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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VIÇOSA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE VIÇOSA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA MAYANA CHAVES MENDES POTENCIAL DO ÓLEO DE MICROALGAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL VIÇOSA – MG 2019 ii MAYANA CHAVES MENDES POTENCIAL DO ÓLEO DE MICROALGAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Trabalho apresentado à banca examinadora, do curso de Engenharia Química da UNIVIÇOSA, como parte integrante das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, e como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Química. Orientadora: Svetlana Fialho Sória Galvarro Co-orientadora: Manoela Maciel S. Dias VIÇOSA – MG 2019 iii MAYANA CHAVES MENDES POTENCIAL DO ÓLEO DE MICROALGAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Trabalho apresentado à banca examinadora, do curso de Engenharia Química da UNIVIÇOSA, como parte integrante das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, e como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Química. Orientadora: Svetlana Fialho Sória Galvarro Co-orientadora: Manoela Maciel S. Dias APROVADA EM: ___ /___ /___ _________________________________ Prof. Márcio Arêdes Martins Convidado _________________________________ Profª. Manoela Maciel S. Dias Co-orientadora _________________________________ Profª. Svetlana Fialho Sória Galvarro Orientadora VIÇOSA – MG 2019 iv “Talvez eu não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes. ” Marthin Luther King v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por toda proteção e sempre renovando a minha fé. Aos meus pais, por sempre acreditarem em mim e em meus sonhos, ao amado irmão por todo apoio durante essa jornada. Ao meu namorado Mateus, por estar ao meu lado em todos os momentos, por ser meu porto seguro e sempre me acalmar diante das tempestades. Ao meu amado e precioso filho Antônio, você foi o combustível essencial para a realização desse sonho, te amo filhão! Aos meus amigos, por dividirem comigo sonhos, angustias e felicidades em especial as minhas Friendizinhas, que era meu grupo de estudo e hoje são amigas para a vida toda. Aos meus professores por todo conhecimento passado, em especial a minha orientadora Svetlana, por sempre me apoiar e embarcar comigo nesse tema de TCC tão difícil, obrigada pelos conselhos dado, por não ser somente minha professora, por ser minha amiga e muitas vezes confidente, como sempre falo a você, você é muito especial para mim e para meu filho Antônio. A minha co-orientadora Manoela, por me sempre me incentivar, por não deixar eu desanimar diante das dificuldades que encontrei em ser mãe e aluna, obrigada por ser minha amiga e professora, você também é muito especial para nós. Ao professor Márcio Arêdes Martins, por ter aberto a porta do seu laboratório e dispor do seu tempo para compartilhar seus conhecimentos e agregar mais valor à minha formação. Aos técnicos do Laboratório de Biocombustíveis da UFV, Mauricio e Dilson, pela paciência e ensinamentos, vocês são um máximo, aos meus colegas do laboratório cada um contribuiu para a realização desse trabalho, muito obrigada! vi RESUMO MENDES, Mayana Chaves. Potencial do Óleo de Microalgas para Produção de Biodiesel. 2019. 26 f. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa, Viçosa, Ano. Orientadora: Svetlana Fialho Sória Galvarro. Co-orientadora: Manoela Maciel S. Dias. Uma alternativa para a produção do biodiesel é a extração de óleos microbianos, como de microalgas, pois estudos apontam que as algas verdes são as mais favoráveis para a obtenção de biodiesel. No entanto, ressalta-se que as espécies de microalgas que tem maiores eficiências na fixação de CO2, tratamento de efluentes e biossíntese de lipídeos para obtenção de biodiesel são as Scenedesmus e Chlorella. A produção lipídica da Scenedesmus sp. pode variar de 10 a 25% em cultivo padrão, podendo aumentar esse rendimento em até 70 % em cultivos adaptados. Dessa forma, o presente trabalho objetivou-se avaliar qualitativamente e quantitativamente o óleo microbiano, quanto ao índice de acidez, índice de saponificação e identificação de compostos lipídicos do óleo através da cromatografia em camada fina (TLC), a fim de saber seu potencial para a produção de biodiesel. O índice de acidez do óleo de microalga que mais se aproximou foi o tratado com etanol a 90% obtendo um valor 94,8 mKOH/g, sendo esse bem acima do exigido pela ANP que estabelece um índice de acidez menor do que 0,5% mgKOH/g. O índice de saponificação do óleo de microalga que mais se aproximou do exigido pela ANVISA que estabelece uma faixa de 177 a 195 mgKOH/g foi o tratado com etanol a 50% no valor de 236,5 mgKOH,/g. Através da realização do TLC, foi possivel verificar a presença dos principais lipídios (triglicerídeos, ácidos graxos livres e lipídios polares) presentes nas amostras, indicando que mesmo com o fracionamento através de hidratação com solvente (etanol e acetona) e o elevado índices de acidez e saponificação, mostra que as amostras dos óleos de microalgas contêm os lipídios necessários para produzir biodiesel. Os resultados obtidos para os óleos de microalgas, indica a complexidade do mesmo. A TLC sugere que o óleo de microalga é uma alternativa para a obtenção do biodiesel, pois existe em sua composição os ácidos graxos essenciais para a produção do mesmo. Palavras-Chave: Microalgas, Scenedesmus, Índice de Acidez, Índice de Saponificação, Cromatografia de Camada Fina. vii ABSTRACT MENDES, Mayana Chaves. Potential of Microalgae Oil for Biodiesel Production. 2019. 