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Avaliação de História da Mídia

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ORALIDADE E ESCRITA
[...] a oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob várias formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora; ela vai desde uma realização mais informal à mais formal nos mais variados contextos de uso (MARCUSCHI, 2001, p.25).
Sabe-se que a sociedade em seus primórdios tinha como forma de comunicação, a oralidade. O que significa que os fatos e histórias, eram transmitidos de maneira oral, e isso a caracterizava, anteriormente aos registros escritos. Tal tarefa de transmissão de fatos, histórias e informações, ficava sob responsabilidade de pessoas denominadas anciões. Estes tinham que deter de muita sabedoria, boa memória auditiva e visual, para que assim pudessem armazenar com excelência tais saberes.
Fala é um conjunto de sons sistematicamente articulados e significativos. Ela é uma forma de produção textual para fins comunicativo. (MARCHUSCHI, 2001, p.25)
Diante do fato, de neste período, todo o saber ter sido repassada apenas pela oralidade, a história havia de ser condensada da maneira com que o ser humano tivesse mais facilidade para compreendê-lo e memoriza-lo. Portanto, era exigido uma grande precisão na memória de tais anciões, a qual era de grande reconhecimento e prestigio. Assim dizendo, temos como base a oralidade que até então era a única forma de disseminação da palavra.
A língua, enquanto produto desta história e enquanto condição de produção da história presente vem marcada pelos seus usos e pelos espaços sociais destes usos. Neste sentido a língua nunca pode ser estudada ou ensinada como produto acabado, pronto, fechado em si mesmo [...] (GERALDI, 2006, p.28).
Como afirma Geraldi, a língua é fundamental para disseminação de saber e história. Quando é utilizada de maneira escrita, têm-se uma maior perpetuação da história, já que diante disso, a história não é apagada, ou esquecida, ela se mantem materialmente. Sendo ela muito mais complexa, estrutural e adequada, por exigir ser produzida de maneira correta diante de regras e padrões. 
“a escrita tem sido vista como de estrutura complexa, formal e abstrata, enquanto a fala, de estrutura simples ou desestruturada, informal, concreta e dependente do contexto”. (FÁVERO, 2005, p.09).
TIPOS DE ORALIDADE
- Oralidade Primária
Era carente de conhecimento e da escrita. Não é influenciada de nenhuma forma pela escrita ou a impressão, pois não possui contato com a mesma. A palavra tem como função básica a gestão da memória social. Nesse caso, tudo estaria ‘’ fundado’’ nas lembranças do indivíduo. 
- Oralidade Segundaria 
Pertencente às culturas eletrônicas que dependem diretamente da cultura escrita e da impressão. Quando a palavra (falada) tem como função complementar a da escrita (por meios eletrônicos também) para fazer a comunicação entre as pessoas no cotidiano.
Exemplos claros da diferença entre oralidade primária e secundária foram os debates entre, na época candidato a senador pelo estado de Illinois, Abraham Lincoln e o senador Stephen Douglas, nos Estados Unidos:
	‘’
	Nos debates Lincoln-Douglas de 1858, os guerreiros – pois isso é o que eles eram, clara e verdadeiramente – defrontam-se muitas vezes ao ar livre, durante o verão escaldante de Illinois, diante de um público extremamente participativo de até 12 ou 15 mil pessoas, cada um deles falando por uma hora e meia. (...) E tudo isso sem equipamento de amplificação. A oralidade primária se fez sentir no estilo agregativo, redundante, cuidadosamente ritmado, altamente agnóstico e no intenso intercâmbio entre orador e público. (...) debates presidenciais na televisão atualmente estão completamente fora desse mundo oral mais antigo. O público está ausente, invisível, inaudível. (...) [os candidatos] fazem apresentações breves e se envolvem em diálogos incisivos uns com os outros, nos quais qualquer aresta é deliberadamente aparada. A mídia eletrônica não tolera exibição de antagonismo aberto. (...) essa mídia é totalmente dominada por um sentimento de fechamento que é herdeiro da impressão: uma exibição de hostilidade poderia romper o fechamento, o controle rigoroso. ‘’ 
Na Pré-História, o homem comunicava-se por meio de desenhos e pinturas feitas nas paredes das cavernas. Eram as pinturas rupestres, capazes de registrar os acontecimentos, as ideias ou transmitir mensagens. Não se tratava, até esse momento, de um sistema escrito, mas já era o início das representações gráficas. Os primeiros registros do desenvolvimento da escrita foram descobertos na Suméria, no Egito, na China e na Índia. 
Enfatizam que a essência de um sistema de escrita é a repetição e nem todos os registros pictográficos têm sentido como um sistema codificado de símbolos. Para que possam comunicar, os desenhos precisam ser reconhecíveis e interpretados por um maior número de pessoas. Os desenhos, chamados de pictogramas, representavam pessoas, lugares, mas não eram suficientes para representar ideias complexas e abstratas, ações, emoções e conceitos. 
