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TÍTULO VI: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Artigos 213 a 234-B do CP 1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL Dignidade da pessoal humana (art. 1º, III, CF). Representa um conjunto de garantias. Garantias negativas - o ser humano não pode ser objeto de discriminação e humilhações; e Garantias positivas: pleno desenvolvimento das suas capacidades individuais. O Estado deve assegurar meios para todos buscarem a satisfação sexual de forma digna. 2 DIVIDEM-SE EM CAPÍTULO I: Crimes contra a liberdade sexual CAPÍTULO I-A: Exposição da intimidade sexual CAPÍTULO II: Crimes sexuais contra vulnerável CAPÍTULO III: Rapto (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) CAPÍTULO IV: Disposições gerais (Capítulos I e II) CAPÍTULO V: Lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual CAPÍTULO VI: Ultraje público ao pudor CAPÍTULO VII: Disposições gerais (Título inteiro) 3 CAPÍTULO I CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 4 Artigos 213 a 216-A do CP NOÇÕES GERAIS Liberdade sexual é o direito de dispor do próprio corpo. 5 NOÇÕES GERAIS Estupro (art. 213, CP). Violação sexual mediante fraude (art. 215, CP). Importunação sexual (Art. 215-A, CP). Assédio sexual (art. 216-A, CP). 6 ESTUPRO 7 Artigo 213 do CP Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 8 ESTUPRO COMO ERA ANTES DA LEI Nº 12.015, de 2009 ESTUPRO Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena - reclusão, de três a oito anos. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena - reclusão de dois a sete anos. 9 CARACTERÍSTICAS Crime hediondo (consumado ou tentado). Objeto material: pessoa de qualquer sexo. Elementar implícita: dissenso da vítima (sério e firme, sem exigir heroísmo). Crime complexo em sentido amplo: constrangimento ilegal voltado para conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Elemento subjetivo: dolo. Tentativa: admite (crime plurissubsistente – composto de vários atos). 10 CARACTERÍSTICAS NÚCLEO DO TIPO – constranger. OBJETIVIDADE JURÍDICA - o estupro é um crime pluriofensivo, pois tutela dois bens jurídicos: a dignidade sexual e a integridade corporal e a liberdade individual (violência ou grave ameaça). 11 CONCURSO ENTRE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR Depois da Lei 12.015/2009: crime único. Possibilidade de crime continuado, antes e depois da Lei 12.015/99, se praticados contra vítima diversa. Hoje também se admite concurso formal, havendo duas vítimas nas mesmas circunstâncias de lugar e tempo. 12 AÇÃO PENAL ANTES DA LEI Nº 13.718, DE 2018 Pública condicionada à representação se a vítima fosse maior de idade. Pública incondicionada se a vítima fosse menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. DEPOIS DA LEI Nº 13.718, DE 2018 Todos se processam mediante ação penal pública incondicionada. 13 CONTATO FÍSICO NO CRIME DE ESTUPRO Segundo Rogério Greco e Cleber Masson é necessário o contato físico. Segundo Guilherme Nucci não é necessário, restando o estupro consumado quando o agente, com a finalidade de satisfazer a libido, obrigar a vítima a, simplesmente, despir-se, sem que venha a praticar qualquer ato libidinoso. Segundo Cleber Masson o ato sexual deve ser praticado pela, com ou sobre a vítima constrangida. Hoje, admite-se o estupro virtual. 14 https://globoplay.globo.com/v/8367802/ A PALAVRA DA VÍTIMA É meio de prova, segundo art. 201, CPP. Precedente do STJ, AgRg no Ag 1.237.839/MG, 5ª turma, j. 26.10.10. “O laudo de exame de corpo de delito na vítima de atentado violento ao pudor, que atesta a ausência de vestígios, não tem o condão de, por si só, estabelecer que não existem provas da materialidade do crime. Outrossim, a palavra da vítima, em sede de crime de estupro ou atentado violento ao pudor, em regra, é elemento de convicção de alta importância, levando-se em conta que nestes crimes, geralmente, não há testemunhas ou não deixam vestígios.” 16 Estupro - Palavra da vítima - Contradições - Fragilidade dos demais elementos probantes - Aplicação do princípio in dubio pro reo - Absolvição - Apelação - Provimento - 1) A palavra da vítima, mesmo nos crimes sexuais, somente tem valor probatório quando firme, equilibrada e coerente com os demais elementos constantes nos autos - 2) Nos crimes de natureza sexual, as dúvidas decorrentes de contradições das declarações da vítima e a fragilidade dos demais elementos do conjunto probatório, por aplicação do princípio do in dubio pro reo, impõem a absolvição do agente - 3) Apelo provido. 