26 f. Chemical Engineering Course, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa, Viçosa. Advisor: Svetlana Fialho Sória Galvarro. An alternative for the production of biodiesel is the extraction of microbial oils, such as microalgae, because studies indicate that green algae are the most favorable for obtaining biodiesel. However, it is noteworthy that the microalgae species that have higher efficiencies in CO2 fixation, effluent treatment and lipid biosynthesis to obtain biodiesel are Scenedesmus and Chlorella. The lipid production of Scenedesmus sp. It can vary from 10 to 25% in standard crops and can increase this yield by up to 70% in adapted crops. Thus, the present work aimed to qualitatively and quantitatively evaluate the microbial oil, regarding its acidity index, saponification index and identification of oil lipid compounds through thin layer chromatography (TLC), in order to know its potential for biodiesel production. The acidity index of the closest microalgae oil was that treated with 90% ethanol to obtain a value of 94.8 mKOH / g, which is well above that required by the ANP which establishes an acidity index of less than 0.5. % mgKOH / g. The saponification index of the microalgae oil that most closely approximated that required by ANVISA establishing a range of 177 to 195 mgKOH / g was treated with 50% ethanol at 236.5 mgKOH / g. Through the TLC, it was possible to verify the presence of the main lipids (triglycerides, free fatty acids and polar lipids) present in the samples, indicating that even with fractionation through hydration with solvent (ethanol and acetone) and the high acidity indices. and saponification, shows that microalgae oil samples contain the lipids needed to produce biodiesel. The results obtained for microalgae oils indicate its complexity. TLC suggeststhat microalgae oil is an alternative for obtaining biodiesel, as its essential fatty acids are present in its production. Key-Words: Microalgae, Scenedesmus, Acidity Index, Saponification Index, Thin Layer Chromatography. viii LISTA DE FIGURAS Figura 1:Scenedesmus sp. ........................................................................ 17 Figura 2: Reação de Saponificação. .......................................................... 21 Figura 3: Exemplo de separação de lipídios neutros de microalga Pavlova lutheri usando TLC unidimensional. No qual os Diacilgliceróis (DAG), ácidos graxos livres (AGL), monoacilgliceróis (MAG), lipídios neutros (NL), pigmentos (Pig), lipídios polares (PL), triacilgliceróis (TAG), lipídico total (TL).. .............................. 23 Figura 4: TLC do Óleo de Microalgas em diferentes amostras. ................. 31 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1: Comparação de produtividade do óleo de microalga e oleaginosas convencionais.. ...................................................................................................... 18 Tabela 2: Principias Ácidos Graxos das Microalgas .................................. 18 Tabela 3:Teor de Lipídeo em microalgas ................................................... 19 Tabela 4: Propriedades das Matérias da Produção de Biodiesel. .............. 22 Tabela 5: Parâmetro do Titulante do Índice de Acidez............................... 28 Tabela 6: Índice de Acidez do Óleo de Soja. ............................................. 28 Tabela 7: Índice de Acidez para fracionamento de óleo de microalgas ..... 28 Tabela 8: Parâmetros do Titulante do Índice de Saponificação. ................ 29 Tabela 9: Índice de Saponificação Óleo de Soja. ...................................... 29 Tabela 10: Índice de Saponificação para as condições de fracionamento do óleo de Microalgas ................................................................................................ 30 x LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1: Índice de Acidez: .................................................................... 26 Equação 2: Índice de Saponificação. ......................................................... 27 file:///C:/Users/Mayana/Desktop/TCC%20MAYANA.docx%23_Toc23179607 file:///C:/Users/Mayana/Desktop/TCC%20MAYANA.docx%23_Toc23179608 xi LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES IS – Índice de Saponificação IA – Índice de Acidez ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis CO2 – Dioxido de Carbono pH – Potencial Hidrogênico HCl – Ácido Clorídrico NaOH – Hidróxido de Sódio C2H5OH – Etanol KOH – Hidróxido de Potássio SCO – Single Cell Oil TAG – Triglicerídeos DHA - Ácido Docosaexaenoico EPA - Ácido Eicosapentaenoicos LC-PUFA – Ácido Graxo Poliinsaturado de Cadeia Longa NR – Norma Regulamentadora UFV – Universidade Federal de Viçosa mL – Mili Litros TLC – Cromatografia de Camada Fina RPM – Rotação por Minuto g – Gramas L – Litros mg – Mili Gramas BR – Branco A – Acetona E – Etanol °C – Graus Celsius Nº - Número % - Porcentagem f - Fator de Correção Rf – Fator de Retenção xii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13 2. OBJETIVO ............................................................................................ 15 2.1. Objetivo Geral ................................................................................. 15 2.2. Objetivos Específicos .................................................................... 15 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 16 3.1. Microalgas ...................................................................................... 16 3.2. Biomassa e Óleo de Microalgas ................................................... 17 3.4. Métodos de Extração de Lipídeos ................................................ 19 3.5. Análise Quantitativa do Óleo ........................................................ 20 3.5.1. Índice de Acidez ...................................................................... 20 3.6. Análise Qualitativa do Óleo ........................................................... 22 3.6.1. Cromatografia de Camada Fina (TLC) ................................... 22 3.7. Biodiesel ......................................................................................... 23 4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 25 4.1. Tipo de Pesquisa .......................................................................... 25 4.2. Extração do Óleo de Microalgas ................................................. 