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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 87ª VARA DO TRABALHO DA DA CIDADE-ESTADO. Processo nº 003186-28.2020.5.00.0087 A EMPRESA FOFOCALIZANDO LTDA. pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF, sob o n.º, (endereço eletrônico), com sede na (endereço completo), por seu Advogado abaixo assinado e regularmente constituído no instrumento procuratório em anexo, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO com supedâneo no artigo 847 da Legislação Consolidada e artigo 343 do Código de Processo Civil, em face de Reclamação Trabalhista ajuizada por LEO DIAS DOS ANZÓIS PEREIRA, já devidamente qualificado nos autos do processo com número indicado em epígrafe, o que faz nos termos a seguir: I. PRELIMINARMENTE – DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA Excelência, o Contestante vem apresentar impugnação quanto ao valor da causa totalizado pelo Contestado, eis que chega ao absurdo montante de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), o qual atribui ao somatório de seus pedidos, quais sejam, horas extraordinárias e honorários advocatícios. Ocorre, MM Julgador, que tais valores são temerários e com certeza foram aleatoriamente inseridos na petição inicial, demonstrando, excesso quanto à importância apresentada. Os artigos 293 e 337, III do Código de Processo Civil, estabelecem: Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: III – incorreção do valor da causa. Sem prejuízo da defesa de mérito a ser tecida a seguir, onde, adianta-se, nega-se veementemente que seja a Contestante devedora de quaisquer valores a título de horas extras, é necessário atentar que da média das horas extras informadas na inicial, tem-se que, segundo a tese do Reclamante, este jamais teria laborado por mais de 1 (uma) hora extraordinária por dia. Dessa forma, na eventualidade de a Reclamada vir a sucumbir quanto aos pedidos formulados pelo Reclamado, merece, de pronto, serem as verbas calculadas levando-se em consideração o real valor do proveito econômico pretendido ou deferido, no que aqui se aduz por amor ao debate, não se acreditando que seja este o posicionamento deste Magistrado, e não o absurdo montante inserido pelo Contestado. Diante do exposto, requer o Contestante que tal pleito seja declarado improcedente com a decisão de Vossa Excelência sem a apreciação do mérito. II. SINOPSE DA PRETENSÃO EXORDIAL O Reclamante ajuizou Reclamação Trabalhista requerendo a condenação da Reclamada ao pagamento de horas extraordinárias no importe de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), aduzindo que trabalhara além da jornada legalmente estabelecida. Contudo, Douto Julgador, o Reclamante foi contratado como Gerente de Loja, possuindo poderes de gestão, o que o exclui do controle de jornada. Por oportuno, cumpre a este contestante indicar que honrou devidamente com todas as obrigações decorrentes do contrato de trabalho outrora firmado com o Reclamante, cabendo ainda informar que as verbas resilitórias foram pagas, conforme comprovantes bancários que seguem anexos. Finalmente vem o peticionante relatar que o Reclamante, quando de sua dispensa e com ela inconformado, provocou danos ao equipamento D34KL e duas câmeras de vídeo monitoramento da área de vendas da empresa, o que foi presenciado por alguns empregados e clientes. O equipamento danificado é de propriedade do Reclamado, cujo reparo lhe exigiu o desembolso da importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Ressalte-se que a referida situação foi objeto de registro na delegacia de polícia da área, cujo boletim de ocorrência segue colacionado aos presentes autos. Como se verificará Excelência, não há como prosperar a pretensão do Reclamante formulada na exordial, haja vista que se encontra em total desacordo com a realidade fática, consoante será demonstrado a seguir. III. DO MÉRITO Excelentíssimo Julgador, o Reclamante postulou o pagamento da importância de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) aduzindo que seria relativa a horas extraordinárias de trabalho que, jamais poderiam ter sido realizadas, já que ele atuava na empregadora como gerente de loja, sem controle de jornada, tudo dentro da legalidade, conforme dispõe o Artigo 62, II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), abaixo transcrito: Art.62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Como expresso no artigo retromencionado, não assiste razão o reclamante. Diante do exposto, requer este Contestante a improcedência do pedido formulado na inicial. IV. DA RECONVENÇÃO a. Requisitos da Reconvenção MM Juiz, no caso ora em análise encontram-se presentes os requisitos da reconvenção, previstos no artigo 343 do Código de Processo Civil, que compreendem: a legitimidade ativa e passiva (as partes envolvidas no presente procedimento são as mesmas do pleito reconvencional) e a conexão (vez que o empregado não faz jus às horas extras pleiteadas, pleiteando direito indevido, buscando o peticionante o ressarcimento de danos dolosamente provocados pelo Reconvindo). Segue a transcrição do artigo 343, CPC: Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Demonstrados os requisitos da Reconvenção, passa-se à pretensão reconvencional. b. Do Pedido Reconvencional No momento em que o Reconvindo foi informado de sua dispensa, reagiu de forma destemperada, vindo a danificar o equipamento D34KL e duas câmeras de vídeo monitoramento da área de vendas da empresa, o que foi presenciado por testemunhas. Os equipamentos danificados são de propriedade do Reconvinte, cujo reparo lhe exigiu, conforme relatado, o desembolso da importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), tudo comprovado por meio das notas fiscais que documentam esta providência. Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, previsto nos artigos 186 e 927 do Código Civil, que compreendem: culpa, dano e nexo. Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. É possível observar no caso em tela que a culpa se verifica pela prática do ato doloso que levou ao prejuízo do Reconvinte, o qual inclusive autoriza, inclusive, a sua dispensa por justa causa, o que não se deu, à luz do disposto no artigo 482, “b”, CLT, abaixo mencionado: Art. 482 – Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: (...) b. incontinência de conduta ou mau procedimento. [grifo nosso]. O dano, como já indicado, foi de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), devidamente comprovados. O nexo também está presente na medida em que o ato danoso decorreu de conduta ilícita praticada pelo ex-empregado. Diante do exposto, requer a condenação do Reclamante-Reconvindo ao pagamento de indenização por danos materiais (dano emergente) no importe já informado e honorários advocatícios sucumbenciais, sugerindo-se a proporção de 15%, nos termos do previsto no §5º do artigo 791-A, CLT: Art. 791-A – Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendopossível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (...) § 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção. Conhecedor do elevado senso de Justiça de Vossa Excelência vem o Reconvinte requerer o reconhecimento do efetivo prejuízo pecuniário perpetrado, e já demonstrado, para que se dê a condenação do Reconvindo. V. DOS PEDIDOS Em face de todo o exposto, roga a Contestante que Vossa Excelência receba a presente Contestação para dar-lhe total procedência, reconhecendo a preliminar arguida, qual seja, incorreção do valor da causa, extinguindo o feito sem apreciação do mérito. Contudo, não sendo este o vosso posicionamento, o que aqui se aduz em nome do Princípio da Eventualidade, requer- se ainda que: 1) Julgue improcedente o pleito formulado quanto ao pagamento de horas extras no importe de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) por serem indevidas pelos fundamentos supra; 2) Requer-se a condenação do Reclamante em custas processuais. Por fim, requer o deferimento da pretensão reconvencional, condenando o Reclamante-Reconvindo ao pagamento de indenização por danos materiais (dano emergente) no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido de juros e correção monetária, nem como sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios, com base no §5º do artigo 791-A,CLT. Valor do pedido reconvencional: R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Protesta provar o alegado pela admissão de todos os meios de prova em direito permitidos, notadamente, a exibição e juntada posterior de documentos, testemunhas e tudo o mais necessário para o bom exercício da ampla defesa. Termos em que, Pede e espera deferimento. Cidade, UF, [dia] de [mês] de [ano]. Advogado OAB nº