certo, muito provável. No princípio da precaução, o dano não é provável,
mas é possível. 
6. DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES
Considerações iniciais: A principal inspiração do CDC é a Resolução 39/248 da ONU, de 1985, que
apresenta os direitos básicos dos consumidores, trazendo diretrizes para a cooperação jurídica internacional em
matéria de direito do consumidor. O art. 6º do CDC traz os direitos básicos do consumidor, em um rol
exemplificativo, assim não há o exaurimento de tais direitos. Antes de analisarmos as espécies de direitos básicos
dos consumidores, importante destacar a cláusula de abertura do microssistema, prevista no art. 7º do CDC,
segundo a qual para além dos direitos previstos no CDC, todo direito do consumidor, que esteja expresso em
outra espécie normativa vai ser inserido no sistema consumerista.
Direito À Vida, À Saúde e À Segurança (I): Consagra um direito ao consumidor e, ao mesmo tempo, um
dever ao fornecedor, devendo colocar à disposição dos consumidores somente produtos que não sejam perigosos
ou que possam causar danos. 
Direito À Educação Formal e Informal (II): Educação formal é a inserida no currículo básico das escolas,
com o intuito de formar um consumidormais consciente. 
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DIREITO
Educação informal é aquela fornecida pelos meios de comunicação, por exemplo. 
Direito À Liberdade De Escolha (II): Direito ao livre consumo, assegurando a livre iniciativa e a livre
concorrência. Aplicação prática: venda casada em cinemas (STJ, REsp 744.602/RJ). 
Direito À Igualdade Nas Contratações (II): Não se admite tratamento discriminatório entre os
consumidores. 
Direito À Informação (III): Informações sobre o bem de consumo devem ser adequadas e claras. A ofensa
a esse direito vem sendo admitida como razão para condenação por dano moral. O direito à informação visa
assegurar ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou
serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de consentimento informado ou
vontade qualificada
Direito À Proteção Contra Práticas E Cláusulas Abusivas (IV): Em linhas gerais, considera-se abusiva
toda a atuação do fornecedor no mercado de consumo que viole a principiologia do Código de Defesa do
Consumidor, é dizer, que esteja em desconformidade com o padrão de conduta esperado das partes ou, ainda,
que esteja em desacordo com a boa-fé objetiva e com a confiança. 
Direito À Modificação E Revisão De Cláusulas Contratuais (V): Visa assegurar o equilíbrio econômico
da relação contratual. O CDC inovou ao prever o dirigismo contratual, autorizando o Estado a intervir na
economia interna do contrato, quando se identificar um desequilíbrio econômico e financeiro na relação
contratual. 
Assim, o consumidor terá direito de modificar o contrato sempre que houver prestação desproporcional. É
feita uma análise objetiva, ou seja, basta que tenha uma cláusula desproporcional para que o contrato seja
modificado, a fim de se alcançar o equilíbrio entre as partes. O CC, influenciado pelo CDC, trouxe regras que
também admitem a intervenção do Estado na economia interna do contrato. 
11
DIREITO
Modificação das cláusulas contratuais: O consumidor possui o direito de modificar cláusulas contratuais
quando se verifica o desequilíbrio desde o início. Observe que o contrato já nasce em desequilíbrio, afeta o
sinalagma genético do contrato. O art. 51 do CDC prevê que a cláusula contratual que colocar o consumidor em
desvantagem exagerada será nula de pleno direito. O consumidor poderá, portanto, solicitar a modificação da
cláusula geradora das prestações desproporcionais (com base no art. 6º, V, do CDC) ou a declaração de sua
nulidade (art. 51 do CDC). 
Importante salientar que ocorre, aqui, o instituto da lesão (vício do NJ), o qual não deve se confundir com
a lesão prevista no CC, vejamos as diferenças no quadro abaixo:
LESÃO NO CDC LESÃO NO CC 
Previsão: art. 6º, V Previsão: Art. 157 
Caracterização: basta a presença de cláusula que
estabeleça prestações desproporcionais, em prejuízo do
consumidor. 
Caracterização: além da desproporção das
prestações, exige-se a caracterização da necessidade
premente ou de inexperiência da parte. 
Consequência: a regra é a manutenção do
contrato, possibilitando-se ao consumidor (parte não
beneficiada) solicitar a modificação (art. 6.º, V) ou a
decretação da nulidade da cláusula contratual (art. 51). 
Consequência: a regra é a invalidade do negócio
jurídico. Excepcionalmente, o contrato pode ser salvo, a
depender da vontade da parte favorecida (art. 157, § 2.º,
do CC). 
Análise objetiva. Análise subjetiva. 
Revisão das cláusulas contratuais: O contrato inicia-se equilibrado, mas por situações supervenientes
torna-se desequilibrado, causando um prejuízo ao consumidor. Nestes casos, admite-se a revisão do contrato.
Aqui, afeta-se o sinalagma funcional do contrato. Destaca-se que não se exige imprevisibilidade, basta que seja
um fato superveniente, tendo em vista que o CDC adotou a TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO
JURÍDICO.O CC adotou a TEORIA DA IMPREVISÃO, segundo a qual além de o fato ser superveniente, deverá
ser imprevisível.
TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO
(ART. 6º, V, CDC) 
TEORIA DA IMPREVISÃO (ART. 478 DO CC) 
Dispensa a análise da previsibilidade do fato Exige a imprevisibilidade do fato superveniente. 
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DIREITO
superveniente. 
Basta a onerosidade excessiva para o consumidor. Além da onerosidade excessiva para o devedor,
exige “extrema vantagem” para o credor. 
Consequência: a regra é a revisão do contrato.
Excepcionalmente, acarretará a resolução nos casos em
que não for possível salvá-lo. 
Consequência: a regra é a resolução do contrato.
Excepcionalmente, poder revisto, a depender da vontade
do credor. 
Direito à efetiva prevenção e reparação de danos morais e patrimoniais, individuais, coletivos e difusos
(VI): O CDC adotou, como regra, o princípio da reparação integral (restitutio in integrum) dos danos aos
consumidores. Por força desse princípio, não se admite, no microssistema do direito do consumidor, a aplicação
das regras de mitigação da responsabilidade (a exemplo da regra prevista no art. 944, parágrafo único, do CC) ou
de fixação de quantum indenizatório (tarifação), sendo vedadas, igualmente, as estipulações que exonerem ou
atenuem a responsabilidade dos fornecedores. 
Excepcionalmente, nos casos em que o consumidor for pessoa jurídica será possível minorar a reparação
do dado, nos termos do art. 51, I, do CDC. É o caso, por exemplo, de uma Universidade que adquire grande
quantidade de produtos de limpeza para a manutenção de suas instalações e, no contrato, estipulam que será
reduzido o valor.
