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Dietoterapia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Amanda José Pereira do Nascimento Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares • Introdução; • Hipertensão Arterial Sistêmica; • Dislipidemia; • Infarto Agudo do Miocárdio; • Insuficiência Cardíaca. • Identifi car as alterações fi siopatológicas, o tratamento e a conduta dietoterápica nas principais patologias abordadas, para prescrição e elaboração de dietas adequadas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares Introdução Nesta Unidade, você estudará as doenças cardiovasculares, que são considera- das a principal causa de morte no mundo. Estima-se que 17,7 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as mortes em nível global. Figura 1 – Acúmulo de placa de gordura na artéria causando seu entupimento Fonte: Getty Images Desses óbitos, estima-se que 7,4 milhões ocorrem devido às doenças cardiovas- culares e 6,7 milhões devido a acidentes vasculares cerebrais (OPAS, 2017). Assim, essas doenças também podem ser consideradas problemas de saúde pú- blica, visto que seus fatores de risco envolvem alimentação inadequada, ausência ou diminuição da atividade física e tabagismo, entre outros. Agora, você irá se apropriar dos conhecimentos necessários para a sua atuação. Tenha um ótimo estudo! Hipertensão Arterial Sistêmica A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial ca- racterizada por níveis elevados e sustentados de Pressão Arterial (PA). A linha demarcatória que define a HAS considera valores de PA Sistólica (PAS) ≥ 140mmHg e/ou PA Diastólica (PAD) ≥ 90mmHg medida em consultório. 8 9 Dados coletados em 2018, pela pesquisa em Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), mostra- ram que as mulheres (27,0%) apresentam maior prevalência de diagnóstico médico de Hipertensão Arterial quando comparadas aos homens (22,1%) ( SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010; COSTA et al., 2014; SOCIEDADE BRA- SILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016; OPAS, 2017; BRASIL, 2019; MINISTÉRIO DA SAÚDE, [S.D.]) . Classificação da PA de acordo com a medição no consultório a partir de 18 anos de idade é de < 120mmHg x 80mmHg (Normotensão), Pré-hipertensão 121-139mmHg x 81-89mmHg, Hipertensão estágio 1 140-159mmHg x 90-99mmHg, Hipertensão estágio 2 160-179mmHg x 100-109 mmHg e Hipertensão estágio 3 ≥ 180mmHg x ≥ 110mmHg (7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão, 2016). Ex pl or Fatores de risco Os fatores de risco para hipertensão arterial são: idade (aumenta com a idade), sexo e etnia (maior na raça negra), excesso de peso e obesidade, ingestão de sal, ingestão de álcool, sedentarismo, tabagismo, fatores socioeconômicos e genéticos (herdada dos pais em 90% dos casos). Sintomatologia Quando a PA sobe excessivamente, alguns sintomas podem ocorrer, como dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal. Dietoterapia • Metas antropométricas a serem alcançadas é o índice de massa corporal (IMC) menor que 25kg/ m2 até 65 anos, manter IMC menor que 25kg/m2 pós 65 anos e a circunferência abdominal < 94 cm para os homens e < 80 para as mulheres; • Dieta hipossódica: redução para 5g de cloreto de sódio ou sal de cozinha, que corresponde a 2g de sódio por dia. Evitando também alimentos ricos em sódio de adição, como enlatados, conservas, molhos etc.; • Moderação no consumo de bebida alcoólica: limitar o consumo diário de álcool a 1 dose nas mulheres e pessoas com baixo peso e 2 doses nos homens. Importante! Uma dose contém cerca de 14g de etanol e equivale a 350ml de cerveja, 150ml de vinho e 45ml de bebida destilada. Importante! 9 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares • Adoção do plano alimentar DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension = Aproximações Dietéticas para parar Hipertensão): Os benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, magnésio, cálcio e fibras nesse padrão nutricional. Adotar a dieta de DASH pode propiciar a redução de aproximadamente 6,7/3,5 mmHg da PAS/PAD. • Recomendações da Dieta de DASH: » Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gor- dura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pe- quena quantidade; » Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha média); » Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia; » Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral; » Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40g