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Prévia do material em texto

Copyright 2019 – Autora 
Proibida a reprodução dos textos originais, mesmo parcial, por qualquer 
processo sem autorização da autora. 
 
1ª Edição 
Autora: Thais Cristine Lopes de Sousa, 2019. 
Ilustração: Lucas Vinícius Borges Valadares 
www.thaiscristine.com.br 
http://www.thaiscristine.com.br/
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
Mãe, te dedico! 
 
Esse projeto (Saúde Pelve) foi minha rota de fuga... 
Foi minha estratégia de preencher o vazio sem você aqui 
 
E fugindo da dor me conectei a você, 
a sua existência infinita e eterna em mim. 
 
Aqui tem tanto de mim, e eu tenho tanto de você. 
 
Obrigada por tanto! 
Obrigada por tudo! 
 
Com amor, 
Sempre sua, “Bonitinha da mamãe”. 
 
(Gracilaine Lopes de Sousa 28/02/65 - 25/04/19) 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus pelo seu “impressionante, infinito e ousado amor” 
e por sempre preparar o melhor para mim. 
Agradeço aos meus pais por todo investimento de tempo, recursos 
e valores. 
Agradeço a todos os mestres que passaram pela minha vida e 
deixaram sua parcela de contribuição para eu chegar até aqui. 
Agradeço ao meu esposo Rafael por acreditar no meu potencial, por 
abraçar meus projetos e por sonhar junto comigo. 
Agradeço a minha filha Catharina, quem me fez viver a experiência 
mais transformadora da minha vida: a maternidade. 
Agradeço aos meus pacientes e alunos por depositarem em mim 
confiança, e muitas vezes esperança. 
E por fim, agradeço a minha prima-irmã Pâmella, que 
carinhosamente aceitou o convite de prefaciar essa obra, fruto de uma 
semente que ela ajudou a plantar; e por sua amizade tão presente desde 
sempre. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................... 9 
 
2 INTRODUÇÃO A FISIOTERAPIA PÉLVICA ................................................ 11 
2.1. A Escolha da Área de Atuação ............................................................ 11 
2.2. O que é Fisioterapia Pélvica? .............................................................. 12 
2.3. Precisa ser Especialista para Atuar na Fisioterapia Pélvica? .......... 12 
 
3 BASES E FUNDAMENTOS DA FISIOTERAPIA PÉLVICA ......................... 14 
3.1. Anatomia da Pelve ................................................................................ 14 
3.1.1. Cavidade Pélvica................................................................................................... 15 
3.1.2. Assoalho Pélvico ................................................................................................... 15 
3.1.3. Diafragma da Pelve (camada profunda) ............................................................... 16 
3.1.4. Diafragma Urogenital (camada superficial) .......................................................... 17 
3.1.5. Períneo - Região da Genitália ............................................................................... 18 
3.1.6. Tipos de Fibras Muscular ...................................................................................... 18 
3.1.7. Inervação.............................................................................................................. 20 
3.2. Avaliação Fisioterapêutica .................................................................. 21 
3.3. Sistema Urinário e Disfunções Pélvicas ............................................. 22 
3.3.1. Neurofisiologia do Trato Urinário ......................................................................... 23 
3.3.2. Continência Urinária............................................................................................. 26 
3.3.3. Principais Distúrbios Miccionais ........................................................................... 26 
3.3.4. Tratamento Fisioterapêutico nos Distúrbios Miccionais ....................................... 34 
3.4. Sistema Intestinal e Disfunções Pélvicas ........................................... 42 
3.4.1. Neurofisiologia da Continência Anal e da Defecação ........................................... 42 
3.4.2. Reflexos Envolvidos na Continência Anal e Defecação ......................................... 44 
3.4.3. Tratamento Fisioterapêutico da Incontinência Fecal ............................................ 48 
3.4.4. Terapia Comportamental na Incontinência Fecal ................................................. 50 
3.5. Sexualidade e Disfunções Sexuais ..................................................... 53 
3.6. Dor pélvica crônica............................................................................... 60 
3.7. Prolapso genital .................................................................................... 61 
 
4 COMO CAPTAR PACIENTES ..................................................................... 63 
 
 
5 COMO GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS .................................. 67 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 70 
 
7 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ................................................................ 71 
 
8 ANEXOS ....................................................................................................... 72 
ANEXO 1 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROLOGIA ............................................................... 73 
ANEXO 2 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROGINECOLOGIA .................................................. 77 
ANEXO 3 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROPEDIATRIA ........................................................ 81 
ANEXO 4 - FICHA DE AVALIAÇÃO DA GESTANTE ................................................................ 84 
ANEXO 5 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM PROCTOLOGIA ......................................................... 87 
ANEXO 6 – DERMÁTOMOS LOMBOSSACRAIS, NERVOS CUTÂNEOS E REFLEXOS ............... 91 
ANEXO 7 – DIÁRIO MICCIONAL .......................................................................................... 92 
ANEXO 8 – FICHA DE EVOLUÇÃO ....................................................................................... 93 
ANEXO 9 - SUGESTÕES DE ESCALAS E QUESTIONÁRIOS ..................................................... 94 
 
 
PREFÁCIO 
 
“Como captar pacientes e garantir os melhores resultados na 
fisioterapia pélvica.” é a consolidação de tudo que Thais Cristine fez 
certo nos seus 10 anos de carreira. Um livro sobre tudo que a ajudou a 
ter os melhores resultados e a autoridade em sua carreira de hoje. Foi 
feito especialmente para ajudar você. 
A autora me convidou para esse prefácio pois eu verdadeiramente 
a conheço, conheço suas razões e motivações. Então, resolvi destacar 
aqui sobre o que eu mais admiro nela: Thais é! 
Thais é fisioterapeuta. Isso é sua identidade, característica e 
propriedade intrínseca. Falo para você não sobre algo feito em 40 horas 
semanais ou em 25horas/aula, é algo que ela busca a cada segundo. 
Thais é fisioterapeuta por amor, por convicção, por propósito! Não 
por acaso, não para ver no que vai dar, não porque pode dar dinheiro. 
Aqui dou destaque para seu afeto, sensibilidade, empatia e 
comprometimento com o próximo, principalmente seus pacientes e 
alunos. 
Thais é especialista em fisioterapia pélvica. Uma especialidade que 
lida com tabus, com a intimidade do ser humano, com a reabilitação de 
funções essenciais a nós. Fica evidente aqui seu profissionalismo, sua 
seriedade e a busca constante pela excelência. 
 Thais é professora. Esse livro é a materialização disso! Imagine 
você não ter que passar pelos percalços que ela passou e receber 
estruturado todos os passos que deram certo! 
 
Ao ler esse livro me admirei com a obstinação de Thais em garantir 
que você trilhe um caminho mais seguro do que o que ela mesma trilhou. 
Uma das características mais notáveis desse trabalho é a fina 
sensibilidade e preocupação da autora com os profissionais da fisioterapia 
pélvica, bem como sua constante buscapor desmistificar a área. 
Assim, eu o recomendo a você: profissional que quer ter mais 
resultado no trabalho com a fisioterapia pélvica e que, assim como Thais, 
busca ser! 
Pâmella Bandeira 
Mestra em Administração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 9 
1 APRESENTAÇÃO 
Há 4 anos eu ministro um curso de Fisioterapia Pélvica e Sexologia 
Humana de 25 horas/aula pelo Instituto Mundo Fisio. Quando recebi o 
convite para ministrá-lo o conteúdo programático já estava definido. 
Confesso que achei ousada a quantidade de assuntos que ele 
contemplava para tão curto espaço de tempo. 
Faltavam cerca de 2 semanas para curso acontecer, e aceitar o 
convite implicava em três coisas: 
• Eu iria programar meu primeiro curso; 
• Havia menos de 2 semanas para o início; 
• O desafio de contemplar todo o conteúdo programático, pois 
propaganda enganosa definitivamente não é comigo. 
VOCÊ ACHA QUE EU ACEITEI O CONVITE? 
 
Claro que sim! Meus olhos sempre brilharam para docência. 
Desde muito cedo percebi que tinha facilidade de ensinar. Na oitava 
série fui monitora de matemática e pude começar a exercitar esse talento. 
Na faculdade, monitora de cinesiologia por cinco períodos. No semestre 
anterior ao convite tive oportunidade de supervisionar o Estágio de 
Fisioterapia na Saúde da Mulher da PUC-Goiás e Coordenar a Liga 
Acadêmica de Fisioterapia na Saúde da Mulher (LAFISAM) também da 
PUC-Goiás. 
Voltando ao planejamento do meu primeiro curso, a estratégia foi 
me ater aos pontos chaves de cada tópico e correlacioná-los da melhor 
forma. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 10 
E deu certo! O curso foi bem avaliado pelos alunos, e logo veio o 
convite para uma nova turma. Já foram 15 turmas concluídas, e a 16ª já 
está com data marcada para novembro de 2019. 
Desde que aceitei o desafio de ministrar um curso de fisioterapia 
pélvica e sexologia humana em 25h/aula ficou claro para mim que o 
objetivo principal desse curso seria apresentar a fisioterapia pélvica, 
introduzir sexologia e correlacionar os dois assuntos. 
Isso mesmo! Apresentar e introduzir! Essa atuação não é muito 
explorada nas graduações de fisioterapia e por mais que os cursos 
contemplem a disciplina Saúde da Mulher (disciplina que normalmente 
aborda a fisioterapia aplicada as disfunções de assoalho pélvico, ou 
fisioterapia pélvica), muitas faculdades não oferecem estágio curricular, 
ou quando oferecem normalmente é por tempo insuficiente para gerar 
segurança no aluno. 
A segurança a que me refiro é a de compreensão do que se trata, 
não de se sentir expert, mas a de se sentir capaz de começar. E essa é a 
minha missão, ajudar você a se sentir capaz de começar! Para isso fique 
atento as dicas abaixo. 
 