[Símbolo] Para o STF e para o STJ, no caso de transporte aéreo internacional de passageiro prevalece o
sistema da indenização tarifada em relação aos danos materiais, com fulcro no art. 178 da CF e na Convenção de
Varsóvia (que prevalece sobre o CDC).
Reparação por dano moral: A reparação por dano moral possui fundamento constitucional (art. 5º, V e X).
Dano moral é a ofensa a um direito da personalidade, atributo personalíssimo do consumidor. Importante
consignar que a dor, o abalo, são consequências do dano moral. Há uma dupla função atribuída ao dano moral:
compensatória e punitiva. a) Função compensatória – visa compensar o consumidor pelo seu abalo psicológico,
tendo em vista que não se poderá recompor. b) Função punitiva – visa punir o fornecedor, possui caráter
pedagógico, a fim de evitar novas condutas lesivas. Em regra, o simples inadimplemento contratual não gera
dano moral. Contudo, em determinadas situações específicas (festa de casamento, por exemplo) será possível
extrair uma ofensa à personalidade. É muito comum em negativa de cobertura pelo plano de saúde, uma vez que
frustra a expectativa do consumidor. 
13
DIREITO
Há casos em que o dano moral é decorrente da prática ilícita, sendo o dano moral presumido (in re ipsa).
Ou seja, não será necessária a prova do efetivo dano, basta que ocorra. Cita-se, por exemplo, a negativação do
nome do consumidor de forma equivocada. 
Súmula 370: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado 
Súmula 385: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento; 
Info 583 STJ – também é aplicada a Súmula 385 às ações voltadas contra o suposto credor que efetuou a
inscrição irregular. Assim, a inscrição indevida comandada pelo credor em cadastro de proteção ao crédito, quando
preexistente legítima inscrição, não enseja indenização por dano moral, ressalvado o direito ao cancelamento. 
Súmula 387: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Reparação por dano moral coletivo: Há, ainda, parte da doutrina que nega a existência de dano moral
coletivo, uma vez que não existe abalo coletivo, honra coletiva. Contudo, doutrina majoritária e o STJ (todas asturmas) admitem a possibilidade de dano moral coletivo, pois dor, abalo psicológico são consequências do dano
moral, por isso é possível a reparação. Há no STJ padrão, tendo em vista que, todas as vezes que se reconheceu a
existência de dano moral coletivo, foram fixados requisitos, quais sejam: a) Razoável significância do fato
transgressor – não será qualquer ofensa, deve ser um fato grave. b) Repulsa social – análise em cada caso
concreto. 
Exemplos: 
• 1ª Turma – comercialização de leite com vício de qualidade; 
• 2ª Turma – passe livre – idosos – transporte coletivo urbano; 
• 3ª Turma – caixa preferencial em segundo andar da agência bancária; 
• 4ª Turma – divulgação de publicidade ilícita de cigarros; infidelidade de bandeira em posto de
combustível (dano moral in re ipsa). 
Reparação por dano social: Pertinente, ainda, conceituar dano social, o qual não se confunde com o dano
moral coletivo. De acordo com o Dizer o Direito, dano social se refere às lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto
14
DIREITO
por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade
de vida. Os danos sociais são causa, pois, de indenização punitiva por dolo ou culpa grave, especialmente, repetimos, se atos
que reduzem as condições coletivas de segurança, e de indenização dissuasória, se atos em geral da pessoa jurídica, que
trazem uma diminuição do índice de qualidade de vida da população. Como exemplo, cita-se: o pedestre que joga papel
no chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho. Segundo o STJ, o dano
social só poderá ser reconhecido em uma ação coletiva, não podendo ser reconhecido de ofício. Assim, depende
de pedido expresso de um dos legitimados para a propositura de ações coletivas. 
Direito de acesso à justiça (VII): Entende-se como sendo direito ao acesso a um ordenamento jurídico
justo, assegurado, dentre outros: por meio da assistência jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; foro
privilegiado, que confere a possibilidade de o consumidor demandar em seu domicílio; ações coletivas, que
tutelam interesses individuais homogêneos, ou coletivos propriamente ditos. 
Direito à inversão do ônus da prova: Encontra-se previsto no art. 6º, VIII do CDC, visando a facilitação da
defesa dos direitos do consumidor em juízo. Ressalta-se que é uma inversão judicial do ônus da prova. Ou seja,
ocorrerá a critério do juiz, que irá apreciar as circunstâncias do caso concreto, desde que haja verossimilhança ou
hipossuficiência do consumidor (são alternativos). 
Requisitos:
a) Verossimilhança das alegações: Entendendo que a alegação do consumidor é verossímil, ou seja,
aparenta ser verdadeira, com base em indícios de prova, o juiz poderá inverter o ônus da prova. É uma
probabilidade do direito. 
b) Hipossuficiência do consumidor: É a dificuldade do consumidor em produzir a prova de um fato
necessário a satisfação de sua pretensão. Poderá ser: 
• Técnica: o consumidor desconhece as características do produto, possui dificuldade em demostrar os
vícios; 
• Econômica: dificuldade de produzir a prova por questões financeiras, a exemplo de uma perícia de valor
elevado. 
Obs.: Hipossuficiência e vulnerabilidade não se confundem. A vulnerabilidade está relacionada à
relação jurídica de direito material, em que uma das partes está em condição de inferioridade por questões
15
DIREITO
técnicas, econômicas ou jurídicas, todo consumidor é vulnerável. Já a hipossuficiência relaciona-se à relação
jurídico-processual, em que há dificuldade de produção de prova, por questões técnicas ou econômicas, nem todo
consumidor é hipossuficiente. 
Obs2.: Hipossuficiente não se confunde com necessitado. 
Momento da inversão do ônus da prova: É pacifico, atualmente (art. 373, §1º do NCPC), que a inversão
do ônus da prova é regra de procedimento, portanto deve ser realizada antes do fim da instrução, de preferência
até o despacho saneador. Trata-se de distribuição dinâmica do ônus da prova. 
Custeio da prova: Há duas correntes acerca do custeio do ônus da prova: 1ªC: a inversão do ônus da
prova também importa em inversão do seu custeio. 2ªC: inversão do ônus da prova não se confunde com o
custeio da prova, são coisas distintas.
Efeitos da inversão: A inversão do ônus da prova deve recair sobre fatos pontuais, específicos e não sobre
todo o processo. Obs.: Não se admite a inversão que acarrete em prova diabólica para o fornecedor.
Direito à prestação adequada e eficaz do serviço público: Os serviços públicos, que são considerados
objetos de uma relação de consumo, devem ser prestados de forma adequada e eficaz.