25 4.3. Análise Quantitativa e Qualitativa ............................................... 26 4.3.1. Índice de Acidez ...................................................................... 26 4.3.2. Índice de Saponificação ......................................................... 26 4.3.3. Cromatografia de Camada Fina (TLC) ................................... 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................... 27 5.1. Análise Quantitativa e Qualitativa do Óleo ................................ 27 5.1.1. Índice de Acidez ...................................................................... 27 5.1.2. Índice de Saponificação ......................................................... 29 5.1.3. Cromatografia em Camada Fina (TLC) .................................. 30 6. CONCLUSÃO ....................................................................................... 32 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 33 13 1. INTRODUÇÃO O crescimento populacional verificado nos últimos anos aliado ao desenvolvimento industrial tem aumentado a demanda e a dependência por combustíveis fósseis, que além de não serem renováveis, tem preços susceptíveis à ordem política vigente. Esse contexto tem propiciado maior interesse por fontes alternativas de combustíveis (RAMOS et.al, 2016). Entre as fontes alternativas mais atraentes tanto do aspecto econômico quanto de viabilidade de produção, destaca- se o etanol e o biodiesel. O álcool etílico ou também conhecido como etanol, é um álcool de forma molecular C2H5OH gerado, principalmente, pela fermentação de açúcares (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEL, 2016). A utilização do etanol é bem ampla tendo várias aplicabilidades no dia a dia dos brasileiros; nas indústrias pode ser utilizado como solventes, já no cotidiano como antisséptico, conservante, desinfetante, além de estar presente também em bebidas como cervejas e destilados. No entanto, sua forma mais viável economicamente é como fonte energética, servindo de combustível para motores a explosão, substituindo a gasolina, de origem fóssil (CHIEPPE JÚNIOR, 2012). Outra fonte renovável energética é o biodiesel, sendo um substituto ao diesel de petróleo, pois suas fontes são naturais e renováveis. A principal produção do mesmo ocorre pela quebra do triglicerol dos óleos vegetais ou gordura animais, na presença de um álcool de cadeia curta ocorre a reação conhecida como transesterificação (RAMOS; SILVA; MANGRICH; CORDEIRO; 2011). Uma das problemáticas para a produção da matéria-prima do biodiesel vegetal é à disposição de enorme espaço para o cultivo agrícola e o longo período de espera para a colheita do vegetal (DÍAZ, 2015). A soja é a matéria-prima mais utilizada na produção de biodieselno Brasil; o problema é sua baixa produtividade de óleo e a disputa por terras cultiváveis. A demanda crescente por biodiesel vem propiciando o surgimento de novas linhas de pesquisas para fontes de produção alternativas (HADI, 2015). Uma dessas alternativas para a produção do biodiesel é a extração de óleos microbianos, como de microalgas, sendo uma fonte atraente como matéria-prima para a produção de biocombustível (DIÁZ, 2015). As microalgas são capazes de concluir seu ciclo de crescimento em menos tempo, e 14 portanto, é o microrganismo unicelular que se desenvolve mais rápido em comparação aos demais (VIDAL JUNIOR, 2015). Os óleos conhecidos mundialmente como Single Cell Oil (SCO) são os óleos provenientes dos microrganismos que podem servir como matéria-prima para obtenção do biodiesel. A descoberta do SCO ocorreu em meados do século XX (DIÁZ, 2015) e possuem características químicas e físico-químicas semelhantes aos dos óleos vegetais, além de terem boa composição de ácidos graxos, que é o principal subproduto para a produção do mesmo (CARDOSO; VIEIRA; MARQUES, 2011). Dessa forma, o presente trabalho objetivou-se avaliar qualitativamente e quantitativamente o óleo microbiano, a fim de caracterizar o óleo quanto ao índice de acidez, índice de saponificação e identificação de compostos lipídicos do óleo através da cromatografia em camada fina (TLC), a fim de determinar seu potencial para a produção de biodiesel. 15 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo Geral Caracterizar qualitativa e quantitativa o óleo microbiano produzido a partir de microalgas para obtenção de biodiesel. 2.2. Objetivos Específicos Caracterizar quantitativamente o óleo microbiano por meio do índice de acidez e índice de saponificação; Caracterizar qualitativamente o óleo microbiano por meio de cromatografia em camada fina (TLC), avaliando seu potencial para a produção de biodiesel. 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Microalgas As microalgas são microrganismos eucariontes, contém um núcleo bem definido e separado da membrana citoplasmática (DIÁZ, 2015). Possui duas classificações para seu desenvolvimento, sendo autotróficas as que precisam de luz para se desenvolver ou heterotróficas as que precisam de um composto orgânico para seu crescimento (FRANCO, et al., 2013). São microrganismos capazes de realizar fotossíntese, denominados como talófitos, não possuem folhas, caule, raízes, embriões e sistema vascular. As suas células podem variar os tamanhos entre 2 a 200 μm (MUTANDA, 2011). Esses microrganismos são considerados essenciais para a preservação da vida na Terra, sendo que participam juntamente com as macrófitas aquáticas na geração da maior parte do gás oxigênio da atmosfera (MONÇÃO, 2015). Estão presentes em meios aquáticos e/ou úmidos podendo viver em forma de colônias. Além disso, podem ser cultivadas em vários ambientes podendo ser de águas salgadas, salobras ou residuárias, ou em solos considerados pobres, tendo sua colheita independente de situações sazonais (BRASIL; GARCIA, 2016). As microalgas são divididas em três classes predominantes, sendo elas as diatomáceas (Bacillariophyceae), as algas douradas (Chrysophyceae) e