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Pisologia Clínica e Comportamental Módulo II

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2 
SUMÁRIO 
O Que é Psicologia Comportamental – Behaviorismo................................... 03 
O Psicólogo Comportamental......................................................................... 13 
Teoria de Burrhus Frederic Skinner................................................................ 16 
Aprendizagem e Comportamento................................................................... 19 
Ciência e Comportamento Humano............................................................... 22 
Evento Privado e Evento Interno.................................................................... 28 
Comportamento Supersticioso....................................................................... 30 
Terapia Cognitivo Comportamental................................................................ 32 
Terapia Cognitivo Comportamental – Tratamento Dependência Química..... 34 
A Probabilidade do Comportamento.............................................................. 41 
Psicologia Animal........................................................................................... 44 
Referencias..................................................................................................... 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
O QUE É PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – BEHAVIORISMO 
 
Psicologia 
comportamental, também 
conhecida como 
behaviorismo, é uma 
perspectiva que se tornou 
dominante durante a primeira 
metade do século 20, graças a 
pensadores proeminentes tais 
como BF Skinner e John B. 
Watson. A base da psicologia 
comportamental sugere que 
todos os comportamentos são 
aprendidos. 
Psicologia comportamental sugere que todos os comportamentos são 
aprendidos, mas como exatamente esse aprendizado acontece? Dois desses 
processos-chave envolvem a aprendizagem por associação e aprendizagem 
através de reforço e punição. 
 
Aprendizado pode ocorrer através de associações 
Alguma vez você já ouviu alguém comparar algo com “os cães de 
Pavlov” e não entendeu a referência? A frase refere-se a uma descoberta 
acidental feita pelo fisiologista Ivan Pavlov, que descobriu que os cães 
poderiam ser condicionados a salivar ao som de um sino. Este processo, 
conhecido como condicionamento clássico, tornou-se uma parte fundamental 
da psicologia comportamental. 
Segue abaixo alguns dos princípios básicos do condicionamento clássico. 
 
Fenômenos no condicionamento clássico 
Há um número de diferentes fenômenos que afetam o condicionamento 
clássico. Estes fatores podem influenciar a rapidez com que um 
comportamento é adquirido e a força dessa associação. 
A primeira parte do processo de condicionamento clássico é conhecida 
como aquisição. Durante esta fase, uma resposta é estabelecida e reforçada. 
Em outros casos, um processo conhecido como extinção ocorre quando uma 
associação desaparece; isso faz com que o comportamento enfraqueça 
gradualmente ou desapareça. 
 
Aprendizagem pode ocorrer através de recompensas e punições 
Além das respostas naturais condicionadas através da associação, o 
behaviorista BF Skinner descreveu um processo em que a aprendizagem pode 
 
 
 
 
4 
ocorrer por meio de reforço e punição. Este processo, conhecido como 
condicionamento operante, funciona através da formação de uma associação 
entre um comportamento e as consequências do comportamento. 
Por exemplo, se 
uma mãe recompensa 
seu filho com elogios 
cada vez que ele pega 
seus brinquedos, ela 
está reforçando o 
comportamento 
desejado. Como 
resultado, será mais 
provável que a criança 
volte a guardar seus 
brinquedos. 
Outro exemplo seria a ação de um pombo bicar uma chave para ganhar 
uma recompensa. Toda vez que o pássaro bica corretamente na chave, o 
animal recebe uma bolinha de comida como recompensa. Como resultado, o 
comportamento de bicadas irá aumentar. 
 
Esquemas de reforço são importantes 
À primeira vista, o processo de condicionamento operante parece 
bastante simples. Basta observar um comportamento e, em seguida, oferecer 
uma recompensa ou punição. No entanto, BF Skinner descobriu que o 
calendário destas recompensas e punições tem uma influência importante 
sobre a rapidez com que um novo comportamento é adquirido e a força da 
resposta. 
Reforço contínuo envolve gratificar cada instância única de um 
comportamento. Este esquema é frequentemente utilizado no início do 
processo de condicionamento operante. Como o comportamento é aprendido, 
o cronograma pode ser ligado a 
um esquema de reforço parcial. 
Isto envolve oferecer uma 
recompensa, após um certo 
número de respostas ou quando 
um período de tempo tenha 
decorrido. 
Por vezes, o reforço 
parcial ocorre num horário 
consistente ou fixo, tal como 
depois de cada cinco respostas 
ou depois de cinco minutos 
 
 
 
 
5 
terem passado. Em outros casos, um número variável e imprevisível de 
respostas ou tempo deve ocorrer antes que o reforço seja fornecido. 
 
Psicologia Comportamental 
 
Psicologia comportamental tem sido influenciada por uma série de 
proeminentes pensadores. Parte da compreensão da história e do fundamento 
destes princípios comportamentais envolve aprender mais sobre as pessoas 
que descobriram e defenderam essas teorias. 
Ivan Pavlov: O fisiologista russo que descobriu o condicionamento clássico. 
Edward Thorndike: Um psicólogo pioneiro que descreveu a lei do efeito, que 
teve uma influência importante sobre o desenvolvimento do movimento 
behaviorista. 
John B. Watson: Um psicólogo americano que acreditava que a psicologia 
deve ser a ciência do comportamento observável. 
Clark Casco: Um behaviorista que propôs a teoria da unidade de 
aprendizagem. 
Burrhus Frederic Skinner: um dos pensadores comportamentais mais 
conhecidos; mais conhecido por sua teoria do condicionamento operante. 
 
Análise comportamental 
Enquanto o domínio da 
psicologia comportamental foi corroído 
depois de 1950, princípios 
comportamentais continuam a ser 
importantes hoje. Hoje, a análise do 
comportamento é frequentemente 
utilizada como uma técnica terapêutica 
para ajudar crianças com autismo e 
atrasos de desenvolvimento a adquirir 
novas habilidades. 
Muitas vezes envolve processos 
como modelagem (recompensar aproximações cada vez mais perto do 
comportamento desejado) e acorrentar (dividir uma tarefa em partes menores 
e, em seguida, ensinar e acorrentar os passos subsequentes juntos). 
 
 Mudança nem sempre é fácil 
Se você já tentou largar um mau hábito ou iniciar um novo plano de 
exercícios, então você provavelmente percebeu que a mudança raramente é 
fácil. Fazer uma mudança duradoura no comportamento pode ser 
extremamente difícil, se você está tentando perder peso, parar de fumar ou 
melhorar seus hábitos de estudo. Entretanto, combinando a sua compreensão 
 
 
 
 
6 
da psicologia comportamental com outras técnicas psicológicas comprovadas, 
você pode aprender como efetivamente mudar um comportamento. 
 
Principais Termos e Definições da Psicologia Comportamental 
 
 
Estímulo incondicionado 
No condicionamento clássico, o estímulo incondicionado (EI) é aquele 
que incondicionalmente, provoca uma resposta natural e automática. Por 
exemplo, quando você cheira um de seus alimentos favoritos, você pode 
imediatamente sentir muita 
fome e salivar. Neste 
exemplo, o cheiro da 
comida é o estímulo não 
condicionado. 
No experimento 
clássico de Ivan Pavlov 
com cães, o cheiro de 
comida era o estímulo 
incondicionado. Os cães 
em seu experimento 
sentiam o cheiro da 
comida, e então, naturalmente, começam a salivar em resposta. Esta resposta 
não requer aprendizagem, ela simplesmente acontece automaticamente. 
Outro exemplos de estímulo incondicionado 
• Uma pena que irrita seu nariz faz com que você espirre. A pena que faz 
cócegas no seu nariz é o estímulo incondicionado. 
• Pólende flores faz você espirrar. O pólen de flores é o estímulo 
incondicionado. 
Em cada um destes 
exemplos, o estímulo 
incondicionado naturalmente 
desencadeia uma resposta 
incondicionada. Você não tem que 
aprender para responder. 
 
Como a cronometragem impacta 
a Aquisição de Comportamento 
A quantidade de tempo que 
passa entre a apresentação do 
estímulo inicialmente neutro e o 
estímulo incondicionado é um dos 
 
 
 
 
7 
determinantes mais importantes da aprendizagem que venha a ocorrer. A 
temporização de como o estímulo neutro e o estímulo incondicionado são 
apresentados é o que influencia se uma associação será formada ou não, um 
princípio que é conhecido como a hipótese de congruência. 
No famoso experimento de Ivan Pavlov, por exemplo, o tom do sino foi 
inicialmente um estímulo neutro, enquanto o cheiro de comida era o estímulo 
incondicionado. Fazer o barulho perto da hora da apresentação do cheiro dos 
alimentos resulta em uma associação mais forte. Apresentar o estímulo neutro 
muito antes do estímulo incondicionado leva a uma associação muito mais 
fraca ou mesmo inexistente. 
Diferentes tipos de condicionamento podem utilizar diferentes relações 
temporais com o estímulo neutro. 
 