7. CAMPO DE INCIDÊNCIA DO CDC
Relação Jurídica de Consumo: O campo de aplicação do CDC, basicamente, é a relação jurídica de
consumo. Devendo existir, necessariamente, consumidor, fornecedor e produtos ou serviço. Destaca-se que as
figuras acima são correlacionais (interdependentes). Ou seja, só haverá uma relação de consumo quando estiver
presente: fornecedor, consumidor e aquisição de um produto ou um serviço. 
16
DIREITO
Consumidor e fornecedor são elementos subjetivos da RC, ao passo que o produto ou serviço são os
elementos objetivos da RC. 
7.1. CONCEITO DE CONSUMIDOR: 
O CDC traz quatro conceitos de consumidor: um em sentido estrito e três equiparados. 
Consumidor em sentido estrito: É o consumidor previsto no art. 2º do CDC, também chamado de
standartou stricto sensu. Destaca-se que a pessoa jurídica também é considera consumidora. Além disso, tanto a
pessoa que adquire quanto a pessoa que irá utilizar o produto são considerados consumidores, a exemplo da
compra de uma camisa por “A” para que seja utilizada por “B”. Grande relevância possui a expressão
“destinatário final”, tendo em vista que se trata de um conceito aberto, havendo, em nosso ordenamento, três
teorias que tratam do tema, vejamos: 
TEORIA MAXIMALISTA – destinatário final é o consumidor que retira o produto do mercado de
consumo (destinatário fático). Não importa o destino que é dado ao bem de consumo, podendo ser utilizado para
consumo próprio ou para a produção de outros produtos. Por exemplo, a empresa que adquire um maquinário
para utilizar em sua produção têxtil é considerada consumidora. Críticas: a Teoria Maximalista amplia demais o
conceito de consumidor, abrangendo pessoas que não são vulneráveis. 
TEORIA FINALISTA – destinatário final não é apenas o destinatário fático, para ser considerado
consumidor deve adquirir o produto ou serviço para a satisfação de uma necessidade pessoal, importa a
destinação econômica. É a teoria adotada pelo CDC. Com base na Teoria Finalista, o STJ não aplicou o CDC para
o caso que uma boate comprou um ar condicionado. O STF não aplicou para o caso de uma empresa que
adquiriu algodão com o intuito de utilizar em sua produção têxtil. 
TEORIA FINALISTA APROFUNDADA/MITIGADA – destinatário final será aquele que, mesmo não
sendo o destinatário final, por ser vulnerável terá a proteção do CDC. O STJ reconhece a Teoria Finalista
Mitigada. Cita-se, como exemplo, o caso do taxista que celebra um contrato de financiamento com uma
instituição financeira para a aquisição de um veículo que será empregado em sua atividade profissional. Embora
não seja ele o destinatário final do produto, poderá ser considerado consumidor por ser vulnerável (fática,
jurídica e tecnicamente) frente ao fornecedor. 
TEORIA FINALISTA TEORIA MAXIMALISTA
17
DIREITO
É dar destinação fática E econômica ao produto,
ou seja, retirar do mercado de consumo e esgotá-lo
economicamente (não pode ser utilizado no ciclo de
produção).
É dar destinação fática ao produto, ou seja, o
produto deixa o mercado de consumo. Não importa o quea parte irá fazer com o produto.
Também chamada de subjetiva (analisa o que é
feito com a coisa)
Também chamada de objetiva (pouco importa o
que é feito com a coisa).
Conceito econômico. Conceito jurídico.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO 
- Em sentindo coletivo: É o consumidor previsto no parágrafo único do art. 2º do CDC. 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo. A finalidade é instrumental, viabilizando a tutela coletiva. Por exemplo, determinado
laboratório coloca no mercado de consumo medicamos danosos à saúde. As pessoas que adquiriram estão
sofrendo um dano, são consideradas consumidoras. O restante da coletividade, mesmo que não tenha adquirido
o medicamento, também é considera consumidora, eis que está exposta. Diante disso, é possível que um dos
legitimados ajuíze uma ação coletiva objetivando a retirada dos medicamentos das farmácias. 
- Bystander: Encontra-se previsto no art. 17 do CDC. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento. É a vítima de acidente de consumo, a exemplo das pessoas que prestaram socorro às vítimas da Boate
Kiss (consumidores em sentindo estrito) e acabaram sofrendo lesões. A explosão ocorrida no shopping center de
Osasco, em relação às pessoas que estavam na rua, é outro exemplo de consumidor bystander. O Info 542 do STJ,
retirado do Dizer o Direito, em que há aplicação do art. 17 do CDC ao caso de uma vítima que teve seu cheque
falsificado e utilizado em um hotel, sendo negativada. 
[Símbolo] Em se tratando de relação de consumo, o consumidor poderá propor a ação no foro de seu
domicílio, nos termos do art. 101, I, do CDC.
- Potencial ou virtual: Está previsto no art. 29 do CDC. Equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Todas as pessoas expostas às práticas comerciais ou
18
DIREITO
contratuais (oferta, publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas, cadastros em bancos de dados), ainda
que não seja possível identificar, concretamente, serão consideradas consumidoras potenciais ou virtuais. Obs.:
de acordo com STJ, é preciso conjugar o art. 29 do CDC com o princípio da vulnerabilidade. Por isso, o CDC não
é aplicado ao contrato de franquia. Trata-se de importante norma de extensão, pois viabiliza um controle
preventivo e abstrato das práticas ofensivas aos interesses dos consumidores.
Conceitos de Consumidor no CDC
Consumidorstrictosensu (art. 2º caput) Consumidorequiparado:
a) Consumidor em sentindocoletivo (art. 2º, p. único)
b) Consumidorbystander (art. 17)
c) Consumidorpotencialou virtual (art. 29)
7.2. CONCEITO DE FORNECEDOR: 
Conforme oart. 3º do CDC, “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”
- O Estado poderá ser considerado fornecedor, eis que fornecedor é “toda pessoa (...) pública ou privada
(...); 
- A massa falida, a sociedade de fato, o espólio, os camelôs, igualmente, podem ser considerados
fornecedores, tendo em vista que são entes despersonalizados; 
- A enumeração das atividades é exemplificativa. Assim, qualquer outra atividade, não prevista em lei,
que representar a colocação de produtos ou a prestação de serviços no mercado de consumo, poderá ser
considerada para se reconhecer a figura do fornecedor. 
Elemento nuclear: Quando se analisou o conceito de consumidor, vimos que o elemento nuclear (o mais
importante) era a expressão “destinatário final”. Há, da mesma forma, no conceito de fornecedor um elemento
nuclear, qual seja: “desenvolvem atividade”. Esta expressão refere-se à atividade profissional, ou seja, aquela que
reúne:
19
DIREITO
• Habitualidade – é a atividade exercida de forma reiterada, não apenas eventualmente. 