as algas verdes (Chlorophyceae) (DEMIBRAS &DEMIBRAS, 2010). Estudos apontam que as algas verdes são as mais favoráveis para a obtenção de biodiesel. As mais utilizadas são dos gêneros Chlorella, Chlamydomonas e Dunaliella (ROSENBERG et al., 2008). No entanto, ressalta-se que as espécies de microalgas que tem maiores eficiências na fixação de CO2, tratamento de efluentes e na biossíntese de lipídeos para obtenção de biodiesel são as do gêneros Scenedesmus e Chlorella (BLERSCH et al., 2013; TANG et al., 2012; XIN et al., 2010). Scenedesmus sp. São microrganismos clorofilados possuem coloração esverdeada, unicelulares e possuem apenas um núcleo, da família Scenedesmaceae e pertence o gênero Scenedesmus sp., ordem Chlorococcales, classe Chlorophyceae e divisão Chlorophyta (OLIVEIRA, 2013; LEE et al., 2008). Essa espécie é mais comum em plâncton de águas doces, é um microrganismo de fácil adaptação as variações 17 climáticas (SCHROEDER, 2013). Possuem forma de elipsóide, formam colônias com duas a oito células, podendo ser encontrada com apenas uma célula ou em situações extremas com dezesseis a trinta e duas células. O teor de lipídeos de Scenedesmus sp. pode variar de 10 a 25% em cultivo padrão, podendo aumentar esse rendimento em até 70 % em cultivos adaptados (OLIVEIRA, 2013). A porcentagem lipídica da espécie faz com que seja atrativa para produção de biocombustíveis (LEE et al., 2008). Figura 1:Scenedesmus sp. Fonte: Soares, (2018). 3.2. Biomassa e Óleo de Microalgas As microalgas são capazes de produzir vários subprodutos comercialmente interessantes tais como: gorduras, óleos, açúcares e compostos bioativos funcionais (OILGAE, 2007). Tem alto potencial biotecnológico para fonte energética, podendo ser usado na produção de biocombustíveis e constituído de biocomposto que auxilia na fertilização do solo (SOUTO et al., 2014). As microalgas apresentam alta produtividade lipídica, tornando-se vantajosas em comparações com os vegetais, por possuírem uma produtividade elevada de 10 a 100 vezes superior, como descrito na Tabela 1 (BRASIL; GARCIA, 2016). 18 Tabela 1: Comparação de produtividade do óleo de microalga e oleaginosas convencionais. Fonte: VEIGAS, (2010), (editada). Oleaginosa Óleo (%) Rend. De óleo(L óleo/ha ano) Produtividade de biodiesel (kg de biodiesel/ha ano) Soja 18 636 562 Palma 36 5366 4747 Microalga (baixo teor de óleo) 30 58700 51927 Microalga (médio teor de óleo) 50 97800 86515 Microalga (alto teor de óleo) 70 136900 121104 Segundo Guihéneuf; Schmid; Stengel, (2015), as microalgas produzem grandes quantidades de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LC-PUFA), como ácido eicosapentaenóico (EPA, 20: 5 n-3) e docosahexaenóico (DHA, 22: 6 n-3). Os principais ácidos graxos presentes nas microalgas estão relacionados na Tabela 2. Tabela 2: Principias Ácidos Graxos das Microalgas Nome Descritivo Nome sistemático Átomos de Carbono Láurico Dodecanóico 12 Mirístico Tetradecanóico 14 Palmítico Hexadecanóico 16 Palmitoléico Hecadecanóico 16 Esteárico Octadecanóico 18 Oleico Octadecanóico 18 Linoleico Octadecanóico 18 Alfa-Linoleico Octadecanóico 18 Gama-Linoleico Octadecanóico 18 Homo Gama- Linoleico Eicosatrienóico 20 Araquidônico Eicosatrienóico 20 EPA Eicosatrienóico 20 DHA Decosahexaenóico 22 Com substâncias importantes para aplicações nutricionais e farmacêuticas, as microalgas podem também acumular óleo em forma de trigliceróis (TAG), importante matéria-prima para produção de biodiesel. Os triglicerídeos são formados por um mol de glicerol e três moles de ácidos graxos, sendo esses os principais grupos constitutivos. O tipo de ácido graxo interfere significativamente na qualidade do biodiesel, pois interfere em várias outras características essenciais para a composição do mesmo, como o número de cetano (CN), que é o indicador de qualidade de ignições dos motores a explosão. O CN está relacionado com o 19 tamanho da cadeia carbônica dos ácidos graxos, quanto maior a cadeia carbônica maior o CN, o que é interessante para uma melhor explosão dos motores a cadeia carbônica não pode ser curta (CHEM; et al., 2018). Óleos microbianos são conhecidos mundialmente como Single Cell Oil, que significa óleo de célula única, produzidos por microrganismos oleaginosos que tem a capacidade de estocar de 20% a 80% de lipídeos sendo estes presentes intracelulares. Essa porcentagem de lipídeos refere-se à biomassa seca (OCHSENREITHERet.al., 2016). Na Tabela 2 estão apresentados os teores de lipídeos de algumas espécies de microalgas (VIDAL JUNIOR, 2014). Tabela 3:Teor de Lipídeo em microalgas Espécie de Microalgas % m/m de Óleo Ankistrodesmus TR-87 28-40 Botyococcus braunii 29-75 Chlorella sp 29 Chlorella protothecoides (autotrófica/heterotrófica) 15-55 Cyclotella DI-35 42 Dunaliella Tertiolecta 36-42 Hantzschia DI-160 66 Nannochloris 31 Nitzschia TR-114 46 Phaeodactylum tricornutum 28-50 Scenedesmus TR-84 31 Stichococcus 45 Tetraselmis suecica 15-32 Thalassiosira pseudonana 21-31 Fonte: Vidal Junior, (2014). Para aumentar o número de biomassa e o teor lipídico da microalga deve-se analisar o meio de cultura e adicionar o nutriente necessário para o desenvolvimento da espécie (ROCHA et al., 2018). Quando as microalgas crescem em ambientes em escassez de nutrientes, a falta de luminosidade adequada e quantidade de CO2 principal fonte de carbono para as microalgas autotróficas, pH e variação nas temperaturas afetam o crescimento e a composição química (SCHNEIDER, 2006; CHISTI, 2007). 