 
Comece treinando o que aprendeu no curso em alguém da 
sua confiança. Pode ser uma amiga, uma prima, uma tia, a 
mãe, a(o) namorada(o), a(o) esposa(o). Só depois agende um 
paciente! 
 
 Leia esse material até o final! 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 11 
2 INTRODUÇÃO A FISIOTERAPIA PÉLVICA 
2.1. A Escolha da Área de Atuação 
Esse material parte do pressuposto de que a profissão já foi 
definida: fisioterapeuta. E, portanto, a dúvida seria sobre a escolha da 
área de atuação. 
Se você não tem certeza se está na profissão certa, sugiro que 
pause agora e pense sobre o que o motivou a escolher a fisioterapia, a 
concluir o curso e a exercer. 
Pensou? Você se identifica com essa escolha? Agora faça o mesmo 
com a escolha da área de atuação. 
Já adianto que se a sua motivação for dinheiro, você escolheu o 
critério errado. Dinheiro é a consequência e não a razão. Retorno 
financeiro, como o próprio nome diz é o retorno. Algo precisou ser dado 
em troca. Esse algo é trabalho duro. 
Só se consegue trabalhar duro por uma causa que realmente faça 
sentido e te deixe entusiasmado. Você precisa amar o que faz ou pelo 
menos amar sua motivação. Essa descoberta requer contato, vivência. É 
preciso experimentar, e antes disso conhecer. 
Lembra do curso o qual falamos no início, pois é, assim com ele, 
esse livro tem os objetivos de: 
1. Apresentar a fisioterapia pélvica, ou pelo menos a sua 
essência; 
2. Despertar o seu interesse em experimentar; 
3. Construir base sólida por meio de fundamentos e 
ferramentas para começar com segurança. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 12 
Esse livro foi pensado para servir de material de apoio 
especialmente para os meus alunos, mas também para todos os 
fisioterapeutas e acadêmicos de fisioterapia que pretendem iniciar na 
fisioterapia pélvica. 
 
2.2. O que é Fisioterapia Pélvica? 
É uma área de atuação da fisioterapia que lida com os transtornos 
e disfunções da pelve, especialmente do assoalho pélvico (grupo de 
músculos que fecham a cavidade pélvica). Dentre esses transtornos e 
disfunções estão: incontinência urinária, incontinência fecal, disfunções 
sexuais (masculinas e femininas), prolapso genital, dor pélvica. 
Além desses, a retenção urinária e a obstipação intestinal também 
são alvos da nossa atenção e atuação. Preparar o períneo de grávidas 
visando prevenção de disfunções e o preparo para o parto normal com 
menor risco de laceração também é papel da fisioterapia pélvica. 
 
 
2.3. Precisa ser Especialista para Atuar na 
Fisioterapia Pélvica? 
Não. Para atuar na fisioterapia pélvica é necessário ser 
fisioterapeuta e se sentir competente para atender na área. Contudo 
conforme consta no edital da prova de especialidades do Conselho 
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) 
“a especialidade é uma área particular do conhecimento, exercida pelo 
profissional qualificado a executar procedimentos de maior complexidade, 
para atender demanda específica das necessidades sociais. O título de 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 13 
especialista é um certificado de qualificação profissional e será expedido 
pela associação conveniada ao COFFITO, e homologado por este”. 
A associação em questão é a Associação Brasileira de Fisioterapia 
em Saúde da Mulher (ABRAFISM). Para receber o título de Especialista 
é necessário realizar o Exame Nacional de concessão de títulos e obter 
nota mínima e ter registro ativo em Conselho Regional de Fisioterapia por 
no mínimo 24 meses. No rol de especialidades que o COFFITO 
reconhece a Saúde da Mulher, é a que abarca a atuação da fisioterapia 
pélvica. 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 14 
3 BASES E FUNDAMENTOS DA FISIOTERAPIA 
PÉLVICA 
 
Antes de se preocupar em captar pacientes é preciso pensar em se 
capacitar para os pacientes. Isto é, preparar-se para entregar bons 
resultados. Sem dúvida esta é a melhor estratégia para conquistar 
reconhecimento profissional. 
Capacitação é um processo contínuo e se torna mais fluido e 
prazeroso quando as bases são sólidas e bem compreendidas. Neste 
capítulo destaquei pontos que considero essenciais na Fisioterapia 
Pélvica, e os organizei de forma estratégica para formação de uma linha 
de raciocínio que possibilite ampla compreensão desta área de atuação. 
 
3.1. Anatomia da Pelve 
Pelve é a região inferior do tronco onde confluem o tronco e os 
membros inferiores. 
 
Figura 1 – Anatomia Óssea da Pelve 
 
→ Pelve óssea 
→ Cavidade pélvica 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 15 
3.1.1. Cavidade pélvica 
A cavidade pélvica possui as seguintes delimitações: 
• Ântero-lateralmente: ossos do quadril e músculo obturador 
interno; 
• Posteriormente: sacro, cóccix e ligamentos sacroespinhal e 
sacrotuberal;• Inferiormente: diafragma da pelve; 
• Abertura superior: margem superior da sínfise púbica até o 
promontório sacral. 
 
 
3.1.2. Assoalho Pélvico 
 
Figura 2 - Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) 
 
 O assoalho pélvico é um conjunto de músculos e ligamentos com 
função de sustentação das vísceras pélvicas; ação esfincteriana para 
uretra, reto e vagina; passagem de um feto a termo. 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 16 
Composição: 
→ Peritônio parietal 
→ Diafragma da pelve 
 
 
3.1.3. Diafragma da Pelve (camada profunda) 
 
 
Figura 3 – Camada Profunda do Assoalho Pélvico (Diafragma da Pelve) 
 
 
→ m. isquiococcígeo (coccígeo) 
→ Levantador do ânus: 
• m. pubococcígeo 
• m. puborretal 
• m. iliococcígeo 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 17 
3.1.4. Diafragma Urogenital (camada superficial) 
 
 
Figura 4 – Músculos do Períneo (Diafragma Urogenital) 
 
 
→ m. bulboesponjoso (ou m. bulbocavernoso) 
→ m. isquiocavernoso 
→ m. transverso superficial do períneo 
 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 18 
3.1.5. Períneo - Região da Genitália 
 
 
Figura 5 – Períneo masculino e períneo feminino 
 
 
 
3.1.6. Tipos de fibras muscular 
 
 
Figura 6 - Fibras muscular 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 19 
 
Lembrando, assoalho pélvico é musculatura esquelética assim 
como os músculos dos membros superiores e todos os outros de 
contração voluntária. 
 
Tipos de fibras muscular 
→ tipo I – vermelha 
→ tipo IIa – Pálida 
→ tipo IIb – branca 
→ tipo IIc 
 
Fibras Tipo I – Vermelha 
• resistência a fadiga 
• metabolismo aeróbio 
• alta concentração de mitocôndrias 
• excelente suprimento sanguíneo 
• são para contração muscular sustentada 
Fibras Tipo IIa – Pálida 
• intermediárias 
• metabolismo aeróbio considerável 
• concentração razoável de mitocôndrias 
• são para atividade fásica sustentada 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 20 
Fibras Tipo IIb – Branca 
• contração rápida 
• glicólise anaeróbia 
• baixa concentração de mitocôndrias 
• vascularização pobre 
• baixa resistência à fadiga 
• atividade fásica e curta 
O Assoalho pélvico é composto predominantemente por fibras 
tônicas (70%), musculatura de suporte e sustentação. Isso deve ser 
levado em consideração ao planejar o treinamento para esse grupo 
muscular. 
 
 
3.1.7. Inervação 
 
Figura 7 – Nervo Pudendo 
 
O nervo pudendo é o responsável pela maior parte da inervação dos 
músculos e pele do períneo (nervo sensitivo e motor). É ramo do 2º, 3º e 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 21 
4º nervos sacrais e eventualmente pode receber contribuição de S1 e/ou 
S5. 
3.2. Avaliação Fisioterapêutica 
 A avaliação fisioterapêutica inicia-se com a coleta de dados 
que identificam o paciente (nome, data de nascimento, idade, sexo, 
escolaridade, endereço, telefone). 
Na sequência inicia-se a etapa da anamnese para identificar a 
queixa principal, a história dessa queixa, hábitos e histórico geral de 
saúde do paciente. 
Aqui investiga-se sistema urinário, sistema intestinal, história 
ginecológica nas mulheres, função sexual. Confere-se os exames 
complementares pertinentes (exame de urina (EAS e Cultura), PSA 
(homens), estudo urodinâmico, manometria, dentre outros). 
Logo após, realiza-se o exame físico que se inicia com a inspeção 
(coloração, sinais de infecção, trofismo, cicatrizes) seguida da palpação 
especialmente da região abdominal e da região perineal com foco nos 
músculos do assoalho pélvico. 
No exame físico é avaliado o tônus; sensibilidade; mobilidade 
tecidual e articular; coordenação, força e resistência muscular; presença 
de reflexos (bulbocavernoso, cutâneo-anal, reflexo de tosse). 
O esquema PERFECT é uma estratégia de avaliação subjetiva da 
contração muscular do assoalho pélvico. A saber: 
• P = Power (força): classificação da força muscular de acordo 
com a Escala Oxford. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 22 
• E = Endurance (resistência): tempo em segundos em que se 
consegue sustentar com a mesma intensidade uma contração 
voluntária. 
• R = Repetitions (repetições): corresponde a quantidade de 
repetições de contrações sustentadas por 5 segundos após 
repouso de 4 segundos. 
• F = Fast (rapidez): número de contrações rápidas (de 1 
segundo) de mesma intensidade/qualidade após 2 minutos de 
repouso. 
• ECT = na prática é a somatória demais valores. Com a 
evolução esse valor deverá aumentar para indicar progresso. 
 