• Especialização – é o domínio da técnica, colocando o fornecedor em situação de superioridade em
relação ao consumidor. 
• Finalidade econômica – é a contraprestação. Não se confunde com finalidade lucrativa. 
Obs.: as pessoas jurídicas sem fins lucrativos, inclusive as que ostentam a certificação de filantrópicas,
podem ser abrigadas pelo conceito de fornecedoras, caso forneçam no mercado, com certa habitualidade e
especialidade, produto ou serviço, mediante remuneração. 
Obs.: o STJ manifestou-se sobre a possibilidade de entidades beneficentes ou filantrópicas prestarem
serviços.
Mercado de consumo: A atividade profissional deve ser desenvolvida no mercado de consumo, espaço de
negócios não institucional no qual se desenvolvem atividades econômicas próprias do ciclo de produção e
circulação dos produtos ou de fornecimento de serviços. Com este entendimento, o STJ já afastou a aplicação do
CDC para os seguintes casos: • Serviços advocatícios; • Contratos de crédito educativo; • Relação condominial; •
Locação predial urbana; • Previdência privada complementar fechada (Súmula 563).
Espécies de fornecedor:
IMEDIATO ou DIRETO MEDIATOouINDIRETO
Comercializa ou presta o serviço diretamente →
responsabilidade subsidiária e sucessiva por fato do
produto ou serviço, quando desconhecida ou insuficiente a
identificação do fornecedor mediato.
Não celebra o contrato com o consumidor, mas
integra a cadeia de fornecimento do produto ou serviço →
responsabilidade solidária de todos os integrantes da
cadeia econômica por fato do produto ou serviço, salvo as
exceções legais.
Categorias de fornecedores:
REAL PRESUMIDO APARENTE
Fabricante, produtor,
construtor
Importador
Comerciante de
produtofabricadopor “anônimo”
colocaseu nome oumarca do
produto final = franqueador x
franqueado
20
DIREITO
hárelaçãodiretaentre o
fornecedor e o defeito no
produto/serviço.
Nãohávínculo de produção
com o produto/serviçodefeituoso.
hávínculo de aparência para o
consumidor.
CONCEITO DE PRODUTO: O conceito de produto encontra-se no §1º, do art. 3º, do CDC, “Produto é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. Claramente, observa-se que o conceito de produto é amplo,
abrangendo qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial (ambiente virtual). Em virtude do diálogo das
fontes, como o CDC não traz o que é um bem móvel ou imóvel, utilizam-se os arts. 79 a 84 do CC. 
- Classificação dos produtos:
a) inseguro ou defeituoso = não oferece a segurança que dele legitimamente se espera (art. 12, § 1º do
CDC).
b) inadequado = não corresponde às expectativas que normalmente nele se depositam quanto à finalidade
de aquisição e utilização.
c) impróprio = inadequado economicamente em razão de vício na (1) qualidade, (2) quantidade, (3)
informação que não corresponde à realidade.
d) nãodurável = o uso importa em sua imediata destruição física e impossibilidade de nova utilização.
Residualmente, chega-seaoconceito de produtodurável.
e)in natura = resulta de atividadeagrícola, pastoril, extrativista = QUE NÃO DECORRE da atividade
industrial.
f) essencialousubstancial = nãopodeter um de seuscomponentesretiradosousubstituídossemquehaja o
comprometimento da suasubstância.
CONCEITO DE SERVIÇO: O art. 3º, §2º do CDC traz o conceito de serviço, “Serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. 
21
DIREITO
Remuneração: A característica principal do serviço, para a incidência do CDC, é a remuneração, a qual
poderá ser direta ou indireta. 
- DIRETA – identifica-se a contraprestação pecuniária do consumidor diretamente ao fornecedor. Por
exemplo, o consumidor vai até o fornecedor(loja) e adquire um sapato. 
- INDIRETA – o fornecedor obtém a remuneração não diretamente do consumidor. Cita-se, como
exemplo, o uso de redes sociais, bem como as milhas dos cartões de crédito. O STJ, no Resp. 566.468/RJ, firmou
entendimento de que é possível que haja remuneração indireta.
Serviços bancários, financeiros, de crédito e securitários: Todo contrato bancário, de seguro, enfim que
envolvam instituições financeiras e de créditos serão considerados serviços abrangidos pelo CDC. 
Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável as instituições financeiras. 
Serviços habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas 
Súmula 602-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais
promovidos pelas sociedades cooperativas 
O STJ firmou a posição de que a cooperativa que promove um empreendimento habitacional assume
posição jurídica equiparada a uma incorporadora imobiliária, estando sujeita, portanto, às disposições do Código
de Defesa do Consumidor. Quando lança um plano habitacional, a cooperativa age como prestadora de serviços,
e os seus cooperados (adquirentes) se equiparam a consumidores. Os cooperados adquirem o imóvel como
destinatários finais e são considerados vulneráveis, razão pela qual se enquadram no conceito de consumidores. 
8. SERVIÇOS PÚBLICOS 
Utisinguli e utiuniversi
O serviço público pode ser objeto da relação de consumo, tal entendimento pode ser extraído de diversos
dispositivos do CDC:
Art. 4º, VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; 
Art. 6º, X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
22
DIREITO
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma
de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
Porém, não é qualquer serviço público que será objeto da relação de consumo mas apenas quando for
possível identificar o usuário e quando for possível mensurar a prestação do serviço público. Tratam-se de
serviços uti singuli, a exemplo do serviço de água e esgoto, de telefonia. De outra banda, os serviços indivisíveis e
imensuráveis, por serem uti universi , não são abrangidos pelo CDC, a exemplo do serviço de iluminação pública.
Igualmente, os serviços próprios de Estado (saúde, educação, segurança pública) não podem ser tutelados pelo
CDC, diante da ausência de relação de consumo. 
Natureza da remuneração: Importante destacar as duas correntes existes sobre a natureza da
remuneração do serviço público, a fim de distinguir quando será aplicado ou não o CDC. Ressalta-se que ambas
as correntes se referem aos serviços utisinguli, em que há divisibilidade e possibilidade de mensuração. 
- 1ª Corrente – entende que APENAS os serviços públicos remunerados mediante taxa ou tarifa estarão
sujeitos à incidência do CDC; 
- 2º Corrente – entende que SOMENTE quando o serviço público for remunerado por meio de tarifa ou
preço público haverá a incidência do CDC. É a posição do STJ. 
Serviços notariais: Atualmente, o STJ possui precedente afastando a aplicação do CDC aos serviços
notariais. Como argumento, afirma que como o STF entende que as custas e emolumentos possuem natureza
administrativa-tributária não há como ser reconhecida uma relação de consumo, pois no lugar de consumidor há
contribuinte, bem como não há como considerar que os cartórios de notas e registros sejam fornecedores, eis que
seus serviços não integram o mercado de consumo.