3.4. Métodos de Extração de Lipídeos A extração de lipídeos é um fator importante em pesquisas e estudos bioquímicos e fisiológicos, por isso esse processo deve ser realizado minuciosamente. Várias espécies precisam de máximo cuidado para obtenção do óleo, pois alguns fatores no processo de extração como frações não lipídicas e 20 oxidações podem influenciar na qualidade do produto final da extração, fazendo com que a extração em escala comercial seja um desafio (HALIM et al., 2011; BRUM, 2004). Para boa extração lipídica devem-se conhecer todos seus constituintes, a fim de obter uma extração mais confiável e com maior rendimento, no qual a escolha do método varia de acordo com as características do óleo que será extraído (VIÊGAS, 2010). Um dos métodos clássicos para extração de lipídeos foi criado por Soxhlet em 1879, que consiste em um aparelho de vidro (soxhlet) sobre refluxo de solvente. Esse processo demanda muito tempo para extração, e processos de extração de lipídeos demorados devem ser evitados, pois proporciona reações indesejadas como a de hidrólise e peroxidação (KATES, 1972). Um dos procedimentos mais eficazes e variados em questões de solventes é o método de Bligh e Dyer sendo esse método idealizado por Folch et al. em 1957, em que consiste na utilização de uma mistura de clorofórmio e metanol (BRUM, 2004). Todos os métodos utilizados para extração do óleo de microalga são à base de solventes orgânicos, mas devem analisar o tipo de solvente que será utilizado, levando em consideração a toxidade do solvente, a fração lipídica que se quer extrair, volatilidade, a capacidade de formar fase com água para facilitar a retirada da parte não lipídica, entre outros fatores (BRUM, 2004). 3.5. Análise Quantitativa do Óleo 3.5.1. Índice de Acidez O controle da acidez no óleo é um fator quantitativo, sendo proveniente da hidrólise que ocorre em condições de grande umidade, com aparecimentos de ácidos graxos livres e pode mostrar também o estado de conservação do óleo. Quando o óleo é refinado, o índice de acidez serve como controle de qualidade do mesmo (LOBO; FERREIRA; CRUZ, 2009). Esse índice mostra o valor gasto em mg de base necessário para neutralizar os ácidos graxos livres em 1g de amostra (TOFANINI, 2004). O valor estabelecido pela ANP (2014), para o índice de acidez para óleo vegetal deve ser menor que 0,5%, para a produção de biodiesel pela nota de transesterificação. O índice de acidez influência na produção de biodiesel. Um alto índice de acidez mostra que existem ácidos graxos livres superior ao desejado. Isso pode ser 21 proveniente da hidrólise dos glicerídeos, mostrando que há quebra na cadeia lipídica, a qual há liberação dos seus principais componentes, no qual reduz o rendimento na produção de biodiesel (VIEIRA; et al., 2017). Garcia, et al. (2015), realizaram experimento com a microalga Scenedesmus accuminatus, e obtiveram um índice de acidez de 7,84 mg KOH/g, o processo de extração foi realizado através de sucessivas lavagens com hexano, e a preparação da amostra filtrada em carvão ativado de osso animal granulado. Segundo Sharma et al. (2008), a transesterificação de amostras com índice de acidez maior a 2,0 mg KOH/g deve utilizar catalisadores ácidos, evitando, assim, pré-tratamentos para a diminuição da acidez. 3.5.2. Índice de Saponificação Esse índice indica o valor de ácidos graxos de alto e baixo peso molecular presente na amostra. É determinado pela quantidade de base necessária para saponificar uma quantidade determinada de óleo, ou seja, a quantidade em mg de álcali (hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio) gasto para saponificar 1g de óleo (TOFANINI, 2004). A reação de saponificação está representada na Figura 2: Figura 2: Reação de Saponificação. Fonte: TOFANINI, (2004) (editada) De acordo com Chen et al. (2018), o índice de saponificação mostra o tamanho da cadeia de triglicerídeos, quanto maior a cadeia menor o índice de saponificação. Fazendo uma comparação da matéria prima em relação a suas propriedades, é possível observar a semelhança das características do óleo de microalga com os óleos de semente de plantas e gordura animal (CHEN, et al., 2018), conforme a Tabela 2. 22 Tabela 4: Propriedades das Matérias da Produção de Biodiesel. Fonte: Chen, et al. (adaptado) Matéria Prima Nível de Saturação % Ácido Graxo Livres % IS. (mgKOH/g) Óleo de Soja 15,34 0,07 195,3 Óleo de Girassol 9,34 0,04 193,14 Gorduras de Aves 29,69 1,7 188,08 Óleo de Microalgas 12 -21 0,45-1,75 160,6 - 185,82 O índice de saponificação estabelecido pela ANVISA (1999) para óleos vegetais deve estar na faixa de 177 a 195 mg KOH/g. Valores fora dessa faixa proporciona dificuldades na conversão para biodiesel, pois dificultam a separação das fases. 3.6. Análise Qualitativa do Óleo 3.6.1. Cromatografia de Camada Fina (TLC) A cromatografia em camada fina (TLC, thin-layer chromatography) é um método simples, rápido e acessível de se obter uma resposta rápida quanto à composição química de uma substância. As placas de TLC podem ser folhas de vidro, metal ou plástico, revestida por uma fina camada de um adsorvente sólido, geralmente sílica ou óxido de alumínio. A placa de TLC então é colocada em um recipiente de vidro contendo eluente (fase móvel) que são os solventes. Esse solvente (ou mistura de solventes) se desloca ao longo da placa até atingir um equilíbrio, esse equilíbrio já é definido para cada componente da amostra analisada. Assim que o eluente chega ao topo da placa, a mesma é removida da câmara de desenvolvimento, então o solvente é evaporado e os componentes separados são visualizados (RODRIGUES, 2015). Segundo Rodrigues (2015), se os compostos obtiverem cor, a visualização pode ser feita a olho nu, mas geralmente os compostos não são corados, sendo analisados sob luz UV, pois a placa contém compostos que ficam visível na presença dessa luz. Segundo Guihéneuf; Schmid; Stengel, (2015), os lipídios neutros e os polares são submetidos a TLC, para separação da classe lipídica. Os lipídios neutros são separados através da utilização de solventes contendo éter de petróleo, éter etílico 23 e ácido acético. Os lipídios polares são separados com outros tipos de solventes que são a mistura de clorofórmio, acetona, metanol, ácido acético e água, essa separação pode ser visualizada pela Figura 3. Os principais lipídios neutros são ácidos graxos, colesterol, ésteres de colesterol e triacilgliceróis e os principais lipídios polares são glicerofosfolipídeos, os esfingolipídeos e os glicolipídeos (BRUM; ARRUDA; REGITANO – d’ ACRE, 2009). Figura 3: Exemplo de separação de lipídios neutros de microalga Pavlova lutheri usandoTLC unidimensional. No qual os Diacilgliceróis (DAG), ácidos graxos livres (AGL), monoacilgliceróis (MAG), lipídios neutros (NL), pigmentos (Pig), lipídios polares (PL), triacilgliceróis (TAG), lipídico total (TL). Fonte: Guihéneuf; Schmid; Stengel, 2015. 