A fim de complementar a avalição o fisioterapeuta pode utilizar 
instrumentos (questionários validados, diários, escalas). Em anexos estão 
disponíveis alguns instrumentos que podem ser úteis, bem como modelos 
de fichas de avaliação. 
Ao final da avaliação o fisioterapeuta deve ser capaz de dar um 
diagnóstico funcional, traçar objetivos e selecionar as condutas que 
adotará para tratar o paciente. 
 
 
3.3. Sistema Urinário e Disfunções Pélvicas 
Para saber prevenir e tratar as disfunções do assoalho pélvico e 
dos sistemas relacionados a ele é importante compreender 
a função desses sistemas. Começarei pontuando os pontos-chave do 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 23 
sistema renal, mais precisamente os aspectos mais relevantes do trato 
urinário inferior. Isto porque as incontinências urinárias (perda involuntária 
de urina) são muito prevalentes nos consultórios de fisioterapia pélvica. 
 
3.3.1. Neurofisiologia do Trato Urinário 
 
 Trato Urinário Inferior 
O trato urinário inferior (TUI) é composto pela bexiga e uretra, e 
nos homens também a próstata. 
A bexiga é composta por três camadas: 
→ Camada serosa (externa) 
→ Músculo detrusor (camada média) 
→ Mucosa (camada interna) 
 
Ela pode ser considerada a guardiã dos rins. Para que funcione 
normalmente e garanta a continência, ou seja, controle vesical sem 
escape de urina, é necessário que três condições estejam preservadas 
na bexiga: 
→ Complacência: capacidade de armazenar grandes volumes a 
baixas pressões (complacência normal) 
• baixa complacência: a bexiga armazena pequenos volumes a 
altas pressões. 
• alta complacência: atinge volumes acima do normal sem 
mudança da pressão vesical. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 24 
→ Estabilidade: capacidade de armazenar urina sem contração 
detrusora (fase de enchimento sem contração). 
→ Sensibilidade: se alterada pode acarretar hipossensibilidade ou 
hipersensibilidade. 
 
A micção é composta por duas fases: enchimento e esvaziamento. 
O controle consciente da micção é de responsabilidade do giro 
paracentral, do lobo frontal, no córtex cerebral. Na ponte localiza-se o 
centro da micção responsável pelo controle motor. O trato retículo-
espinhal integra informações dos centros superiores com os centros 
medulares simpático e parassimpático. 
A bexiga e a uretra recebem inervação autônoma simpática (nervo 
hipogástrico) e parassimpática (nervo pélvico). Elas atuam de forma 
antagônica na micção. Inervação somática sensitivo-motora (nervo 
pudendo) também participará da micção. 
O Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNAS) é responsável 
pela fase de enchimento (armazenamento) vesical. Atua nos receptores 
alfa (predominante na uretra) e beta (predominante na bexiga), 
promovendo contração do esfíncter externo na uretra e relaxando o 
músculo detrusor. Dois neurotransmissores estão envolvidos com o 
SNAS: acetilcolina nas fibras pré-sinápticas e noradrenalinanas fibras 
pós-sinápticas. 
O Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNAP) atua na 
fase de esvaziamento vesical. A acetilcolina atua nos receptores 
nicotínicos (sinapse pré-ganglionar) e receptores muscarínicos (parede 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 25 
vesical). Ela produzirá contração detrusora e relaxamento do esfíncter 
externo uretral. 
O Sistema Nervoso Somático (SNS) é responsável pelo controle 
voluntário da micção. Através do nervo pudendo que inerva o diafragma 
pélvico e o esfíncter externo da uretra (estriado) inicia-se os mecanismos 
de enchimento e esvaziamento vesical. A contração do assoalho pélvico 
e do esfíncter externo da uretra inicia o enchimento, enquanto o 
relaxamento inicia o esvaziamento. O SNS tem origem na medula sacral, 
no núcleo somatomotor ou núcleo de Onuf's. 
 
Figura 8 – Neurofisiologia da Micção 
 
Enchimento: Distensão da bexiga ativa progressivamente nervos 
aferentes vesicais inibindo a bexiga (n. hipogástrico). Ocorre estimulação 
simultânea do esfíncter externo uretral (n. pudendo). O Centro Pontino da 
Micção (CPM) é continuamente monitorado sobre o enchimento, 
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 26 
mantendo sua influência inibitória sobre o centro medular da micção 
(sacral). 
Esvaziamento: quando ocorre nível crítico de enchimento ou 
micção desejada o SNS (n. pudendo) relaxa o esfíncter externo 
diminuindo a pressão de fechamento uretral (PFU). O CPM interrompe a 
inibição sobre o centro medular da micção (parassimpático). Ocorre 
inibição simpática e acontece uma micção coordenada. 
 
 
3.3.2. Continência Urinária 
A continência urinária dependerá da integridade da inervação, da 
integridade da musculatura lisa e estriada; e estruturas de suporte e 
componentes de tecidos lisos intactos. Além disso, a bexiga deve ser 
capaz de suportar volumes progressivos de urina sob baixas pressões e 
sem sofrer contrações involuntárias. O esfíncter uretral deve manter-se 
fechado durante o aumento de pressão intra-abdominal e relaxar durante 
micção. 
 
 
3.3.3. Principais Distúrbios Miccionais 
 
Incontinência Urinária 
Incontinência urinária (IU) é qualquer perda involuntária de urina. 
Normalmente causa repercussão social, pode acarretar problemas de 
saúde adicionais e impacta negativamente a qualidade de vida. A IU pode 
ser: 
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 27 
→ contínua: decorrente de malformações congênitas, perda funcional 
ou causas iatrogênicas. 
→ Intermitente: 
• Incontinência diurna: acordada 
• Enurese: durante o sono 
Apresenta uma prevalência elevada, acometendo em torno de 50% 
da população feminina e 13% da população masculina quando 
considerado a população mundial na faixa etária dos 20 aos 80 anos 
(SBU). 
Os tipos mais comuns de IU são: incontinência urinária de esforço 
(IUE), incontinência urinária de urgência (IUU) ou urge-incontinência, e 
incontinência urinária mista. Na população masculina o tipo mais comum 
é a IU pós-prostatectomia radical (PTR). 
 
Figura 9 - Continência sob Esforço versus Incontinência sob Esforço 
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 28 
→ IUE: perda de urina durante o aumento de pressão intra-abdominal, 
não associada a urgência miccional. O detrusor deve permanecer estável, 
ou seja, não apresentar contrações involuntárias na fase de enchimento. 
→ IUU: perda de urina acompanhada ou precedida de um desejo 
miccional intenso (contrações não-inibidas simultâneas a perda). 
 
 
Figura 10 - Bexiga normal e Bexiga Hiperativa 
 
→ IUM: perda de urina aos esforços associada a urge-incontinência. 
→ A IU no homem pode ocorrer tanto no tratamento da hiperplasia 
próstatica benigna (HPB) quanto do câncer (CA) de próstata. Entretanto, 
a prevalência na HPB é menor que 1% dos casos, enquanto no CA de 
próstata a prevalência é 3 a 35% (pacientes operados ou irradiados). 
 
O esfíncter uretral proximal é removido na ressecção transuretral 
(RTU), na prostatectomia aberta ou PTR. Então o status de continência 
dependerá do esfíncter uretral distal. Na PTR, a remoção da porção 
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 29 
proximal do esfíncter uretral distal inclui o verumontanum e ápice 
prostático. 
 
 
Figura 11 - Próstata (Corte Frontal) 
 
 
 
Figura 12 - Pênis (Corte Frontal) 
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 30 
Bexiga Hiperativa 
É uma síndrome consistindo em urgência, com ou sem urge-
incontinência e frequentemente associada ao aumento da frequência 
miccional e noctúria; na ausência de outra etiologia. 
A causa mais comum de BH é o detrusor hiperativo, que pode ter 
uma origem neurogênica, como pode ocorrer no traumatismo 
raquimedular; ou idiopática. Causas: 
• Lesões na medula espinhal: trauma, esclerose múltipla ou 
tumor; 
• Lesões corticais: doença de Parkinson, traumatismo 
cranioencefálico, demência e acidente vascular encefálico 
(AVE). 
A Bexiga Hiperativa Neurogênica pode ser resultado de lesões na 
medula espinhal como ocorre em traumas, esclerose múltipla ou tumor; 
ou decorrente de lesões corticais como no caso da doença de Parkinson, 
traumatismo cranioencefálico, AVE ou demências. 
 
 
Controle medular 
da micção S2-S4 
Bexiga 
Neurogênica Não 
Flácida
Bexiga 
Neurogênica 
Reflexa
Bexiga Hiperativa 
Neurogênica 
Bexiga 
Neurogênica 
Flácida
Bexiga 
Neurogênica 
Autônoma 
Bexiga 
Neurogênica 
Paralítico-sensitiva
Bexiga 
Neurogênica 
Paralítico-motora
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 31 
A lesão medular na bexiga hiperativa neurogênica 
necessariamente precisa estar localizada cima do centro sacral da micção 
(S2-S4). Nesse caso o enchimento vesical desencadeia contrações não-
inibidas, que passam a ser interpretadas como urgência miccional ou 
incontinência urinária, tornando a capacidade vesical reduzida. 
 