APLICA-SE O CDC NÃO SE APLICA O CDC
+ EntidadesABERTAS de
previdênciacomplementar
+ atividadesbancárias, inclusive
relativasàscadernetas de poupança
+ serviçopúblicoutisinguli,
remuneradoportarifa (preçopúblico - ex:
fornecimento de água, luz, transportes, gás).
+Aquisição de veículoporTAXISTA
+ serviçosnotariais→relaçãotributária = taxa.
+ créditoeducativo
+ serviçospúblicosutiuniversi,
remuneradoporimpostoou taxa (ex:
segurançapública, iluminaçãopública)
+Produtor rural queadquireinsumos (salvo se
em regime de economia familiar)
+Créditoeducativo
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DIREITO
+Canal de televisão e seupúblico
+Sociedades e Associaçõessem fins lucrativos
+Plano de Saúde
+Cooperativa de crédito
+Serviçosfunerários
+Condômino x condomínio
+Locação predial urbana
+Franqueador x franqueado
+Previdência Social
+Lojistas e Administradora do Shopping
+Serviçosadvocatícios (Est. Da OAB)
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DIREITO
DIREITO DO CONSUMIDOR
PONTO 2: QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS
DANOS. PROTEÇÃO À SAÚDE E À SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E
DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.
1. QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS. PREVENÇAOO E REPARAÇAOO DOS DANOS.
Seção I – Da proteção à Saúde e Segurança
Artigo 8º 
- os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança
dos consumidores, EXCETO os considerados NORMAIS E PREVISÍVEIS em decorrência de sua natureza e
fruição.
- mesmo quando normais e previsíveis, o FORNECEDOR (gênero) deve prestar informações necessárias e
adequadas. Se for produto INDUSTRIAL, cabe ao FABRICANTE (espécie) prestar as informações, por meio de
impressos que devem acompanhar o produto. 
- O FORNECEDOR deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de
produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada,
quando for o caso, sobre o risco de contaminação (Lei n. 13.489/2017). 
Artigo 9º 
- produto e serviço potencialmente nocivos ou perigosos à saúde -> fornecedor deve informar de maneira
ostensiva e adequada (sem prejuízo de outras medidas cabíveis) 
Artigo 10 
- o fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que SABE OU DEVERIA
SABER apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança 
- conhecimento posterior -> fornecedor deve comunicar imediatamente mediante anúncios publicitários
(obs.: União, Estados e Mun. também têm o dever de informação). 
- RECALL: 
1
DIREITO
 + NÃO exclui a responsabilidade do fornecedor 
 + o não atendimento do recall pelo consumidor NÃO exclui obrigação de indenizar/reparar (STJ, REsp
1010392 e AgRg no REsp 1261067 / RJ). 
 + mero recall NÃO enseja dano moral (STJ) 
Para Tartuce: se o consumidor não atende o recall, aplica-se a teoria do RISCO CONCORRENTE (arts. 944
e 945, CC), de forma que a indenização deve ser reduzida razoavelmente de acordo com as circunstâncias (duty
mitigate the loss). 
1. RESPONSABILIDADE EM MATÉRIA DE DIREITO DO CONSUMIDOR
Um dos fundamentos para a responsabilidade civil nas relações de consumo, decorrente do próprio
microssistema, é a previsão da “efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos” como direito básico do consumidor (CDC, art. 6º, VI). 
Observe-se que o dispositivo trata tanto da efetiva prevenção – denotando a importância da tutela
inibitória – quanto da efetiva reparação. 
Com base na previsão legal (que fala em efetiva reparação e traz a lume os danos de diversas espécies), a
doutrina costuma destacar que o CDC consagrou o princípio da reparação integral (restitutio in integrum): 
a) a responsabilidade civil objetiva como regra; 
b) a não incidência de determinadas regras de mitigação da responsabilidade previstas no CC (ex vi art.
944, parágrafo único); 
c) a vedação de cláusula contratual que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar pelo
fato ou pelo vício do produto ou serviço (art. 25 do CDC); 
d) a previsão de nulidade da cláusula contratual que impossibilite, exonere ou atenue a responsabilidade
do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços (art. 51, I, do CDC). 
ATENÇÃO! Alerta-se desde já parauma exceção à nulidade das cláusulas contratuais do art. 51, I, do
CDC: É possível a limitação da indenização devida pelo fornecedor nos casos em que o consumidor é PESSOA
JURÍDICA e desde que haja situação justificável. Por essa razão, diz-se que o princípio da reparação integral não
é absoluto. 
REGRA: responsabilidade objetiva. 
2
DIREITO
A responsabilidade do fornecedor baseia-se no risco da atividade todo aquele que se disponha a exercer→
atividade no mercado de consumo responde pelos vícios ou defeitos apresentados pelos bens ou serviços
fornecidos, independente de culpa. 
Para Tartuce: o CDC adotou a teoria do risco-proveito: aquele que expõe aos riscos outras pessoas,
determinadas ou não, por dele tirar um benefício, direto ou não, deve arcar com as consequências da situação de
agravamento. 
Exceção: responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais pelo fato do serviço (CDC, art. 14, § 4º). 
Além de objetiva, a responsabilidade é, em regra, solidária, em conformidade com a previsão dos arts. 7º,
parágrafo único, e 25, parágrafo 1º. 
Exceção à responsabilidade solidária - A responsabilidade pelo fato (defeito) do produto (não entra fato
do serviço) não é de todo atingida pela solidariedade, pois, segundo os arts. 12 e 13 do CDC, neste caso é
consagrada a responsabilidade imediata do fabricante, do produtor, do construtor e do importador e a
responsabilidade subsidiária do comerciante. 
OBS: A questão dos serviços notariais e de registros:
A Lei n. 13.286/2016 modificou o art. 22 da Lei n. 8.935/94 para dispor sobre a responsabilidade subjetiva
civil de notários e oficiais de registro: 
Instituiu-se, pois, a responsabilidade subjetiva dos notários e oficiais de registro, por meio da referida lei
(em contraposição à posição prevalecente no STJ – vide AgRg no AREsp 110.035/MS, T4, Rel. Ministro Marco
Buzzi, j. em 23/10/2012 e AgRg no AREsp 474.524/PE, T2, Rel. Min. Herman Benjamin, j. em 06/05/2014). 
Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal (STF) sacramentou: 
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). 
- Teoria Unitária da responsabilidade – para o CDC não importa a distinção entre responsabilidade
contratual e extracontratual (aquiliana). 