de castanhas, duas colheres de sopa ou 14g de sementes, ou 1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas); » Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados; » Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar; • Dietas: A Dieta do Mediterrâneo e as Dietas Vegetarianas estão associadas a efeitos hipotensores; • Compostos bioativos: O alho, cujo principal componente ativo é a alicina (encontrada no alho cru) e a s-alil-cisteína (encontrada no alho processado), têm ação metabólica, podendo atuar na coagulação, aumentando o tempo de sangramento e promovendo discreta redução de pressão. Os polifenóis contidos no café, em alguns tipos de chás (chá verde) e no cacau, têm potenciais propriedades vasoprotetoras. Os riscos de elevação da PA causados pela cafeína, em doses habituais, são irrelevantes. Café: recomenda-se que o consumo de café não exceda quantidades baixas a moderadas. Em relação ao chá verde, doses elevadas contêm maior teor de cafeína e podem elevar a PA: recomenda-se o consumo em doses baixas. O chocolate com pelo menos 70% de cacau pode promover discreta redu- ção da PA; • Atividade física: a atividadefísica regular reduz a pressão arterial, além de di- minuir o peso corporal, ter ação coadjuvante no tratamento das dislipidemias, diminui a resistência insulínica e auxilia no controle do estresse. 10 11 Dislipidemia A dislipidemia pode ser definida como as alterações dos níveis sanguíneos dos lipídeos circulantes (GOTTLIEB; BONARDI; MORIGUCHI, 2005; COSTA ET AL., 2014; COSTA, 2010; SCHAEFER, 2016; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2017; GOLDBERG, 2018; APAN, 2018). Quando esses níveis estão aumentados, recebem o nome de Hiperlipidemias (Hipercolesterolemia e Hipertrigliceridemia) e Hipolipidemias, quando os níveis plasmáticos de lipoproteínas estão baixos. Há uma relação entre essas alterações metabólicas e o aparecimento de Doença Arterial Coronariana (DAC). A DAC é causada por aterosclerose, um processo em que as artérias coronaria- nas, bem como outras artérias, sofrem obstrução. A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular por diversos fatores de risco, como dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo. Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção delas no espaço subendotelial. O acúmulo de excesso de lipídeos, as células inflamatórias e os elementos fibro- sos que se depositam na parede das artérias são os responsáveis pela formação de placas ou estrias gordurosas que, geralmente, ocasionam a obstrução delas. Quando há diminuição do lúmen dos vasos sanguíneos, ocorre redução da capa- cidade deles em prover adequado fornecimento de sangue para os tecidos. O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ocorre quando uma ou mais das três prin- cipais artérias coronarianas sofre bloqueio. Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando uma ou mais das artérias que irrigam o cérebro sofrem obstrução. Estágio 1 – Artéria saudável Estágio 2 – Início do acúmulo de gordura Estágio 3 – Placa aterosclerótica Estágio 4 – Trombose Figura 2 – Estágios do processo de aterosclerose Fonte: Getty Images 11 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares Classificação • Etiológica: Tanto as hiper quanto as hipolipidemias podem ter as seguin- tes causas: » Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética; » Causas secundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequa- do, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos. • Laboratorial Tabela 1 Classificação Parâmetros Hipercolesterolemia isolada aumento isolado do LDL-c LDL-c ≥ 160 mg/dL. Hipertrigliceridemia isolada aumento isolado dos triglicérides TG ≥ 150mg/dL ou ≥ 175mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum Hiperlipidemia mista aumento do LDL-c LDL-c ≥ 160mg/dL e dos TG ≥ 150mg/dL ou ≥ 175mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum HDL-c baixo redução do HDL-c Homens < 40mg/dL e mulheres < 50mg/dL isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG Sintomas A dislipidemia, por si só, não causa sintomas, mas manifestações clínicas podem ocorrer quando os pacientes apresentarem níveis elevados de triglicerídeos, como, por exemplo, os xantomas tendinosos encontrados nos tendões do calcâneo, nos cotovelos e nos joelhos. No caso das hipertrigliceridemias graves, sintomas como parestesias, dispneia e confusão podem surgir. Figura 