Os pictogramas são sinais que, através de uma figura ou de um símbolo, permitem desenvolver a representação de algo. Por exemplo, placa de perigo, sinalização de sanitários, proibido fumar e outros. Os pictogramas ajudam a eliminar as barreiras dos idiomas, uma vez que são compreensíveis a nível universal. Por isso, costumam ser usados como sinais, dando informação de utilidade ou fazendo advertências.O ideograma combina dois ou mais pictogramas para representar um conceito. Para representar uma gravidez, por exemplo, podem-se combinar os pictogramas de mulher e de criança.
Foi por volta de 4000 a.C. que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Para tanto, eram usadas placas de argila onde registravam a escrita. Nas placas se faziam registros de fatos cotidianos, de questões econômicas e administrativas da época. 
ESCRITA CUNEIFORME
Considerada a mais antiga língua humana escrita conhecida, a escrita cuneiforme é definida como uma escrita produzida com o auxílio de objetos em formato de cunha, que é uma pequena ferramenta de entalhe. Foi criada pelos sumérios na antiga Mesopotâmia. No início, a escrita representava pictogramas, posteriormente, as formas tornaram-se mais simples, que aos poucos foi se transformando em um conjunto de centenas de sinais fonéticos e silábicos. Com o decorrer do tempo, houve outra mudança: deixou de ser escrita em colunas e começou a ser escrita em linhas (escrita horizontal) e da esquerda para a direita.
Com o ajuste da posição relativa da tabuleta ao estilete, o escritor poderia traçar uma grande variedade de signos. As tabuletas cuneiformes eram empregadas de duas maneiras: eram cozidas em fornos para um registro permanente; ou eram reaproveitadas, caso a informação não fosse tão importante.
Características da escrita cuneiforme
A escrita cuneiforme era bastante complexa, sendo composta por dois mil sinais cuneiformes originais. Inicialmente formado como um sistema pictográfico, onde o objeto expressava uma ideia, com o tempo, os grifos passaram a ser escritos em tábuas de argila, com o auxílio de um estilete com forma de cunha. 
PRIMEIROS REGISTROS DE ESCRITA FORA DA MESOPOTÂMIA
Os primeiros registros de escrita fora da Mesopotâmia foram encontrados na ilha de Creta, conferido a civilização Minoica. Dentre diversas escavações na cidade de Festo, localizada no centro-sul da ilha, foram encontradas diversas peças. Dentre essas peças, foi encontrado um disco de cerâmica, que continham inscrições do alfabeto da época. 
Existiu também, na antiga Fenícia, um alfabeto de 22 caracteres. Esse alfabeto foi criado cerca de 1500 a.C e era baseado na fonética. Por esses motivos, é considerado uma inspiração para a criação do alfabeto hoje utilizado em grande parte do mundo ocidental.
Atribuíram a cada símbolo um som, e isso simplificou a forma de se comunicar por frases, tornando a escrita e a leitura mais rápida e fácil. A partir deste, a alfabetização das pessoas se tornou mais fácil e continuou evoluindo. Esse alfabetotambém foi utilizado para traduzir outras línguas e facilitar a comunicação entre povos de diversas culturas.
PAPIRO E PERGAMINHO 
Foi por volta de 2500 a.C. que os egípcios desenvolveram a técnica de fabricar folhas de papiro. O papiro era mais comum em terras de climas mais quentes, e foi considerado o precursor do papel. Os Egípcios usavam papiro para escreverem textos e registrarem as contas. Em algumas pirâmides foram encontrados rolos de papiro que contavam a história dos faraós. Para confeccionar o papiro, corta-se o miolo esbranquiçado e poroso do talo em finas lâminas. Depois de secas, estas lâminas são mergulhadas em água com vinagre para e ficavam por seis dias, com propósito de eliminar o açúcar. Quando secas, as lâminas são arrumadas em fileiras horizontais e verticais, sobrepostas umas às outras. A sequência do processo exige que as lâminas sejam colocadas entre dois pedaços de tecido de algodão, sendo mantidas e prensadas por seis dias. E é com o peso da prensa que as finas lâminas se misturam homogeneamente para formar o papel amarelado, pronto para ser usado. O papiro pronto era, então, enrolado a uma vareta de madeira ou marfim para criar o rolo que seria usado na escrita. Para escrever no papiro utilizavam pincel feito com talos de junco.