 
Figura 13 - Nomograma do Diagnóstico da Síndrome da Bexiga Hiperativa 
Fonte: Urofisioterapia, Paulo Palma, 2009 
 
A fisioterapia é uma opção de tratamento conservador com 
excelentes resultados na BH e quase nenhum efeito colateral. Dentre as 
estratégias terapêuticas do fisioterapeuta estão: 
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 32 
→ Terapia comportamental (reeducação dietética; treinamento vesical) 
→ Reabilitação do assoalho pélvico (exercícios pélvicos; 
eletroestimulação pélvica; biofeedback; cones vaginais) 
→ Eletroestimulação: nervo tibial posterior, região parassacral 
 
Distúrbios miccionais na infância 
Nos primeiros 6 meses de vida a micção é totalmente 
incoordenada. Aos 2 anos de idade a micção já está bem mais 
coordenada e a criança normalmente alcança a mesma frequência 
miccional do adulto (4-7 micções por dia). Aos 4 anos a micção deve estar 
totalmente coordenada. 
A incontinência na criança pode ser contínua ou intermitente. E a 
intermitente se subdivide em incontinência diurna ou enurese. A enurese 
por sua vez pode ser subdividida em monossintomática (EM) ou não-
monossintomática (ENM). 
A ENM ou disfunção do trato urinário inferior (DTUI) subentende 
crianças sem alterações neurológicas ou qualquer malformação do trato 
urinário inferior. Nela a micção durante o sono está associada a outros 
sintomas do trato urinário inferior como incontinência diurna, frequência 
urinária aumentada ou diminuída, urgência, manobras de contenção, 
sensação de esvaziamento incompleto, constipação ou infecções do trato 
urinário. 
A ENM é considerada primária quando a criança não teve controle 
dos episódios de noites molhadas. E secundária quando a criança retorna 
a noitesmolhadas após seis meses de noites secas. 
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 33 
A DTUI decorre de diversos fatores, como: aumento da pressão 
intravesical, esvaziamento vesical incompleto, inabilidade de iniciar ou 
interromper a micção e IU. Acredita-se que existe um atraso na aquisição 
de inibição cortical sobre as contrações do detrusor. 
O controle cortical da micção surge por volta dos 3 aos 5 anos de 
idade. O atraso na maturação pode estar nas vias reticulo-espinhais da 
medula ou centro inibitório no córtex cerebral. 
A sintomatologia nem sempre acompanha a severidade do quadro. 
A evolução e o comprometimento renal podem ser evitados, quando o 
diagnóstico e tratamento são realizados em tempo hábil. 
Um quadro clínico conhecido como Síndrome de Eliminação 
Disfuncional pode estar presente. Pode ser decorrente de contrações 
repetidas do esfíncter urinário que também é acompanhada de contração 
do esfíncter anal que levará a inibição do peristaltismo intestinal e 
consequentemente constipação intestinal e/ou escape fecal, achados 
frequentes nas crianças com DTUI. 
A avaliação da DTUI requer exame de urina tipo I, urocultura, diário 
miccional, urofluxometria e ultrassonografia para avaliar dilatação renal, 
espessura da parede vesical e presença de resíduo pós-miccional. Os 
achados irão sugerir o fator predominante do distúrbio: 
→ Disfunção miccional 
→ Bexiga hiperativa 
O tratamento das DTUI inclui uroterapia (terapia comportamental), 
reabilitação de assoalho pélvico com biofeedback EMG, 
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 34 
eletroestimulação nervosa das raízes sacrais, intervenções adicionais 
como psicoterapia. 
A uroterapia é norteada pelo Diário Miccional de 48 horas, não 
necessariamente dois dias consecutivos. Deve ser registrado a ingesta 
de líquido diurna e noturna, a frequência miccional (horários e medidas). 
Assim identifica-se a capacidade vesical funcional (CVF) que é o maior 
volume urinado; a capacidade vesical média; os episódios de urgência 
miccional, de incontinência urinária e de enurese noturna. 
Quanto a relação CVF/CVE (capacidade vesical esperada): 
→ < 65% bexiga de baixa capacidade 
→ 150% bexiga de grande capacidade 
CVE = (idade + 1) x 30 (ml) 
 
3.3.4. Tratamento Fisioterapêutico nos Distúrbios 
Miccionais 
O objetivo do fisioterapeuta nos distúrbios miccionais é buscar a 
normofuncionalidade do trato urinário inferior. Sempre atento em garantir 
ao máximo a saúde renal que pode estar comprometida por infecções do 
trato urinário e retenção urinária. 
O olhar do fisioterapeuta deve estar atento ao comportamento 
vesical, visto que a bexiga trabalha em favor da saúde dos rins. 
Precisamos identificar se ela preserva sua complacência, sensibilidade e 
estabilidade. 
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 35 
 Caso seja identificado uma diminuição da capacidade 
cistométrica, ou seja, da capacidade de armazenar da bexiga, a conduta 
do fisioterapeuta deve objetivar buscar a biomecânica de relaxamento do 
detrusor. Isso pode ser feito tentando diminuir a sensibilidade vesical que 
pode estar aumentada, inibir contrações involuntárias e melhorar a 
complacência. 
 Em contrapartida se a capacidade cistométrica encontra-se 
aumentada, o objetivo é melhorar o esvaziamento, melhorando a 
sensibilidade que pode estar diminuída (hipossensibilidade) e a 
contratilidade detrusora. 
 Dentre as estratégias terapêuticas do fisioterapeuta estão: 
→ Terapia comportamental: aqui entra educação, orientação dietética 
e treinamento vesical. O paciente precisa saber claramente o que está 
acontecendo, para compreender as razões das orientações recebidas e 
aderir ao tratamento. Vídeos, animações e pranchas anatômicas são 
bem-vindos durante as explicações. 
 O paciente precisa se conscientizar da importância da 
satisfatória ingesta hídrica, e salvo exceções o recomendado é 35 ml/kg. 
Muitos tendem a diminuir essa ingesta na tentativa de minimizar o 
distúrbio miccional. Alguns alimentos têm uma natureza irritativa e podem 
aumentar os sintomas, os principias são café, chocolate, chá preto, 
refrigerantes, pimenta e frutas cítricas. 
 O treinamento vesical é outro ponto importante da terapia 
comportamental. Como o próprio nome sugere é um treinamento da 
bexiga através de micções programadas, ou seja, com horários pré-
estabelecidos conforme a necessidade do paciente. Vale ressaltar que o 
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 36 
correto posicionamento no vaso sanitário é um grande auxiliar por 
favorecer o relaxamento do assoalho pélvico e o adequado esvaziamento 
vesical e intestinal. 
 
 
Figura 14 - Posicionamento no vaso sanitário 
 
NOTA: o apoio para os pés é especialmente necessário para evacuação. 
Para micção, sentar-se, inclinar o tronco para frente, abduzir os membros 
inferiores, apoiar os pés no chão e relaxar o assoalho pélvico é o 
suficiente para favorecer o esvaziamento da bexiga. 
 
→ Biofeedback: por definição é qualquer forma de reeducação, em que 
se cria uma alça fechada de feedback, de forma que processos 
fisiológicos inconscientes tornam-se conscientes por meio de estímulos 
táteis, visuais ou auditivos. 
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 37 
Essa é uma ótima modalidade terapêutica para tratar a 
incoordenação muscular. Ela está geralmente envolvida em distúrbios de 
eliminação/esvaziamento devido à dificuldade de relaxar os músculos do 
assoalho pélvico. 
Esse treino de coordenação pode ser realizado por meio de 
feedback verbal do fisioterapeuta em relação a resposta notada em na 
palpação. Esse é eficaz e não requer nenhum equipamento. 
Existe um modelo bem simples de biofeedback visual, para o canal 
vaginal. Trata-se de uma sonda vaginal com uma haste acoplada. A haste 
funciona como recurso visual indicador de contração e relaxamento do 
pavimento pélvico, ao contrair MAP a haste desce ao relaxar sobe. 
Quanto maior a amplitude de movimento da haste melhor está a 
contração muscular. 
 
 
 
 
Figura 15 - Modelo importado 
Fonte: access health 
 
 
Figura 16 - Modelo Nacional 
Fonte: PelviFit trainer – Miotec 
 
Há ainda o biofeedback manométrico que detecta o quanto de 
pressão a contração dos MAP consegue exercer na sonda de látex 
introduzida no canal vaginal ou canal anal, e traduz essa pressão em 
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 38 
cmH2O ou mmHg, a depender do equipamento. Essa sonda deve ser 
revestida com preservativo descartável pois é reutilizável. Segue abaixo 
alguns modelos disponíveis no mercado. 
 
 
 
Figura 17 - Modelo Perina - Quark Medical 
 
 
 
Figura 18 - Modelo Neurodyn Evolution – 
Ibramed 
 
 
 
Figura 19 - Modelo PelviAir – Miotec 
 
 
 
O biofeedback eletromiográfico capta o nível de atividade elétrica 
tanto no repouso quanto na contração e traduz essa resposta em 
microvolts (uV). É uma modalidade mais precisa do que o manométrico, 
e traz mais variáveis de informações como o tempo de ativação e 
desativação, a frequência mediana e média. Tem a vantagem ainda de 
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 39 
poder ser utilizado em crianças por oferecer opção de colocação dos 
eletrodos na região transcutânea ao invés de intracavitária. 
Nacional temos disponível hoje no mercado o Miotool Uro da 
Miotec, contudo existe modelos importados. 
 
