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Copyright 2019 – Autora Proibida a reprodução dos textos originais, mesmo parcial, por qualquer processo sem autorização da autora. 1ª Edição Autora: Thais Cristine Lopes de Sousa, 2019. Ilustração: Lucas Vinícius Borges Valadares www.thaiscristine.com.br http://www.thaiscristine.com.br/ DEDICATÓRIA Mãe, te dedico! Esse projeto (Saúde Pelve) foi minha rota de fuga... Foi minha estratégia de preencher o vazio sem você aqui E fugindo da dor me conectei a você, a sua existência infinita e eterna em mim. Aqui tem tanto de mim, e eu tenho tanto de você. Obrigada por tanto! Obrigada por tudo! Com amor, Sempre sua, “Bonitinha da mamãe”. (Gracilaine Lopes de Sousa 28/02/65 - 25/04/19) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo seu “impressionante, infinito e ousado amor” e por sempre preparar o melhor para mim. Agradeço aos meus pais por todo investimento de tempo, recursos e valores. Agradeço a todos os mestres que passaram pela minha vida e deixaram sua parcela de contribuição para eu chegar até aqui. Agradeço ao meu esposo Rafael por acreditar no meu potencial, por abraçar meus projetos e por sonhar junto comigo. Agradeço a minha filha Catharina, quem me fez viver a experiência mais transformadora da minha vida: a maternidade. Agradeço aos meus pacientes e alunos por depositarem em mim confiança, e muitas vezes esperança. E por fim, agradeço a minha prima-irmã Pâmella, que carinhosamente aceitou o convite de prefaciar essa obra, fruto de uma semente que ela ajudou a plantar; e por sua amizade tão presente desde sempre. SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................... 9 2 INTRODUÇÃO A FISIOTERAPIA PÉLVICA ................................................ 11 2.1. A Escolha da Área de Atuação ............................................................ 11 2.2. O que é Fisioterapia Pélvica? .............................................................. 12 2.3. Precisa ser Especialista para Atuar na Fisioterapia Pélvica? .......... 12 3 BASES E FUNDAMENTOS DA FISIOTERAPIA PÉLVICA ......................... 14 3.1. Anatomia da Pelve ................................................................................ 14 3.1.1. Cavidade Pélvica................................................................................................... 15 3.1.2. Assoalho Pélvico ................................................................................................... 15 3.1.3. Diafragma da Pelve (camada profunda) ............................................................... 16 3.1.4. Diafragma Urogenital (camada superficial) .......................................................... 17 3.1.5. Períneo - Região da Genitália ............................................................................... 18 3.1.6. Tipos de Fibras Muscular ...................................................................................... 18 3.1.7. Inervação.............................................................................................................. 20 3.2. Avaliação Fisioterapêutica .................................................................. 21 3.3. Sistema Urinário e Disfunções Pélvicas ............................................. 22 3.3.1. Neurofisiologia do Trato Urinário ......................................................................... 23 3.3.2. Continência Urinária............................................................................................. 26 3.3.3. Principais Distúrbios Miccionais ........................................................................... 26 3.3.4. Tratamento Fisioterapêutico nos Distúrbios Miccionais ....................................... 34 3.4. Sistema Intestinal e Disfunções Pélvicas ........................................... 42 3.4.1. Neurofisiologia da Continência Anal e da Defecação ........................................... 42 3.4.2. Reflexos Envolvidos na Continência Anal e Defecação ......................................... 44 3.4.3. Tratamento Fisioterapêutico da Incontinência Fecal ............................................ 48 3.4.4. Terapia Comportamental na Incontinência Fecal ................................................. 50 3.5. Sexualidade e Disfunções Sexuais ..................................................... 53 3.6. Dor pélvica crônica............................................................................... 60 3.7. Prolapso genital .................................................................................... 61 4 COMO CAPTAR PACIENTES ..................................................................... 63 5 COMO GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS .................................. 67 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 70 7 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ................................................................ 71 8 ANEXOS ....................................................................................................... 72 ANEXO 1 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROLOGIA ............................................................... 73 ANEXO 2 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROGINECOLOGIA .................................................. 77 ANEXO 3 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM UROPEDIATRIA ........................................................ 81 ANEXO 4 - FICHA DE AVALIAÇÃO DA GESTANTE ................................................................ 84 ANEXO 5 - FICHA DE AVALIAÇÃO EM PROCTOLOGIA ......................................................... 87 ANEXO 6 – DERMÁTOMOS LOMBOSSACRAIS, NERVOS CUTÂNEOS E REFLEXOS ............... 91 ANEXO 7 – DIÁRIO MICCIONAL .......................................................................................... 92 ANEXO 8 – FICHA DE EVOLUÇÃO ....................................................................................... 93 ANEXO 9 - SUGESTÕES DE ESCALAS E QUESTIONÁRIOS ..................................................... 94 PREFÁCIO “Como captar pacientes e garantir os melhores resultados na fisioterapia pélvica.” é a consolidação de tudo que Thais Cristine fez certo nos seus 10 anos de carreira. Um livro sobre tudo que a ajudou a ter os melhores resultados e a autoridade em sua carreira de hoje. Foi feito especialmente para ajudar você. A autora me convidou para esse prefácio pois eu verdadeiramente a conheço, conheço suas razões e motivações. Então, resolvi destacar aqui sobre o que eu mais admiro nela: Thais é! Thais é fisioterapeuta. Isso é sua identidade, característica e propriedade intrínseca. Falo para você não sobre algo feito em 40 horas semanais ou em 25horas/aula, é algo que ela busca a cada segundo. Thais é fisioterapeuta por amor, por convicção, por propósito! Não por acaso, não para ver no que vai dar, não porque pode dar dinheiro. Aqui dou destaque para seu afeto, sensibilidade, empatia e comprometimento com o próximo, principalmente seus pacientes e alunos. Thais é especialista em fisioterapia pélvica. Uma especialidade que lida com tabus, com a intimidade do ser humano, com a reabilitação de funções essenciais a nós. Fica evidente aqui seu profissionalismo, sua seriedade e a busca constante pela excelência. Thais é professora. Esse livro é a materialização disso! Imagine você não ter que passar pelos percalços que ela passou e receber estruturado todos os passos que deram certo! Ao ler esse livro me admirei com a obstinação de Thais em garantir que você trilhe um caminho mais seguro do que o que ela mesma trilhou. Uma das características mais notáveis desse trabalho é a fina sensibilidade e preocupação da autora com os profissionais da fisioterapia pélvica, bem como sua constante buscapor desmistificar a área. Assim, eu o recomendo a você: profissional que quer ter mais resultado no trabalho com a fisioterapia pélvica e que, assim como Thais, busca ser! Pâmella Bandeira Mestra em Administração COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 9 1 APRESENTAÇÃO Há 4 anos eu ministro um curso de Fisioterapia Pélvica e Sexologia Humana de 25 horas/aula pelo Instituto Mundo Fisio. Quando recebi o convite para ministrá-lo o conteúdo programático já estava definido. Confesso que achei ousada a quantidade de assuntos que ele contemplava para tão curto espaço de tempo. Faltavam cerca de 2 semanas para curso acontecer, e aceitar o convite implicava em três coisas: • Eu iria programar meu primeiro curso; • Havia menos de 2 semanas para o início; • O desafio de contemplar todo o conteúdo programático, pois propaganda enganosa definitivamente não é comigo. VOCÊ ACHA QUE EU ACEITEI O CONVITE? Claro que sim! Meus olhos sempre brilharam para docência. Desde muito cedo percebi que tinha facilidade de ensinar. Na oitava série fui monitora de matemática e pude começar a exercitar esse talento. Na faculdade, monitora de cinesiologia por cinco períodos. No semestre anterior ao convite tive oportunidade de supervisionar o Estágio de Fisioterapia na Saúde da Mulher da PUC-Goiás e Coordenar a Liga Acadêmica de Fisioterapia na Saúde da Mulher (LAFISAM) também da PUC-Goiás. Voltando ao planejamento do meu primeiro curso, a estratégia foi me ater aos pontos chaves de cada tópico e correlacioná-los da melhor forma. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 10 E deu certo! O curso foi bem avaliado pelos alunos, e logo veio o convite para uma nova turma. Já foram 15 turmas concluídas, e a 16ª já está com data marcada para novembro de 2019. Desde que aceitei o desafio de ministrar um curso de fisioterapia pélvica e sexologia humana em 25h/aula ficou claro para mim que o objetivo principal desse curso seria apresentar a fisioterapia pélvica, introduzir sexologia e correlacionar os dois assuntos. Isso mesmo! Apresentar e introduzir! Essa atuação não é muito explorada nas graduações de fisioterapia e por mais que os cursos contemplem a disciplina Saúde da Mulher (disciplina que normalmente aborda a fisioterapia aplicada as disfunções de assoalho pélvico, ou fisioterapia pélvica), muitas faculdades não oferecem estágio curricular, ou quando oferecem normalmente é por tempo insuficiente para gerar segurança no aluno. A segurança a que me refiro é a de compreensão do que se trata, não de se sentir expert, mas a de se sentir capaz de começar. E essa é a minha missão, ajudar você a se sentir capaz de começar! Para isso fique atento as dicas abaixo. Comece treinando o que aprendeu no curso em alguém da sua confiança. Pode ser uma amiga, uma prima, uma tia, a mãe, a(o) namorada(o), a(o) esposa(o). Só depois agende um paciente! Leia esse material até o final! COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 11 2 INTRODUÇÃO A FISIOTERAPIA PÉLVICA 2.1. A Escolha da Área de Atuação Esse material parte do pressuposto de que a profissão já foi definida: fisioterapeuta. E, portanto, a dúvida seria sobre a escolha da área de atuação. Se você não tem certeza se está na profissão certa, sugiro que pause agora e pense sobre o que o motivou a escolher a fisioterapia, a concluir o curso e a exercer. Pensou? Você se identifica com essa escolha? Agora faça o mesmo com a escolha da área de atuação. Já adianto que se a sua motivação for dinheiro, você escolheu o critério errado. Dinheiro é a consequência e não a razão. Retorno financeiro, como o próprio nome diz é o retorno. Algo precisou ser dado em troca. Esse algo é trabalho duro. Só se consegue trabalhar duro por uma causa que realmente faça sentido e te deixe entusiasmado. Você precisa amar o que faz ou pelo menos amar sua motivação. Essa descoberta requer contato, vivência. É preciso experimentar, e antes disso conhecer. Lembra do curso o qual falamos no início, pois é, assim com ele, esse livro tem os objetivos de: 1. Apresentar a fisioterapia pélvica, ou pelo menos a sua essência; 2. Despertar o seu interesse em experimentar; 3. Construir base sólida por meio de fundamentos e ferramentas para começar com segurança. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 12 Esse livro foi pensado para servir de material de apoio especialmente para os meus alunos, mas também para todos os fisioterapeutas e acadêmicos de fisioterapia que pretendem iniciar na fisioterapia pélvica. 2.2. O que é Fisioterapia Pélvica? É uma área de atuação da fisioterapia que lida com os transtornos e disfunções da pelve, especialmente do assoalho pélvico (grupo de músculos que fecham a cavidade pélvica). Dentre esses transtornos e disfunções estão: incontinência urinária, incontinência fecal, disfunções sexuais (masculinas e femininas), prolapso genital, dor pélvica. Além desses, a retenção urinária e a obstipação intestinal também são alvos da nossa atenção e atuação. Preparar o períneo de grávidas visando prevenção de disfunções e o preparo para o parto normal com menor risco de laceração também é papel da fisioterapia pélvica. 2.3. Precisa ser Especialista para Atuar na Fisioterapia Pélvica? Não. Para atuar na fisioterapia pélvica é necessário ser fisioterapeuta e se sentir competente para atender na área. Contudo conforme consta no edital da prova de especialidades do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) “a especialidade é uma área particular do conhecimento, exercida pelo profissional qualificado a executar procedimentos de maior complexidade, para atender demanda específica das necessidades sociais. O título de COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 13 especialista é um certificado de qualificação profissional e será expedido pela associação conveniada ao COFFITO, e homologado por este”. A associação em questão é a Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRAFISM). Para receber o título de Especialista é necessário realizar o Exame Nacional de concessão de títulos e obter nota mínima e ter registro ativo em Conselho Regional de Fisioterapia por no mínimo 24 meses. No rol de especialidades que o COFFITO reconhece a Saúde da Mulher, é a que abarca a atuação da fisioterapia pélvica. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 14 3 BASES E FUNDAMENTOS DA FISIOTERAPIA PÉLVICA Antes de se preocupar em captar pacientes é preciso pensar em se capacitar para os pacientes. Isto é, preparar-se para entregar bons resultados. Sem dúvida esta é a melhor estratégia para conquistar reconhecimento profissional. Capacitação é um processo contínuo e se torna mais fluido e prazeroso quando as bases são sólidas e bem compreendidas. Neste capítulo destaquei pontos que considero essenciais na Fisioterapia Pélvica, e os organizei de forma estratégica para formação de uma linha de raciocínio que possibilite ampla compreensão desta área de atuação. 3.1. Anatomia da Pelve Pelve é a região inferior do tronco onde confluem o tronco e os membros inferiores. Figura 1 – Anatomia Óssea da Pelve → Pelve óssea → Cavidade pélvica COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 15 3.1.1. Cavidade pélvica A cavidade pélvica possui as seguintes delimitações: • Ântero-lateralmente: ossos do quadril e músculo obturador interno; • Posteriormente: sacro, cóccix e ligamentos sacroespinhal e sacrotuberal;• Inferiormente: diafragma da pelve; • Abertura superior: margem superior da sínfise púbica até o promontório sacral. 3.1.2. Assoalho Pélvico Figura 2 - Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) O assoalho pélvico é um conjunto de músculos e ligamentos com função de sustentação das vísceras pélvicas; ação esfincteriana para uretra, reto e vagina; passagem de um feto a termo. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 16 Composição: → Peritônio parietal → Diafragma da pelve 3.1.3. Diafragma da Pelve (camada profunda) Figura 3 – Camada Profunda do Assoalho Pélvico (Diafragma da Pelve) → m. isquiococcígeo (coccígeo) → Levantador do ânus: • m. pubococcígeo • m. puborretal • m. iliococcígeo COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 17 3.1.4. Diafragma Urogenital (camada superficial) Figura 4 – Músculos do Períneo (Diafragma Urogenital) → m. bulboesponjoso (ou m. bulbocavernoso) → m. isquiocavernoso → m. transverso superficial do períneo COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 18 3.1.5. Períneo - Região da Genitália Figura 5 – Períneo masculino e períneo feminino 3.1.6. Tipos de fibras muscular Figura 6 - Fibras muscular COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 19 Lembrando, assoalho pélvico é musculatura esquelética assim como os músculos dos membros superiores e todos os outros de contração voluntária. Tipos de fibras muscular → tipo I – vermelha → tipo IIa – Pálida → tipo IIb – branca → tipo IIc Fibras Tipo I – Vermelha • resistência a fadiga • metabolismo aeróbio • alta concentração de mitocôndrias • excelente suprimento sanguíneo • são para contração muscular sustentada Fibras Tipo IIa – Pálida • intermediárias • metabolismo aeróbio considerável • concentração razoável de mitocôndrias • são para atividade fásica sustentada COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 20 Fibras Tipo IIb – Branca • contração rápida • glicólise anaeróbia • baixa concentração de mitocôndrias • vascularização pobre • baixa resistência à fadiga • atividade fásica e curta O Assoalho pélvico é composto predominantemente por fibras tônicas (70%), musculatura de suporte e sustentação. Isso deve ser levado em consideração ao planejar o treinamento para esse grupo muscular. 3.1.7. Inervação Figura 7 – Nervo Pudendo O nervo pudendo é o responsável pela maior parte da inervação dos músculos e pele do períneo (nervo sensitivo e motor). É ramo do 2º, 3º e COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 21 4º nervos sacrais e eventualmente pode receber contribuição de S1 e/ou S5. 3.2. Avaliação Fisioterapêutica A avaliação fisioterapêutica inicia-se com a coleta de dados que identificam o paciente (nome, data de nascimento, idade, sexo, escolaridade, endereço, telefone). Na sequência inicia-se a etapa da anamnese para identificar a queixa principal, a história dessa queixa, hábitos e histórico geral de saúde do paciente. Aqui investiga-se sistema urinário, sistema intestinal, história ginecológica nas mulheres, função sexual. Confere-se os exames complementares pertinentes (exame de urina (EAS e Cultura), PSA (homens), estudo urodinâmico, manometria, dentre outros). Logo após, realiza-se o exame físico que se inicia com a inspeção (coloração, sinais de infecção, trofismo, cicatrizes) seguida da palpação especialmente da região abdominal e da região perineal com foco nos músculos do assoalho pélvico. No exame físico é avaliado o tônus; sensibilidade; mobilidade tecidual e articular; coordenação, força e resistência muscular; presença de reflexos (bulbocavernoso, cutâneo-anal, reflexo de tosse). O esquema PERFECT é uma estratégia de avaliação subjetiva da contração muscular do assoalho pélvico. A saber: • P = Power (força): classificação da força muscular de acordo com a Escala Oxford. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 22 • E = Endurance (resistência): tempo em segundos em que se consegue sustentar com a mesma intensidade uma contração voluntária. • R = Repetitions (repetições): corresponde a quantidade de repetições de contrações sustentadas por 5 segundos após repouso de 4 segundos. • F = Fast (rapidez): número de contrações rápidas (de 1 segundo) de mesma intensidade/qualidade após 2 minutos de repouso. • ECT = na prática é a somatória demais valores. Com a evolução esse valor deverá aumentar para indicar progresso. A fim de complementar a avalição o fisioterapeuta pode utilizar instrumentos (questionários validados, diários, escalas). Em anexos estão disponíveis alguns instrumentos que podem ser úteis, bem como modelos de fichas de avaliação. Ao final da avaliação o fisioterapeuta deve ser capaz de dar um diagnóstico funcional, traçar objetivos e selecionar as condutas que adotará para tratar o paciente. 3.3. Sistema Urinário e Disfunções Pélvicas Para saber prevenir e tratar as disfunções do assoalho pélvico e dos sistemas relacionados a ele é importante compreender a função desses sistemas. Começarei pontuando os pontos-chave do COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 23 sistema renal, mais precisamente os aspectos mais relevantes do trato urinário inferior. Isto porque as incontinências urinárias (perda involuntária de urina) são muito prevalentes nos consultórios de fisioterapia pélvica. 3.3.1. Neurofisiologia do Trato Urinário Trato Urinário Inferior O trato urinário inferior (TUI) é composto pela bexiga e uretra, e nos homens também a próstata. A bexiga é composta por três camadas: → Camada serosa (externa) → Músculo detrusor (camada média) → Mucosa (camada interna) Ela pode ser considerada a guardiã dos rins. Para que funcione normalmente e garanta a continência, ou seja, controle vesical sem escape de urina, é necessário que três condições estejam preservadas na bexiga: → Complacência: capacidade de armazenar grandes volumes a baixas pressões (complacência normal) • baixa complacência: a bexiga armazena pequenos volumes a altas pressões. • alta complacência: atinge volumes acima do normal sem mudança da pressão vesical. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 24 → Estabilidade: capacidade de armazenar urina sem contração detrusora (fase de enchimento sem contração). → Sensibilidade: se alterada pode acarretar hipossensibilidade ou hipersensibilidade. A micção é composta por duas fases: enchimento e esvaziamento. O controle consciente da micção é de responsabilidade do giro paracentral, do lobo frontal, no córtex cerebral. Na ponte localiza-se o centro da micção responsável pelo controle motor. O trato retículo- espinhal integra informações dos centros superiores com os centros medulares simpático e parassimpático. A bexiga e a uretra recebem inervação autônoma simpática (nervo hipogástrico) e parassimpática (nervo pélvico). Elas atuam de forma antagônica na micção. Inervação somática sensitivo-motora (nervo pudendo) também participará da micção. O Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNAS) é responsável pela fase de enchimento (armazenamento) vesical. Atua nos receptores alfa (predominante na uretra) e beta (predominante na bexiga), promovendo contração do esfíncter externo na uretra e relaxando o músculo detrusor. Dois neurotransmissores estão envolvidos com o SNAS: acetilcolina nas fibras pré-sinápticas e noradrenalinanas fibras pós-sinápticas. O Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNAP) atua na fase de esvaziamento vesical. A acetilcolina atua nos receptores nicotínicos (sinapse pré-ganglionar) e receptores muscarínicos (parede COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 25 vesical). Ela produzirá contração detrusora e relaxamento do esfíncter externo uretral. O Sistema Nervoso Somático (SNS) é responsável pelo controle voluntário da micção. Através do nervo pudendo que inerva o diafragma pélvico e o esfíncter externo da uretra (estriado) inicia-se os mecanismos de enchimento e esvaziamento vesical. A contração do assoalho pélvico e do esfíncter externo da uretra inicia o enchimento, enquanto o relaxamento inicia o esvaziamento. O SNS tem origem na medula sacral, no núcleo somatomotor ou núcleo de Onuf's. Figura 8 – Neurofisiologia da Micção Enchimento: Distensão da bexiga ativa progressivamente nervos aferentes vesicais inibindo a bexiga (n. hipogástrico). Ocorre estimulação simultânea do esfíncter externo uretral (n. pudendo). O Centro Pontino da Micção (CPM) é continuamente monitorado sobre o enchimento, COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 26 mantendo sua influência inibitória sobre o centro medular da micção (sacral). Esvaziamento: quando ocorre nível crítico de enchimento ou micção desejada o SNS (n. pudendo) relaxa o esfíncter externo diminuindo a pressão de fechamento uretral (PFU). O CPM interrompe a inibição sobre o centro medular da micção (parassimpático). Ocorre inibição simpática e acontece uma micção coordenada. 3.3.2. Continência Urinária A continência urinária dependerá da integridade da inervação, da integridade da musculatura lisa e estriada; e estruturas de suporte e componentes de tecidos lisos intactos. Além disso, a bexiga deve ser capaz de suportar volumes progressivos de urina sob baixas pressões e sem sofrer contrações involuntárias. O esfíncter uretral deve manter-se fechado durante o aumento de pressão intra-abdominal e relaxar durante micção. 3.3.3. Principais Distúrbios Miccionais Incontinência Urinária Incontinência urinária (IU) é qualquer perda involuntária de urina. Normalmente causa repercussão social, pode acarretar problemas de saúde adicionais e impacta negativamente a qualidade de vida. A IU pode ser: COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 27 → contínua: decorrente de malformações congênitas, perda funcional ou causas iatrogênicas. → Intermitente: • Incontinência diurna: acordada • Enurese: durante o sono Apresenta uma prevalência elevada, acometendo em torno de 50% da população feminina e 13% da população masculina quando considerado a população mundial na faixa etária dos 20 aos 80 anos (SBU). Os tipos mais comuns de IU são: incontinência urinária de esforço (IUE), incontinência urinária de urgência (IUU) ou urge-incontinência, e incontinência urinária mista. Na população masculina o tipo mais comum é a IU pós-prostatectomia radical (PTR). Figura 9 - Continência sob Esforço versus Incontinência sob Esforço COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 28 → IUE: perda de urina durante o aumento de pressão intra-abdominal, não associada a urgência miccional. O detrusor deve permanecer estável, ou seja, não apresentar contrações involuntárias na fase de enchimento. → IUU: perda de urina acompanhada ou precedida de um desejo miccional intenso (contrações não-inibidas simultâneas a perda). Figura 10 - Bexiga normal e Bexiga Hiperativa → IUM: perda de urina aos esforços associada a urge-incontinência. → A IU no homem pode ocorrer tanto no tratamento da hiperplasia próstatica benigna (HPB) quanto do câncer (CA) de próstata. Entretanto, a prevalência na HPB é menor que 1% dos casos, enquanto no CA de próstata a prevalência é 3 a 35% (pacientes operados ou irradiados). O esfíncter uretral proximal é removido na ressecção transuretral (RTU), na prostatectomia aberta ou PTR. Então o status de continência dependerá do esfíncter uretral distal. Na PTR, a remoção da porção COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 29 proximal do esfíncter uretral distal inclui o verumontanum e ápice prostático. Figura 11 - Próstata (Corte Frontal) Figura 12 - Pênis (Corte Frontal) COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 30 Bexiga Hiperativa É uma síndrome consistindo em urgência, com ou sem urge- incontinência e frequentemente associada ao aumento da frequência miccional e noctúria; na ausência de outra etiologia. A causa mais comum de BH é o detrusor hiperativo, que pode ter uma origem neurogênica, como pode ocorrer no traumatismo raquimedular; ou idiopática. Causas: • Lesões na medula espinhal: trauma, esclerose múltipla ou tumor; • Lesões corticais: doença de Parkinson, traumatismo cranioencefálico, demência e acidente vascular encefálico (AVE). A Bexiga Hiperativa Neurogênica pode ser resultado de lesões na medula espinhal como ocorre em traumas, esclerose múltipla ou tumor; ou decorrente de lesões corticais como no caso da doença de Parkinson, traumatismo cranioencefálico, AVE ou demências. Controle medular da micção S2-S4 Bexiga Neurogênica Não Flácida Bexiga Neurogênica Reflexa Bexiga Hiperativa Neurogênica Bexiga Neurogênica Flácida Bexiga Neurogênica Autônoma Bexiga Neurogênica Paralítico-sensitiva Bexiga Neurogênica Paralítico-motora COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 31 A lesão medular na bexiga hiperativa neurogênica necessariamente precisa estar localizada cima do centro sacral da micção (S2-S4). Nesse caso o enchimento vesical desencadeia contrações não- inibidas, que passam a ser interpretadas