Estímulo condicionado 
No condicionamento clássico, o estímulo condicionado é um estímulo 
previamente neutro que, após tornar-se associado com o estímulo 
incondicionado, eventualmente, desencadeia uma resposta condicionada. 
Exemplos de estímulo condicionado 
Por exemplo, suponha que o cheiro de comida é um estímulo 
incondicionado e uma sensação de fome é a resposta incondicionada. Agora, 
imagine que quando você sentiu o cheiro de uma lasanha maravilhosa, você 
também ouviu o som de um apito. 
O apito não está 
relacionado com o cheiro 
da comida, mas se o som 
do apito for emparelhado 
várias vezes com o cheiro, 
o som acaba por 
desencadear a resposta 
condicionada. Neste caso, 
o som do apito é o estímulo 
condicionado. 
O exemplo é muito 
semelhante à da primeira 
experimentação realizada pelo fisiologista russo Ivan Pavlov. 
Os cães em seu experimento salivavam em resposta à comida, mas 
depois de emparelhar repetidamente a apresentação de alimentos com o som 
de um sino, os cães começaram a salivar só com o barulho do sino. Neste 
exemplo, o som da campainha foi o estímulo condicionado. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Resposta incondicionada 
De fome em resposta ao cheiro 
da comida é a resposta não 
condicionada. 
Mais Exemplos de respostas 
incondicionadas 
• Tirar a mão rapidamente 
depois de tocar em uma 
panela quente no forno. 
• Pular ao se assustar com 
barulho alto. 
Em cada um dos exemplos 
acima, a resposta ocorre 
naturalmente e 
automaticamente. 
Ao lado exemplo de reflexo 
incondicionado: tirar a mão 
rápido da panela quente 
 
Resposta condicionada 
No condicionamento 
clássico, a resposta condicionada 
é a resposta aprendida ao estímulo anteriormente neutro. Por exemplo, vamos 
supor que o cheiro de comida é um estímulo incondicionado, a sensação de 
fome em resposta ao cheiro é uma resposta incondicionada, e um som de um 
apito é o estímulo condicionado. A resposta condicionada estaria em sentir 
fome quando ouviu o som do apito. O termo reflexo condicionado também é 
usado. 
Exemplos de respostas condicionadas 
Muitas fobias começam depois que uma pessoa teve uma experiência negativa 
com o objeto de medo. Por exemplo, depois de testemunhar um terrível 
acidente de carro, uma pessoa pode desenvolver um medo de dirigir. Isto é 
uma resposta condicionada. 
 
Esquema de intervalo fixo 
No condicionamento operante, um esquema de intervalo fixo é um 
esquema de reforçamento em que a primeira resposta é recompensada 
somente após um determinado período de tempo decorrido. Este esquema faz 
com que grandes quantidades de respostas aconteçam perto do fim do 
intervalo, mas sejam muito mais lentas imediatamente após a entrega do 
reforçador. 
 
 
 
 
9 
Como você pode 
lembrar, o 
condicionamento 
operante se baseia 
em reforço ou punição 
para fortalecer ou 
enfraquecer uma 
resposta. 
Este processo de 
aprendizagem envolve a 
formação de uma 
associação com um comportamento e as consequências desse 
comportamento. Comportamentos que são seguidos por resultados desejáveis 
se tornam mais fortes e, portanto, mais prováveis de ocorrer novamente no 
futuro. Ações que são seguidas por resultados desfavoráveis se tornam menos 
prováveis que ocorra novamente no futuro. 
Foi a psicologia de BF Skinner que primeiro descreveu este processo de 
condicionamento operante. Por ações de reforço, observou ele, essas ações se 
tornaram mais fortes. Ao punir comportamentos, no entanto, essas ações 
tornam-se enfraquecidas. Além deste processo básico, ele também observou 
que a taxa em que os comportamentos foram reforçados ou punidos também 
desempenhou um papel na forma como rapidamente ocorre uma resposta e a 
força das respostas. 
Como funciona o esquema de reforçamento de intervalo fixo? 
 
A fim de entender melhor como um esquema de intervalo fixo funciona, 
vamos começar dando uma olhada no próprio termo. 
Um esquema refere-se à taxa pela qual o reforço é entregue ou a 
frequência com que uma resposta é reforçada. Um intervalo refere-se a um 
período de tempo, o que sugere que a taxa de entrega é dependente de quanto 
tempo foi decorrido. Finalmente, fixo sugere que o tempo de entrega é definido 
em uma programação previsível e imutável. 
Por exemplo, imagine que você está treinando um pombo para bicar 
uma chave. Você coloca o animal em um esquema de intervalo fixo 30 (FI-30), 
o que significa que o pássaro vai receber uma bolinha de comida a cada 30 
segundos. O pombo pode continuar a bicar a chave durante esse intervalo, 
mas só receberá reforço para o primeiro beijinho na chave depois que os 30 
segundos de intervalo fixo tenham decorrido. 
Características da do esquema de intervalo fixo 
• Gera uma pausa nas respostas pós-reforço bastante significativa 
• As respostas tendem a aumentar gradualmente à medida que o tempo 
do reforço se aproxima 
 
 
 
 
10 
Exemplos de esquema de reforçamento de intervalo fixo 
 
Em um ambiente de 
laboratório: Imagine que 
você está treinando um rato 
para pressionar uma 
alavanca, mas você só 
reforça a primeira resposta 
após um intervalo de dez 
minutos. O rato não 
pressione a muito a barra 
durante os primeiros 5 
minutos após o reforço, mas 
começa a pressionar a 
alavanca mais e mais vezes 
quanto mais perto chega 
da marca de dez minutos. 
No mundo real: Um salário semanal é um bom exemplo de um esquema de 
intervalo fixo. O empregado recebe reforço a cada sete dias, o que pode 
resultar numa maior taxa de resposta próximo ao dia de pagamento. 
 
Esquema de intervalo variável 
No condicionamento operante, um esquema de intervalo variável é um 
esquema de reforço, onde uma resposta é recompensada depois que uma 
quantidade indeterminada de tempo passou. Este esquema produz um ritmo 
lento e constante de resposta. 
Como você provavelmente se lembra, o condicionamento operante pode 
fortalecer ou enfraquecer comportamentos através do uso de reforço e punição. 
Este processo de aprendizagem envolve a formação de uma associação com o 
comportamento e as consequências dessa ação. 
Ao psicólogo BF Skinner é creditada a introdução do conceito de 
condicionamento operante. Ele observou que o reforço pode ser usado para 
aumentar um comportamento, e punição poderia ser utilizada para enfraquecer 
comportamento. Ele também notou que a velocidade com que um 
comportamento é reforçado tem um efeito sobre a força e a frequência da 
resposta. 
 
Como funciona um esquema de intervalo variável? 
Para entender como um esquema de intervalo variável funciona, vamos 
começar dando uma olhada no próprio termo. Esquema refere-se à taxa de 
entrega de reforço, ou a frequênciacom que o reforço é fornecido. Variável 
indica que este tempo não é consistente e pode variar de um ensaio para o 
 
 
 
 
11 
seguinte. Finalmente, o intervalo significa que a entrega é controlada por 
tempo. Assim, um esquema de intervalo variável quer dizer que o reforço é 
fornecido em diferentes e imprevisíveis intervalos de tempo. Imagine que você 
está treinando um pombo a bicar uma chave para receber uma bolinha de 
alimento. 
Você coloca a ave em um esquema de intervalo variável 30 (VI-30). Isto 
significa que o pombo receberá uma média de reforço a cada 30 segundos. É 
importante notar que esta é uma média, no entanto. Às vezes, o pombo pode 
ser reforçado depois de 10 segundos; às vezes ele pode ter que esperar 45 
segundos. 
A chave é que o tempo é imprevisível. 
 
Razão fixa 
Em um esquema de 
razão fixa (FR: Fixed Ratio), 
o reforço é apresentado 
após um número fixo de 
respostas. Geralmente, este 
esquema é representado, 
colocando-se o número de 
respostas exigidas para 
apresentação do reforço, 
após a sigla FR. Por 
exemplo: FR-10 significa 
que a cada 10 respostas 
emitidas pelo organismo, é 
apresentado o reforço. 
O esquema de reforçamento em razão fixa tem como resultado uma 
freqüência alta e constante de respostas e uma pausa após a apresentação do 
reforço. A duração desta pausa dependerá da razão; quanto maior a razão, 
maior será a pausa após o reforçamento. 
 
Razão variável 
No condicionamento operante, um esquema de razão variável é um 
esquema de reforçamento onde uma resposta é reforçada após um número 
imprevisível de respostas. Este esquema cria uma alta taxa de resposta 
constante. Jogos de azar e loterias são bons exemplos de reforços baseados 
em um esquema de razão variável. Programas de reforço desempenham um 
papel central no processo de condicionamento operante. A frequência com que 
um comportamento é reforçado pode ajudar a determinar a rapidez com que 
uma resposta é aprendida, bem como o quão forte a resposta poderia ser. 
Cada esquema de reforço tem seu próprio conjunto de características. 
 