 
Figura 20 - Miotool Uro - Miotec 
 
→ Eletroterapia: aplicada as disfunções do assoalho pélvico (DAP) 
geralmente usa-se corrente de baixa frequência. A intensidade e largura 
de pulsolevam em consideração o conforto e profundidade da aplicação. 
Pode ser utilizada via transcutânea ou intracavitária (vaginal ou anal). 
 A eletroestimulação melhora a circulação, promove contração 
muscular devido atrofia ou disfunção neuromuscular, melhora a 
cicatrização tissular e diminui a dor. 
 A corrente mais utilizada é a bifásica, especialmente a FES. 
Para que a aplicação seja eficaz é preciso dominar a modulação dos 
parâmetros: frequência, largura de pulso, intensidade e tempo de 
trabalho-tempo repouso (on-off). A intensidade de corrente depende do 
aparelho e pode alcançar pouco mais de 80 mA. Deve ser aplicada a nível 
motor para que haja aumento de força muscular. 
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 40 
A neuroestimulação promove a contração passiva dos MAP, um 
processo muito útil na melhora da consciência da região pélvica e do 
trofismo muscular, em pacientes sem contração voluntária. 
A eletroestimulação produz contração dos MAP e esfíncteres 
uretral e anal, por meio de estimulação direta do nervo pudendo, e ao 
mesmo tempo causa um reflexo inibitório na contração detrusora. 
A literatura apresenta os seguintes locais de aplicação: nervo tibial 
posterior, estimulações cutâneas perineais e sacrais, endocavitárias 
(vaginal ou anal). Geralmente é aplicada duas a três vezes por semana, 
por um tempo de 15 a 30 minutos, com duração de tratamento de 4 a 20 
semanas. 
A escolha da frequência da corrente elétrica leva em consideração 
o tipo de músculo e o tipo de fibra muscular deseja-se prioritariamente 
estimular. As de contração lenta respondem melhor a frequências em 
torno de 30 Hz, enquanto as de contração rápida com frequências acima 
de 60 Hz. 
Quando o objetivo é inibir o músculo detrusor é recomendado 
frequência mais baixa (as vezes abaixo de 10Hz), a fim de estimular as 
fibras aferentes mielinizadas do nervo pudendo que apresentam menor 
diâmetro. 
A largura de pulso (Lp) é o elemento determinante para o tipo de 
recrutamento desejado. Caso não haja nenhum comprometimento neural 
a Lp pode variar entre 300 e 400 µs. 
As contraindicações para essa modalidade terapêutica são: 
pacientes portadores de marcapasso de demanda, gravidez, 
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 41 
menstruação, lesões cancerígenas, infecções e implantes metálicos 
expostos. 
 
 
Figura 21 - Modelos de Eletrodos Vaginais, Reutilizáveis em Pacientes Diferentes Mediante 
Esterilização. 
 
 
 
Figura 22 -Modelos de Eletrodos Anais, Reutilizáveis em Pacientes Diferentes Mediante Esterilização. 
 
 
 
Figura 23 - Modelo Vaginal/ anal Descartável - PelviFit (Miotec). 
 
 
 
 
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 42 
3.4. Sistema Intestinal e Disfunções Pélvicas 
 
3.4.1. Neurofisiologia da Continência Anal e da 
Defecação 
 
 Anatomia Anorretal 
 
Figura 24 - Anatomia anorretal 
 
Reto: tubo muscular de 12 a 15 cm, composto por um músculo 
longitudinal contínuo que se interlaça com o músculo circular subjacente. 
Este arranjo muscular funciona como reservatório ao conseguir 
acomodar-se passivamente à distensão, e como propulsor de fezes. 
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 43 
Ânus: é um tubo muscular de 2 a 4 cm que em repouso forma um 
ângulo de cerca de 90º com o reto. Durante a contração voluntária este 
ângulo torna-se mais agudo, enquanto durante a defecação ele fica mais 
obtuso. O ânus mantém-se normalmente fechado pela atividade tônica do 
esfíncter anal interno (EAI), sendo esta barreira reforçada pelo esfíncter 
anal externo) EAE durante a contração voluntária. 
EAI: uma expansão da camada circular do músculo liso do reto. É o 
principal responsável pela manutenção da continência em repouso pois 
contribui com 70% a 85% da pressão de repouso do esfíncter. O ânus 
está normalmente fechado devido à sua atividade tônica. 
EAE: extensão do músculo elevador do ânus. A sua principal 
função é a gerar uma barreira contra o aumento de pressão retal por meio 
da criação de uma zona de alta pressão dentro do canal anal e do ângulo 
anorretal. 
 
Inervação 
 O reto e o ânus são inervados por nervos sensitivos, motores, 
autônomos parassimpáticos e pelo sistema nervoso entérico. O nervo 
pudendo é o principal e inerva EAE, a mucosa anal e a parede anorretal. 
 
NOTA: Lesão do nervo pudendo leva a perda de sensibilidade da pele 
perianal e genital, à fraqueza do músculo do esfíncter anal e à perda do 
reflexo contrátil anorretal. Essa lesão não afeta a sensibilidade retal, pois 
esta é transmitida pelos nervos parassimpáticos de S1, S2 e S3. Essas 
fibras nervosas passam ao longo dos nervos esplâncnicos pélvicos e são 
independentes do nervo pudendo. 
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 44 
3.4.2. Reflexos Envolvidos na Continência Anal e 
Defecação 
 
Reflexo inibitório retoanal (RIRA): Trata-se da diminuição da 
pressão de repouso anal que ocorre conforme o reto se distende ao 
receber volume, é mediado pelo plexo mioentérico. A amplitude e duração 
aumenta com o volume da distensão retal. 
Reflexo reto-anal excitatório: Resposta contrátil anal associada 
também a distensão do reto. É um esforço subconsciente refléxico de 
prevenção de liberação do conteúdo retal, inclusive gases. Esta resposta 
contrátil envolve a contração do esfíncter anal externo (EAE) e é mediada 
pelos nervos pudendo e esplâncnicos pélvicos. 
Sampling reflex: o relaxamento intermitente e transitório do EAI 
permite que o conteúdo retal desça para a parte superior do canal anal, 
desencadeando o sampling reflex, que se trata da percepção da natureza 
física (fezes ou gases) desse conteúdo, isto é possível porque o canal 
anal é extremamente sensível. 
Reflexo postural: é um reflexo pélvico que depende da 
integridade da inervação entre S2-S4. Trata-se de um estado de 
contração constante e ativa dos elevadores do ânus. Estes músculos são 
responsáveis pela sustentação/suporte do AP e dos órgãos pélvicos e 
abdominais. Previne assim a descida perineal excessiva. 
 
Dois processos estão em questão: 
→ continência 
→ defecação 
 
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 45 
 A continência anal é mantida pela existência de uma pressão 
maior no canal anal do que no reto. O principal responsável é a barreira 
gerada pelo EAI (justificado anteriormente) que é reforçada durante a 
contração voluntária do EAE, pelas pregas mucosas anais, pelos coxins 
endovasculares anais e pelo músculo puborretal. 
Portanto a continência depende, entre outros fatores, do esfíncter 
anal e dos músculos do assoalho pélvico, sujeitos a reflexos neurais locais 
e espinhais, que, por sua vez, são alterados por inputs somáticos do 
tronco cerebral e do lobo frontal. 
Um volume de cerca de 300 ml estimula os receptores de pressão 
do pavimento pélvico, podendo desencadear a defecação. De forma 
reflexa ocorre o relaxamento do EAI e do puborretal, diminuindo o ângulo 
entre o ânus e o reto. Caso não haja uma inibição central, o reto se contrai, 
o pavimento pélvico desce e o EAE relaxa para permitir a evacuação. 
O reflexo da defecação é desencadeado com o aumento do volume 
de fezes no reto decorrente dos movimentos peristálticos. A pessoa 
continente impede o escape involuntário de fezes ou gazes com a 
contração voluntária do esfíncter externo e do puborretal e da formação 
do ângulo anorretal. 
A incontinência anal é perda involuntária de fezes ou gases. A 
gravidade varia desde a eliminação não intencional de gases até a 
evacuação completa do conteúdo intestinal. Clinicamente existem três 
subtipos: 
• incontinência passiva: descarga involuntária e inconsciente de 
fezesou gases; 
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 46 
• incontinência de urgência: descarga de matéria fecal apesar 
das tentativas ativas para reter os conteúdos intestinais; 
• fecal soiling: perda de fezes após evacuação normal. 
 
NOTA: O controle esfincteriano é adquirido por volta dos 4 anos de idade. 
 
A prevalência é 2% a 17% das pessoas que vivem a nível 
comunitário e cerca de 50% dos institucionalizados. É mais comum em 
idosos e mais prevalente em mulheres (8:1). 
 
Os fatores etiológicos são divididos em quatro categorias: 
Danos do esfíncter: parto vaginal, cirurgia anorretal, cancro anal 
ou retal, malformações anorretais. 
Alterações das características das fezes: Diarreia: diarreia 
infecciosa, abuso de laxantes, enterite rádica, síndrome do intestino 
curto. Obstipação: alimentação, medicamentos obstipantes, demência 
Distúrbios neuromusculares: neuropatia do pudendo, diabetes 
mellitus, lesões da medula espinhal, esclerose múltipla, doenças 
congênitas (meningocelo, mielomenigocelo), distúrbios do SNC (AVE, 
trauma, infeção, tumores). 
Alterações da complacência e sensibilidade retal: Prolapso 
retal, neoplasias retais, fístulas anais, proctite rádica, agenesia retal, 
malformações anorretais. 
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 47 
O diagnóstico fisioterapêutico (funcional) é dado por meio de uma 
avaliação detalhada com dados de identificação, entrevista clínica 
(anamnese), exame físico, exames complementares e de diagnóstico. 
Em anexo está disponível modelo de ficha de avaliação em 
proctologia para direcionar esse diagnóstico funcional. Estão disponíveis 
ainda escalas e questionários validados que ajudam a determinar o tipo e 
intensidade dos sintomas, o impacto psicossocial do problema, além da 
eficácia da terapêutica instituída. 
 