3 – Xantoma cutâneo localizado no joelho Fonte: Wikimedia Commons 12 13 Dietoterapia O padrão alimentar deve ser resgatado por meio do incentivo à alimentação saudável, juntamente com a orientação sobre a seleção dos alimentos, o modo de preparo, a quantidade e as possíveis substituições alimentares, sempre em sintonia com a mudança do estilo de vida. Estudos também evidenciaram que a adoção dos princípios da dieta de Dash (mencionados na dietoterapia da hipertensão) e da dieta mediterrânea auxiliam no tratamento das dislipidemias. A Dieta Mediterrânea teve sua origem nos países banhados pelo Mar Mediterrâneo, ou que por ele são influenciados. Esse padrão alimentar começou a ser descrito nos anos 50 e 60 do Século XX, sobretudo à luz do que se praticava em Creta, em outras regiões da Grécia e no sul de Itália, tendo como características principais: consumo elevado de alimentos de ori- gem vegetal, utilização do azeite como principal gordura, consumo frequente de pescados e baixo e pouco frequente de carnes vermelhas, consumo de água como bebida principal e a realização das refeições em família ou entre amigos (APAN, 2014) . Ex pl or • Hipercolesterolemia isolada: » < Quantidade de gordura saturada e gordura trans; » > Quantidade de gordura monoinsaturada; » > Quantidade de fibras (solúveis) ; » Alimentos funcionais: Creme vegetal enriquecido com fitoesteróis, farelo de aveia, soja (grãos e derivados), frutas vermelhas, cebola, alho e chá verde. • Hipertrigliceridemia isolada: » Indivíduo com peso excessivo (acima de 25kg/m²): Dieta hipocalórica: » < Quantidade de gordura saturada e gordura trans; » < Quantidade de carboidratos simples; » > Quantidade de fibras (solúveis e insolúveis) ; » Restrição de bebidas alcoólicas. » Indivíduo eutrófico (abaixo de 25kg/m²): Dieta normocalórica: » < Quantidade de gordura saturada e gordura trans; » > Quantidade de fibras (solúveis e insolúveis); » Controle da ingestão de açúcar simples; » Restrição de bebidas alcoólicas. • Hipertrigliceridemia grave > 500mg/dl: » Dieta Hipolipídica: < 15% do VCT: » Quantidade de fibras solúveis; » Controle da ingestão de açúcar simples; 13 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares » Restrição de bebidas alcoólicas. » Alimentos Funcionais para Hipertrigliceridemia: Peixes com alto teor de ômega-3 e linhaça. Importante! Cada grama consumida de EPA/DHA pode reduzir de 5 a 10% dos níveis de triglicerídeos sanguíneo (MILLER, 2011). Importante! • Hiperlipidemia Mista: » Indivíduo com peso excessivo (acima de 25kg/m²): Dieta hipocalórica: » < Quantidade de gordura saturada e gordura trans; » < Quantidade de carboidratos simples; » > Quantidade de fibras (solúveis e insolúveis); » Restrição de bebidas alcoólicas. » Indivíduo eutrófico (abaixo de 25kg/m²): Dieta normocalórica: » < Quantidade de gordura saturada e gordura trans; » > Quantidade de gordura monoinsaturada; » Controle da ingestão de açúcar simples; » Restrição de bebidas alcoólicas. A seguir, as recomendações dietéticas para o tratamento das dislipidemias, segundo a Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017). Tabela 1 – Recomendações dietéticas para o tratamento das disciplinas Recomendações LDL-c dentro da meta e sem comorbidades* (%) LDL-c acima da meta ou presença de comorbidades* (%) Limítrofe 150-199 mg/dL (%) Triglicerídeos Elevado 200-499 mg/dL (%) Muito elevado† > 500 mg/dL (%) Perda de peso Manter peso saudável 5-10 Até 5 5-10 5-10 Carboidrato (%VCT) 50-60 45-60 50-60 50-55 45-50 Açúcares de adição (%VCT) < 10 < 10 < 10 5-10 < 5 Proteína (%VCT) 15 15 15 15-20 20 Gordura (%VCT) 25-35 25-35 25-35 30-35 30-35 Ácidos graxos trans (%VCT) Excluir da dieta Ácidos graxos saturados (%VCT) < 10 < 7 < 7 < 5 <5 Ácidos graxos monoinsaturados (%VCT) 15 15 10-20 10-20 10-20 14 15 Recomendações LDL-c dentro da meta e sem comorbidades* (%) LDL-c acima da meta ou presença de comorbidades* (%) Limítrofe 150-199 mg/dL (%) Triglicerídeos Elevado 200-499 mg/dL (%) Muito elevado† > 500 mg/dL (%) Ácidos graxos poli- insaturados (%VCT) 5-10 5-10 10-20 10-20 10-20 Ácidos linolenico, g/dia 1,1-1,6 EPA e DHA, g – – 0,5-1 1-2 >2 Fibras 25 g, sendo 6 g de fibra solúvel Comorbidades: hipertensã o arterial sistêmica, diabetes, sobrepeso ou obesidade, circunferência da cintura aumentada, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, síndrome metabólica, intolerância a glicose ou aterosclerose significativa; † recomendação dietética