como urgência miccional ou incontinência urinária, tornando a capacidade vesical reduzida. Figura 13 - Nomograma do Diagnóstico da Síndrome da Bexiga Hiperativa Fonte: Urofisioterapia, Paulo Palma, 2009 A fisioterapia é uma opção de tratamento conservador com excelentes resultados na BH e quase nenhum efeito colateral. Dentre as estratégias terapêuticas do fisioterapeuta estão: COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 32 → Terapia comportamental (reeducação dietética; treinamento vesical) → Reabilitação do assoalho pélvico (exercícios pélvicos; eletroestimulação pélvica; biofeedback; cones vaginais) → Eletroestimulação: nervo tibial posterior, região parassacral Distúrbios miccionais na infância Nos primeiros 6 meses de vida a micção é totalmente incoordenada. Aos 2 anos de idade a micção já está bem mais coordenada e a criança normalmente alcança a mesma frequência miccional do adulto (4-7 micções por dia). Aos 4 anos a micção deve estar totalmente coordenada. A incontinência na criança pode ser contínua ou intermitente. E a intermitente se subdivide em incontinência diurna ou enurese. A enurese por sua vez pode ser subdividida em monossintomática (EM) ou não- monossintomática (ENM). A ENM ou disfunção do trato urinário inferior (DTUI) subentende crianças sem alterações neurológicas ou qualquer malformação do trato urinário inferior. Nela a micção durante o sono está associada a outros sintomas do trato urinário inferior como incontinência diurna, frequência urinária aumentada ou diminuída, urgência, manobras de contenção, sensação de esvaziamento incompleto, constipação ou infecções do trato urinário. A ENM é considerada primária quando a criança não teve controle dos episódios de noites molhadas. E secundária quando a criança retorna a noitesmolhadas após seis meses de noites secas. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 33 A DTUI decorre de diversos fatores, como: aumento da pressão intravesical, esvaziamento vesical incompleto, inabilidade de iniciar ou interromper a micção e IU. Acredita-se que existe um atraso na aquisição de inibição cortical sobre as contrações do detrusor. O controle cortical da micção surge por volta dos 3 aos 5 anos de idade. O atraso na maturação pode estar nas vias reticulo-espinhais da medula ou centro inibitório no córtex cerebral. A sintomatologia nem sempre acompanha a severidade do quadro. A evolução e o comprometimento renal podem ser evitados, quando o diagnóstico e tratamento são realizados em tempo hábil. Um quadro clínico conhecido como Síndrome de Eliminação Disfuncional pode estar presente. Pode ser decorrente de contrações repetidas do esfíncter urinário que também é acompanhada de contração do esfíncter anal que levará a inibição do peristaltismo intestinal e consequentemente constipação intestinal e/ou escape fecal, achados frequentes nas crianças com DTUI. A avaliação da DTUI requer exame de urina tipo I, urocultura, diário miccional, urofluxometria e ultrassonografia para avaliar dilatação renal, espessura da parede vesical e presença de resíduo pós-miccional. Os achados irão sugerir o fator predominante do distúrbio: → Disfunção miccional → Bexiga hiperativa O tratamento das DTUI inclui uroterapia (terapia comportamental), reabilitação de assoalho pélvico com biofeedback EMG, COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 34 eletroestimulação nervosa das raízes sacrais, intervenções adicionais como psicoterapia. A uroterapia é norteada pelo Diário Miccional de 48 horas, não necessariamente dois dias consecutivos. Deve ser registrado a ingesta de líquido diurna e noturna, a frequência miccional (horários e medidas). Assim identifica-se a capacidade vesical funcional (CVF) que é o maior volume urinado; a capacidade vesical média; os episódios de urgência miccional, de incontinência urinária e de enurese noturna. Quanto a relação CVF/CVE (capacidade vesical esperada): → < 65% bexiga de baixa capacidade → 150% bexiga de grande capacidade CVE = (idade + 1) x 30 (ml) 3.3.4. Tratamento Fisioterapêutico nos Distúrbios Miccionais O objetivo do fisioterapeuta nos distúrbios miccionais é buscar a normofuncionalidade do trato urinário inferior. Sempre atento em garantir ao máximo a saúde renal que pode estar comprometida por infecções do trato urinário e retenção urinária. O olhar do fisioterapeuta deve estar atento ao comportamento vesical, visto que a bexiga trabalha em favor da saúde dos rins. Precisamos identificar se ela preserva sua complacência, sensibilidade e estabilidade. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 35 Caso seja identificado uma diminuição da capacidade cistométrica, ou seja, da capacidade de armazenar da bexiga, a conduta do fisioterapeuta deve objetivar buscar a biomecânica de relaxamento do detrusor. Isso pode ser feito tentando diminuir a sensibilidade vesical que pode estar aumentada, inibir contrações involuntárias e melhorar a complacência. Em contrapartida se a capacidade cistométrica encontra-se aumentada, o objetivo é melhorar o esvaziamento, melhorando a sensibilidade que pode estar diminuída (hipossensibilidade) e a contratilidade detrusora. Dentre as estratégias terapêuticas do fisioterapeuta estão: → Terapia comportamental: aqui entra educação, orientação dietética e treinamento vesical. O paciente precisa saber claramente o que está acontecendo, para compreender as razões das orientações recebidas e aderir ao tratamento. Vídeos, animações e pranchas anatômicas são bem-vindos durante as explicações. O paciente precisa se conscientizar da importância da satisfatória ingesta hídrica, e salvo exceções o recomendado é 35 ml/kg. Muitos tendem a diminuir essa ingesta na tentativa de minimizar o distúrbio miccional. Alguns alimentos têm uma natureza irritativa e podem aumentar os sintomas, os principias são café, chocolate, chá preto, refrigerantes, pimenta e frutas cítricas. O treinamento vesical é outro ponto importante da terapia comportamental. Como o próprio nome sugere é um treinamento da bexiga através de micções programadas, ou seja, com horários pré- estabelecidos conforme a necessidade do paciente. Vale ressaltar que o COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 36 correto posicionamento no vaso sanitário é um grande auxiliar por favorecer o relaxamento do assoalho pélvico e o adequado esvaziamento vesical e intestinal. Figura 14 - Posicionamento no vaso sanitário NOTA: o apoio para os pés é especialmente necessário para evacuação. Para micção, sentar-se, inclinar o tronco para frente, abduzir os membros inferiores, apoiar os pés no chão e relaxar o assoalho pélvico é o suficiente para favorecer o esvaziamento da bexiga. → Biofeedback: por definição é qualquer forma de reeducação, em que se cria uma alça fechada de feedback, de forma que processos fisiológicos inconscientes tornam-se conscientes por meio de estímulos táteis, visuais ou auditivos. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 37 Essa é uma ótima modalidade terapêutica para tratar a incoordenação muscular. Ela está geralmente envolvida em distúrbios de eliminação/esvaziamento devido à dificuldade de relaxar os músculos do assoalho pélvico. Esse treino de coordenação pode ser realizado por meio de feedback verbal do fisioterapeuta em relação a resposta notada em na palpação. Esse é eficaz e não requer nenhum equipamento. Existe um modelo bem simples de biofeedback visual, para o canal vaginal. Trata-se de uma sonda vaginal com uma haste acoplada. A haste funciona como recurso visual indicador de contração e relaxamento do pavimento pélvico, ao contrair MAP a haste desce ao relaxar sobe. Quanto maior a amplitude de movimento da haste melhor está a contração muscular. Figura 15 - Modelo importado Fonte: access health Figura 16 - Modelo Nacional Fonte: PelviFit trainer – Miotec Há ainda o biofeedback manométrico que detecta o quanto de pressão a contração dos MAP consegue exercer na sonda de látex introduzida no canal vaginal ou canal anal, e traduz essa pressão em COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 38 cmH2O ou mmHg, a depender do equipamento. Essa sonda deve ser revestida com preservativo descartável pois é reutilizável. Segue abaixo alguns modelos disponíveis no mercado. Figura 17 - Modelo Perina - Quark Medical Figura 18 - Modelo Neurodyn Evolution – Ibramed Figura 19 - Modelo PelviAir – Miotec O biofeedback eletromiográfico capta o nível de atividade elétrica tanto no repouso quanto na contração e traduz essa resposta em microvolts (uV). É uma modalidade mais precisa do que o manométrico, e traz mais variáveis de informações como o tempo de ativação e desativação, a frequência mediana e média. Tem a vantagem ainda de COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 39 poder ser utilizado em crianças por oferecer opção de colocação dos eletrodos na região transcutânea ao invés de intracavitária. Nacional temos disponível hoje no mercado o Miotool Uro da Miotec, contudo existe modelos importados. Figura 20 - Miotool Uro - Miotec → Eletroterapia: aplicada as disfunções do assoalho pélvico (DAP) geralmente usa-se corrente de baixa frequência. A intensidade e largura de pulsolevam em consideração o conforto e profundidade da aplicação. Pode ser utilizada via transcutânea ou intracavitária (vaginal ou anal). A eletroestimulação melhora a circulação, promove contração muscular devido atrofia ou disfunção neuromuscular, melhora a cicatrização tissular e diminui a dor. A corrente mais utilizada é a bifásica, especialmente a FES. Para que a aplicação seja eficaz é preciso dominar a modulação dos parâmetros: frequência, largura de pulso, intensidade e tempo de trabalho-tempo repouso (on-off). A intensidade de corrente depende do aparelho e pode alcançar pouco mais de 80 mA. Deve ser aplicada a nível motor para que haja aumento de força muscular. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 40 A neuroestimulação promove a contração passiva dos MAP, um processo muito útil na melhora da consciência da região pélvica e do trofismo muscular, em pacientes sem contração voluntária. A eletroestimulação produz contração dos MAP e esfíncteres uretral e anal, por meio de estimulação direta do nervo pudendo, e ao mesmo tempo causa um reflexo inibitório na contração detrusora. A literatura apresenta os seguintes locais de aplicação: nervo tibial posterior, estimulações cutâneas perineais e sacrais, endocavitárias (vaginal ou anal). Geralmente é aplicada duas a três vezes por semana, por um tempo de 15 a 30 minutos, com duração de tratamento de 4 a 20 semanas. A escolha da frequência da corrente elétrica leva em consideração o tipo de músculo e o tipo de fibra muscular deseja-se prioritariamente estimular. As de contração lenta respondem melhor a frequências em torno de 30 Hz, enquanto as de contração rápida com frequências acima de 60 Hz. Quando o objetivo é inibir o músculo detrusor é recomendado frequência mais baixa (as vezes abaixo de 10Hz), a fim de estimular as fibras aferentes mielinizadas do nervo pudendo que apresentam menor diâmetro. A largura de pulso (Lp) é o elemento determinante para o tipo de recrutamento desejado. Caso não haja nenhum comprometimento neural a Lp pode variar entre 300 e 400 µs. As contraindicações para essa modalidade terapêutica são: pacientes portadores de marcapasso de demanda, gravidez, COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 41 menstruação, lesões cancerígenas, infecções e implantes metálicos expostos. Figura 21 - Modelos de Eletrodos Vaginais, Reutilizáveis em Pacientes Diferentes Mediante Esterilização. Figura 22 -Modelos de Eletrodos Anais, Reutilizáveis em Pacientes Diferentes Mediante Esterilização. Figura 23 - Modelo Vaginal/ anal Descartável - PelviFit (Miotec). COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 42 3.4. Sistema Intestinal e Disfunções Pélvicas 3.4.1. Neurofisiologia da Continência Anal e da Defecação Anatomia Anorretal Figura 24 - Anatomia anorretal Reto: tubo muscular de 12 a 15 cm, composto por um músculo longitudinal contínuo que se interlaça com o músculo circular subjacente. Este arranjo muscular funciona como reservatório ao conseguir acomodar-se passivamente à distensão, e como propulsor de fezes. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 43 Ânus: é um tubo muscular de 2 a 4 cm que em repouso forma um ângulo de cerca de 90º com o reto. Durante a contração voluntária este ângulo torna-se mais agudo, enquanto durante a defecação ele fica mais obtuso. O ânus mantém-se normalmente fechado pela atividade tônica do esfíncter anal interno (EAI), sendo esta barreira reforçada pelo esfíncter anal externo) EAE durante a contração voluntária. EAI: uma expansão da camada circular do músculo liso do reto. É o principal responsável pela manutenção da continência em repouso pois contribui com 70% a 85% da pressão de repouso do esfíncter. O ânus está normalmente fechado devido à sua atividade tônica. EAE: extensão do músculo elevador do ânus. A sua principal função é a gerar uma barreira contra o aumento de pressão retal por meio da criação de uma zona de alta pressão dentro do canal anal e do ângulo anorretal. Inervação O reto e o ânus são inervados por nervos sensitivos, motores, autônomos parassimpáticos e pelo sistema nervoso entérico. O nervo pudendo é o principal e inerva EAE, a mucosa anal e a parede anorretal. NOTA: Lesão do nervo pudendo leva a perda de sensibilidade da pele perianal e genital, à fraqueza do músculo do esfíncter anal e à perda do reflexo contrátil anorretal. Essa lesão não afeta a sensibilidade retal, pois esta é transmitida pelos nervos parassimpáticos de S1, S2 e S3. Essas fibras nervosas passam ao longo dos nervos esplâncnicos pélvicos e são independentes do nervo pudendo. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 44 3.4.2. Reflexos Envolvidos na Continência Anal e Defecação Reflexo inibitório retoanal (RIRA): Trata-se da diminuição da pressão de repouso anal que ocorre conforme o reto se distende ao receber volume, é mediado pelo plexo mioentérico. A amplitude e duração aumenta com o volume da distensão retal. Reflexo reto-anal excitatório: Resposta contrátil anal associada também a distensão do reto. É um esforço subconsciente refléxico de prevenção de liberação do conteúdo retal, inclusive gases. Esta resposta contrátil envolve a contração do esfíncter anal externo (EAE) e é mediada pelos nervos pudendo e esplâncnicos pélvicos. Sampling reflex: o relaxamento intermitente e transitório do EAI permite que o conteúdo retal desça para a parte superior do canal anal, desencadeando o sampling reflex, que se trata da percepção da natureza física (fezes ou gases) desse conteúdo, isto é possível porque o canal anal é extremamente sensível. Reflexo postural: é um reflexo pélvico que depende da integridade da inervação entre S2-S4. Trata-se de um estado de contração constante e ativa dos elevadores do ânus. Estes músculos são responsáveis pela sustentação/suporte do AP e dos órgãos pélvicos e abdominais. Previne assim a descida perineal excessiva. Dois processos estão em questão: → continência → defecação COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 45 A continência anal é mantida pela existência de uma pressão maior no canal anal do que no reto. O principal responsável é a barreira gerada pelo EAI (justificado anteriormente) que é reforçada durante a contração voluntária do EAE, pelas pregas mucosas anais, pelos coxins endovasculares anais e pelo músculo puborretal. Portanto a continência depende, entre outros fatores, do esfíncter anal e dos músculos do assoalho pélvico, sujeitos a reflexos neurais locais e espinhais, que, por sua vez, são alterados por inputs somáticos do tronco cerebral e do lobo frontal. Um volume de cerca de 300 ml estimula os receptores de pressão do pavimento pélvico, podendo desencadear a defecação. De forma reflexa ocorre o relaxamento do EAI e do puborretal, diminuindo o ângulo entre o ânus e o reto. Caso não haja uma inibição central, o reto se contrai, o pavimento pélvico desce e o EAE relaxa para permitir a evacuação. O reflexo da defecação é desencadeado com o aumento do volume de fezes no reto decorrente dos movimentos peristálticos. A pessoa continente impede o escape involuntário de fezes ou gazes com a contração voluntária do esfíncter externo e do puborretal e da formação do ângulo anorretal. A incontinência anal é perda involuntária de fezes ou gases. A gravidade varia desde a eliminação não intencional de gases até a evacuação completa do conteúdo intestinal. Clinicamente existem três subtipos: • incontinência passiva: descarga involuntária e inconsciente de fezesou gases; COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 46 • incontinência de urgência: descarga de matéria fecal apesar das tentativas ativas para reter os conteúdos intestinais; • fecal soiling: perda de fezes após evacuação normal. NOTA: O controle esfincteriano é adquirido por volta dos 4 anos de idade. A prevalência é 2% a 17% das pessoas que vivem a nível comunitário e cerca de 50% dos institucionalizados. É mais comum em idosos e mais prevalente em mulheres (8:1). Os fatores etiológicos são divididos em quatro categorias: Danos do esfíncter: parto vaginal, cirurgia anorretal, cancro anal ou retal, malformações anorretais. Alterações das características das fezes: Diarreia: diarreia infecciosa, abuso de laxantes, enterite rádica, síndrome do intestino curto. Obstipação: alimentação, medicamentos obstipantes, demência Distúrbios neuromusculares: neuropatia do pudendo, diabetes mellitus, lesões da medula espinhal, esclerose múltipla, doenças congênitas (meningocelo, mielomenigocelo), distúrbios do SNC (AVE, trauma, infeção, tumores). Alterações da complacência e sensibilidade retal: Prolapso retal, neoplasias retais, fístulas anais, proctite rádica, agenesia retal, malformações anorretais. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 47 O diagnóstico fisioterapêutico (funcional) é dado por meio de uma avaliação detalhada com dados de identificação, entrevista clínica (anamnese), exame físico, exames complementares e de diagnóstico. Em anexo está disponível modelo de ficha de avaliação em proctologia para direcionar esse diagnóstico funcional. Estão disponíveis ainda escalas e questionários validados que ajudam a determinar o tipo e intensidade dos sintomas, o impacto psicossocial do problema, além da eficácia da terapêutica instituída. NOTA: Alguns fármacos podem exacerbar a incontinência fecal Fármacos que afetam o tônus do esfíncter (Β-bloquedores, nitratos, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da recaptação de serotonina,sildenafil) Antibióticos (cefalosporina, penicilinas, eritromicina) Medicação tópica aplicada no ânus (nitratos e dialtiazem tópicos, betanecol) Fármacos que causem perda de fezes (laxantes, digoxina, orlistato, metformina) Fármacos que causem obstipação (opóides, loperamida, antiácidos (com alumínio), codeína, antidepressivos tricíclicos, benzodiazepinas). Há fármacos que podem contribuir para o tratamento da incontinência fecal, ou seja, benéficos: COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 48 Agentes formadores de volume (psilium, a goma arábica, a meticelulose e o policarbofilo de cálcio) são fibras naturais ou sintéticas normalmente usadas no tratamento da incontinência provocada por diarreia moderada. Agentes antidiarreicos (loperamida, a codeína, o difenoxilato com atropina e a amitriptilina). A primeira opção é, geralmente a loperamida que, em adição ao efeito opióide pode melhorar o tônus do esfíncter anal e a complacência retal. Injeções diretas no esfíncter (colágenio gluteraldeído reticulado (GAX collagen), politetrafluoretileno (Teflon), silicone, óxido de zircónio e gordura autóloga). Esses agentes atuam essencialmente pelo aumento da pressão de repouso através da criação de um efeito semelhante ao exercido pelos coxins anais. Fármacos que aumentam a função do esfíncter (fenilefrina gel tópica e valproato de sódio oral). Desimpactação fecal (lactulose e supositórios de glicerina). Enema de água quente pode contribuir para o esvaziamento retal. 3.4.3. Tratamento Fisioterapêutico da Incontinência Fecal O principal objetivo da fisioterapia no tratamento da incontinência fecal é estabilizar o pavimento pélvico e o esfíncter. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) aumentam a força e resistência; estimula o suprimento nervoso; melhora COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 49 a consciência anatômica, sensibilidade e coordenação dos MAP; aumenta o fluxo sanguíneo para região anorretal. O TMAP não necessariamente precisa ser mediado por recurso tecnológico, contudo usá-los pode ser útil por agregar benefícios ao treinamento, tornar a sessão mais dinâmica e didática. Um desses recursos coadjuvantes é o biofeedbak. Ele pretende que o paciente reconheça o seu limiar sensitivo, aprenda a coordenar o processo de defecação e exercite os MAP. Ele trabalha a percepção da sensação retal e a resposta do esfíncter à distensão. Além do biofeedback manométrico e do eletromiográfico que já foram citados nos distúrbios miccionais pode ser utilizado aqui o biofeedback sensorial com balão que consiste na insuflação gradual de um balão no reto para aumentar a capacidade de discriminação de volumes. A eletroestimulação é outro recurso muito útil no atendimento do fisioterapeuta. É possível usar correntes que promovem o despertar (contração) dos músculos do assoalho pélvico para os pacientes sem força muscular ou grau muito baixo de força. A corrente funciona como estímulo proprioceptivo que ajuda o paciente a compreender quais músculos deve contrair. Mesmo os pacientes com graus de força maiores que 3 podem se beneficiar desse tipo de corrente, pois, o fisioterapeuta, ao modular os parâmetros, determina o tempo de subida, tempo de trabalho (on), tempo de descida, tempo de repouso (off), tempo de corrente. Nesses casos, o paciente é estimulado a contrair ativamente acompanhando a entrada da corrente. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 50 A eletroterapia também pode ser utilizada com intuito de promover neuromodulação, nesse caso, programa-se correntes contínuas, de baixa frequência e tempo de aplicação de 20 a 30 minutos. Uma opção de local de aplicação é no nervo tibial posterior. É uma técnica que já se provou eficaz, custo-efetiva e segura no tratamento da IU, mas ainda com poucos estudos para IF. Estão descritas como contraindicações o uso em pessoas com danos nervosos periféricos, grávidas, portadores de desfibriladores implantáveis ou história de problemas cardíacos. 3.4.4. Terapia Comportamental na Incontinência Fecal O objetivo é estabelecer um trânsito intestinal previsível, com frequência e consistência de fezes mais fáceis de controlar. Para isso é preciso promover educação do paciente, otimização da alimentação e hidratação. Alimentos que devem ser EVITADOS: • Café, pois estimula a motilidade intestinal; • Alimentos ricos em fibras e bebidas carbonatadas porque podem provocar/agravar a incontinência ao diminuir a consistência das fezes ou ao aumentar a frequência de defecação. Alimentos que podem ser BENÉFICOS • farinha de trigo, • sementes de banana, COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 51 • bananas, • psilium, • maçãs • iogurtes O correto posicionamento do vaso sanitário é orientação muito útil, visto que pode favorecer o melhor esvaziamento retal em evacuações programadas, minimizando o risco de escapes. Figura 25 – Posicionamento no vaso sanitário que favorece a evacuação Esse posicionamento também é recomendável nos casos de obstipação intestinal visto que favorece a abertura do ângulo anorretal, ou seja, a verticalização do reto pelo relaxamento do puborretal. Em alguns casos só o correto posicionamento para evacuar não é suficiente para garantir o relaxamento do puborretal. Refiro-me aos casos de hiperativação e ou incoordenação muscular, essa última observada COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 52 pela dificuldade de relaxar a musculatura (relaxamentoparcial ou incompleto). Na hiperativação a massagem, eletroanalgesia, técnicas de consciência corporal ou técnicas de relaxamento podem ter bons resultados. No tratamento da incoordenação o biofeeback pode ser um excelente aliado. A massagem abdominal no sentido horário, ou seja, respeitando o trajeto das fezes no intestino grosso, também é uma estratégia do fisioterapeuta no tratamento da constipação intestinal. O intuito é facilitar o deslocamento das fezes sentido reto. Figura 26 - Intestino Grosso Outras recomendações úteis para pacientes obstipados: • Aproveitar o reflexo gastrocólico, defecando após as refeições. • Atividade física após as refeições ou ao acordar pode aumentar a atividade cólica e o trânsito intestinal. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 53 • Os alimentos que devem ser evitados na IF podem ser bem-vindos na constipação. • Garantir uma boa ingesta de água pode favorecer o bom funcionamento intestinal e amolecer o bolo fecal facilitando a evacuação. • Estabelecer um momento do dia para evacuar com intuito de criar uma rotina para intestino. A dica é escolher 10 minutos após alguma refeição (café da manhã, almoço ou jantar), sempre mais ou menos no mesmo horário. Se evacuar em banheiros públicos for um problema para você, escolha a refeição que você sempre faz em casa. E claro, reserve um tempinho para ir ao banheiro sem que se atrase. • Não levar livros, revistas ou celular para o banheiro, eles podem ser distrações. E para quem já tem dificuldade de evacuar, o recomendável é se concentrar no momento para conseguir relaxar os MAP. • Não esquecer de inserir alimentos laxativos na dieta diariamente, de preferência em todas as refeições. • Consultar com um nutricionista. Ele é o profissional responsável por ajustar a dieta de acordo com os objetivos e necessidades nutricionais de cada pessoa. 3.5. Sexualidade e Disfunções Sexuais A década de 60 inaugurou os estudos sobre sexualidade através do casal de pesquisadores William Masters (ginecologista) e Virginia Johnson (psicóloga). Eles propuseram um modelo linear de resposta sexual humana composto por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 54 Anos depois Helen Kaplan modifica esse modelo e insere a fase do desejo sexual, propondo um modelo trifásico: desejo, excitação e orgasmo. A associação do modelo de Martes e Johnson e Kaplan gerou o último modelo linear de resposta sexual humana: desejo, excitação, orgasmo e resolução. Então, em 2000, Rosemary Basson propõe um modelo circular de resposta sexual feminina onde outras motivações são levadas em consideração para ativar o ciclo de resposta sexual feminino, e não apenas o desejo sexual consciente. Este modelo considera que a motivação para o sexo se baseia em recompensas não necessariamente sexuais, como: ganho de intimidade, fortalecimento de laços afetivos, desejo de agradar o parceiro. Uma vez a mulher estando receptiva para o sexo, ainda que ela não apresente o desejo consciente o contato com estímulos sexuais pode despertar o desejo erótico. O complexo processo do ciclo da resposta sexual feminina recebe influência de fatores vasculogênicos (síndrome da insuficiência vascular do clitóris), neurogênicos (lesões medulares, diabetes), hormonais (falência ovarina prematura, contraceptivos orais) e psicológicos (distrações não sexuais, recordações de experiências sexuais negativas, depressão). A disfunção sexual feminina é definida como qualquer distúrbio ou dor associada ao ato sexual que impede a mulher de experenciar o sexo como gostaria. A disfunção é tida como primária quando ocorre desde a primeira relação, secundária quando um evento a determina ou ainda situacional. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 55 A disfunção sexual feminina pode estar relacionada a uma desordem do desejo ou excitação sexual, uma desordem de orgasmo ou ainda a desordem de dor sexual (dor gênito-pélvica/ penetração). No que tange a disfunção sexual é imprescindível que componham as estratégias terapêuticas o educar, informar e motivar a paciente a aumentar os estímulos, a explorar novos estímulos, fantasias, preliminares, diálogo com o parceiro, terapia. Nas desordens de excitação é necessário levar em conta as situações que diminuem o fluxo sanguíneo para o clitóris e vagina como: aterosclerose, lesões traumáticas das artérias ilíacas, hipogástricas e pudendas por fraturas pélvicas, lesões contundentes perineais, compressão perineal mecânica crônica. Além disso deve-se considerar a relação da falha na excitação com a deficiência hormonal, com o tônus muscular (flacidez vaginal) e com fatores psicossomáticos. Compõem as estratégias terapêuticas neste caso tratamentos hormonais, dispositivos estimulantes, lubrificantes e fisioterapia para melhorar a função muscular (força, tônus, sensibilidade). A desordem de orgasmo é caracterizada pela incapacidade ou dificuldade de obter orgasmo, apesar de desejo e excitação suficiente. Nesses casos o fisioterapeuta deve promover educação sexual, estimular comunicação com a parceria, estimular exploração do corpo, além do foco na função muscular do assoalho pélvico. A dor gênito-pélvica compreende a dispareunia (dor durante ou após relação sexual) ou vaginismo (espasmo vaginal persistente ou recorrente no terço externo da vagina que dificulta ou impede a penetração). Neste caso o fisioterapeuta deve explorar eletroanalgesia, COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 56 técnicas de relaxamento, liberação miofascial, mobilização pélvica, dilatadores vaginais, massageadores/vibradores. Desordem do desejo (desejo sexual hipoativo) pode estar relacionada a fatores orgânicos como alterações hormonais, mas também fatores emocionais e psicológicos como crise conjugal, problemas financeiros, problemas no trabalho. Experiências sexuais anteriores não satisfatórias podem desmotivar essa mulher a desejar novas experiências. É importante identificar se existem tabus relacionados ao sexo que podem ser raiz dessa desordem. Nestes casos, educar e informar sobre a anatomia e fisiologia da resposta sexual é muito importante. Vale ainda estimular o autoconhecimento; e a valorização da sua autoestima, dos seus valores e da liberdade expressão. Separe materiais educativos para educar e informar os pacientes durante a avaliação ou demais atendimentos. Pranchas ou livros de anatomia, fotos, ilustrações, vídeos são ótimos aliados. Desmistificar para homens e mulheres a ideia de que o clitóris se restringe a glande (extremidade no ápice dos pequenos lábios). O clitóris tem um corpo que desce até o introito vaginal, portanto toda essa região é muito erógena e pode ser explorada durante o sexo. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 57 Figura 27 – Genitália Feminina Externa Figura 28 – Estrutura do Clitóris Figura 29 – Genitália Masculina Externa Figura 30 – Estrutura do Pênis Figura 31 - Homologia - clitóris e pênis COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 58 Discutir sexualidade masculina carece de correlacionar o machismo ainda tão praticado socialmente que insiste em supervalorizar as características físicas e culturais associadas ao sexo masculino, pela crença de que homens são superiores às mulheres. Dentro da construção machista existe um homem viril e com ótimo desempenho sexual, portanto sem espaço para disfunções. Essa pressão pode muitas vezes ser a raiz de desordenssexuais masculinas. A ação terapêutica deve se apoiar no acolhimento, na escuta, no suporte e no esclarecimento. O profissional deve ter uma abordagem que contempla o conhecimento do próprio corpo (anatomia, fisiologia, ciclo da resposta sexual, mecanismo de ereção e ejaculação); esclarecimento sobre os efeitos da ansiedade na reposta sexual humana, aprendizagem de como se comunicar com a parceria (treino de assertividade); práticas de relaxamento; valorização de fantasias; desfocalização dos genitais como centro do prazer (focalização sensorial não-genital); exploração dos genitais e áreas circundantes. A disfunção erétil é uma das disfunções sexuais mais temidas entre os homens. Trata-se de um evento neuromuscular reflexo em que o estímulo sexual acarreta liberação de óxido nítrico, causando relaxamento vascular e intumescimento dos corpos cavernosos. É um processo complexo que envolve fatores neurológicos, vasculares, anatômicos, hormonal, molecular e psicológico. O principal responsável pela ereção é a inervação parassimpática (nervo esplâncnico pélvico). A atuação do fisioterapeuta se justifica no tratamento da disfunção erétil pensando na contribuição do músculo isquiocavernoso no aumento de COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 59 pressão nos corpos cavernosos para penetração com rigidez. A contração simultânea dos músculos isquiocavernosos com a penetração sugere o disparo do reflexo isquiocavernoso, que favorece o corpo cavernoso ser um sistema fechado cheio de sangue. Além do fortalecimento muscular é importante pensar em estratégias que preservem a capacidade erétil dos corpos cavernosos, evitando assim fibrose ou encurtamento. Dentre os recursos descritos além do treinamento dos músculos do assoalho pélvico estão a eletroestimulação, a vibração, a vacuoterapia (bomba peniana), o ultrassom. Contudo ainda existe uma carência grande de estudos científicos para respaldar o fisioterapeuta. A ejaculação precoce é uma disfunção sexual comum caracterizada pela incapacidade de retardar a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais. É classificada como primária quando a ejaculação ocorre sempre ou quase sempre antes de 1 minuto de penetração vaginal. É classificada como adquirida quando a ejaculação apresenta uma redução clinicamente significativa e incômoda no tempo de latência, cerca de 3 minutos ou menos na maioria das vezes. Para concluir esse capítulo gostaria de deixar uma citação de Jean- Yves Leloup que marcou minha formação como fisioterapeuta, é um convite a enxergar o outro com respeito, amor e sensibilidade: “Quando você toca alguém, nunca toque só um corpo. Quer dizer, não se esqueça de que você toca uma pessoa e que nesse corpo está toda a memória de sua existência. E, mais profundamente ainda, lembre-se que você toca um sopro, que esse sopro é o sopro de uma pessoa com os seus entraves e dificuldades e, também, é o grande sopro do universo. Assim, quando você tocar um corpo, lembre-se de que você toca um templo.”. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 60 3.6. Dor Pélvica Crônica A Dor Pélvica Crônica afeta homens e mulheres e é caracterizada por dor percebida na região anatômica da pelve e de caráter contínuo, esporádico ou cíclico, percebida por no mínimo três meses dos últimos seis meses. Quando essa ocorrência de dor não está relacionada a infecção ou outra doença local óbvia recebe o nome de Síndrome da Dor Pélvica Crônica. Pode ter origem urológica (próstata, bexiga, escroto, pênis-uretra, pós-vasectomia); ginecológica (vulva, vestíbulo, clitóris, endometriose associada, dismenorreia); gastrointestinal (colón irritável, ânus); sexual (dispareunia); psicológica, musculoesquelética (músculos do assoalho pélvico, músculos abdominais, músculo espinhal, cóccix) ou em nervos periféricos (síndrome do nervo pudendo). Os pacientes que sofrem com a Síndrome da Dor Pélvica Crônica devem ser acompanhados de forma multidisciplinar e multi-especialidades. Eles devem ser avaliados sob ponto de vista funcional, emocional, comportamental, sexual, de qualidade de vida, incluindo efeito no trabalho e socialização. Dentre o rol de intervenções úteis estão fisioterapia, psicologia, medicamentos, cirurgias. O fisioterapeuta deve realizar um exame musculoesquelético e neurológico, avaliando a função dos músculos do assoalho pélvico, procurando por pontos miofasciais de gatilho (trigger points). Existe uma tendência de hiperativação muscular e bloqueios de mobilidade na presença de dor, o fisioterapeuta poderá lançar mão das várias técnicas que dominar para quebrar esse padrão (liberação miofascial, mobilização articular, acupuntura, eletroanalgesia, técnicas posturais, técnicas de relaxamento). O manejo desse paciente é baseado em um modelo biopsicossocial. É importante levar em consideração, por exemplo, em que fase da vida essa COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 61 pessoa estava quando a dor surgiu. Questionários de qualidade de vida e escala de dor devem ser utilizados na avaliação inicial para comparação na reavaliação. 3.7. Prolapso Genital O prolapso genital ou prolapso de órgão pélvico (POP) é definido pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como uma procedência da parede vaginal anterior, posterior ou da cúpula vaginal. É mais comum em mulheres idosas. Os principais fatores etiológicos são: multiparidade, parto, doenças do colágeno, fatores hereditários, idade, obesidade, tabagismo, menopausa e obstipação. O tratamento é indispensável quando o prolapso provoca alterações na função urinária ou intestinal, nas atividades laborais ou de locomoção, e/ou na atividade sexual. O POP é classificado em 4 estágios de acordo com a classificação POP-Q, e o ponto de referência é o anel himenal. • Estágio 0: não há prolapso • Estágio 1: ponto mais distal do prolapso está localizado 1 cm acima do hímen. • Estágio 2: ponto mais distal do prolapso entre 1 cm acima e 1 cm abaixo do hímen. • Estágio 3: ponto mais distal do prolapso localizado 1 cm abaixo do hímen, porém 2 cm a menos que o comprimento total da vagina • Estágio 4: eversão completa, quando o ponto mais distal do prolapso tem deslocamento igual ao comprimento total da vagina. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 62 A fisioterapia não corrige o prolapso, ela melhora o suporte dos músculos do assoalho pélvico por meio de um treinamento específico. Esse reforço muscular contribui no impedimento da evolução do prolapso. Quando necessário o fisioterapeuta orienta e prescreve o pessário. Pessários são dispositivos de silicone desenvolvidos para introdução vaginal afim de dar sustenção/suporte para o prolapso. Podem ser do tipo oclusivos ou de suporte, e tem vários modelos, como por exemplo anel, anel com diafragma, donut, cubo; e estes possuem vários tamanhos. O modelo e tamanho é escolhido de acordo com o perfil da paciente, idade, estágio de prolapso, dentre outros fatores. É uma alternativa quando o procedimento cirúrgico é contraindicado ou não considerado pela paciente. Pode ser colocado e retirado pela própria paciente. Os oclusivos devem ser retirados todos os dias e a paciente é orientada a dormir sem ele. Os pessários de suporte podem ficar direto por até um mês, devendo ser retirados antes caso haja intercorrência ou para relação sexual. Não deve ser utilizado no período menstrual, até porque ele escorregaria pelo canal vaginal. São descritas como possíveis complicações para o uso do pessário: desconforto vaginal, erosões, dificuldade na colocação, sangramento, incontinência urinária, odor, vaginite, infecção, fístula, obstrução uretral. A higienização do pessárioé com água e sabão neutro. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 63 4 COMO CAPTAR PACIENTES → Agora que você teve a oportunidade compreender com clareza a Fisioterapia Pélvica, sugiro que identifique qual público-alvo você tem preferência de trabalhar e direcione seu foco para ele. → Busque cursos e conteúdo de qualidade para aprofundar seu conhecimento na abordagem desse público-alvo, por exemplo: gestante. Evidente que poderá durante o processo ir atendendo outros públicos, mas sugiro que ao menos seja dentro da Fisioterapia Pélvica. Isto facilitará a construção da sua identidade profissional, que deve estar relacionada a alguma área de atuação. Quem atende de tudo acaba não se destacando em nada. → Gradativamente pode ir ampliando sua bagagem fazendo cursos que abrangem outros públicos, além do da sua preferência, desde que sejam relacionados a essa área de atuação. Contudo quanto mais específico for seu trabalho maiores as chances de se destacar. → Defina como começará os atendimentos/ como prestará o serviço: • Funcionário de alguma clínica • Autônomo: Sistema de parceria com alguma clínica: normalmente a clínica oferta a estrutura física em troca de uma porcentagem do atendimento. É uma ótima opção para o fisioterapeuta que está entrando para o mercado de trabalho porque não tem despesa fixa. Se não atender não tem despesa, mas para ter receita precisará atender. Logo este formato funciona muito COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 64 bem quando o profissional é proativo, dinâmico e criativo, ou esteja em uma clínica com alto fluxo de pacientes. Locação de consultório: ideal para quem já tem parceria com médicos, algum nome no mercado ou credenciamento em convênios de saúde. Pois isso “garantirá” fluxo na agenda, caso contrário terá que estar preparado para arcar com despesa fixa (aluguel, condomínio e dentre outras) mesmo sem receita compatível. Ainda que você não tenha uma empresa, trate sua atuação profissional como um negócio, portanto planeje antes de iniciar suas atividades. Ou seja, elabora um plano de negócio, ou o mais próximo disso que você conseguir. Uma das perguntas desse planejamento você já respondeu no item anterior. Segue outras que são importantes: • Quais disfunções da Fisioterapia Pélvica você irá atender? • Quais recursos/equipamentos precisará? Faça um orçamento disso. • Quem é e onde está o seu paciente? (Quantos serão? Classe social/ nível econômico? Como eles chegarão até você? Como sustentará o fluxo de pacientes para viabilizar o seu trabalho?) • Onde será instalado seu consultório? (Seu endereço favorece o paciente chegar até você? Estacionamento é relevante para seu paciente?). Recomendo aqui que considere acessibilidade e banheiro privativo. • Qual preço será cobrado pelo seu atendimento? (Trabalhará com tabela de desconto ou prazo? Se sim, defina as condições. Quais serão as formas de pagamento que disponibilizará?) • Qual será o tempo de atendimento por sessão? Sugiro reservar um intervalo de 10 minutos entre um paciente e outro para organização do consultório. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 65 • Qual será seu horário de trabalho? (quantos pacientes pretende atender por dia?) • Qual investimento será necessário? (Qual a previsão de gasto inicial? Qual o valor estimado da sua despesa fixa? Por quanto tempo suportará movimento fraco?) → Crie mecanismos de alcançar visibilidade, mesmo sem investimento financeiro: • divulgue seu trabalho nas suas redes sociais; • crie oportunidades de expor seu trabalho em público (rodas de conversa, palestras, aulas, workshops); • visite profissionais, especialmente médicos, que possam encaminhar pacientes para você. Durante a visita apresente, em breve espaço de tempo, sua área de atuação, endereço, e se atende ou não convênio de saúde. Durante essa conversa responda com segurança e sem rodeios qualquer pergunta que lhe for realizada. Ligue antes de visitar o(a) médico(a). Peça para falar com a secretária e gentilmente apresente a sua intenção, e se necessário agende um horário. E vá com tempo disponível para aguardar, caso haja atraso. E claro, chegue com antecedência e bem vestido. Sua vestimenta e postura serão basicamente os únicos critérios que o(a) médico(a) usará para dar-lhe ou não a oportunidade de mostrar sua competência encaminhando um paciente quando este tiver indicação. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 66 Observe a palavra em destaque: OPORTUNIDADE. Esse é o seu objetivo com a visita ao(a) médico(a), conquistar a oportunidade de mostrar seu trabalho. Inclusive não é proibido mencionar que está começando agora, pode inclusive ajudar a justificar a importância da oportunidade. Não precisa sentir-se constrangido se optar por revelar essa informação, todos, em algum momento, tiveram que começar. Só não vá fazer papel de vítima por estar nessa posição. Não barganhe por essa oportunidade! Não seria elegante oferecer nada em troca para garanti-la. A oportunidade para ser legítima deve ser fruto da boa impressão que passou. Preocupe-se SEMPRE em ofertar o seu melhor! Se o paciente ficar satisfeito com seu trabalho isso chegará ao conhecimento de quem o encaminhou e certamente garantirá novos encaminhamentos. E o oposto também é verdade! → Faça um ótimo trabalho! Valorize cada paciente, o “boca-a-boca” ainda é uma das melhores estratégias de marketing. Várias vezes recebi pacientes por indicação de outros pacientes. Portanto, essa é uma ótima estratégia para captar pacientes: garantir a satisfação do paciente com o seu tratamento! COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 67 5 COMO GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS → A primeira estratégia é garantir que você tenha competência para entregar o que você propõe. E isso é possível através de conhecimento técnico-científico. Você deve buscar dominar cada vez mais sobre sua área de atuação. E isso se chama educação continuada. Quem é realmente bom no que faz nunca se acha bom o suficiente. → Faça uma avaliação criteriosa. Para ajudá-lo, tenha a disposição uma boa ficha de avaliação para direcionar esse momento. O objetivo aqui é fazer um bom diagnóstico fisioterapêutico (funcional), identificando as disfunções. Se possível agende o paciente você mesmo. Desta forma é possível otimizar sua agenda, evitando “janelas”; além de ter a oportunidade de verificar o motivo do encaminhamento (diagnóstico clínico ou queixa). Isso o deixará mais seguro no dia da consulta, pois permite tempo de revisar sobre a demanda do paciente caso ache necessário, bem como de estudar a ficha da avaliação. Finalizada a parte de identificação e anamnese (entrevista), reserve um momento para sanar possíveis dúvidas do paciente, e certifique-se sobre o quanto ele sabe sobre a Fisioterapia Pélvica e a sua importância. Aproveite esse momento para apresentar ao paciente de forma didática e clara a anatomia e função do assoalho pélvico, como nós fisioterapeutas avaliamos esses músculos e quais recursos podem fazer parte do nosso plano de tratamento. Essa abertura gera empatia e confiança para iniciar o exame físico e aumentam as chances de o paciente aderir ao tratamento e de ter disciplina na parte que lhe compete. COMO CAPTAR PACIENTES E GARANTIR OS MELHORES RESULTADOS NA FISIOTERAPIA PÉLVICA 68 Banheiro privativo (dentro do consultório) garante mais conforto para o paciente, pois ele poderá esvaziar a bexiga antes do exame físico, se higienizar e trocar o protetor se achar necessário. E especialmente, ficará mais tranquilo em saber que tem um banheiro
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