NOTA: Alguns fármacos podem exacerbar a incontinência fecal 
 
Fármacos que afetam o tônus do esfíncter (Β-bloquedores, 
nitratos, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da recaptação de 
serotonina,sildenafil) 
Antibióticos (cefalosporina, penicilinas, eritromicina) 
Medicação tópica aplicada no ânus (nitratos e dialtiazem 
tópicos, betanecol) 
Fármacos que causem perda de fezes (laxantes, digoxina, 
orlistato, metformina) 
Fármacos que causem obstipação (opóides, loperamida, 
antiácidos (com alumínio), codeína, antidepressivos tricíclicos, 
benzodiazepinas). 
Há fármacos que podem contribuir para o tratamento da 
incontinência fecal, ou seja, benéficos: 
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 48 
Agentes formadores de volume (psilium, a goma arábica, a 
meticelulose e o policarbofilo de cálcio) são fibras naturais ou sintéticas 
normalmente usadas no tratamento da incontinência provocada por 
diarreia moderada. 
Agentes antidiarreicos (loperamida, a codeína, o difenoxilato 
com atropina e a amitriptilina). A primeira opção é, geralmente a 
loperamida que, em adição ao efeito opióide pode melhorar o tônus do 
esfíncter anal e a complacência retal. 
Injeções diretas no esfíncter (colágenio gluteraldeído reticulado 
(GAX collagen), politetrafluoretileno (Teflon), silicone, óxido de zircónio e 
gordura autóloga). Esses agentes atuam essencialmente pelo aumento 
da pressão de repouso através da criação de um efeito semelhante ao 
exercido pelos coxins anais. 
Fármacos que aumentam a função do esfíncter (fenilefrina gel 
tópica e valproato de sódio oral). 
Desimpactação fecal (lactulose e supositórios de glicerina). 
Enema de água quente pode contribuir para o esvaziamento retal. 
 
 
3.4.3. Tratamento Fisioterapêutico da Incontinência 
Fecal 
O principal objetivo da fisioterapia no tratamento da incontinência 
fecal é estabilizar o pavimento pélvico e o esfíncter. 
O treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) 
aumentam a força e resistência; estimula o suprimento nervoso; melhora 
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 49 
a consciência anatômica, sensibilidade e coordenação dos MAP; 
aumenta o fluxo sanguíneo para região anorretal. 
O TMAP não necessariamente precisa ser mediado por recurso 
tecnológico, contudo usá-los pode ser útil por agregar benefícios 
ao treinamento, tornar a sessão mais dinâmica e didática. 
Um desses recursos coadjuvantes é o biofeedbak. Ele pretende 
que o paciente reconheça o seu limiar sensitivo, aprenda a coordenar o 
processo de defecação e exercite os MAP. Ele trabalha a percepção da 
sensação retal e a resposta do esfíncter à distensão. 
Além do biofeedback manométrico e do eletromiográfico que já 
foram citados nos distúrbios miccionais pode ser utilizado aqui o 
biofeedback sensorial com balão que consiste na insuflação gradual de 
um balão no reto para aumentar a capacidade de discriminação de 
volumes. 
A eletroestimulação é outro recurso muito útil no atendimento do 
fisioterapeuta. É possível usar correntes que promovem o despertar 
(contração) dos músculos do assoalho pélvico para os pacientes sem 
força muscular ou grau muito baixo de força. A corrente funciona como 
estímulo proprioceptivo que ajuda o paciente a compreender quais 
músculos deve contrair. 
Mesmo os pacientes com graus de força maiores que 3 podem se 
beneficiar desse tipo de corrente, pois, o fisioterapeuta, ao modular os 
parâmetros, determina o tempo de subida, tempo de trabalho (on), tempo 
de descida, tempo de repouso (off), tempo de corrente. Nesses casos, o 
paciente é estimulado a contrair ativamente acompanhando a entrada da 
corrente. 
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 50 
A eletroterapia também pode ser utilizada com intuito de promover 
neuromodulação, nesse caso, programa-se correntes contínuas, de baixa 
frequência e tempo de aplicação de 20 a 30 minutos. Uma opção de local 
de aplicação é no nervo tibial posterior. É uma técnica que já se provou 
eficaz, custo-efetiva e segura no tratamento da IU, mas ainda com poucos 
estudos para IF. 
Estão descritas como contraindicações o uso em pessoas com 
danos nervosos periféricos, grávidas, portadores de desfibriladores 
implantáveis ou história de problemas cardíacos. 
 
 
3.4.4. Terapia Comportamental na Incontinência Fecal 
O objetivo é estabelecer um trânsito intestinal previsível, com 
frequência e consistência de fezes mais fáceis de controlar. Para isso é 
preciso promover educação do paciente, otimização da alimentação e 
hidratação. 
 
Alimentos que devem ser EVITADOS: 
• Café, pois estimula a motilidade intestinal; 
• Alimentos ricos em fibras e bebidas carbonatadas porque 
podem provocar/agravar a incontinência ao diminuir a consistência 
das fezes ou ao aumentar a frequência de defecação. 
Alimentos que podem ser BENÉFICOS 
• farinha de trigo, 
• sementes de banana, 
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 51 
• bananas, 
• psilium, 
• maçãs 
• iogurtes 
O correto posicionamento do vaso sanitário é orientação muito útil, 
visto que pode favorecer o melhor esvaziamento retal em evacuações 
programadas, minimizando o risco de escapes. 
 
 Figura 25 – Posicionamento no vaso sanitário 
 que favorece a evacuação 
 
Esse posicionamento também é recomendável nos casos 
de obstipação intestinal visto que favorece a abertura do ângulo anorretal, 
ou seja, a verticalização do reto pelo relaxamento do puborretal. 
Em alguns casos só o correto posicionamento para evacuar não é 
suficiente para garantir o relaxamento do puborretal. Refiro-me aos casos 
de hiperativação e ou incoordenação muscular, essa última observada 
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 52 
pela dificuldade de relaxar a musculatura (relaxamentoparcial ou 
incompleto). 
Na hiperativação a massagem, eletroanalgesia, técnicas de 
consciência corporal ou técnicas de relaxamento podem ter bons 
resultados. No tratamento da incoordenação o biofeeback pode ser um 
excelente aliado. 
A massagem abdominal no sentido horário, ou seja, respeitando o 
trajeto das fezes no intestino grosso, também é uma estratégia do 
fisioterapeuta no tratamento da constipação intestinal. O intuito é facilitar 
o deslocamento das fezes sentido reto. 
 
 
Figura 26 - Intestino Grosso 
 
Outras recomendações úteis para pacientes obstipados: 
• Aproveitar o reflexo gastrocólico, defecando após as refeições. 
• Atividade física após as refeições ou ao acordar pode aumentar a 
atividade cólica e o trânsito intestinal. 
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 53 
• Os alimentos que devem ser evitados na IF podem ser bem-vindos na 
constipação. 
• Garantir uma boa ingesta de água pode favorecer o bom 
funcionamento intestinal e amolecer o bolo fecal facilitando a evacuação. 
• Estabelecer um momento do dia para evacuar com intuito de criar uma 
rotina para intestino. A dica é escolher 10 minutos após alguma refeição 
(café da manhã, almoço ou jantar), sempre mais ou menos no mesmo 
horário. Se evacuar em banheiros públicos for um problema para você, 
escolha a refeição que você sempre faz em casa. E claro, reserve um 
tempinho para ir ao banheiro sem que se atrase. 
• Não levar livros, revistas ou celular para o banheiro, eles podem ser 
distrações. E para quem já tem dificuldade de evacuar, o recomendável é 
se concentrar no momento para conseguir relaxar os MAP. 
• Não esquecer de inserir alimentos laxativos na dieta diariamente, de 
preferência em todas as refeições. 
• Consultar com um nutricionista. Ele é o profissional responsável por 
ajustar a dieta de acordo com os objetivos e necessidades nutricionais de 
cada pessoa. 
 