na hipertrigliceridemia primária homozigótica: ver texto.145 LDL-c:colesterol da lipoproteína de baixa densidade; VCT: valor calórico total; EPA: ácido eicosapentanoico; DHA: ácido docosahexaenoico. Fonte: Adaptado de American Heart Association.143 e I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular 144 Infarto Agudo do Miocárdio O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ocorre com a limitação do fluxo coronário, que leva à necrose do músculo cardíaco. O trombo ocorre sobre uma placa ateros- clerótica, complexa e irregular, geralmente, fissurada ou ulcerada. Aproximadamente dois terços dos casos de síndromes coronarianas agudas, como a angina instável e a IAM, ocorrem em artérias mínima ou levemente obstruídas. A capacidade de o coração continuar batendo depende da extensão da muscu- latura envolvida, da presença de circulação colateral e da necessidade de oxigênio (ESCOTT-STUMP, 2011; RAYMOND; COUCH, 2012; COSTA, 2014; RUDE, 2016; HCOR, [S.D.]) . Fatores de Risco • Histórico familiar de cardiopatia; • Diabetes e hiperglicemias; • Hipertensão; • Dislipidemias; • Etnicidade afro-americana; • Estresse; • Tabagismo; • Personalidade compulsiva; • Obesidade; • Ausência de prática de exercícios físicos; 15 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares • Baixas ingestões de magnésio foram associadas ao infarto do miocárdio (devi- do ao papel que o magnésio exerce sobre o tônus vascular sistêmico e corona- riano, em arritmias cardíacas e pela inibição da agregação plaquetária); • O uso de suplementos de cálcio pode estar associado a um aumento do risco de doença cardiovascular. Sintomatologia Os sintomas mais comuns no IAM são dor precordial ou desconforto intenso, aperto, opressão, peso e/ou queimação, podendo estar acompanhado de tontura, falta de ar, taquicardia, náusea e vômito, sudorese, palidez, mal-estar súbito e sensação de morte. Dietoterapia • Jejum após o diagnóstico do evento: 4 a 12 horas; • Necessidade Energética: 20 a 30/kcal/kg/dia; • Nutrientes Macro e Micro: Evitar o excesso de carboidratos e álcool. A dieta deve ser pobre em gordura saturada e colesterol, restringindo também alimen- tos formadores de gases; • Fibras alimentares: 20 a 30g/dia; • Necessidade hídrica: » Indivíduo adulto: 1.500ml/dia (30ml/Kg/peso); » Idoso acima 65 anos: 1700ml/dia (30ml/Kg/peso); • Fracionamento da dieta: 4 a 6 refeições (diminuindo a sobrecarga cardíaca no processo de digestão); • Consistência: líquida-pastosa para a melhor mastigação e deglutição; • Evitar temperaturas extremas dos alimentos (quente-frio), prevenindo, assim, resposta vagal; • Estimular o consumo da Dieta de DASH e da Dieta Mediterrânea; • Em caso de necessidade, utilizar uma dieta para controle de peso. Importante! Em alguns casos, há necessidade de restrição hídrica, conforme quadro clínico. Importante! Insuficiência Cardíaca Insuficiência Cardíaca (IC) é a disfunção cardíaca que resulta em um suprimento sanguíneo inadequado para atender às necessidades metabólicas teciduais. Normal- mente, as alterações estão relacionadas ao débito cardíaco inadequado. 16 17 A IC pode ser aguda ou crônica e suas principais causas são: doença isquêmica, miocardiopatia, cardiopatias congênitas, doenças de chagas, hipertensão, doenças endócrinas e drogas, entre outras (COSTA, 2010; COSTA, 2014; SANTOS, 2015; SHAH, 2017; COMITÊ COORDENADOR DA DIRETRIZ DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, 2018) . Fatores de Risco Os fatores de risco para o desenvolvimento da IC são: sexo masculino, inativida- de física, tabagismo, dislipidemia, hipertensão, etilismo, diabetes e obesidade. A cardiopatia coronariana é o fator de risco mais provável. Sintomatologia Os sintomas aparecem progressivamente, podendo levar de dias a anos para se manifestar. Os sintomas mais comuns são: • Dispneia; • Fadiga; • Ortopneia; • Edema nos membros inferiores; • Intolerância a realizar exercícios ou outras atividades que exijam esforço; • Em idosos, a insuficiência cardíaca também pode causar sintomas indefinidos como sonolência, confusão e desorientação. Classificação A seguir, a Tabela que descreve a classificação funcional da Insuficiência Cardíaca , segundo a New York Heart Association. Tabela 2 Classe Defi nição Descrição geral I Ausência de sintomas Assintomático II Atividades físicas habituais causam sintomas. Limitação leve Sintomas leves III Atividades físicas menos intensas que as habitua is causam sintomas. Limitação importante, porém, confortável no repouso Sintomas moderados IV Incapacidade para realizar qualquer atividade sem apresentar desconforto. Sintomas no repouso Sintomas graves Fonte: Adaptado de The Criteria Committee of the New York Heart Association. Nomenclature and Criteria for Diagnosis of Diseases of the Heart and Great Vessels. 