17 A PALAVRA DA VÍTIMA ESTUPRO, INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL E GRAVIDEZ Não há de se falar em estupro quando alguém, contra a vontade da vítima, nela realiza inseminação artificial, ainda que resulte gravidez, pois inexiste conjunção carnal ou outro ato libidinoso, subsistindo o constrangimento ilegal (art. 146, CP). Caberia o aborto sentimental? 18 OUTRAS QUESTÕES HÁ ESTUPRO ENTRE CÔNJUGES? GAROTA OU GAROTO DE PROGRAMA PODE SOFRER ESTUPRO? VIOLÊNCIA EXERCIDA CONTRA PESSOA DIVERSA DA VÍTIMA PODE CONFIGURAR ESTUPRO? 19 OUTRAS QUESTÕES E se durante o ato inicialmente forçado a vítima passar a consentir? E se durante o ato inicialmente consentido a vítima desejar que esse seja interrompido? 20 “Estupro não é um ato sexual. É um ato de violência que usa o sexo como arma”. Patrícia Easteal 21 VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE 22 Artigo 215 do CP VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 23 CARACTERÍSTICAS Crime chamado de “estelionato sexual”, tem como ações nucleares “ter” e “praticar”. Deve ocorrer o emprego da fraude idônea ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima (ex.: embriaguez incompleta). 24 CARACTERÍSTICAS Percepção da fraude pela vítima durante a relação sexual: a vítima aceita a continuação do ato, tornando o fato atípico, em razão do seu consentimento. a vítima deseja a interrupção do ato. Se o agente insistir na prática da conjunção carnal ou outro ato libidinoso, mediante violência ou grave ameaça, incorrerá no crime de estupro (art. 213, CP). 25 CARACTERÍSTICAS Crime simples, comum, doloso, material, admite a tentativa, unissubjetivo (uma pessoa), plurissubsistente (vários atos), de ação penal pública condicionada à representação. 26 INTERVENÇÃO MÍNIMA “Ilícito penal desnecessário” que “não segue o princípio penal da intervenção mínima” (Nucci). 27 CARACTERÍSTICAS A prostituta pode ser vítima desse crime. Ex.: se após o programa sexual, o cliente fugir sem efetuar o pagamento do programa. 28 IMPORTUNAÇÃO SEXUAL 29 Artigo 215-A do CP IMPORTUNAÇÃO SEXUAL Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 30 IMPORTUNAÇÃO SEXUAL PRESSUPÕE: Prática de ato libidinoso. Não se aplica ao caso de conjunção carnal. Discordância da vítima. Objetivo: satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. 31 https://www.youtube.com/watch?v=P4r9GNyL6Yk ASSÉDIO SEXUAL 33 Artigo 216-A do CPASSÉDIO SEXUAL Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Parágrafo único (vetado). § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. 34 CARACTERÍSTICAS Crime de menor potencial ofensivo. Núcleo do tipo: “constranger” sem violência ou grave ameaça, embora, na prática, deva existir uma ameaça capaz de tirar a tranquilidade da vítima (desemprego, por exemplo). 35 CARACTERÍSTICAS SUPERIOR HIERÁRQUICO: funcionário de maior autoridade numa estrutura administrativa, pública ou privada. ASCENDÊNCIA: maios poder de mando, no setor privado. Pode ser o dono, o gerente, o chefe de setor. 36 CARACTERÍSTICAS O assédio deve ser praticado em razão da relação decorrente do exercício de emprego, cargo ou função entre o superior hierárquico e o funcionário público, na estrutura da administração pública, ou entre ascendente e subordinado, nas relações de direito privado. 37 CARACTERÍSTICAS Crime doloso, formal, admite tentativa. Ação penal pública incondicionada em todos os casos (vítima maior ou menor de 18 anos), desde o advento da Lei nº 13.718, de 2018). 38 ASSÉDIO SEXUAL / ESTUPRO DE VULNERÁVEL Sendo a pessoa menor de 14 anos, poderá ser configurado estupro de vulnerável (art. 217-A, CP). 39 CARACTERÍSTICAS Não há relação de hierarquia entre religiosos e fiéis ou entre professor e aluno. Patrão e empregado doméstico (configura). O fato é atípico quando envolve funcionários de igual escalão. Também não há crime quando o subalterno assedia o chefe. Paixão do acusado pela vítima não exclui o crime. 40 FIGURA TÍPICA “INADEQUADA” Figura típica “totalmente inadequada e inoportuna. Delito natimorto, sem qualquer utilidade prática”, segundo Nucci. Assunto para o direito civil. 41 CAPÍTULO I-A EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL 42 Artigos 216-B do CP REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018) 43 CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS 44 Artigos 217-A a 226 do CP ESPÉCIES Estupro de vulnerável (art. 217-A, CP) Corrupção de menores (art. 218, CP) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A, CP) Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, CP) Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, cena de sexo ou de pornografia (218-C) 45 NOÇÕES GERAIS A vulnerabilidade da vítima substituiu a presunção de violência, antes prevista no art. 224, CP, revogado pela Lei 12015/09, não tendo havido segundo STJ a abolitio criminis (Precedente AgRg no Ag 706.012/GO, j. 27/10/09). Para a caracterização desses crimes é irrelevante o dissenso da vítima, e o aperfeiçoamento dos crimes de vulnerável independe do emprego da violência, grave ameaça ou fraude. 