 
 
 
12 
Características do esquema de razão variável 
• Leva a a taxa de resposta constante, em um nível elevado 
• Resultados em apenas uma breve pausa após reforço 
• As recompensas são fornecidas depois de um número imprevisível de 
respostas 
Ao identificar diferentes programas de reforço, pode ser muito útil começar 
por olhar para o nome do próprio esquema. No caso de esquemas de razão 
variável, o termo variável indica que o reforço é fornecido depois de um número 
imprevisível de respostas. Razão sugere que o reforço é dado depois de um 
determinado número de respostas. Assim, em conjunto, o termo significa que o 
reforço é fornecido depois de um número variado de respostas. 
Ele também pode ser útil para ver as diferenças entre esquema de reforço 
de razão variável e esquema de reforço de razão fixa. Em um esquema reforço 
de razão fixa o reforço é fornecido após um determinado número de respostas. 
Assim, por exemplo, em um esquema de razão variável com um 
cronograma VR 5, um animal pode receber uma recompensa para cada cinco 
respostas, em média. Isto significa que, por vezes, a recompensa pode vir após 
três respostas, às vezes, depois de sete respostas, às vezes após cinco 
respostas e assim por diante. O esquema de reforço, em média, recompensa 
por cada cinco respostas, mas o cronograma de entrega real permanecerá 
completamente imprevisível. 
Num esquema de razão fixa, por outro lado, o esquema de reforço pode ser 
fixado em um FR 5. Isto significa que, para cada cinco respostas, uma 
recompensa é apresentada. Enquanto o esquema de razão variável é 
imprevisível, o esquema de razão fixa é definido a uma taxa fixa. 
Exemplos de esquema de reforçamento de razão variável na vida real 
 
Máquinas caça-níqueis: Os 
jogadores não têm nenhuma 
maneira de saber quantas vezes 
eles têm que jogar antes de ganhar. 
Tudo o que se sabe é que, 
eventualmente, alguém vai ganhar. 
É por isso que máquinas caça-
níqueis são tão eficazes, e os 
jogadores são muitas vezes 
relutantes em sair. Há sempre a 
possibilidade de que a próxima 
moeda que a pessoa colocar trará o 
prêmio. 
 
Bônus de vendas: Call centers muitas vezes oferecem bônus aleatórios para 
 
 
 
 
13 
os funcionários. Os trabalhadores nunca sabem quantas chamadas eles 
precisam fazer para receber o bônus, mas eles sabem que aumentam suas 
chances ao fazer mais chamadas ou mais vendas. 
 
O PSICÓLOGO COMPORTAMENTAL 
 
O Psicólogo Comportamental 
– ou terapeuta comportamental - é o 
profissional de psicologia que orienta 
sua intervenção clinica baseado na 
análise do comportamento de seu 
paciente aplicando a Análise 
Experimental do Comportamento. 
Possibilita ao paciente a 
identificação dos seus 
comportamentos disfuncionais, ou 
seja os comportamentos que 
causam sofrimento e trazem 
prejuízos à saúde, prejuízos sociais, 
emocionais ou comportamentais. 
Com este protocolo de trabalho o psicólogo comportamental ajuda a 
desenvolver formas mais adaptativas e positivas de interação a partir da 
criação da possibilidade de novo repertório de atitudes e comportamentos ao 
seu paciente. 
A Terapia Comportamental baseia-se nas propostas do Behaviorismo de 
Skinner - Os comportamentos disfuncionais que fazem as pessoas sofrerem 
são aprendidos, e neste sentido a terapia é a “escola” para a aprendizagem de 
novos comportamentos mais adaptativos. O psicólogo comportamental 
desenvolve novos repertórios, ensina a identificar o que determinou o 
aparecimento de tais comportamentos disfuncionais e o quê os mantêm. 
A Terapia 
Comportamental faz uso 
de técnicas específicas, 
sendo a mais importante a 
análise funcional , ou seja, 
identifica como, quando e 
onde tais comportamentos 
ocorrem e que função tem 
estes comportamentos 
para seu paciente. Que 
valor determinado 
comportamento tem para a pessoa. 
 
 
 
 
14 
A psicologia comportamental leva em conta que a pessoa tem uma 
historia de vida e está inserida em uma comunidade. A psicologia 
comportamental se faz muito eficiente em quadros clínicos de ansiedade, 
Pânico, fobias, transtornos do afeto como depressão, transtorno bipolar, 
transtornos de personalidade, etc. 
 
O psicólogo comportamental atende crianças, adolescentes e adultos 
A Psicologia comportamental dá estuda e trabalha as interações entre as 
emoções, pensamentos, 
comportamento e estados 
fisiológicos. O comportamento 
tende a se repetir, se for 
recompensado (reforço 
positivo) ou se for capaz de 
eliminar um estímulo aversivo 
(reforço negativo) assim que 
emitir o comportamento. Por 
outro lado, o comportamento 
tenderá a não acontecer, se o 
organismo for castigado 
(punição) após sua ocorrência. Pela lei do reforço irá associar essas situações 
com outras semelhantes, generalizando essa aprendizagem para um contexto 
mais amplo. 
O psicólogo comportamental descobre, juntamente com seu cliente, os 
eventos que determinam seus comportamentos-problema e o que os mantém. 
Assim, um transtorno como a depressão passa a ser entendido como um 
conjunto de 
comportamentos, como 
por exemplo, alterações 
no sono e apetite, 
desesperança, choro 
excessivo, ideação suicida 
e outros. Tais 
comportamentos são 
analisados e serão 
identificadas tanto as 
situações que os determinaram como as situações atuais que os mantém. Para 
o psicólogo comportamental , pensamentos, sentimentos e comportamentos 
são acessíveis pelo relato que o paciente faz em terapia. Pensamentos e 
sentimentos são analisados e passíveis das intervenções do terapeuta 
comportamental. “Combate-se” os comportamentos-problema, ao mesmo 
tempo em que busca-se instalar e aumentar a frequência de comportamentos 
 
 
 
 
15 
adequados ao contexto, desejáveis, funcionais e geradores de satisfação e 
felicidade. 
A terapiacomportamental tem um conjunto considerável de técnicas 
derivadas de pesquisas, em laboratório ou no próprio consultório. É a soma de 
pesquisa científica, rigor no levantamento de informações no momento inicial 
do processo e a utilização 
de técnicas e intervenções 
consolidadas que faz com 
que as pessoas tenham se 
beneficiado, de forma 
considerável, quando 
buscam a Terapia 
Comportamental. O 
Psicólogo Comportamental 
nos mostra que ao 
promovermos nosso 
autoconhecimento, é possível aumentar nossa habilidade para agirmos da 
maneira que queremos. 
Podemos melhorar nossos pensamentos e sentimentos, em relação aos 
outros e a nós mesmos. Mesmo que algumas causas dos nossos problemas 
possam estar na infância, é intervenção em seus comportamentos e 
sentimentos atuais que fornecerá a possibilidade de mudança que você tanto 
necessita. O psicólogo comportamental não é um conselheiro como também 
não apenas ouve e interpreta: ele busca, junto com aquele que procura a ajuda 
psicoterapêutica, encontrar novas formas de agir, visando produzir mudanças 
reais em sua vida. 
A atuação do psicólogo comportamental se faz muito eficiente em 
transtornos de ansiedade, depressão, stress, doenças psicossomáticas e 
sexuais, ou diante de problemas difíceis de especificar. O psicólogo 
comportamental será sempre uma importante fonte de auxílio, sempre que não 
nos percebemos capazes de lidar sozinhos com questões impostas pelas mais 
complicadas situações do dia a dia. Já se comprovou haver relação entre a 
saúde física e o bem-estar psicológico, então sabemos que não faz sentido nos 
preocuparmos com uma única dimensão do ser humano. 
O psicólogo comportamental se apoia em um campo da Psicologia 
denominado Análise do Comportamento - estudo do comportamento humano 
de maneira cientifica. Não segue crenças, dogmas ou o senso comum, a 
Análise do Comportamento faz pesquisas criteriosas e conta com 
pesquisadores academicamente conceituados em diversas Universidades ao 
redor do mundo inteiro. 
 
TEORIA DE BURRHUS FREDERIC SKINNER 
 
 
 
 
16 
 
Biografia 
Burrhus Frederic Skinner 
nasceu em Susquehanna, no estado 
norte americano da Pensilvânia, em 
1904. Criado num ambiente de 
disciplina severa, foi um estudante 
rebelde, cujos interesses, na 
adolescência, eram a poesia e a 
filosofia. Formou-se em língua 
inglesa na Universidade de Nova 
York antes de redirecionar a carreira 
para a psicologia, que cursou em 
Harvard - onde tomou contato com o 
behaviorismo. Seguiram-se anos 
dedicados a experiências com ratos 
e pombos, paralelamente à produção de livros. O método desenvolvido para 
observar os animais de laboratório e suas reações aos estímulos levou-o a 
criar pequenos ambientes fechados que ficaram conhecidos como caixas de 
Skinner, depois adotadas para experimentos pela indústria farmacêutica. 
Quando sua filha nasceu, Skinner criou um berço climatizado, o que originou 
um boato de que a teria submetido a experiências semelhantes às que fazia 
em laboratório. Em 1948, aceitou o convite para ser professor em Harvard, 
onde ficou até o fim da vida. Morreu em 1990, em ativa militância a favor do 
behaviorismo. 
Burrhus Frederic Skinner é o cientista do comportamento e do 
aprendizado. Para o 
psicólogo behaviorista norte 
americano, a educação 
deve ser planejada passo a 
passo, de modo a obter os 
resultados desejados na 
"modelagem" do aluno. 
Nenhum pensador ou 
cientista do século 20 levou 
tão longe a crença na 
possibilidade de controlar e 
moldar o comportamento 
humano como o norte-
americano Burrhus Frederic 
Skinner. Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que 
dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, 
 