- FUNDAMENTOS:
3
DIREITO
a)dever de obediênciaàsnormastécnicas de segurança + critério de lealdade
b)teoria da qualidade = o fornecedorsópode (deve) colocar no mercadoprodutosadequados (obrigação de
resultado)
c) o fornecedorpossuisuperioridadetécnica
d) o fornecedor é responsávelpelosriscos da atividade que maneja
- espécies de responsabilidade:
+ REAL = hárelaçãodireta entre o fornecedor e o defeito no produtoouserviço (fabricante, construtor,
transportador, hotéis, instituições de ensino, restaurantes, hospitais, profissionaisliberais).
+ PRESUMIDA =NÃO hávínculo de produção com o produto/serviçodefeituoso (importador).
+ APARENTE = hávínculo de aparência para o consumidor (comerciante).
- deve-se PROVAR (podendo haver inversão do ônus da prova):
+ produtoouserviçodefeituoso
+ dano (prejuízo) 
+ relação de causalidade
 * teoria do risco quem desempenha uma atividade ou vende um produto no mercado de consumo, cria→
um risco de dano a terceiros, ficando obrigado a repará-lo caso se concretize. 
OBS.: A responsabilidade, aqui, é objetiva com lastro na teoria da atividade ou do empreendimento. Não
vigora a responsabilidade objetiva com base na teoria do risco integral (ou seja, existem excludentes de
responsabilidade). 
- teoria da qualidade = o fornecedor só pode ou deve colocar no mercado produtos adequados (obrigação
de resultado) possui superioridade técnica e é responsável pelos riscos da atividade que maneja. →
DIFERENÇA ENTRE VÍCIO E FATO
4
DIREITO
Existem duas grandes divisões de responsabilidade civil no CDC: a responsabilidade pelo fato (arts. 12 a
17) e a responsabilidade pelo vício (arts. 18 a 20). 
a) Vício do produto e do serviço – o vício baseia-se na qualidade e adequação de produtos ou serviços. Há
uma inadequação entre o produto ou o serviço oferecido e as legítimas expectativas do consumidor. Configura-se
quando torna o produto ou serviço impróprio ou inadequado ao seu uso regular; quando diminui o seu valor. -
Sujeita-se a prazo decadencial 
Com relação aos efeitos, o vício atinge o produto ou serviço em si (é intrínseco), e não a pessoa do
consumidor. 
b) Fato do produto e do serviço – também denominado como defeito ou acidente de consumo. Baseia-se
na qualidade-segurança do consumidor ou de terceiros (vítimas de consumo – consumidores equiparados
bystander). Envolve, portanto, problemas de segurança. - Sujeita-se a prazo prescricional. 
Com relação aos efeitos, o fato atinge a incolumidade físico-psíquica do consumidor (é extrínseco); gera
danos além do produto. Geram com mais frequência danos materiais, morais, estéticos etc. 
A diferença entre ambos já foi abordada em detalhes pelo STJ, explicando a bipartição da
responsabilidade da exigência de adequação e segurança (REsp 967.623/RJ, DJe 29/06/2009). 
O CDC apresenta duas regras distintas para regular o direito de reclamar, conforme se trate de vício de
adequação ou defeito de segurança. Na primeira hipótese, os prazos para reclamação são decadenciais, nos
termos do art. 26 do CDC, sendo de 30 (trinta) dias para produto ou serviço não durável e de 90 (noventa) dias
para produto ou serviço durável. A pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou serviço
vem regulada no art. 27 do CDC, prescrevendo em 05 (cinco) anos. (...) (REsp 967.623/RJ, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/04/2009, DJe 29/06/2009). 
ATENÇÃO! Cuidado para alguns equívocos frequentes! 
A existência de vício pode ensejar, além das hipóteses do parágrafo 1 º do art. 18, também danos morais.
Para o STJ, “o regime previsto no art. 18 do CDC, entretanto, não afasta o direito do consumidor à reparação por
danos morais, nas hipóteses em que o vício do produto ocasionar ao adquirente dor, vexame, sofrimento ou
humilhação, capazes de ultrapassar a esfera do mero dissabor ou aborrecimento” (REsp 324.629, T3, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, DJ 28/04/2003). 
DEFEITO (CDC, art. 12, § 1º) VÍCIO (CDC, 18)
5
DIREITO
+ produtoouserviçonãoapresenta a segurança que
dele legitimamente se espera
+ inadequação para os fins a que se destina
 * há uma parcela da doutrina que não os diferencia. 
- responsabilidade:
FATO do produtoouserviço VÍCIO do produtoouserviço
+ acidente de consumo (prejuízoextrínseco) 
+ produto/serviçodefeituoso
+ preocupação com aintegridadefísico-psíquica do
consumidor
+ sujeita-se à prescrição
+ produtoouserviçoinadequadoaos fins a que se
destina (prejuízointrínseco) 
+ maiorpreocupação com
aincolumidadeeconômica do consumidor
+ sujeita-se à decadência
 * não há uma divisão plenamente estanque, pois já pode haver proteção pelo fato quando ainda não
ocorreu efetivamente o acidente = perigo iminente (STJ, REsp 575.469). 
- reparação:
IN PECUNIA IN NATURA
+ fato do produto = ressarcimento. + vício do produto = substituição.
 * essa é a regra, cabendo exceções, como quando não for possível a substituição do produto ou essa
demorar a ocorrer. 
2. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.
2.1. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO (ART. 12, CDC).
Fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, e importador respondem por dano causado por
vício de fabricação (produto defeituoso) ou prejuízo por falta de informação = acidente de consumo. 
- defeitode segurança extrapatrimonial e patrimonial indireto = dano externo (material ou moral). →
6
DIREITO
* tutela-se a segurança física, psíquica, patrimonial do consumidor. 
* o dano causado é maior que no caso de vício do produto ou serviço, uma vez que atinge a integridade
física ou psíquica do consumidor. 
- é cabível dano moral quando o consumidor de veículo automotor zero quilômetro necessita retornar à
concessionária por diversas vezes para reparar defeitos apresentados no veículo adquirido (STJ, REsp
1.443.268/DF). 
+ a simples aquisição de refrigerante contendo inseto no interior da embalagem, sem que haja a ingestão
do produto, não é circunstância apta, por si só, a provocar dano moral indenizável (STJ, REsp 1.395.647/SC). 
+ “a aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o
consumidor ao risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão completa de seu
conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação
adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana” (STJ, AgRg no Ag 1.427.144/SC). 
 INFO/2017: A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente
automobilístico em baixíssima velocidade, que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera do
mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade inerente, configura a responsabilidade objetiva da
montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor (REsp 1656614/SC, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 02/06/2017). 