Posterior às técnicas da cuneiformes e o papiro, o surge o pergaminho, do grego pergaméne, artefato confeccionado de pele animal (cabra, ovelha, carneiro, bezerro). O nome foi inspirado da localidade onde ocorreu seu surgimento, em Pérgamo, que fazia parte da Mísia na Grécia Antiga. Por serem de grande durabilidade e resistência, foi o responsável pela substituição do papiro, que além do fator da boa conservação ele tinha a características de qualidade onde a tinta não atravessasse o outro lado, tendo a vantagem de escrita frente e verso. 
 Os pergaminhos eram armazenados em rolos, como eram feitos com os papiros, e tinham a possibilidade de vantagem para edição de texto, pois com a raspagem da pele do animal era possível escrever novamente. 
Nos primórdios dos séculos depois de Cristo, aprimoraram os métodos de armazenagem dos pergaminhos, dobrando como uma nova técnica. Retangulares essas folhas eram dobradas, formando fólios com capas de madeiras, em diversos volumes, assim formando e originando os novos livros, revolucionando o período comunicativo. No futuro seu material passou a ser usado para encapamento de livros e documentos e substituído pelo papel, onde em sua produção era de custo baixo e mais rápida a reprodução de cópias.
OS MONGES COPISTAS
Os monges copistas passavam os dias copiando, restaurando ou traduzindo textos clássicos que sobreviveram às invasões germânicas. Os monges trabalhavam cercados de potes de tinta, penas, raspadeiras, folhas de pergaminho.
O pergaminho, fornecido pelo abade, era um material caro, preparado com couro de vitela ou de carneiro imerso na cal durante alguns dias. Nos manuscritos, os monges usavam um novo tipo de escrita, a minúscula caiolina, que facilitava sensivelmente a leitura, porque empregava letras pequenas e arredondadas.
Quando faltava pergaminho era possível reutilizar as folhas já escritas de um manuscrito incompleto ou usado, raspando-se cuidadosamente sua superfície. A duração da execução de um livro variava segundo a habilidade dos copistas.
Os mais habilidosos se vangloriavam de copiar até trinta folhas por dia. Em geral, eram necessários de dois a três meses para copiar um manuscrito de dimensão média. Terminado o trabalho, o texto passava por uma revisão e, dependendo da obra, era ricamente ilustrado com desenhos em miniatura chamados iluminuras. Essas pinturas retratavam cenas do cotidiano e imagens religiosas.
Em seguida, os pergaminhos eram encadernados. A capa das obras era feita com pele de cervo. Em uma época na qual a maior parte da população era analfabeta, mosteiros e abadias funcionavam como um dos poucos centros da cultura letrada. Suas bibliotecas reuniam os maiores acervos da Europa medieval. No norte da península Itálica, a abadia de Bobbio, por exemplo, abrigava, na segunda metade do século X, a maior biblioteca do Ocidente. Um catálogo elaborado na época contabilizava 650 manuscritos.
A ORIGEM DO PAPEL
Depois dos pergaminhos, o papel seria inventado na China, no ano 105 d.c, pelo alto funcionário da corte imperial T’sai Lin. A mando do imperador que lhe ordenou buscar novos materiais para escrever sobre eles.
Ele fez uma mistura de casca de amoreira, cânhamo, resto de roupas e outros ingredientes que continham fonte de fibras vegetais. Formou uma pasta, e depois de peneirar, obteve uma fina camada que foi deixada para secar ao sol. Depois de seca, a folha de papel estava pronta. Porém, somente 500 anos depois, os japoneses conheceram o papel, graças aos monges budistas coreanos que lá estiveram.
 A EXPANSÃO DO PAPEL
No ano de 751 d.C, durante uma tentativa de conquista sob uma cidade de domínio árabe. Alguns artesãos foram capturados e a técnica da fabricação de papel deixou de ser um monopólio chinês. Posteriormente os árabes, se familiarizaram com os métodos de produção do papel e criaram moinhos de papel em Bagdá, Damasco, Cairo e etc.
Ao chegar na Europa no século XIII, países como Itália e Espanha desenvolveram rapidamente o segredo da fabricação do papel. A primeira fábrica de papel da Europa foi criada na Espanha no ano 1150. Durante os séculos seguintes a técnica se estendeu por quase toda Europa, e assim substituiu os pergaminhos.
Em torno do século XV, com a invenção e a introdução da impressa de tipos móveis, a impressão, a partir disso o custo dos livros ficaram mais baratos e a classe média poderia adquiri-los, e por isso aumentou consideravelmente o estímulo para a fabricação do papel.
O aumento no uso do papel durante os séculos XVII e XVIII motivou uma escassez de tecidos e trapos, únicas matérias primas satisfatórias que os papeleiros europeus conheciam. Tentaram introduzir diversos modos diferentes, porém nenhum deu bons resultados, também tentaram reduzir o custo do papel através de máquinas que substituem o processo de fabricação manual.

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