3.7. Biodiesel O biodiesel é denominado como um mono-alquil éster de ácidos graxos derivado de fontes renováveis, sendo elas de origem vegetal e animal. A matéria- prima vegetal se dá pela extração do óleo de alguns vegetais como: soja, mamona, canola, palma, girassol, pinhão, amendoim, entre outros. A matéria-prima animal é derivada de gorduras obtidas a partir do sebo bovino, suíno e de aves, podendo ser produzido também a partir dos óleos utilizados em frituras (SEBRAE, 2007). A Lei Nº 11.097 de 13 de janeiro de 2005, define o biodiesel da seguinte maneira: Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. (NR) 24 O biodiesel é parecido com o óleo diesel mineral em relação suas características físico-químicas, sendo miscível, em qualquer proporção podendo ser usado puro ou misturado com o diesel mineral em qualquer quantidade em motores de combustão (TOFANINI, 2004). A escolha da matéria prima para a obtenção do biodiesel é de grande importância, pois agrega grande impacto no custo da produção em escala industrial, pois o consumo de energia para a conversão é relativamente alto, gastos com catalizadores e álcool somam mais de 10% para produção em grande escala (RAMOS, et al., 2017). Neste contexto, a matéria prima mais utilizada para produção do biodiesel é o óleo de soja, onde sua produção em nível comercial se dá nas regiões Centro- Oeste, Sul e Sudeste. No entanto, a relação de rendimento de óleo por área plantada não é alta e mesmo assim é a oleaginosa mais importante para o agronegócio. O Brasil é um dos maiores exportadores do mundo, sendo a soja muito promissora para o programa nacional de biocombustíveis PARENTE, (2003). Uma problemática na produção de biodiesel a partir do óleo de soja é seu cultivo, conforme citado anteriormente por (PARENTE, 2003), sendo que a mesma depende de situações sazonais, impossibilitando a colheita da matéria prima em determinada época do ano. Em contrapartida, a microalga tem o rendimento de óleo bem maior se comparado a mesma área cultivada da soja, podendo também ser convertido em biocombustíveis (RAMOS et at., 2017). O biodiesel derivado de algas tem sido objeto de pesquisa por diversos laboratórios e empresas do mundo (SILVA; BACHOLSKY; JERÔNIMO, 2015). Os biodieseis produzidos através do óleo extraído a partir das microalgas não se diferem muito em relação aos produzidos da forma tradicional, mas destacam-se algumas diferenças (GUVEIA, 2008): As microalgas produzem alta quantidade de ácido graxo da forma poliinsaturada, o que acarreta problemas de instabilidade do biodiesel. No entanto, um fator importante do ácido graxo poliinsaturado em comparação com os ácidos graxos monoinsaturados, é que o ponto de congelamento do poliinsaturado é menor do que os monoinsaturados, tornando uma propriedade adequada para regiões frias, no qual o biodiesel produzido por oleaginosa não apresenta essa propriedade, tornando-o um biodiesel inadequado para esse tipo de região. 25 É praticamente isento de enxofre em sua composição. O biodiesel provindo das microalgas, aumenta a vida útil dos equipamentos de injeção, pois diminui o desgaste no sistema de combustível e contém maior propriedade solvente se comparado com o diesel (MATA et al., 2010); Possui massa específica inferior à do diesel em torno de 5 a 8%, mas compensa em relação à maior eficiência de combustão, melhor desempenho na capacidade de lubrificação (MIAO; WU; 2005). Existem também alguns pontos negativos para a produção do biodiesel a partir do óleo da microalga, entre eles podemos citar: ajuste de uma espécie acumuladora de óleo em condições externas exposta ao ambiente para uma produção em larga escala; desenvolvimento de um método de extração no qual reduz o gasto com energia, uma forma eficiente de colheita da biomassa do meio de cultivo (ANDRADE; COSTA, 2008). 4. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Biocombustível da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no Departamento de Engenharia Agrícola no campus da cidade de Viçosa – MG. 4.1. Tipo de Pesquisa A pesquisa experimental é de natureza qualitativa e quantitativa, pois tem a finalidade de analisar o óleo de microalgas como alternativa para a produção de biodiesel. 4.2. Extração do Óleo de Microalgas O óleo analisado foi extraído da microalga Scenedesmus sp. pela equipe do Laboratório de Biocombustíveis da UFV, através do método de extração por solventes sendo eles Acetato de Etila e Hexano em proporção de (1:1) em volume. Para a realização dos experimentos, as amostras do óleo cru de microalgas passaram por um processo de purificação por fracionamento através de hidratação por solventes, para a preparação das amostras adicionou-se Hexano e Acetato de Etila em proporções 1:1 (v/v) e posteriormente adicionou-se Água, Acetona e Etanol em porcentagens experimentais de 90%, 70% e 50%. Para comparação dos resultados obtidos, utilizou-se o óleo de soja comercial como referência, o qual é considerado viável para a produção do biodiesel. 26 4.3. Análise Quantitativa e Qualitativa Os índices de acidez e saponificação, foram realizados e adaptados de acordo com a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008). As análises foram realizadas em triplicatas e foi utilizado o óleo de soja comercial como material de referência, por ser um óleo utilizado para a produção de biodiesel. A TLC foi realizada e adaptada de acordo com a metodologia do Guihéneuf; Schmid; Stengel, (2015). 