INFO/2017: Para a responsabilização do fornecedor por acidente do produto não basta ficar evidenciado
que os danos foram causados pelo medicamento. O defeito do produto deve apresentar-se, concretamente, como
sendo o causador do dano experimentado pelo consumidor. Em se tratando de produto de periculosidade
inerente (medicamento com contraindicações), cujos riscos são normais à sua natureza (medicamento com
contraindicações) e previsíveis (na medida em que o consumidor é deles expressamente advertido), eventual
dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização do fornecedor, pois, de produto defeituoso,
não se cuida. (REsp 1599405/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em
04/04/2017, DJe 17/04/2017). 
INFO/2015: A eclosão tardia do vício do revestimento, quando já se encontrava devidamente instalado na
residência do consumidor, determina a existência de danos materiais indenizáveis e relacionados com a
necessidade de, no mínimo, contratar serviços destinados à substituição do produto defeituoso. Desse modo, a
hipótese é de fato do produto, sujeito ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos. (REsp 1176323/SP, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 16/03/2015). 
OBS - Pretensão de natureza indenizatória em razão de defeito da obra – PRAZO PRESCRICIONAL DE
10 ANOS DO ART. 205 DO CC: 
7
DIREITO
“DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS
MORAIS E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OUOBSCURIDADE. AUSÊNCIA. ACÓRDÃO
RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. DEFEITOS APARENTES DA OBRA. METRAGEM A
MENOR. PRAZO DECADENCIAL.INAPLICABILIDADE. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA. SUJEIÇÃO À
PRESCRIÇÃO.PRAZO DECENAL. ART. 205 DO CÓDIGO CIVIL.1. O propósito recursal é o afastamento da
prejudicial de decadência em relação à pretensão de indenização por vícios de qualidade e quantidade no
imóvel adquirido pelos consumidores.2. É de 90 (noventa) dias o prazo para o consumidor reclamar por vícios
aparentes ou de fácil constatação no imóvel por si adquirido, contado a partir da efetiva entrega do bem (art. 26,
II e § 1º, do CDC). 3. No referido prazo decadencial, pode o consumidor exigir qualquer das alternativas
previstas no art. 20 do CDC, a saber: a reexecução dos serviços, a restituição imediata da quantia paga ou o
abatimento proporcional do preço. Cuida-se de verdadeiro direito potestativo do consumidor, cuja tutela se dá
mediante as denominadas ações constitutivas, positivas ou negativas.4. Quando, porém, a pretensão do
consumidor é de natureza indenizatória (isto é, de ser ressarcido pelo prejuízo decorrente dos vícios do
imóvel) não há incidência de prazo decadencial. A ação, tipicamente condenatória, sujeita-se a prazo de
prescrição. 5. À falta de prazo específico no CDC que regule a pretensão de indenização por inadimplemento
contratual, deve incidir o prazo geral decenal previsto no art. 205 do CC/02, o qual corresponde ao prazo
vintenário de que trata a Súmula 194/STJ, aprovada ainda na vigência do Código Civil de 1916 ("Prescreve em
vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos na obra")” (REsp 1717160 / DF). 
- avaliação da segurança do PRODUTO considera (art. 12):
- a apresentação do produto
- o usorazoável que dele se espera
- a épocaem que foicolocado no mercado – o produto não é consideradodefeituosopelofato de outro de
melhorqualidadetersidocolocado no mercado (art.12, §2º)
- modalidades de defeito:
a) defeito de concepçãooucriação = no projeto, formulaçãooudesigne
b) defeito de fabricaçãoouprodução = de fábrica, construção, montagem, manipulaçãoouacondicionamento.
c) defeito de informaçãooucomercialização = naapresentação, informaçãoinsuficienteouinadequadanaoferta.
8
DIREITO
- TIPOS DE PERICULOSIDADE
+ inerente = dentro dos limites da normalidade, com periculosidadeprevisível, intrínseca à natureza do produto
(ex: faca), aamplainformaçãoaoconsumidor→ o produtopode ser colocado no mercado de consumo (CDC, arts. 8º e 9º).
+ adquirida = o produto se tornaperigosoemvirtude de um defeito, pelo que a periculosidade é imprevisível→não
é aceitapelodireito. 
* recall (CDC, art. 10, § 1º) →comunicarimediatamenteaosconsumidores e autoridades.
+ exagerada = o perigo é tãoexagerado que mesmo a previsibilidade e ainformaçãonãosãosuficientes a
afastarsualesividade→nãopode ser colocado no mercado de consumo (CDC, art. 10).
 - obsolescência programada = estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus
produtos para que durem menos do que a tecnologia permite tornam-se ultrapassados em pouco tempo,→
motivando o consumidor a comprar um novo modelo = prática moralmente reprovável, mas sem vedação
expressa (não afasta o dever de manter peças de reposição e pode ser abusiva se se aproveitar da condição do
consumidor). 
 - responsabilidade comerciante = SUBSIDIÁRIA quando → (1) não puder ser identificado o fornecedor
indireto; (2) a identificação não for clara; (3) não conservar adequadamente produtos perecíveis.
* acaso o comerciante indenize o consumidor, fica garantido o direito de regresso contra o efetivo
causador do dano (CDC, art. 13, parágrafo único). 
* o comerciante responde se causar um acidente diretamente ao consumidor (ex: piso escorregadio em seu
estabelecimento). 
 * produto in natura oriundo diretamente do campo, sem passar por processos de industrialização = se o→
produtor não puder ser identificado, o fornecedor imediato (ex: mercado) será responsável direto. 
- impossibilidade de denunciação da lidenasrelações de consumo (CDC, art. 88)
+ trazuma nova pessoa à lide
+ retarda a reparação de danosaoconsumidor
+ viabilizauma nova fundamentaçãojurídica no processo (responsabilidadesubjetiva)
9
DIREITO
 * a VEDAÇÃO de denunciar a lide aplica-se tanto à responsabilidade pelo fato do produto quanto pelo
fato do serviço e abrange a denunciação da SEGURADORA (AgInt no REsp 1635254/SP, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,julgado em 21/03/2017, DJe 30/03/2017). 
CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
O CDC adotou a teoria do risco da atividade, e não do risco integral. A prova disso é a previsão expressa
de excludentes da responsabilidade do fornecedor (art. 12, § 3º - “o fabricante, o construtor, o produtor ou
importador só não será responsabilizado quando provar”). Em todas as hipóteses de exoneração, o ônus da prova
é do fornecedor: 
- que não colocou o produto no mercado (inciso I); 
Seria o caso de produtos furtados, roubados, falsificados e lançados no mercado de consumo sem o
conhecimento do fornecedor. 