9th Ed. Boston: Little, Brown, 1994 apud Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca, 2018 17 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares Dietoterapia • Necessidades Energéticas: » Pacientes eutróficos: 28Kcal/Kg/dia; » Desnutridos: 32 Kcal/Kg/dia; • Nutrientes: » Carboidratos: 50 a 60% do VCT; » Lipídios: 25 a 30% do VCT. Colesterol menor 200mg/dia; » Proteínas: 1,5 a 2g/kg/peso/dia (DEP); » Fibras: 25 a 30g/dia sendo 6g de fibra solúvel; • Restrição hídrica: nem sempre é necessário e será estabelecida de acordo com o grau da insuficiência cardíaca e o quadro clínico do paciente; • Sódio: o nível ideal de ingestão de sódio na dieta de pacientes com IC crônica ainda é assunto controverso. Parece prudente recomendar que se evite inges- tão excessiva de sódio (em níveis > 7 g de sal cloreto de sódio por dia); • Ômega 3: suplemento alimentar para redução de mortalidade e internações cardiovascular (1g dia); • Potássio: verificar exames laboratoriais. Atenção com o uso de diuréticos, pois alguns deles são espoliadores desse mineral. Nesse caso, suplementação medicamentosa ou uma dieta que aumente o consumo de alimentos fontes de potássio (como frutas, legumes, leguminosas etc.) pode ser indicada; • Cálcio e magnésio: esses minerais também podem ser espoliados por alguns diuréticos. Por isso, é necessário acompanhar os exames laboratoriais e, se necessário, realizar a suplementação; • Usar alimentos de alta densidade calórica na caquexia cardíaca (Desnutrição Energético Proteica); • Fracionar as refeições, diminuindo o volume com a ajuda de alimentos com densidade calórica elevada; • Adequar a consistência conforme condições clínicas do paciente. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Sociedade Brasileira de Cardiologia – Publicações Preocupada em fomentar estudos e investigações e divulgá-los à comunidade médica, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) dedica uma seção exclusiva em seu portal às publicações técnico-científicas. http://bit.ly/36Emqx9 Vídeos Associação Beneficiente da Síria – Insuficiência Cardíaca http://bit.ly/392bjzR Leitura Dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension): reflexões sobre adesão e possíveis impactos para a saúde coletiva http://bit.ly/3aWnobu Relações entre o potássio da dieta e a pressão arterial http://bit.ly/2tQYwBj Fatores de Risco Associados com Infarto Agudo do Miocárdio na Região Metropolitana de São Paulo. Uma Região Desenvolvida em um País em Desenvolvimento http://bit.ly/38NBCJR 19 UNIDADE Terapia Nutricional nas Doenças Cardiovasculares Referências APAN. Dieta Mediterrânica: um padrão de alimentação saudável, 2014. Disponí- vel em: <https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/Ebook_Dieta_Mediterrani- ca.pdf>. Acesso em: 27/10/2019. ________. Dislipidemias: Caracterização e Tratamento Nutricional, 2018. Disponível em: <https://www.apn.org.pt/documentos/125048-Dislipidemias_07_28.9.2018. pdf. Acesso em: 27/10/2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteçãopara doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. COMITÊ COORDENADOR DA DIRETRIZ DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. Di- retriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol., v. 111, n. 3, p. 436-539, 2018. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/portal/ abc/portugues/2018/v11103/pdf/11103021.pdf>. Acesso em: 28/10/2019. COSTA, P. C. Cardiovascular. In: MAGNONI, D.; CUKIER, C.; GARITA, F. S. Manual Prático em Terapia Nutricional. São Paulo: Sarvier, 2010, p. 54-64. COSTA, R. P. et al. Doenças Cardiovasculares, In: CUPPARI. L. (coord.) Nutrição Clínica no Adulto. 3.ed. Barueri: Manole, 2014. p. 385-412. Cap. 16. ESCOTT-STUMP, S. Distúrbios cardiovasculares In: ________. Nutrição relacio- nada ao diagnóstico e tratamento. 6.ed. Barueri: Manole, 2011. GOLDBERG, A. C. Dislipidemia (Hiperlipidemia), 2018. Manuais MSD para profissionais. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios- -lip%C3%ADdicos/dislipidemia>. Acesso em: 27/10/2019. 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