46 ESTUPRO DE VULNERÁVEL 47 Artigo 217-A do CP ESTUPRO DE VULNERÁVEL Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º - VETADO § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 48 48 ESTUPRO DE VULNERÁVEL Art. 217-A... § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 49 49 CARACTERÍSTICAS Objeto material: pessoa vulnerável. A vulnerabilidade do ofendido implica na invalidade do seu consentimento. Crime simples, comum, material, comissivo, unissubjetivo, plurissubsistente, doloso, admite a tentativa, de ação penal pública incondicionada. 50 RELATIVISAÇÃO DA VULNERABILIDADE PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217 – A DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELAÇÃO MINISTERIAL. PEDIDO DE CONDENAÇÃO DO RÉU. VULNERABILIDADE EM RAZÃO DA IDADE DA VÍTIMA. CRITÉRIO OBJETIVO. NÃO ACOLHIMENTO. SITUAÇÃO CONCRETA QUE AFASTA A HIPÓTESE DELITIVA. RÉU E VÍTIMA QUE MANTINHAM RELACIONAMENTO AMOROSO E RESIDIAM COMO SE CASADOS FOSSEM. UNIÃO ESTÁVEL CONFIGURADA. VULNERABILIDADE NÃO VERIFICADA. ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 386, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM DISSONÂNCIA COM O PARECER DA QUINTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA. (TJRN. Câmara Criminal. Relator: Desembargador Gilson Barbosa. Origem: Vara Única da Comarca de Parelhas/RN. Publicação: 10/07/2015. Processo n° 2013.020556-9). ERRO DE TIPO Pode haver a incidência do erro de tipo (art. 20, CP) nos crimes contra vulneráveis, face à postura, desenvoltura e compleição física da vítima. 52 ERRO DE PROIBIÇÃO Inaplicabilidade do erro de proibição (art. 21, CP). Bem jurídico violado (dignidade sexual) é indisponível. 53 https://www.youtube.com/watch?v=TwWzJ1uS6VI CORRUPÇÃO DE MENORES ou ESTUPRO DE VULNERÁVEL POR INDUÇÃO 55 Artigo 218 do CP CORRUPÇÃO DE MENORES Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 56 CARACTERÍSTICAS Objeto material: pessoa menor de 14 anos. Há quem defensa que a satisfação da lascívia há de limitar-se a atividades sexuais meramente contemplativas. Nucci discorda: “É fundamental que o menor realmente tome medida prática”. 57 CARACTERÍSTICAS Crime comum, simples, material (segundo Nucci), doloso, admite tentativa, de ação penal pública incondicionada. Núcleo do tipo: “induzir”. Lascívia é o desejo sexual, o erotismo, a luxúria. 58 CARACTERÍSTICAS A conduta deve atingir pessoa determinada. Se o sujeito induzir pessoas indeterminadas, menores de 14 anos, a satisfazer a lascívia de outrem, incorrerá no crime de Favorecimento à Prostituição (art. 218-B, CP). 59 ART. 244-B DO ECA Art. 244-B do Eca. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Não se relaciona ao campo sexual. Pune-se a conduta da pessoa que pratica alguma infração penal na companhia de menor de 18 anos, deturpando ou contribuindo para sua depravação moral e má formação da personalidade. 60 SUJEITOS ATIVO Sujeito ativo é aquele que induz. O terceiro beneficiado (voyeur) não incide na conduta do art. 218, CP. 61 SUJEITOS PASSIVO Sujeito passivo: menor de 14 anos. Vítima com idade igual ou maior de 18 anos (incidência do art. 227, caput, CP): “Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem”. Vítima com idade maior de 14 e menor de 18 anos (incidência do art. 227, § 1º, 1ª parte, CP): forma qualificada. 62 CONCURSO DE AGENTES Posição 1 - Se o menor de 14 anos praticar conjunção carnal ou ato libidinoso com terceiro, quem induz responderá por estupro de vulnerável em concurso de pessoas. Posição 2 – Espécie de “figura privilegiada” que beneficia o partícipe em estupro de vulnerável. O contato sexual materializa o delito de corrupçãode menores. 63 CRÍTICAS “Tipo penal desnecessário e pode causar problemas” (Nucci). A conduta poderia muito bem ser enquadrada no art. 217-A. Beneficia injustificadamente o partícipe. 64 SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE 65 Artigo 218-A do CP SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 66 CARACTERÍSTICAS Crime comum, simples, formal, instantâneo, comissivo, unissubjetivo e plurissubsistente. Objeto material: pessoa menor de 14 anos que presencia a conjunção carnal ou outro ato libidinoso. O menor de 14 anos limita-se a presenciar a conjunção carnal ou outro ato libidinoso, não havendo envolvimento corporal do vulnerável com qualquer pessoa. Desnecessária a presença física do menor de 14 anos, podendo o crime ser praticado por meios tecnológicos. 