4.3.1. Índice de Acidez Para medir o índice de acidez presente nas amostras fracionadas, pesou-se uma massa que varia de 0,1 a 0,3 g do óleo da microalga em um Erlenmeyer de 125 mL, preparou-se uma solução alcoólica contendo álcool etílico e éter etílico em uma proporção de 2:1 correspondente ao volume. Em seguida, adicionou-se 25 mL da solução alcóolica em um recipiente com 5 gostas de fenolftaleína. Após adicionar a solução alcoólica foi realizado a titulação da solução de hidróxido de sódio (NaOH) com molaridade de 0,1(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). O índice de acidez foi obtido a partir da equação 1: 𝑰𝑨 = (𝑩−𝑨)𝒙 𝒇𝒙 𝟓,𝟔𝟏 𝒎ó𝒍𝒆𝒐 (1) Em que: f: é o fator de correção, B: volume gasto mL na titulação do branco, A: volume gasto mL de KOH na titulação do óleo. m: massa do óleo pesado para realização da titulação. 4.3.2. Índice de Saponificação Foram pesados entre 0,1 a 0,3g de óleo fracionado de microalgas em um Erlenmeyer de 50mL e depois transferido para balão volumétrico onde foi acrescentado 25mL de solução de KOH. O balão volumétrico contendo o material foi colocado em uma chapa de aquecimento com agitador magnético da marca IKA C-MAG modelo HS7, conectado ao um banho termostatizado da marca TECNAL e modelo TE-2005, em um tempo padronizado de 2 horas. Após esse período de tempo, foi realizada a titulação com ácido clorídrico (HCl) à 1 molar, sendo usadas Equação 1: Índice de Acidez: 27 5 gotas de fenolftaleína como indicador (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). O índice de saponificação foi obtido a partir da equação 2 IS = 𝟓𝟔,𝟏 𝒙 (𝑩−𝑨) 𝒎 ó𝒍𝒆𝒐 (2) Em que: B: volume de HCL a 1 M gasto na titulação do branco A: volume de HCL a 1 M gasto na titulação da amostra m: massa do óleo em gramas 4.3.3. Cromatografia de Camada Fina (TLC) As análisespor cromatografia em camada fina (TLC) das frações lipídicas extraídas das biomassas, foram realizadas com a utilização de placas de alumínio ALUGRAM Xtra SIL G de 20x20cm, mas a corrida foi realizada em placa 10x10cm de dimensões da marca MACHEREY – NAGEL. Para determinar os fatores de retenção (Rfs), foram utilizados como padrão de Trioleína, Oleico e Monoleína. O mesmo foi colocado sobre as placas cromatográficas, juntamente com as amostras lipídicas da microalga e posteriormente, a placa foi colocada em uma cuba de vidro alta vertical (66x 60x100mm) com tampa, já saturada pelo o eluente hexano/éter etílico/ácido acético (70:30:1), por 30 minutos. Após o um período de 1 hora, as placas cromatográficas foram expostas a um vapor de iodo para revelar os componentes restantes (GUIHÉNEUF; SCHMID; STENGEL, 2015). 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Análise Quantitativa e Qualitativa do Óleo 5.1.1. Índice de Acidez Forma realizados os índices de acidez para todas as amostras fracionada através de hidratação por solventes, e analisou qual mais se aproximou do índice de acidez do óleo de soja de acordo com ANP (2014) que estabelece que índice de acidez para óleo vegetal para produção de biodiesel seja menor do que 0,5% mgKOH/g de óleo, viabilizando sua utilização na produção do biodiesel. Os resultados de cada análise estão apresentados nas tabelas 3 a 5, sendo os resultados do índice de acidez uma média das triplicatas realizadas em cada amostragem. Equação 2: Índice de Saponificação. 28 Tabela 5: Parâmetro do Titulante do Índice de Acidez. . Os parâmetros da solução titulante são necessários para a realização dos cálculos, conforme a equação 1. Tabela 6: Índice de Acidez do Óleo de Soja. Pode-se concluir que o índice de acidez obtido está de acordo com os parâmetros exigidos que é de acidez inferior a 0,5%. Esse resultado indica que o óleo de soja possui padrões para a produção de biodiesel e a eficiência do método adaptado de acordo com o Instituo Adolfo Lutz (2008). Tabela 7: Índice de Acidez para fracionamento de óleo de microalgas Com base nos resultados apresentados, pode-se aferir que o óleo que teve o índice de acidez mais baixo foi com o tratamento etanol 90%, sendo esse valor ainda superior ao encontrado por Garcia et al. (2015) e o exigido pela ANP (2014), no qual o índice de acidez deve ser menor do que 0,5%, para produção do biodiesel. O alto índice de acidez encontrado no presente trabalho, pode ter sofrido interferência no modo de preparo da amostra, por se ter utilizado mais de um solvente no processo de fracionamento, o que pode ter ocasionado hidrólise dos glicerídeos, fazendo com que existissem elevado teor de ácidos graxos livres. Outro fator que pode ter ocasionado esse alto índice é que por se tratar de um óleo de caráter ácido e cheio de pigmentos o tipo de fracionamento não foi tão eficiente. Ressalta-se que a metodologia aplicada para determinar o índice de acidez se Parâmetros da Solução Titulante Concentração (mol/L) 0,01 Fator de correção (f) 1,119 Massa Molar 56,1 ÍNDICE DE ACIDEZ Amostra Valor médio (mg KOH) Óleo de Soja 0,192 ÍNDICE DE ACIDEZ Tratamento Valor médio (mg KOH) Água 110,8 Etanol 90% 94,8 Etanol 70% 412,6 Etanol 50% 115,0 Acetona 90% 129,3 Acetona 70% 138,4 Acetona 50% 119,6 29 mostrou eficiente, pois a mesma funcionou para o óleo de soja. O resultado apresentado por Garcia et al. (2015), apresentou um valor mais baixo do que o do presente trabalho, mas ainda superior ao exigido pela ANP (2014), mostrando a complexidade do óleo de microalga. O que pode ter ocasionado o menor índice de acidez no trabalho do Garcia et al. (2015), foi a metodologia usada na extração, pois o mesmo utilizou menor quantidade de solvente, usou um sistema de purificação diferenciado do utilizado pela equipe do Laboratório de Biocombustíveis UFV e também o tipo de microalga e seu cultivo. De acordo com Sharma et al. (2008), dada as características do óleo de microalgas encontradas, deve-se utilizar uma transesterificação com catalisadores ácidos, para evitar os pré-tratamentos e, consequentemente, converter os ácidos graxos livres a ésteres. 