 
3.5. Sexualidade e Disfunções Sexuais 
A década de 60 inaugurou os estudos sobre sexualidade através 
do casal de pesquisadores William Masters (ginecologista) e Virginia 
Johnson (psicóloga). Eles propuseram um modelo linear de resposta 
sexual humana composto por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e 
resolução. 
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 54 
Anos depois Helen Kaplan modifica esse modelo e insere a fase 
do desejo sexual, propondo um modelo trifásico: desejo, excitação e 
orgasmo. 
A associação do modelo de Martes e Johnson e Kaplan gerou o 
último modelo linear de resposta sexual humana: desejo, excitação, 
orgasmo e resolução. 
Então, em 2000, Rosemary Basson propõe um modelo circular de 
resposta sexual feminina onde outras motivações são levadas em 
consideração para ativar o ciclo de resposta sexual feminino, e não 
apenas o desejo sexual consciente. Este modelo considera que a 
motivação para o sexo se baseia em recompensas não necessariamente 
sexuais, como: ganho de intimidade, fortalecimento de laços afetivos, 
desejo de agradar o parceiro. Uma vez a mulher estando receptiva para 
o sexo, ainda que ela não apresente o desejo consciente o contato com 
estímulos sexuais pode despertar o desejo erótico. 
O complexo processo do ciclo da resposta sexual feminina recebe 
influência de fatores vasculogênicos (síndrome da insuficiência vascular 
do clitóris), neurogênicos (lesões medulares, diabetes), hormonais 
(falência ovarina prematura, contraceptivos orais) e psicológicos 
(distrações não sexuais, recordações de experiências sexuais negativas, 
depressão). 
A disfunção sexual feminina é definida como qualquer distúrbio ou 
dor associada ao ato sexual que impede a mulher de experenciar o sexo 
como gostaria. A disfunção é tida como primária quando ocorre desde a 
primeira relação, secundária quando um evento a determina ou ainda 
situacional. 
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 55 
A disfunção sexual feminina pode estar relacionada a uma 
desordem do desejo ou excitação sexual, uma desordem de orgasmo ou 
ainda a desordem de dor sexual (dor gênito-pélvica/ penetração). 
No que tange a disfunção sexual é imprescindível que componham 
as estratégias terapêuticas o educar, informar e motivar a paciente a 
aumentar os estímulos, a explorar novos estímulos, fantasias, 
preliminares, diálogo com o parceiro, terapia. 
Nas desordens de excitação é necessário levar em conta as 
situações que diminuem o fluxo sanguíneo para o clitóris e vagina como: 
aterosclerose, lesões traumáticas das artérias ilíacas, hipogástricas e 
pudendas por fraturas pélvicas, lesões contundentes perineais, 
compressão perineal mecânica crônica. Além disso deve-se considerar a 
relação da falha na excitação com a deficiência hormonal, com o tônus 
muscular (flacidez vaginal) e com fatores psicossomáticos. Compõem as 
estratégias terapêuticas neste caso tratamentos hormonais, dispositivos 
estimulantes, lubrificantes e fisioterapia para melhorar a função muscular 
(força, tônus, sensibilidade). 
A desordem de orgasmo é caracterizada pela incapacidade ou 
dificuldade de obter orgasmo, apesar de desejo e excitação suficiente. 
Nesses casos o fisioterapeuta deve promover educação sexual, estimular 
comunicação com a parceria, estimular exploração do corpo, além do foco 
na função muscular do assoalho pélvico. 
A dor gênito-pélvica compreende a dispareunia (dor durante ou 
após relação sexual) ou vaginismo (espasmo vaginal persistente ou 
recorrente no terço externo da vagina que dificulta ou impede a 
penetração). Neste caso o fisioterapeuta deve explorar eletroanalgesia, 
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 56 
técnicas de relaxamento, liberação miofascial, mobilização pélvica, 
dilatadores vaginais, massageadores/vibradores. 
Desordem do desejo (desejo sexual hipoativo) pode estar 
relacionada a fatores orgânicos como alterações hormonais, mas também 
fatores emocionais e psicológicos como crise conjugal, problemas 
financeiros, problemas no trabalho. Experiências sexuais anteriores não 
satisfatórias podem desmotivar essa mulher a desejar novas 
experiências. 
É importante identificar se existem tabus relacionados ao sexo que 
podem ser raiz dessa desordem. Nestes casos, educar e informar sobre 
a anatomia e fisiologia da resposta sexual é muito importante. Vale ainda 
estimular o autoconhecimento; e a valorização da sua autoestima, dos 
seus valores e da liberdade expressão. 
 
Separe materiais educativos para educar e informar os 
pacientes durante a avaliação ou demais atendimentos. 
Pranchas ou livros de anatomia, fotos, ilustrações, vídeos são 
ótimos aliados. 
 
Desmistificar para homens e mulheres a ideia de que o clitóris 
se restringe a glande (extremidade no ápice dos pequenos 
lábios). O clitóris tem um corpo que desce até o introito vaginal, 
portanto toda essa região é muito erógena e pode ser explorada 
durante o sexo. 
 
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 57 
 
 
Figura 27 – Genitália Feminina Externa 
 
 
 
 
Figura 28 – Estrutura do Clitóris 
 
 
 
Figura 29 – Genitália Masculina Externa Figura 30 – Estrutura do Pênis 
 
 
Figura 31 - Homologia - clitóris e pênis 
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 58 
 
Discutir sexualidade masculina carece de correlacionar o machismo 
ainda tão praticado socialmente que insiste em supervalorizar as 
características físicas e culturais associadas ao sexo masculino, pela crença 
de que homens são superiores às mulheres. 
Dentro da construção machista existe um homem viril e com ótimo 
desempenho sexual, portanto sem espaço para disfunções. Essa pressão 
pode muitas vezes ser a raiz de desordenssexuais masculinas. 
A ação terapêutica deve se apoiar no acolhimento, na escuta, no 
suporte e no esclarecimento. O profissional deve ter uma abordagem que 
contempla o conhecimento do próprio corpo (anatomia, fisiologia, ciclo da 
resposta sexual, mecanismo de ereção e ejaculação); esclarecimento sobre 
os efeitos da ansiedade na reposta sexual humana, aprendizagem de como 
se comunicar com a parceria (treino de assertividade); práticas de 
relaxamento; valorização de fantasias; desfocalização dos genitais como 
centro do prazer (focalização sensorial não-genital); exploração dos genitais e 
áreas circundantes. 
A disfunção erétil é uma das disfunções sexuais mais temidas entre os 
homens. Trata-se de um evento neuromuscular reflexo em que o estímulo 
sexual acarreta liberação de óxido nítrico, causando relaxamento vascular e 
intumescimento dos corpos cavernosos. É um processo complexo que envolve 
fatores neurológicos, vasculares, anatômicos, hormonal, molecular e 
psicológico. O principal responsável pela ereção é a inervação parassimpática 
(nervo esplâncnico pélvico). 
A atuação do fisioterapeuta se justifica no tratamento da disfunção erétil 
pensando na contribuição do músculo isquiocavernoso no aumento de 
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 59 
pressão nos corpos cavernosos para penetração com rigidez. A contração 
simultânea dos músculos isquiocavernosos com a penetração sugere o 
disparo do reflexo isquiocavernoso, que favorece o corpo cavernoso ser um 
sistema fechado cheio de sangue. 
Além do fortalecimento muscular é importante pensar em estratégias 
que preservem a capacidade erétil dos corpos cavernosos, evitando assim 
fibrose ou encurtamento. Dentre os recursos descritos além do treinamento 
dos músculos do assoalho pélvico estão a eletroestimulação, a vibração, a 
vacuoterapia (bomba peniana), o ultrassom. Contudo ainda existe uma 
carência grande de estudos científicos para respaldar o fisioterapeuta. 
A ejaculação precoce é uma disfunção sexual comum caracterizada 
pela incapacidade de retardar a ejaculação em todas ou quase todas as 
penetrações vaginais. É classificada como primária quando a ejaculação 
ocorre sempre ou quase sempre antes de 1 minuto de penetração vaginal. É 
classificada como adquirida quando a ejaculação apresenta uma redução 
clinicamente significativa e incômoda no tempo de latência, cerca de 3 minutos 
ou menos na maioria das vezes. 
Para concluir esse capítulo gostaria de deixar uma citação de Jean-
Yves Leloup que marcou minha formação como fisioterapeuta, é um convite a 
enxergar o outro com respeito, amor e sensibilidade: “Quando você toca 
alguém, nunca toque só um corpo. Quer dizer, não se esqueça de que você 
toca uma pessoa e que nesse corpo está toda a memória de sua existência. 
E, mais profundamente ainda, lembre-se que você toca um sopro, que esse 
sopro é o sopro de uma pessoa com os seus entraves e dificuldades e, 
também, é o grande sopro do universo. Assim, quando você tocar um corpo, 
lembre-se de que você toca um templo.”. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
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 60 
3.6. Dor Pélvica Crônica 
A Dor Pélvica Crônica afeta homens e mulheres e é caracterizada por 
dor percebida na região anatômica da pelve e de caráter contínuo, esporádico 
ou cíclico, percebida por no mínimo três meses dos últimos seis meses. 
Quando essa ocorrência de dor não está relacionada a infecção ou outra 
doença local óbvia recebe o nome de Síndrome da Dor Pélvica Crônica. Pode 
ter origem urológica (próstata, bexiga, escroto, pênis-uretra, pós-vasectomia); 
ginecológica (vulva, vestíbulo, clitóris, endometriose associada, dismenorreia); 
gastrointestinal (colón irritável, ânus); sexual (dispareunia); psicológica, 
musculoesquelética (músculos do assoalho pélvico, músculos abdominais, 
músculo espinhal, cóccix) ou em nervos periféricos (síndrome do nervo 
pudendo). 
Os pacientes que sofrem com a Síndrome da Dor Pélvica Crônica 
devem ser acompanhados de forma multidisciplinar e multi-especialidades. 
Eles devem ser avaliados sob ponto de vista funcional, emocional, 
comportamental, sexual, de qualidade de vida, incluindo efeito no trabalho e 
socialização. Dentre o rol de intervenções úteis estão fisioterapia, psicologia, 
medicamentos, cirurgias. 
O fisioterapeuta deve realizar um exame musculoesquelético e 
neurológico, avaliando a função dos músculos do assoalho pélvico, 
procurando por pontos miofasciais de gatilho (trigger points). Existe uma 
tendência de hiperativação muscular e bloqueios de mobilidade na presença 
de dor, o fisioterapeuta poderá lançar mão das várias técnicas que dominar 
para quebrar esse padrão (liberação miofascial, mobilização articular, 
acupuntura, eletroanalgesia, técnicas posturais, técnicas de relaxamento). O 
manejo desse paciente é baseado em um modelo biopsicossocial. É 
importante levar em consideração, por exemplo, em que fase da vida essa 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
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 61 
pessoa estava quando a dor surgiu. Questionários de qualidade de vida e 
escala de dor devem ser utilizados na avaliação inicial para comparação na 
reavaliação. 
 