67 CARACTERÍSTICAS O crime também poderá ocorrer quando o autor, por exemplo, convidar um menor de 14 anos para assistir filmes pornográficos, conferindo-lhe prazer sexual. Elemento subjetivo: dolo (a fim de satisfazer a lascívia própria ou de outrem). Admite a tentativa. Ação penal pública incondicionada. 68 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL 69 Artigo 218-B do CP FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 70 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL Art. 218-B... § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 71 CARACTERÍSTICAS Crime simples, comum, material, instantâneo (submeter, induzir, atrair e facilitar) ou permanente (impedir e dificultar), doloso, admite a tentativa, comissivo, não transeunte, unissubjetivo e plurissubjetivo. Elemento normativo do tipo: exploração sexual. Objeto material: pessoa menor de 18 anos e maior de 14 ou portadora de doença ou enfermidade mental. Ação penal pública incondicionada. 72 CRITÉRIO DA ABSORÇÃO Se o delito envolver menor de 14 anos, o agente responde por ESTUPRO DE VULNERÁVEL, que, sendo mais grave, absorve o art. 218-B. 73 REVOGAÇÃO DO ART. 244-A DO ECA O art. 218-B, do CP, determinou a revogação do art. 244-A, do ECA. Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa. 74 DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 75 DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA Art. 218-C... AUMENTO DE PENA § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 76 DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA EXCLUSÃO DE ILICITUDE § 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 77 DISPOSIÇÕES GERAIS (CAPÍTULOS I E II) 78 Artigos 225 a 234-B do CP AÇÃO PENAL Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. 79 79 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA I Art. 226. A pena é aumentada: I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 80 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA I Art. 226... IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: Estupro coletivo a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Estupro corretivo b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 81 https://www.youtube.com/watch?v=r6phQwb_pOU https://www.youtube.com/watch?v=y-Qic3VzVLQ CAUSAS DE AUMENTO DE PENA I Proibição do bis in idem. Ex.: não se aplica ao crime de assédio sexual, o inciso II do art. 226, CP. 83 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA II Aplicável a todos os crimes contra a dignidade sexual. Art. 234-A, III, do CP: de metade a dois terços. A gravidez como resultado do crime. Art. 234-A, IV, do CP: de 1/3 a 2/3. Transmissão de doença sexualmente transmissível ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. 84 GRAVIDEZ COMO RESULTADO DO CRIME Necessidade da realização de exame pericial. Permissão de aplicação do aborto sentimental ou humanitário disciplinado no art. 128, II, CP. 85 DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL Deve haver a efetiva transmissão da doença, não bastando a simples exposição da vítima ao perigo. Deve existir o dolo direto ou eventual. Necessidade de exame pericial. Após a lei 12.015/09 não ocorre mais a incidência do art. 130, CP (perigo de contágio venéreo), face à vedação do bis in idem. 86 GRAVIDEZ, DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL E USO DO PRESERVATIVO OU MÉTODO CONTRACEPTIVO . As causas de aumento de pena do art. 234-A, CP, incidirão mesmo que o sujeito ativo faça uso do preservativo ou método contraceptivo, pois basta o dolo do agente de praticar o crime contra a dignidade sexual. Se ocorrer o resultado agravador, a pena será aumentada, pois se causou resultado mais danoso, deve o agente ser punido com mais rigor. 87 SEGREDO DE JUSTIÇA Previsão legal: art. 234-B, CP. O segredo de justiça impera durante todo o trâmite da ação penal, inclusive na fase recursal, podendo ser estendido à fase inquisitorial. Tribunais superiores entendem que o segredo de justiça pode ser retirado em relação ao réu. 88 PRESCRIÇÃO DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES A Lei nº 12650/2012 acrescentou o inciso V ao artigo 111, CP, no qual afirma que a prescrição,antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: Inc. V: Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já tiver sido proposta a ação penal. 89 https://www.youtube.com/watch?v=J2ayrrtsVBI https://www.youtube.com/watch?v=gD5CKuBOt3s https://www.youtube.com/watch?v=oNOPhjRatQM
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