5.1.2. Índice de Saponificação Os resultados do índice de saponificação do óleo da microalga foram comparados com o índice de saponificação do óleo de soja comercial. Os resultados da análise estão apresentados nas Tabelas de 6 a 8, sendo que os resultados são as médias das triplicatas realizadas. Tabela 8: Parâmetros do Titulante do Índice de Saponificação. Os parâmetros da solução titulante são necessários para a realização dos cálculos conforme a equação 2. Tabela 9: Índice de Saponificação Óleo de Soja. Foi realizado o índice de saponificação do óleo de soja comercial, para analisar se o mesmo se enquadra nos parâmetros exigidos pela ANVISA (1999) que estabelece que para a produção de biodiesel que o índice de saponificação do óleo vegetal deve estar entre os valores de 177 a 195 mgKOH/ g. Conclui-se que o valor do índice de saponificação do óleo de soja está dentro dos padrões exigidos pela Parâmetros da Solução Titulante Concentração (mol/L) 1 Fator de correção (f) 1,003 Massa Molar 56,1 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO Amostra Valor médio (mg KOH) Óleo de Soja 186,110 30 ANVISA, e indica que o método utilizado foi eficiente para a análise de saponificação. Tabela 10: Índice de Saponificação para as condições de fracionamento do óleo de Microalgas Chen, et al. (2015), encontrou um índice de saponificação para microalga variando de 160,6 - 185,82 mg KOH/g, e o valor encontrado no experimento realizado no presente trabalho mostra um índice de saponificação superior aos do óleo de soja estabelecido pela ANVISA (1999), e o encontrado por Chen, et al. (2015) para óleo de microalga conforme a Tabela 2. O alto índice de saponificação do óleo de microalga varia de acordo com a espécie de microalga, situação de cultivo, métodos de extração e purificação. Pela análise dos resultados, pode-se perceber que o que mais se aproximou do índice de saponificação foi o óleo tratado a Etanol 50%, mas mesmo assim mantém uma diferença bem alta em relação ao índice de saponificação do óleo de soja. Todos as amostras mostram que a cadeia lipídica do óleo sofreu várias hidrólises resultando em ácidos graxo com o menor peso molecular, dificultando a conversão do biodiesel (CHEN, et al., 2015). Essa hidrólise que resultou no alto índice de saponificação. 5.1.3. Cromatografia em Camada Fina (TLC) As amostras dos fracionamentos do óleo de microalgas, foram comparados com o padrão colocado na placa cromatográfica, pois no padrão existe a presença de triglicerídeos (Trioleína), ácido graxos livres (ácido oleico) e lipídeos polares (Manoleína), que são facilmente identificados pela afinidade com o eluente. Através da realização da TLC, verificou-se e caracterizou-se os principais lipídios presente no óleo de microalga, através da distância percorrida pelo eluente na placa, sendo esta distância de acordo com a afinidade e polaridade dos solventes (eluentes) utilizados. ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO Tratamento Valor médio (mg KOH/g) Água 90% 747,1 Etanol 90% 9564,0 Etanol 70% 357,1 Etanol 50% 236,5 Acetona 90% 4596,9 Acetona 70% 841,4 Acetona 50% 439,1 31 De acordo com Guihéneuf; Schmid; Stengel, (2015), o tipo de eluente (éter de petróleo, éter etílico e ácido acético) colocado na cuba identificaria os lipídios neutros. Figura 4: TLC do Óleo de Microalgas em diferentes amostras, no qual: 1: Padrão, 2: Água, 3: Acetona 50%, 4: Acetona 70%, 5: Acetona 90%, 6: Etanol 50%, 7: Etanol 70%, 8: Etanol 90%. Por meio do resultado da cromatografia e do padrão colocado para identificaçãodos lipídeos é possível verificar que o óleo de microalgas contém todos os lipídios presentes em relação a amostra padrão utilizada na placa cromatográfica. Os outros compostos identificados na placa, são uma suposição de lipídio sugerido pela Figura 3, a cromatografia realizada por Guihéneuf; Schmid; Stengel, (2015), no qual identificou Éster de ácido graxo na faixa em questão. 32 6. CONCLUSÃO Conclui-se que: O melhor valor encontrado para o índice de acidez do óleo extraído foi o tratado com etanol a 90% com um valor de 94,8 mgKOH/g, sendo um valor elevado se comparado com o óleo de soja analisado que obteve um I.A. de 0,192 mgKOH/g e o exigido pela ANP (2014) que estabelece um valor menor do que 0,5% de mgKOH/g. Esse resultado pode ser proveniente da elevada presença de ácidos graxos livres ou devido ao fato de ser um óleo de caráter ácido e contendo alto teor de pigmento como clorofilas que pode elevar o índice de acidez. O óleo tratado com etanol 50% teve o melhor valor 236,5 mgKOH/g, sendo esse um valor superior do que foi encontrado no óleo de soja 186,11 mgKOh/g e do padrão da ANVISA (1999) que varia de 177 a 195 mgKOH/g. Esse resultado sugere que houve hidrólise na cadeia lipídica fazendo com que exista muitos ácidos graxos de menor peso molecular. Não houve relação entre os I.A e I.S do melhor fracionamento das amostras, embora fosse esperado que os dois índices fossem melhores na mesma amostragem. Utilizando a técnica de TLC foi possível comprovar que o óleo de microalga é uma alternativa para a obtenção do biodiesel, pois existe em sua composição os ácidos graxos essenciais para a produção do mesmo. Mesmo apresentando índices de acidez e saponificação elevado. Para trabalhos futuros, recomenda-se o estudo de uma melhor forma de purificação das amostras dos óleos de microalgas utilizando menos variedades de solventes. 33 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999. D.O.U. – Diário oficial da União; Poder Executivo, de 13 de outubro de 1999. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Análise de conjuntura de biocombustíveis. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 03 fev. 2019. BARBOSA, Banny Silva et al. Aproveitamento do Óleo das Amêndoas de Tucumã do Amazonas na Produção de Biodiesel. Acta Amaz., Manaus , v. 39, n. 2, p. 371-376, 2009 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044- 59672009000200015&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 21 maio 2019. BAUMGARDT, F. J. L. Extração de Óleo de Microalga com Fluido Pressurizado e Avaliação de sua Conversão em Monoésteres Graxo. 2013. 97 folhas. 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