Essa excludente só é aplicada se o fornecedor provar que não concorreu de nenhuma forma para o
lançamento do produto defeituoso no mercado. Se o produto for lançado, ainda que de forma involuntária e
inconsciente, permanecerá a responsabilidade. Há um caso emblemático em que essa temática foi decidida pelo
STJ (famoso caso das pílulas de farinha – anticoncepcional Microvlar): “a responsabilidade da fornecedora não
está condicionada à introdução consciente e voluntária do produto lesivo no mercado consumidor”. (REsp
866.636/SP, DJ 06/12/2007). 
- que o defeito inexiste, embora tenha colocado o produto no mercado (inciso II); 
Por meio dessa previsão legal, como já explicitado acima, entende-se que há inversão legal do ônus da
prova (ope legis), não sendo ônus do consumidor provar o defeito, e sim do
fabricante/produtor/construtor/importador provar que o defeito não existe. É quem melhor conhece o produto e
tem condições de fazer esse tipo de prova. - a existência de culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (inciso
III). 
ATENÇÃO! E a culpa concorrente do consumidor? 
Não afasta a responsabilidade objetiva do fornecedor, mas pode permitir, no caso concreto, uma redução
da condenação imposta ao fornecedor. Trata-se de uma posição jurisprudencial, que não possui assento expresso
no CDC. 
10
DIREITO
IMPORTANTE: o comerciante não pode ser considerado terceiro para fins de exclusão da
responsabilidade. Essa é a posição do STJ (“comerciante que não pode ser considerado terceiro estranho à relação
de consumo”) (REsp 980.860, T3, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 02/06/2009). 
- caso fortuito e força maior (externos). 
Não estão previstos expressamente no CDC, por isso há grande controvérsia doutrinária sobre sua
aplicação nas relações de consumo. Interessa, para fins de prova, o entendimento consolidado do STJ, que é no
sentido de serem causas excludentes, uma vez que rompem o nexo de causalidade (as excludentes de
responsabilidade previstas no art. 12, § 3º, seriam exemplificativas, e não taxativas). 
Atualmente, o STJ faz distinção entre caso fortuito externo e interno, com consequências práticas nos
acidentes de consumo. 
Fortuito Interno: fato inevitável e, normalmente, imprevisível, que se liga aos riscos do empreendimento,
portanto, não exonera o fornecedor (ex.: abalo sísmico que prejudica o balanceamento do carro na linha de
montagem). 
Fortuito Externo: fato inevitável e, normalmente, imprevisível, causador do dano, totalmente estranho à
atividade do fornecedor, que rompe o nexo de causalidade, exonerando, portanto, o fornecedor (ex.: fogão
explode por causa de um raio). É fato estranho à atividade negocial. 
ATENÇÃO! Para bancas de concursos como FCC, CESPE/CEBRASPE, é aceita como correta a posição do
STJ. 
Alguns concursos específicos, porém, podem cobrar o entendimento doutrinário no sentido contrário
(caso fortuito e força maior não excluem a responsabilidade porque o rol do art. 12, § 3º, seria taxativo). 
Para saber como se posicionar nas provas, fiquem bastante atentos aos enunciados e à delimitação do
questionamento (ex.: segundo a jurisprudência do STJ, a doutrina tem entendimento...). 
Os casos reconhecidos pelo STJ como fortuito interno e fortuito externo despencam em prova. 
RISCO DO DESENVOLVIMENTO:
Risco do desenvolvimento é aquele que não pode ser cientificamente conhecido no momento de
lançamento do produto no mercado, vindo a ser descoberto somente após certo tempo de uso do
produto/serviço. 
Para a doutrina consumerista majoritária, o fornecedor deve responder pelos riscos do desenvolvimento,
não configurando, pois, excludente de responsabilidade. 
11
DIREITO
Os argumentos normalmente invocados são normalmente ligados à não previsão do risco do
desenvolvimento no rol legal de excludentes, bem como à aplicação dos princípios consumeristas da
vulnerabilidade e da restituição integral dos danos. Para alguns doutrinadores, ademais, tratar-se-ia de um
defeito de concepção, razão pela qual o fornecedor permanece responsável (ideia de socialização dos riscos). 
PRECEDENTES IMPORTANTES ENVOLVENDO FATO DO PRODUTO (STJ)
A) Informativo 616 STJ 2018 (REsp 1.644.405/RS): O simples ato “levar à boca” do alimento
industrializado com corpo estranho gera dano moral in reipsa, independentemente de sua ingestão. 
A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o
consumidor a risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo,
dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada,
corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. 
Hipótese em que se caracteriza defeito do produto (art. 12, CDC), o qual expõe o consumidor a risco
concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, previsto
no art. 8º do CDC. 
Na hipótese dos autos, o simples "levar à boca" do corpo estranho possui as mesmas consequências
negativas à saúde e à integridade física do consumidor que sua ingestão propriamente dita. 
Peculiaridade: O corpo estranho – um anel indevidamente contido em uma bolacha recheada – esteve
prestes a ser engolido por criança de 8 anos, sendo cuspido no último instante. (REsp 1644405/RS, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/11/2017, DJe 17/11/2017). 
ATENÇÃO! Essa questão da ingestão – ou não ingestão – de produtos alimentícios com corpo estranho e a
indenização por dano moral não está, como um todo, solidificada no STJ. Pelo contrário. Vamos por ordem
cronológica e de acordo com as duas Turmas do STJ que julgam preferencialmente causas consumeristas (3a e 4a
Turmas). A 3a Turma do STJ possuía alguns julgados, até 2014, entendendo que, para ser considerada a
responsabilidade do fornecedor e ser o consumidor indenizado em danos morais (in reipsa), seria desnecessária a
ingestão do produto. De uma forma geral, esses julgados consideram que o mero fato de o produto exposto ao
consumidor conter em seu interior um corpo estranho já o expõe a risco concreto de lesão à sua saúde e
segurança. Nesse sentido, os seguintes precedentes (todos de relatoria da Ministra Nancy Andrighi): AgRg no
REsp 1.454.255/PB (j. em 21/08/2014), REsp 1.424.304/SP (j. em 11/03/2014). 
Ocorre que essa posição era mais particular da 3a Turma do STJ e da Ministra Nancy Andrighi, havendo
julgados da 4a Turma entendendo de forma diversa. Após 2014, passou-se a verificar, inclusive no seio da 3a
Turma (sob a relatoria de outros Ministros), julgados em que não foi reconhecido o dever de indenizar quando
não houvera a ingestão do produto contendo corpo estranho (vide AgInt no REsp 1.597.890/SP, j. em 27/09/2016;
12
DIREITO
AgRg no REsp 1.537.730/MA, j. em 15/03/2016). Assim é que temos algumas ementas de julgados (posteriores a
2014) que reconhecem inclusive que a posição explicitada no parágrafo anterior seria a solidificada no seio do STJ:
1. "A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que, ausente a ingestão do produto
considerado

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