 
 
 
17 
até os anos 1950. 
O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em 
inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos 
externos. Seu princípio é que só é possível teorizar e agir sobre o que é 
cientificamente observável. Com isso, ficam descartados conceitos e categorias 
centrais para outras correntes teóricas, como consciência, vontade, 
inteligência, emoção e memória - os estados mentais ou subjetivos. 
Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de 
aprendizado como um agente de mudança do comportamento. "Skinner revela 
em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em 
uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da 
cultura", diz Maria de Lourdes Bara Zanotto, professora de psicologia da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
 
Condicionamento operante 
 
O conceito-chave do 
pensamento de Skinner é o 
de condicionamento 
operante, que ele 
acrescentou à noção de 
reflexo condicionado, 
formulada pelo cientista 
russo Ivan Pavlov. Os dois 
conceitos estão 
essencialmente ligados à 
fisiologia do organismo, 
seja animal ou humano. O 
reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento 
operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um 
indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso 
do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma 
alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento 
cada vez que quiser saciar sua fome. 
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é 
que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, 
o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente 
(de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento 
operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz conseqüências que 
agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura 
semelhante. 
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de 
 
 
 
 
18 
novo comportamento - um processo que Skinner chamou de modelagem. O 
instrumento fundamental de modelagem é o reforço - a consequência de uma 
ação quando ela é percebida por aquele que a pratica. Para o behaviorismo em 
geral, o reforço pode ser positivo (uma recompensa) ou negativo (ação que 
evita uma consequência indesejada). Skinner considerava reforço apenas as 
contingências de estímulo. "No condicionamento operante, um mecanismo é 
fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais 
frequente", escreveu o cientista. 
 
Sem livre-arbítrio 
 
Segundo Skinner, 
a ciência psicológica - e 
também o senso comum 
- costumava, antes do 
aparecimento do 
behaviorismo, apelar 
para explicações 
baseadas nos estados 
subjetivos por causa da 
dificuldade de verificar as 
relações de 
condicionamento 
operante - ou seja, todas as circunstâncias que produzem e mantêm a maioria 
dos comportamentos dos seres humanos. Isso porque elas formam cadeias 
muito complexas, que desafiam as tentativas de análise se elas não forem 
baseadas em métodos rigorosos de isolamento de variáveis. 
Nos usos que projetou para suas conclusões científicas - em especial na 
educação -, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em 
princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um 
romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em 
que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do 
reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e 
igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da 
Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo 
comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo 
com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana 
deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Máquinas para fazer o aluno estudar 
 
A Educação foiuma das 
preocupações centrais de Skinner, à 
qual ele se dedicou com seus estudos 
sobre a aprendizagem e a linguagem. 
No livro Tecnologia do Ensino, de 1968, 
o cientista desenvolveu o que chamou 
de máquinas de aprendizagem - a 
organização de material didático de 
maneira que o aluno pudesse utilizar 
sozinho, recebendo estímulos à medida 
que avançava no conhecimento. Grande 
parte dos estímulos se baseava na 
satisfação de dar respostas corretas aos 
exercícios propostos. A ideia nunca 
chegou a ser aplicada de modo 
sistemático, mas influenciou 
procedimentos da educação norte-
americana. Skinner considerava o 
sistema escolar um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena 
de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para 
estudar. "Para Skinner, o ensino deve ser planejado para levar o aluno a emitir 
comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para 
isso precise cometer erros", diz Maria de Lourdes Zanotto. "A idéia é que a 
máquina de aprendizado se ocupe das questões factuais e deixe ao professor 
a tarefa fundamental de ensinar o aluno a pensar." 
 
APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO 
 
Entender o comportamento 
humano (e mesmo o 
comportamento animal) é de 
grande utilidade para a sociedade 
como um todo e de especial 
importância para a psicologia. 
Quanto maior o saber da psicologia 
sobre o comportamento e a 
aprendizagem de novos 
comportamentos, maior a 
possibilidade de mudança, visando 
o bem-estar de todos. 
 
 
 
 
20 
Neste texto, vamos apresentar três conceitos da psicologia 
comportamental que são muito importantes: 
1) o comportamento e condicionamento respondente, 
2) o comportamento operante e 
3) a modelagem. 
A psicologia comportamental procura estudar e compreender o 
comportamento. Em inglês, esta abordagem da psicologia é chamada 
behaviorismo (behavior + ismo; a palavra inglesa behavior significa 
comportamento). 
Neste ponto, podemos nos perguntar: como se dá a aprendizagem de novos 
comportamentos? 
A aprendizagem pode se entendida enquanto uma mudança no 
comportamento, mudança esta que se mantêm relativamente estável no futuro. 
Ou seja, havia uma série comportamentos, e agora encontramos no repertório 
um novo comportamento – o organismo aprendeu e manteve um nova 
possibilidade de alterar o seu meio ambiente. 
Pode ser dizer que a aprendizagem dos seres humanos, peculiar e com 
grande potencial, representa a sua possibilidade de evoluir, e ter sucesso em 
seu processo evolutivo. É esse potencial de aprendizagem que permite as 
transformações sociais, culturais e tecnológicas, que levam a espécie humana 
a modificações importantes em seus meio. 
 
Condicionamento respondente 
 
O condicionamento 
respondente é particularmente 
importante no que diz respeito à 
sobrevivência do organismo, além 
da manutenção do seu bom 
funcionamento, pois possibilita 
uma aprendizagem rápida e 
relativamente simples. 
Nos seres humanos, o 
condicionamento respondente 
permite ao organismo uma 
adaptação bem sucedida ao 
ambiente, como por exemplo, 
temos o caso de uma pessoa que comeu feijoada, que foi consequenciada por 
mal-estar. 
Posteriormente, o leve cheiro de feijoada elicia respostas no organismo 
de mal-estar, o que lhe permitia se preservar de um possível mal-estar, se 
comesse aquele prato. 
 
 
 
 
21 
Comportamento Operante 
 
O comportamento operante – o 
comportamento que opera no meio e, 
portanto, o modifica – é controlado 
principalmente pelas consequência que 
ocasiona a resposta do organismo no 
meio. 
A diferença entre o operante e o 
respondente é que o primeiro produz 
comportamento original, ou seja, passível 
de mudança ao serem mudadas as 
consequências, enquanto que o 
respondente apenas coloca o 
comportamento reflexo sob o controle de 
novos estímulos. 
O comportamento operante possui três componentes: 
1) O estímulo antecedente 
2) Resposta 
3) Consequências 
Ou seja: o estímulo antecedente, que estabelece ocasião para a 
resposta que por sua vez produzirá consequências. A maior parte dos 
comportamentos dos seres humanos podem ser descritos como 
comportamentos operantes. 
Se há a introdução de uma nova consequência, há mudança na 
resposta. Ou, ao contrário, se há a retirada de uma determinada consequência, 
há a probabilidade de que a pessoa não apresente mais a mesma resposta. 
Por exemplo, um casal de namorados se ama muito. Um belo dia, por uma 
série de motivos, ela termina com ele. 
No começo, com a ausência dela (estímulo antecedente), ele liga (resposta) 
para ela (que o atendia quando namoravam). 
Como eles terminaram, ela não mais atende suas ligações. O que acontece? 
Ele passa a ter, aos poucos, um novo comportamento – o de não ligar para ela. 
 
Modelagem 
 
A modelagem se dá quando uma resposta específica é alcançada com 
aproximações sucessivas à respostas almejadas. Essas aproximações são 
semelhantes, embora menos específicas, à resposta final, de modo que ao 
longo do tempo possibilitam ao organismo atingir aquela resposta última, 
através do reforçamento positivos daquelas respostas iniciais. 
 
 
 
 
22 
Por meio desse processo que ocorre ao longo de um determinado 
tempo, o novo operante é produzido e inserido no repertório comportamental 
do organismo. 
Como exemplo de 
modelagem, temos a 
aprendizagem de um 
instrumento musical, o 
violão. Inicialmente, o 
professor exige e reforça 
resposta simples e um pouco 
erradas, para 
posteriormente, ao longo do 
tempo, passar a não reforçar 
tais respostas, incidindo o 
reforço apenas nas 
respostas desejadas, mais específicas e complexas. Do mesmo modo, se dá a 
aprendizagem da escrita de uma língua, seja ela materna ou estrangeira, assim 
como a aprendizagem de um esporte, como o futebol. 
 
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO 
 
Seguindo o desenvolvimento da obra de Skinner, cabe questionar se, 
em 1953, com a publicação de Ciência e Comportamento Humano, suas 
concepções de ciência e comportamento humano teriam se diferenciado das 
de seu período inicial. Outras 
influências sobre o seu pensamento 
podem ser vislumbradas? Que outras 
concepções próprias podem ser aí 
destacadas? 
Logo nas primeiras páginas do 
livro, na "Apresentação da edição 
brasileira", Skinner enfatiza a 
necessidade de o conhecimento ser 
útil e ter um significado prático. Para 
ele, a ciência poderia e deveria ser um 
"corretivo" para os problemas 
humanos. Esse argumento é uma 
constante em toda a obra de Skinner. 
Suas principais justificativas para o 
empreendimento de uma ciência do 
comportamento humano são os 
resultados práticos para a sociedade - 
 
 
 
 
23 
daí a ênfase na predição e no controle. Essa idéia nos serve para, 
primeiramente, ressaltarmos a importância da ciência para a sociedade no 
pensamento skinneriano. 
Cabe indagar, porém, a que ciência ele se refere. Como essa ciência se 
realizaria, para Skinner? Quais seriam suas características? 
 
