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Obra Justiça o que é fazer a coisa certa

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FICHA LEITURA – CAPÍTULO 2 
Obra: Justiça: o que é fazer a coisa certa? 
Autor: Michel J. Sandel 
Editora: Civilização Brasileira 
Edição: 6ª Ano: 2012 
Local: Rio de Janeiro 
Capítulo 2: O princípio da máxima felicidade / O utilitarismo
Na primeira parte do capítulo, o autor traz a história de quatro marinheiros que, a deriva, buscavam meios de sobrevivência por longos dias no mar, até que um deles adoeceu e os demais resolveram assassiná-lo para terem o que comer e sobreviverem até o resgate. Após serem resgatados, dois deles foram julgados pelo assassinato. 
Depois dessa narrativa, o autor propõe a reflexão de como se daria a análise do que seria correto/moral a fazer-se diante do caso exposto e chega a conclusão de que existem duas linhas de pensamento: a utilitarista ou consequencialista, que tem como seu fundador e principal representante Jeremy Bentham (pode-se citar também como utilitarista John Stuart Mills); e por outro lado a ética kantiana, representada por Emmanuel Kant. 
O utilitarismo preza pela maximização do prazer e minimização da dor trazendo como importante para a análise da moral a utilidade das consequências geradas pelos atos, levando em consideração o princípio da utilidade (agir sempre de forma a maximizar o bem-estar), a ação que seguir esse princípio será moral. 
Já a ética kantiana realiza uma abordagem deontológica, através deste pensamento despreza-se a consequência e analisa-se diretamente a ação que deu origem àquele resultado e se aquela ação é moral, então seu resultado também será (tem suas premissas fundadas no imperativo categórico e no princípio universal do direito). 
O capítulo, no entanto, visa tratar da lógica utilitarista, desta forma traz dois grandes exemplos de aplicação da mesma criados por Bentham visando a maximização do bem estar: o presídio de Panopticon - que gerenciado por um empresário visaria auferir lucros com o trabalho dos presos; e a casa dos mendigos objetivando o bem-estar social (o sentimento das pessoas ao de encontrar um mendigo é de dor para os mais sensíveis ou de repulsa para os menos, ocasionado de toda forma mal-estar social), assim os mendigos ficariam presos em um abrigo, trabalhando para pagar suas despesas (e não onerando os contribuintes), Bentham pensou inclusive em como separar as pessoas dentro do abrigo de forma que elas não sentissem tanto mal-estar em estarem presas. 
Porém, traz o autor objeções a visão utilitarista. A primeira delas trata que apesar da observância do bem-estar coletivo haveria violação direta aos direitos humanos quando se considera o âmbito individual. 
Nesta seara traz três situações: o caso dos cristãos jogados aos leões, a tortura de um terrorista e a cidade da felicidade. 
No caso do coliseu levanta que o sacrifício de um cristão diante do bemestar (divertimento de todos) dos Romanos se o número de Romanos satisfeitos fosse muito maior ao número de cristãos, poderiam os utilitaristas repudiar a pratica dizendo que ela poderia aumentar a violência nas ruas de Roma ou disseminar o medo entre as possíveis vítimas sendo essas questões mais relevantes frente a quantidade de Romanos que se divertiriam, conclui o autor que ainda assim não faltaria algo moral para o raciocínio. 
Já no que tange a tortura apresenta dois casos distintos, a tortura de um terrorista que implanta uma bomba que matará milhares de inocentes, seria moral diante do resultado morte de inocentes torturar uma pessoa? Diz que não se trata de uma tortura de um inocente, mas sim de um possível terrorista, desta forma a ética utilitarista encontraria sua forma na medida em que sacrificar-se-ia uma pessoa diante da salvação de milhares. No entanto, seriam esquecidos os direitos humanos e a dignidade frente ao risco corrido por um grande número de pessoas? Assim, avaliar-se-iam os custos e benefícios? 
Por outro lado, expõe o conto da cidade da felicidade que em síntese diz que existe uma cidade em que não há reis nem escravos e todos são felizes, porém para que essa felicidade geral não ruísse deveriam manter em cativeiro sob condições sub-humanas uma criança, todos da cidade sabiam que a criança estava presa e nada faziam. Chega a conclusão de que a objeção cunhada nos direitos humanos diz que não seria moralmente aceito violar os direitos de uma criança mesmo que isso significasse a infelicidade de uma cidade inteira. 
A segunda objeção tratada é a tentativa de pautar todas as relações por uma moeda comum a fim de transformar a escolha moral uma ciência, assim traz que o utilitarismo mediante a mensuração de custos e benefícios e muito utilizado pelos governos para tomar decisões para a sociedade. 
Dentro dessa objeção exemplificativamente são descritas hipóteses que em maior ou menor grau tentaram mensurar e valorar a vida humana no intuito de encontrar uma moeda comum. Desta forma foi descrita o caso da empresa de cigarros que para se opor ao aumento de impostos estimou o lucro que o governo teria com a morte prematura de fumantes; também foi colocado o caso dos tanques de gasolina de carros Ford que explodiam e a empresa invés de encontrar solução que desse mais segurança aos carros verificou que seria mais vantajoso continuar causando mortes e ferimentos, apenas em virtude de uma calculo monetário valorando a vida dos seres humanos; e um terceiro caso que valorou a vida de idosos inferiormente a vida de pessoas mais jovens. Porém, apesar de atribuídos valores diferentes em cada caso, traz o autor que independentemente do valor, seria correto monetizar a vida humana? 
Após tais considerações o autor introduz um outro utilitarista, John Stuart Mill, que tenta recuperar a ética utilitarista através da conciliação entre a relação custo/benefício e os direitos individuais. Mill é de uma geração posterior a Bentham e buscava uma teoria mais humana e menos calculista. 
Diz o autor que a teoria de Mill visa expandir as liberdades individuais, não sendo o Estado parte legitima para interferir a menos que o excesso de liberdade esteja prejudicando outras pessoas. 
Traz que Mill embasa sua teoria no utilitarismo, ainda que parece que o utilitarismo é uma corrente fraca para defendê-la. E apesar de Mill defender que sua teoria é uma reformulação da de Bentham, o autor afirmar que é uma heresia ao utilitarismo pois apela para valores morais além dos admitidos no utilitarismo apesar de ser uma grande contribuição para a individualidade. Além disso, traz que Mill responde a segunda objeção ao utilitarismo. Faz referência a possibilidade de não apenas quantificar o prazer ou a dor, mas sim qualificar. Esclarece o autor que Mill salvou o utilitarismo da acusação de que ele apenas leva em consideração um calculo primitivo de dor e prazer, mas que apenas consegue fazer isso invocando princípios estranhos ao utilitarismo como a dignidade e personalidade humana. 
Ao final do texto refere que Bentham foi um filosofo mais consistente e que Mill foi mais humano, e conta a história das exigências de Bentham pós morte, que tem seu corpo embalsamado e exposto em uma urna de vidro na University College de Londres.

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