 
3.7. Prolapso Genital 
O prolapso genital ou prolapso de órgão pélvico (POP) é definido pela 
Sociedade Internacional de Continência (ICS) como uma procedência da 
parede vaginal anterior, posterior ou da cúpula vaginal. É mais comum em 
mulheres idosas. Os principais fatores etiológicos são: multiparidade, parto, 
doenças do colágeno, fatores hereditários, idade, obesidade, tabagismo, 
menopausa e obstipação. 
O tratamento é indispensável quando o prolapso provoca alterações na 
função urinária ou intestinal, nas atividades laborais ou de locomoção, e/ou na 
atividade sexual. 
O POP é classificado em 4 estágios de acordo com a classificação 
POP-Q, e o ponto de referência é o anel himenal. 
• Estágio 0: não há prolapso 
• Estágio 1: ponto mais distal do prolapso está localizado 1 cm acima 
do hímen. 
• Estágio 2: ponto mais distal do prolapso entre 1 cm acima e 1 cm 
abaixo do hímen. 
• Estágio 3: ponto mais distal do prolapso localizado 1 cm abaixo do 
hímen, porém 2 cm a menos que o comprimento total da vagina 
• Estágio 4: eversão completa, quando o ponto mais distal do prolapso 
tem deslocamento igual ao comprimento total da vagina. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
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 62 
A fisioterapia não corrige o prolapso, ela melhora o suporte dos 
músculos do assoalho pélvico por meio de um treinamento específico. Esse 
reforço muscular contribui no impedimento da evolução do prolapso. Quando 
necessário o fisioterapeuta orienta e prescreve o pessário. 
Pessários são dispositivos de silicone desenvolvidos para introdução 
vaginal afim de dar sustenção/suporte para o prolapso. Podem ser do tipo 
oclusivos ou de suporte, e tem vários modelos, como por exemplo anel, anel 
com diafragma, donut, cubo; e estes possuem vários tamanhos. O modelo e 
tamanho é escolhido de acordo com o perfil da paciente, idade, estágio de 
prolapso, dentre outros fatores. 
É uma alternativa quando o procedimento cirúrgico é contraindicado ou 
não considerado pela paciente. Pode ser colocado e retirado pela própria 
paciente. Os oclusivos devem ser retirados todos os dias e a paciente é 
orientada a dormir sem ele. Os pessários de suporte podem ficar direto por até 
um mês, devendo ser retirados antes caso haja intercorrência ou para relação 
sexual. Não deve ser utilizado no período menstrual, até porque ele 
escorregaria pelo canal vaginal. 
São descritas como possíveis complicações para o uso do pessário: 
desconforto vaginal, erosões, dificuldade na colocação, sangramento, 
incontinência urinária, odor, vaginite, infecção, fístula, obstrução uretral. A 
higienização do pessárioé com água e sabão neutro. 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
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 63 
4 COMO CAPTAR PACIENTES 
 
→ Agora que você teve a oportunidade compreender com clareza a 
Fisioterapia Pélvica, sugiro que identifique qual público-alvo você tem 
preferência de trabalhar e direcione seu foco para ele. 
→ Busque cursos e conteúdo de qualidade para aprofundar seu 
conhecimento na abordagem desse público-alvo, por exemplo: gestante. 
Evidente que poderá durante o processo ir atendendo outros públicos, mas 
sugiro que ao menos seja dentro da Fisioterapia Pélvica. Isto facilitará a 
construção da sua identidade profissional, que deve estar relacionada a 
alguma área de atuação. Quem atende de tudo acaba não se destacando em 
nada. 
→ Gradativamente pode ir ampliando sua bagagem fazendo cursos que 
abrangem outros públicos, além do da sua preferência, desde que sejam 
relacionados a essa área de atuação. Contudo quanto mais específico for seu 
trabalho maiores as chances de se destacar. 
 
→ Defina como começará os atendimentos/ como prestará o serviço: 
• Funcionário de alguma clínica 
• Autônomo: 
Sistema de parceria com alguma clínica: normalmente a clínica oferta 
a estrutura física em troca de uma porcentagem do atendimento. É uma 
ótima opção para o fisioterapeuta que está entrando para o mercado de 
trabalho porque não tem despesa fixa. Se não atender não tem despesa, 
mas para ter receita precisará atender. Logo este formato funciona muito 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
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 64 
bem quando o profissional é proativo, dinâmico e criativo, ou esteja em 
uma clínica com alto fluxo de pacientes. 
 
Locação de consultório: ideal para quem já tem parceria com médicos, 
algum nome no mercado ou credenciamento em convênios de saúde. 
Pois isso “garantirá” fluxo na agenda, caso contrário terá que estar 
preparado para arcar com despesa fixa (aluguel, condomínio e dentre 
outras) mesmo sem receita compatível. 
Ainda que você não tenha uma empresa, trate sua atuação profissional 
como um negócio, portanto planeje antes de iniciar suas atividades. Ou seja, 
elabora um plano de negócio, ou o mais próximo disso que você conseguir. 
Uma das perguntas desse planejamento você já respondeu no item anterior. 
Segue outras que são importantes: 
• Quais disfunções da Fisioterapia Pélvica você irá atender? 
• Quais recursos/equipamentos precisará? Faça um orçamento disso. 
• Quem é e onde está o seu paciente? (Quantos serão? Classe social/ 
nível econômico? Como eles chegarão até você? Como sustentará o fluxo de 
pacientes para viabilizar o seu trabalho?) 
• Onde será instalado seu consultório? (Seu endereço favorece o paciente 
chegar até você? Estacionamento é relevante para seu paciente?). 
Recomendo aqui que considere acessibilidade e banheiro privativo. 
• Qual preço será cobrado pelo seu atendimento? (Trabalhará com tabela 
de desconto ou prazo? Se sim, defina as condições. Quais serão as formas de 
pagamento que disponibilizará?) 
• Qual será o tempo de atendimento por sessão? Sugiro reservar um 
intervalo de 10 minutos entre um paciente e outro para organização do 
consultório. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 65 
• Qual será seu horário de trabalho? (quantos pacientes pretende atender 
por dia?) 
• Qual investimento será necessário? (Qual a previsão de gasto inicial? 
Qual o valor estimado da sua despesa fixa? Por quanto tempo suportará 
movimento fraco?) 
 
→ Crie mecanismos de alcançar visibilidade, mesmo sem investimento 
financeiro: 
• divulgue seu trabalho nas suas redes sociais; 
• crie oportunidades de expor seu trabalho em público (rodas de conversa, 
palestras, aulas, workshops); 
• visite profissionais, especialmente médicos, que possam encaminhar 
pacientes para você. Durante a visita apresente, em breve espaço de tempo, 
sua área de atuação, endereço, e se atende ou não convênio de saúde. 
Durante essa conversa responda com segurança e sem rodeios qualquer 
pergunta que lhe for realizada. 
 
Ligue antes de visitar o(a) médico(a). Peça para falar com a secretária 
e gentilmente apresente a sua intenção, e se necessário agende um 
horário. E vá com tempo disponível para aguardar, caso haja atraso. 
E claro, chegue com antecedência e bem vestido. Sua vestimenta e postura 
serão basicamente os únicos critérios que o(a) médico(a) usará para dar-lhe 
ou não a oportunidade de mostrar sua competência encaminhando um 
paciente quando este tiver indicação. 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 66 
Observe a palavra em destaque: OPORTUNIDADE. Esse é o seu 
objetivo com a visita ao(a) médico(a), conquistar a oportunidade de 
mostrar seu trabalho. Inclusive não é proibido mencionar que está 
começando agora, pode inclusive ajudar a justificar a importância da 
oportunidade. Não precisa sentir-se constrangido se optar por revelar essa 
informação, todos, em algum momento, tiveram que começar. Só não vá fazer 
papel de vítima por estar nessa posição. 
 
 Não barganhe por essa oportunidade! Não seria elegante oferecer 
nada em troca para garanti-la. A oportunidade para ser legítima 
deve ser fruto da boa impressão que passou. 
 
Preocupe-se SEMPRE em ofertar o seu melhor! Se o paciente ficar 
satisfeito com seu trabalho isso chegará ao conhecimento de quem 
o encaminhou e certamente garantirá novos encaminhamentos. E 
o oposto também é verdade! 
→ Faça um ótimo trabalho! Valorize cada paciente, o “boca-a-boca” ainda 
é uma das melhores estratégias de marketing. Várias vezes recebi pacientes 
por indicação de outros pacientes. Portanto, essa é uma ótima estratégia para 
captar pacientes: garantir a satisfação do paciente com o seu tratamento! 
 
 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 67 
5 COMO GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS 
 
→ A primeira estratégia é garantir que você tenha competência para 
entregar o que você propõe. E isso é possível através de conhecimento 
técnico-científico. Você deve buscar dominar cada vez mais sobre sua área de 
atuação. E isso se chama educação continuada. Quem é realmente bom no 
que faz nunca se acha bom o suficiente. 
→ Faça uma avaliação criteriosa. Para ajudá-lo, tenha a disposição uma 
boa ficha de avaliação para direcionar esse momento. O objetivo aqui é fazer 
um bom diagnóstico fisioterapêutico (funcional), identificando as disfunções. 
 
Se possível agende o paciente você mesmo. Desta forma é 
possível otimizar sua agenda, evitando “janelas”; além de ter a 
oportunidade de verificar o motivo do encaminhamento (diagnóstico 
clínico ou queixa). Isso o deixará mais seguro no dia da consulta, pois permite 
tempo de revisar sobre a demanda do paciente caso ache necessário, bem 
como de estudar a ficha da avaliação. 
 
Finalizada a parte de identificação e anamnese (entrevista), reserve 
um momento para sanar possíveis dúvidas do paciente, e 
certifique-se sobre o quanto ele sabe sobre a Fisioterapia Pélvica e 
a sua importância. Aproveite esse momento para apresentar ao paciente de 
forma didática e clara a anatomia e função do assoalho pélvico, como nós 
fisioterapeutas avaliamos esses músculos e quais recursos podem fazer parte 
do nosso plano de tratamento. Essa abertura gera empatia e confiança para 
iniciar o exame físico e aumentam as chances de o paciente aderir ao 
tratamento e de ter disciplina na parte que lhe compete. 
COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS 
MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 
 
 68 
 
Banheiro privativo (dentro do consultório) garante mais conforto 
para o paciente, pois ele poderá esvaziar a bexiga antes do exame 
físico, se higienizar e trocar o protetor se achar necessário. E 
especialmente, ficará mais tranquilo em saber que tem um banheiro

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