Sobre ciência 
 
Inicialmente, já no primeiro capítulo da obra, Skinner afirma que a 
ciência seria uma tentativa de descobrir ordem no mundo, de relacionar 
ordenadamente alguns acontecimentos com outros. A busca de ordem, porém, 
não seria apenas o objetivo da ciência, seria também um pressuposto seu. 
Para se buscar relacionar ordenadamente acontecimentos do mundo, tem-se 
que, primeiro, supor que esses acontecimentos já sejam, de alguma forma, 
ordenadamente relacionados entre si. 
Os objetivos da ciência seriam, assim, a descrição, a previsão e o 
controle. Note-se que Skinner não menciona a explicação como um dos 
objetivos da ciência - como muitos autores o fazem. Podemos atribuir essa 
atitude à noção machiana da equivalência entre descrição e explicação. 
No segundo capítulo do livro ("Uma ciência do comportamento"), Skinner 
passa a discutir, de modo mais prolongado,as características da ciência como 
ele a entende. Logo no início, por exemplo, o autor comenta: "Como apontou 
George Sarton, a ciência é 
única ao mostrar um 
progresso acumulativo", 
isto é, para Skinner, os 
"resultados tangíveis e 
imediatos" da ciência 
poderiam ser comparados 
de modo a se mostrar, por 
exemplo, que a eficácia da 
ciência moderna é muito 
superior à da ciência 
grega. Esse caráter 
acumulativo, no entanto, não parece estar necessariamente associado a 
nenhuma idéia de aproximação inexorável da "verdade" ou de "desvelamento" 
de um mundo separado do sujeito conhecedor - próximas de uma posição 
positivista clássica. De acordo com as concepções de Mach e do pragmatismo 
- com as quais Skinner efetivamente mais se aproxima - a invenção de 
conceitos que tivessem por base novas experiências apenas equivaleria à 
adoção de ações mais adaptativas em relação a um ambiente historicamente 
determinado, ou seja, se alguma noção de verdade for atribuída a Skinner, a 
 
 
 
 
24 
definição mais razoável seria a de verdade como efetividade no agir sobre o 
mundo. De fato, mais para o fim do capítulo, o próprio Skinner, citando Mach, 
caracteriza a ciência como a busca de um agir mais eficiente no mundo. 
Em seguida, Skinner 
comenta que a ciência produz 
"acumulações organizadas de 
informação". O que lemos, quando 
estudamos física, química ou 
biologia seriam bons exemplos de 
tais "acumulações". Ele ressalta, no 
entanto, que não podemos tomar a 
presença desses resultados 
específicos da ciência (conceitos, 
leis e teorias da Física, da Química 
ou da Biologia) em outros campos 
do saber como indicadores 
fidedignos de que também aí se 
utilizou o mesmo processo científico 
de investigação. "Essas acumulações não são a ciência mesma, mas os 
produtos da ciência", isto é, se a ciência deve visar, sim, à produção de tais 
acumulações organizadas de informação - o que também nos remete à noção 
de economia conceitual de Mach - a importação de conceitos de outras 
disciplinas científicas não pode ser tomada como garantia de cientificidade. 
Logo a seguir, o autor cita alguns outros aspectos comuns a diversas 
ciências e importantes para a prática científica, mas que não poderiam ser 
tomados como características definidoras, essenciais, da ciência: a medida 
exata, o cálculo matemático e uso de instrumentos (aparelhos de pesquisa ou 
instrumentos matemáticos). 
Desses comentários, podemos começar 
a construir uma imagem da prática científica 
como um empreendimento singular, 
acumulativo e capaz de dar conta de todos os 
fenômenos naturais a partir da mesma 
abordagem. Essa última ideia - a de que uma 
mesma abordagem pode dar conta da 
totalidade dos fenômenos naturais - porém, 
não deve ser entendida como uma 
recomendação para o uso dos mesmos 
métodos - e muito menos dos mesmos 
conceitos - em todas as disciplinas. As 
características essenciais da ciência para 
Skinner, e que deveriam, estas sim, ser 
 
 
 
 
25 
adotadas para o estudo de qualquer assunto, não são determinados conceitos, 
instrumentos ou métodos rígidos, mas, sim, atitudes. Como o próprio Skinner 
comenta: "A ciência é, antes de tudo, um conjunto de atitudes". Estas poderiam 
ser resumidas nas três seguintes: 
• a ênfase nos fatos, nos dados, no empírico - o que deveria levar à 
rejeição da autoridade e dos desejos do pesquisador quando estes 
interferem no contato com a natureza; 
• a honestidade intelectual - ressaltada também por Bridgman (que 
Skinner cita neste ponto); 
• e o afastamento de conclusões prematuras. Mais à frente, em outros 
capítulos, o autor continua a enumerar outras características da sua 
concepção de ciência. Skinner cita o abandono do conceito de "relação 
de causa e efeito" em favor do de "relação funcional". Para ele, a 
ciência estudaria mudanças nas variáveis independentes e 
dependentes. Os novos termos continuam, não sugerem como uma 
causa produz um efeito. Nesse ponto, parece novamente clara a 
influência de Mach. 
 
O estudo científico do comportamento humano 
 
Uma compreensão mais 
clara da noção de ciência 
desenvolvida por Skinner nessa 
obra pode ser obtida a partir das 
suas concepções sobre o estudo 
(científico) do comportamento 
humano. 
Ao tratar do tema, Skinner 
começa enfatizando a extrema 
complexidade desse objeto de 
estudo. Ressalta que essa é uma 
das objeções normalmente 
levantadas contra a possibilidade 
de uma ciência do comportamento e descarta-a por considerar que: "da 
complexidade não se segue a autodeterminação" nada se pode afirmar sobre 
os limites das investigações desse objeto até que tenhamos tentado, e, mais 
importante, pode-se simplificar as condições em laboratório ou através de 
análises estatísticas. A importância das técnicas experimentais e matemáticas 
para o estudo do comportamento (mesmo sem serem consideradas 
essenciais), aqui novamente ressaltadas pelo autor, deve ser marcada como 
uma das características do seu pensamento. O estabelecimento de relações 
quantitativas entre as variáveis em estudo, obtidas após um adequado controle 
 
 
 
 
26 
das condições experimentais, parece ser a via privilegiada de descrição 
científica para Skinner. No estudo das variáveis que controlam o modo como os 
organismos se comportam, assim, "qualquer condição ou evento que tenha 
algum efeito demonstrável sobre o comportamento deve ser considerada". 
Essas condições (ou eventos) deveriam ser descobertas e analisadas, 
preferencialmente, de forma quantitativa. 
Tendo delimitado o tipo de análise que a ciência deveria empreender, o 
autor passa a especificar mais claramente quais seriam as variáveis das quais 
o comportamento é função. As variáveis a serem consideradas deveriam ser 
aquelas ao alcance de uma análise científica, aquelas que estão fora do 
organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental. Aquelas 
que possuem um status físico para o qual as técnicas usuais da ciência são 
adequadas e permitem uma explicação do comportamento nos moldes da de 
outros objetos explicados pelas respectivas ciências. 
E quanto às variáveis ou condições internas (tanto psicológicas quanto 
fisiológicas)? Qual o seu papel numa ciência do comportamento? Essa é uma 
questão fundamental e recorrente na obra de Skinner. Lembramos que uma de 
suas convicções ao começar a estudar o comportamento, já na década de 
1930, era estudar o 
comportamento do organismo 
como um todo, sem recorrer a 
estruturas fisiológicas ou 
psicológicas mediadoras. Vamos 
alongar-nos um pouco nesse 
ponto, tratando do modo como o 
autor lida com ele em 1953. 
Seu argumento parte da 
afirmação de que a relação do 
organismo com o ambiente pode 
ser entendida como o 
encadeamento causal de três 
elos: uma operação externa ao 
organismo (por ex., privação de 
água), uma condição interna (por 
ex., sede fisiológica ou psicológica) e uma resposta (por ex., beber água). 
Assim, teoricamente, poderíamos prever o terceiro elo a partir do segundo. 
Lidar com as condições internas do organismo (que precedem imediatamente 
ao comportamento) seria inclusive preferível, do ponto de vista da previsão e 
do controle, por ser essa uma variável temporalmente próxima. O problema 
com esse tipo de variável é que não temos ainda como obter dados 
independentes e confiáveis sobre ela. Daí, que, em geral, infere-se o segundo 
elo ou do primeiro ou do terceiro. Para o autor, esse é o método mais 
 
 
 
