Buscar

Memorial Tributário

Prévia do material em texto

iii. Limite da competência tributária 
Além do seu caráter arbitrário, a atuação da Fazenda pública no caso em tela , justifica-se por evitar a evasão fiscal ao instituir imposto de renda sobre operação que não causou aumento patrimonial. Tal justificativa, além de completamente equivocada, viola garantias sedimentares do texto constitucional.
Em nenhum momento, na atuação da Fazenda pública, pode-se constatar que a mesma tenha verificado existência de critérios temporais, materiais e quantitativos da pretensão, pelo contrário, o réu preferiu interpretar o conceito de renda de modo extensivo, o que é totalmente inadequado na exigência do pagamento do tributo que esteja em conformidade com o ordenamento jurídico pátrio.
Somente seria possível a imposição de novo dever tributário ao contribuinte se a autoridade fazendária gozasse de poderes de regulamentação. Em todo o diploma legal não se encontra nenhum dispositivo que confira tal poder à Fazenda Pública, logo, impor a obrigação de se pagar IPRF sobre valores não incorporados ao patrimônio do contribuinte vai de encontro à legalidade.
Princípios Constitucionais Específicos do IRPF
i. Universalidade
Em artigo recente, o advogado tributarista Marcelo Magalhães Peixoto discorre acerca do Conceito Constitucional de Renda. Quando trata dos princípios fundamentais do imposto de renda, assevera que:
Ao disciplinar o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, o legislador pátrio tem o dever de observar e respeitar os Princípios Constitucionais tributários, sem qualquer exceção. Assim, aplicam-se a ele, entre outros, os princípios da legalidade, anterioridade, irretroatividade, isonomia, impossibilidade de confisco, capacidade contributiva.  
Ademais, exige o Texto Constitucional em seu artigo 153, §2º, inciso I, que o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza seja informado, nos termos da lei, pelos critérios da generalidade, universalidade e progressividade.
Isso significa que o Imposto de Renda deverá incidir sobre todas as espécies de rendas e proventos de qualquer natureza (generalidade[25]), auferidos por todas as pessoas – observados os limites da própria competência tributária (universalidade) e que, quanto maior o acréscimo de patrimônio, maior deverá ser a alíquota aplicável (progressividade).
A universalidade constante no princípio constitucional encontra freios na própria Constituição uma vez que há em todo o ordenamento uma estrutura normativa hierarquizada. 
Assim sendo, a incidência da obrigação do pagamento do imposto de renda só ocorrerá quando restar inequívoca a constatação de que houve um aumento patrimonial efetivo ao contribuinte. Sobre a causa do aumento patrimonial, sendo renda, aí sim, poderia incidir o imposto.
REFERÊNCIA
PEIXOTO, Marcelo Magalhães. O conceito constitucional de renda. Migalhas. 
Disponível em<https://www.migalhas.com.br/arquivo_artigo/o%20conceito%20c
onstitucional%20de%20renda222.htm>. Acesso em: 06 de maio de 2020.

Continue navegando