 
27 
censurável, tanto prática quanto teoricamente. 
Mesmo que conseguíssemos contornar tal problema e manipular com 
segurança as condições internas que precedem imediatamente o 
comportamento, porém, "ainda teríamos de lidar diretamente com aquelas 
enormes áreas do comportamento humano controladas através da 
manipulação do primeiro elo". Sua conclusão é que "A objeção aos estados 
interiores não é a de que eles nãoexistem, mas a de que não são relevantes 
para uma análise funcional". As informações sobre o segundo elo dessa cadeia 
podem esclarecer a relação entre os outros dois elos - que é, esta sim, útil para 
a previsão e o controle - mas não podem alterar essa relação. 
Em suma, em Ciência e Comportamento Humano, delineia-se uma 
concepção mais completa de ciência, que apresenta diversas continuidades 
com as noções do período inicial. A adesão a definições operacionais e a uma 
concepção de explicação que a iguala à de descrição de relações funcionais 
entre variáveis permanece como uma herança já daquele período. Skinner 
também parece manter uma concepção da ciência como um modo de 
produção de conhecimento que não se restringiria a alguns objetos de estudo, 
que abarcaria tanto a Física quanto a Biologia e a Psicologia, por exemplo. O 
que aparece de novo em 1953 é a afirmação mais clara da ciência como meio 
privilegiado de intervenção na realidade, de resolução de problemas sociais. 
Uma ciência do comportamento seria uma necessidade para a solução dos 
problemas sociais - e tiraria daí uma de suas principais justificativas. 
Aqui, Skinner também aborda mais especificamente o comportamento 
humano, e aí podemos ver todo um campo de discussão que, pelo menos, não 
era explícito no início da sua carreira. Um conjunto de concepções próprias 
utilizadas na abordagem desse objeto torna-se aqui de grande importância: o 
conceito de comportamento operante é amplamente utilizado e chega a ser 
predominante no livro; as análises que utilizam o conceito de comportamento 
verbal também são abundantes; a importância do comportamento social para 
as ações humanas é destacada (toda uma seção do livro - "O comportamento 
de pessoas em grupo" -é dedicada ao assunto), e as questões relativas à 
descrição, evolução e planejamento de culturas ocupam outra grande parte do 
livro. Skinner ressalta, além do mais, a extrema complexidade desse objeto de 
estudo - afirmação tantas vezes omitida por seus críticos - e sugere, para lidar 
com isso, a simplificação experimental das condições envolvidas. Vale a pena 
notar que, apesar de a ciência do comportamento a que Skinner se refere 
durante todo o livro ser a Análise Experimental do Comportamento, suas 
interpretações e comentários extrapolam grandemente o escopo das 
investigações produzidas nesse âmbito. 
 
 
EVENTO PRIVADO E EVENTO INTERNO 
 
 
 
 
28 
 
Uma grande dificuldade 
para a psicologia é que muitos 
comportamentos não são 
possíveis de serem observados 
diretamente. Pense na cena: o 
psicólogo está em seu consultório 
e o paciente está calado. Como 
podemos saber o que se passa? 
Como poderemos saber o que o 
paciente está sentindo ou 
pensando? 
Este problema foi solucionado na psicologia comportamental através do 
conceito de evento privado. O evento privado é aquele que ocorre na presença 
de um indivíduo em particular. 
A partir de agora irá aprender o que é evento privado e evento interno. 
Além disso, você vai saber como a psicologia pode ser útil para conhecermos a 
nós mesmos e o comportamento dos outros. Você sabe o que a psicologia 
pode fazer por você? 
Na maioria das vezes, o evento privado é um evento interno, por isto é 
comum que haja confusão entre a ideia de evento interno e evento privado. O 
evento interno é um evento que está disponível apenas para a própria pessoa 
(por exemplo, uma sensação corporal como o “frio na barriga”), enquanto o 
evento privado pode até ser externo, por exemplo, quando estamos sós e 
falamos algo em voz alta. 
Se nós podemos 
perceber o que acontece 
dentro do nosso corpo, 
conhecer de forma segura os 
nossos próprios eventos 
internos, não podemos 
conhecer diretamente os 
eventos internos das outras 
pessoas. Com isto, surge a 
pergunta: como é possível ter 
acesso aos eventos privados 
de outros? Como podemos 
conhecer estes eventos e entender melhor o comportamento alheio? 
A melhor forma talvez seja perguntar para o outro qual é o estímulo 
interno que ele está sentindo. No caso das relações amorosas, sabemos da 
importância do diálogo nos relacionamentos. 
Para os psicólogos e psicólogas, o que o paciente diz (e deixa de dizer) 
 
 
 
 
29 
também é extremamente importante. Por isso, pede-se sempre que o paciente 
relate verbalmente sobre a sua experiência. 
A razão é simples, os relatos verbais de auto-observação e 
autodescrição expõe os eventos internos. Em termos mais simples, quando a 
pessoa conta sobre os seus eventos internos (sentimentos, sensações, 
pensamentos) ela está se abrindo, se expondo – e com isso, o psicólogo 
poderá ajudar. 
Mas o relato verbal, o que o indivíduo conta ou diz, não vai substituir o 
próprio evento interno. Ou seja, o evento interno é o evento interno e a 
comunicação do evento interno é uma outra coisa. A comunicação do evento 
interno, porém, é sempre de extrema importância. 
Quando nós nos comunicamos, falamos e escrevemos em uma 
determinada língua. As vezes, nos esquecemos deste fato. Este texto está 
escrito em português, certo? Ao pensarmos em português, estamos pensando 
“dentro” de uma língua, que tem sua história e forma particular. Por exemplo, o 
português é muito diferente do japonês e do árabe. 
O comportamento verbal é um comportamento que aprendemos na 
nossa história de vida. Assim como nascemos em uma cultura cuja língua é o 
português, poderíamos ter nascido em uma cultura árabe. O modo como 
iríamos expressar os nossos eventos internos seria totalmente diferente. 
Deste modo, o comportamento verbal é fruto de uma longa 
aprendizagem. Como podemos saber a diferença entre a saudade e a 
lembrança? A adrenalina e o 
medo? A esperança e a 
ansiedade? 
Com o tempo, vamos 
aprendendo a distinguir estas 
palavras e os eventos internos 
sobre as quais elas dizem. Em 
termos técnicos, através de um 
processo de reforçamento 
diferencial aprendemos certas 
respostas verbais (tatos) 
apresentadas a estímulos 
internos. 
O que isto quer dizer? Pense em uma criança com um rosto triste. Nós 
vamos conversar com ela e perguntar: – “Você está triste? Porque você está 
com esta tristeza?” 
A criança vai estar aprendendo que o que ela está sentindo 
internamente é tristeza. É tristeza e não medo, é tristeza e não dor. Este 
processo é o que chamamos de reforçamento diferencial para a aquisição de 
um comportamento verbal. 
 
 
 
 
30 
Desta forma, o comportamento verbal é aprendido. A cultura ensina as 
crianças a dizer sobre os próprios eventos internos. Porém, algumas pessoas 
não passam por este processo e acabam sem saber direito o que sentem. 
Nestes casos, a psicologia também é um instrumento para a percepção 
e compreensão dos eventos internos. À medida em que vamos conhecendo o 
nosso próprio mundo, podemos alterá-lo para o nosso benefício. 
Quando o paciente não sabe dizer o que sente, a psicologia também 
conta com outras técnicas expressivas, como desenhos, expressões corporais, 
teatro, arte-terapia, entre outros. 
 
COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO 
 
Muita gente já ouviu 
falar ou até mesmo acredita 
que passar por baixo de 
escadas traz má sorte; que 
uma vassoura atrás da porta 
expulsa visitas indesejadas; 
que se um gato preto cruzar 
seu caminho trará azar; que 
beber sem brindar, pois bem, 
essas são algumas das 
superstições facilmente 
encontradas na nossa 
sociedade e que remetem a 
ideias de boa ou má sorte. 
Falar de sorte ou azar na terapia comportamental não faz muito sentido, 
pois estes comportamentos possuem causa metafísica e não têm relação 
contingencial com os comportamentos alheios que se propõem a descrever. 
Todavia, para a nossa ciência, a psicologia comportamental, faz muito sentido 
falar de superstição ou, melhor, de comportamento supersticioso. 
 
 Comportamento supersticioso é quando um comportamento qualquer que 
foi emitido coincide temporalmentecom uma resposta acidental, e esta 
resposta assume a condição de reforçadora para o comportamento que a 
antecedeu. No comportamento supersticioso, a relação entre a resposta e o 
comportamento ocorre temporalmente próxima, mas não existe relação de 
dependência um com o outro. Por exemplo, sempre que o Bahia entra em 
campo, Rodrigo usa a mesma “camisa da sorte”, pois acredita que o Bahia só 
venceu o campeonato do ano passado, porque ele estava usando a mesma 
camisa que usou quando o time foi campeão brasileiro. 
 
 
 
 
31 
Neste caso, utilizar a 
camisa é um comportamento 
supersticioso que foi reforçado 
acidentalmente pelo 
campeonato conquistado pelo 
time com o mérito dos 
jogadores e nada tem a ver 
com o fato do torcedor estar 
com a sua “camisa da sorte”. 
Ele poderia estar com a 
camisa do Vitória, por 
exemplo, que não faria a 
menor diferença. Isso significa 
dizer que não há uma relação 
de continuidade entre tal 
estímulo e tal resposta. Em outras palavras, o que acontece é que atribuímos a 
um determinado comportamento de nosso ambiente uma causa que nada tem 
a ver com a resposta que se segue a ele. 
É como a vassoura atrás da 
porta, por exemplo. Alguém já contou 
o tempo que leva para essa “mágica” 
dar certo? Será que a visita vai 
embora simplesmente porque uma 
vassoura foi posta atrás da porta, ou 
alguém, no passado, ao colocar a 
vassoura naquele local coincidiu com 
a ida da visita indesejada? 
Talvez possamos até pensar por outro caminho. Se um determinado 
indivíduo coloca a vassoura atrás da porta para expulsar uma visita é porque já 
está cansado dela, portanto, pode começar a emitir comportamentos como 
bocejar, responder sem muita empolgação, não dar continuidade ao assunto da 
conversa, etc. E, agindo assim, provavelmente a visita irá embora mais cedo. 
Concorda? 
O comportamento supersticioso foi estruturado por Skinner. Antes dele, 
o filósofo Hume dizia que uma superstição nasce de um hábito que outrora 
fizera sentido, mas cujas razões de ser foram perdidas pela repetição mal 
explicada. Por exemplo, há uma superstição popular que diz que passar por 
baixo de escada dá azar. Pelos teóricos, poderíamos dizer que, numa ocasião 
remota, alguém passou por baixo de uma escada e uma lata caiu em sua 
cabeça. 
Veja que a passagem coincidiu com a queda! Noutro momento, a 
informação foi passada da seguinte forma: “a lata caiu porque ele passou por 
 
 
 
 
32 
baixo da escada”. Claro que a pessoa teve o “azar” da coincidência, mas não 
significa que todos que passarem terão o mesmo infortúnio. Trata-se de algo 
parecido com o que veremos no vídeo abaixo. 
 O comportamento supersticioso foi primeiramente estudado em 1948 por 
B. F. Skinner, cujo trabalho Superstition in the Pigeon deu início a uma série de 
pesquisas envolvendo este tema. O presente trabalho foi realizado com o 
objetivo de replicar sistematicamente o trabalho de Lee (1996) e investigar se 
mudanças sistemáticas na disposição de ícones na tela do computador 
poderiam ter funcionado como estímulos reforçadores condicionados para a 
resposta de emitir cliques numa mesma localização e, assim, ter contribuído 
para o padrão de respostas supersticiosas obtido por Lee (1996). 
 
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
 
É uma abordagem terapêutica 
estruturada, diretiva, com metas claras 
e definidas pelo psicólogo e o cliente, 
focalizada no momento presente e 
utilizada para tratar desde problemas 
emocionais diversos (Transtornos 
Psicológicos), comportamentos, 
dificuldades relacionais e a 
aprendizagem de novas habilidades. 
Seu objetivo principal é obter 
mudanças nos pensamentos e nos 
sistemas de significados dos clientes 
(suas crenças) buscando uma 
alteração emocional e comportamental 
consolidada e permanente. 
A premissa básica da TCC, não é a situação que determina o que as 
pessoas sentem, mas a maneira como elas interpretam os fatos em 
determinada situação. Portanto, sua maneira de interpretar um evento ou 
situação é que te faz sentir ou agir de certa maneira. 
Um exemplo seria duas pessoas passando pela mesma situação (viram um 
curso na internet). A primeira pessoa pensou: “muito complicado este curso. 
Não vou conseguir dar conta desses conteúdos difíceis”; Sentimentos: 
tristeza e desapontamento; Comportamento: saiu da página (esquiva ou fuga 
diante de dificuldades); A segunda pessoa pensou: que curso interessante! 
Parece difícil, mas sei que se eu estudar e me dedicar, darei conta; 
sentimentos: Entusiasmo e alegria; Comportamento: salvou o link do curso 
(pensamento realista diante de dificuldades). A primeira pessoa nem sequer 
tentará fazer o curso para testar suas hipóteses de fracasso; A segunda poderá 
 
 
 
 
33 
se inscrever. 
Este exemplo ilustra como 
as nossas crenças coordenam o 
processo de percepção e 
atribuição de significados 
possibilitando uma interpretação 
da experiência. Estas crenças são 
como uma lente que filtram o 
mundo e conferem significados. 
Diante de padrões mal 
adaptativos (ou disfuncionais) de 
pensamentos, caberá ao 
terapeuta auxiliar o cliente a 
encontrar novas possibilidades de 
pensamentos alternativos e mais 
funcionais que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social. 
Tudo começa na terapia com a identificação dos sentimentos, 
pensamentos e comportamentos em determinadas situações trazidas pela 
pessoa. 
À medida que a pessoa vai expressando suas emoções, o terapeuta 
ensinará a identificação dos pensamentos e crenças associados a seus 
sentimentos. Se a crença ou pensamento for mal adaptativo será corrigido e 
submetido a uma nova avaliação mais realista que será construída pelo cliente 
no processo de reestruturação cognitiva. 
Mudando-se o pensamento, muda-se sentimentos e comportamentos. A 
terapia tem uma função pedagógica de ensinar a pessoa a detectar e reduzir 
os sintomas e isto a tornará mais apta a estes recursos fora da terapia. 
Estimula-se o cliente a ter maior autonomia neste processo e não se tornar 
dependente da terapia. 
 
O papel do Psicólogo na TCC 
 
O terapeuta tem um papel ativo, colaborativo e educativo. Ele prepara o 
cliente para mudar pensamentos e crenças. Isto possibilitará mais 
conhecimento sobre o funcionamento emocional e comportamental da pessoa 
em terapia. Há uma troca na terapia em que o terapeuta ensina e o cliente 
pratica e aprende a utilizar esse conhecimento a seu favor. 
Haverá também tarefas que poderão ser feitas fora da terapia, em 
ambientes diversos, para sedimentar o aprendizado de novas situações que 
estimularão autonomia e auto eficácia. 
 
 
 
 
34 
Através do processo 
terapêutico, cliente e terapeuta 
vão construindo uma 
convivência através do 
cuidado, da ética, e do tom 
amigável do profissional para 
deixar o cliente à vontade para 
expor suas crenças, identificar 
seus pensamentos e examinar 
suas ações. Esse processo se 
chama aliança terapêutica. 
Este é um elo construído 
pela empatia, ética, 
acolhimento, reconhecimento e validação da experiência emocional, cognitiva e 
comportamental da pessoa em terapia. 
Através deste processo o cliente aprenderá novas possibilidades de lidar com 
suas questões, fortalecerá suas habilidades, aprenderá novas habilidades e 
resiliência. 
A psicoterapia é um caminho para a pessoa encontrar-se, para o 
autoconhecimento e novas aprendizagens e escolhas, entre várias 
possibilidades. 
 
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL – TRATAMENTO 
DEPENDÊNCIA QUÍMICA 
 
Muitos dependentes 
químicos acreditam estar no 
controle da situação, porém 
o uso recreativo de 
substâncias entorpecentes 
pode ser um caminho para o 
vício. A dependência 
química é um problema real 
que aflige várias pessoas no 
Brasil e no mundo. As 
causas são as mais diversas 
possíveis: a morte de uma 
pessoa próxima, problemas 
financeiros ou amorosos, más influências, contexto familiarproblemático, entre 
tantas outras. 
Lidar com essa situação tão complicada é, na maioria das vezes, um 
grande desafio e surgem muitas dúvidas quanto às abordagens mais 
 
 
 
 
35 
adequadas. Mas a dependência não é impossível de ser superada. 
Atualmente, existem diferentes métodos de tratamento para alcançar a 
reabilitação em dependência de drogas. Recentemente, médicos e psicólogos 
vêm realizando pesquisas para conseguir definir quais perfis de dependentes 
se adequam melhor a cada alternativa de tratamento. 
Veja a seguir as principais opções de recuperação existentes: 
 
Terapia em grupo 
 
Um dos métodos mais 
conhecidos, os grupos de ajuda 
mútua reúnem homens e mulheres 
para trocar experiências (boas e 
ruins) em relação à dependência. 
Os encontros são gratuitos e 
frequentes (normalmente, 
semanais), e possibilitam que os 
participantes discutam seus 
receios, suas expectativas e suas 
frustrações. 
Os Alcoólicos Anônimos (AA) e os 
Narcóticos Anônimos (NA) promovem um clima amistoso e amenizam 
constrangimentos, já que todos ali presentes possuem histórico de 
dependência. Mesmo após a recuperação total, frequentar esses grupos pode 
ser de grande ajuda para a manutenção da sobriedade e para evitar recaídas. 
 
Tratamento ambulatorial 
 
Essa abordagem 
permite que o dependente faça 
o tratamento por meio de 
medicações quando necessário 
e seja acompanhado por uma 
equipe multidisciplinar em um 
ambulatório especializado. 
É vantajosa porque 
mantém o paciente inserido no 
ambiente familiar, evitando 
mudanças bruscas em seu 
contexto social. Pode ser incerta já que o dependente vivenciará situações de 
risco por não ser monitorado o tempo todo. Mas é também encorajadora 
porque dá um voto de confiança e mais autocontrole à pessoa em tratamento. 
 
 
 
 
36 
 
Internação involuntária 
 
Está voltada para 
dependentes químicos 
em estado crítico, pois 
tem como objetivo 
impedir que o paciente 
prejudique ainda mais 
sua integridade física e 
mental. É uma decisão 
que deve ser tomada 
com muita cautela e o 
tratamento terapêutico 
deve ser realizado por profissionais especializados. 
É um método amparado por lei e os órgãos competentes devem ser 
notificados quando ocorre a intervenção. Se feita de forma inadequada, a 
internação involuntária pode causar ainda mais danos ao dependente e à sua 
família. 
 
Comunidade terapêutica 
 
As comunidades 
terapêuticas são centros de 
recuperação para 
dependentes químicos que 
prezam pela reabilitação 
por meio do trabalho, da 
religiosidade e do 
acompanhamento com 
uma equipe 
multidisciplinar. 
O tratamento pode 
durar de três a nove meses e o dependente passa a conviver cotidianamente 
com outras pessoas em situação similar à sua. A convivência com outros 
dependentes é uma proposta interessante em que o paciente consegue 
perceber sua própria realidade e se espelhar na luta do outro. 
Com a troca de experiências e o acompanhamento profissional, a 
recuperação se torna bastante viável e o paciente, após alguns meses, poderá 
ser reinserido no meio familiar. 
Esses são os métodos mais conhecidos para a reabilitação em 
dependência química. Mas também há outras alternativas que vêm sendo cada 
 
 
 
 
37 
vez mais difundidas no meio médico. 
Independentemente do tratamento eleito, é importante ressaltar que 
nenhuma abordagem será totalmente eficaz se o paciente não for amparado 
por uma equipe especializada e multidisciplinar. Isso porque, muitas vezes, os 
dependentes químicos apresentam outros problemas para além do abuso de 
drogas, como a depressão. 
Portanto, é muito importante que a família e os amigos das pessoas em 
recuperação saibam como apoiá-las. Assim, estarão mais próximas de 
finalmente superar o vício. 
Cada dependente 
químico estabelece uma 
relação diferente com a 
droga e cada dependente 
apresenta necessidades 
diferentes. Isso acontece 
porque a dependência 
química resulta da 
interação de vários 
aspectos da vida do 
indivíduo: biológico, 
psicológico e social. Desse modo, as intervenções devem ser diferenciadas 
para cada indivíduo e devem considerar todos os aspectos envolvidos. Não 
existe, assim, um tratamento único para a dependência química. Na maior 
parte dos casos as técnicas usadas para o tratamento precisam ser 
constantemente reavaliadas durante o tratamento e adaptadas ao momento do 
paciente. 
 A dependência 
química é uma doença 
que interfere em todos os 
aspectos da vida do 
paciente dependente. A 
interrupção do uso da 
droga é apenas um 
primeiro passo de um o 
processo de tratamento 
que pode durar em média 
de 1 a 5 anos. O 
tratamento do paciente 
dependente deve ser 
planejado buscando-se não somente interromper o uso da droga, mas visando 
a reinserção do paciente em novas atividades sociais, profissionais, familiares 
e a prevenção de recaídas. Como a dependência afeta vários aspectos da vida 
 
 
 
 
38 
do paciente ela demanda uma abordagem multidisciplinar por uma equipe 
composta ao menos por médicos, enfermeiros, psicólogos, neuropsicólogos, 
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outros profissionais. 
Pode-se dividir o tratamento dos dependentes em cinco etapas de 
acordo com a fase de motivação para a mudança em que o paciente se 
encontra abaixo. As fases não são necessariamente seqüenciais, e os 
indivíduos usualmente passam por eles várias vezes durante o tratamento, em 
ordens aleatórias. A motivação para tratar sua doença varia no paciente com 
uma dependência. Pode-se encontrar o paciente dependente em uma de seis 
fases. 
 
Fases da motivação para mudança 
 
Pré-contemplação 
 O paciente dependente não 
percebe os malefícios e prejuízos 
relacionados ao uso da 
droga. Segue com seu uso e não 
planeja parar nos próximos seis 
meses. 
O que fazer: Convidar ao indivíduo à 
reflexão; evitar a confrontação, 
remover barreiras ao tratamento e 
propor medidas de controle do 
dano; 
 
Contemplação 
 O indivíduo percebe os problemas e prejuízos relacionados ao uso da droga, 
mas não toma nenhuma ação para interromper o uso da droga. Pensa em 
parar de usar drogas nos próximos seis meses. 
O que fazer: Discutir prós e contras do uso das drogas; ajudar o paciente 
dependente a perceber a incompatibilidade do uso de drogas e seus objetivos 
de vida. 
 
Preparação 
 O paciente dependente continua usando a droga, porém já fez ao menos uma 
tentativa de parar a droga, no último ano. Pensa em parar o uso da droga 
(abstinência) nos próximos 30 dias. 
O que fazer: Remover barreira ao tratamento e ajudar o paciente ativamente a 
se tratar. Deve-se demonstrar interesse e apoio a atitude do paciente 
dependente de se tratar. 
 
 
 
 
 
39 
Ação 
O paciente aceitou e conseguiu parar completamente o uso da droga durante 
ao menos seis meses; 
O que fazer: Implementar e ajustar o projeto terapêutico do paciente. 
 
Manutenção 
O paciente mantem-se sem usar a droga por ao menos seis meses. 
O que fazer: Colaborar na construção de um novo estilo de vida mais 
responsável e autônomo. 
 
Recaída 
 O paciente dependente volta a consumir a droga. 
O que fazer: Reavaliar o estágio motivacional do paciente 
 
1a etapa – Redução de danos 
O controle do dano 
é útil sobretudo quando o 
paciente está em fase de 
pré-contemplação e 
contemplação. Nestas 
fases, como o paciente 
dependente não aceita 
ajuda, os profissionais de 
saúde podem oferecer 
medidas de proteção que 
minimizem os danos causados pela droga, pela situação precária em que se 
encontram os pacientes. Esta atitude pode abrir portas e aproximar o paciente 
do sistema de saúde permitindo-lhe perceber que há possibilidades 
tratamento. 
 
2a etapa – Consulta motivacional 
 Durante as etapas de contemplação e preparação o paciente 
dependente precisa encontrar suas próprias motivaçõesinternas para 
interromper o uso da droga. Nestas etapas o uso de uma técnica chamada 
consulta motivacional ajuda o paciente a sair da dúvida sobre os benefícios e 
malefícios do uso da droga e a se orientar em direção a uma decisão de 
interromper o uso. 
3a etapa – Tratamento de abstinência e construção de um projeto 
terapêutico 
Pacientes na fase de preparação e ação precisam ter acesso a serviços 
de saúde especializados que irão propiciar condições ideais para que o 
paciente possa realizar o tratamento de abstinência também conhecido como 
 
 
 
 
40 
“desintoxicação”. As drogas causam importantes efeitos no cérebro e no 
organismo. A interrupção súbita do uso de algumas drogas pode causar efeitos 
e sensações desagradáveis. Quando da realização do tratamento de 
abstinência o paciente pode, por vezes, se tornar agitado, irritável e sentir um 
grande mal estar. O uso de um tratamento adequado permite ao paciente obter 
alívio e prevenir estas sensações desagradáveis, fazendo com que o início da 
abstinência seja menos sofrido. Para isto são necessárias equipes 
especializadas em abstinência e para alguns paciente leitos hospitalares que 
possam acolher, proteger e tratar estes pacientes. Durante esta etapa deve-se 
trabalhar com o paciente para que, a partir das suas motivações e objetivos de 
vida, se construir um projeto terapêutico e de reabilitação cognitiva e social. 
 
4a etapa – Reabilitação cognitiva, social e prevenção de recaídas 
Uma vez realizada a 
abstinência, alguns 
pacientes dependentes que 
tiveram muitos prejuízos 
econômicos, sociais, 
pessoais ou 
neuropsicológicos, ou que 
se encontram em situação 
de marginalização, 
precisarão de um suporte 
para realizar a reabilitação 
cognitiva e social. 
 Este processo passa, por vezes, pela avaliação neuropsicológica para se 
avaliar problemas na concentração, memória, nas funções executivas ou outros 
aspectos que possam influenciar na tomada de decisões do paciente. Caso 
haja algum déficit um tratamento de reabilitação neuropsicológico pode ser 
indicado. 
A outra etapa é a preparação para o retorno a uma vida ativa, em 
sociedade e com a inserção de uma atividade profissional que possam ajudar o 
paciente a retomar a sua auto-estima e o convívio na sua comunidade. Esta 
etapa pode ser feita por uma equipe multidisciplinar ou com a ajuda de uma 
comunidade terapêutica de qualidade. Deve-se lembrar que quanto menos se 
separar o paciente dependente da sua família e da sua comunidade mais fácil 
e rápida será a sua reinserção. A instituição onde é feita esta etapa do 
tratamento deve ser capaz de estabelecer um vínculo com a família, com a 
comunidade e com os serviços de atenção a saúde próximos da morada do 
paciente. 
 A prevenção de recaída também é uma etapa importante para a 
manutenção da abstinência. Esta etapa do tratamento tem como objetivo 
 
 
 
 
41 
ajudar o paciente dependente a encontrar um novo estilo de vida e a aprender 
estratégias que o afastarão do uso de drogas e de possíveis recaídas. 
 Além dos serviços de saúde pública e privada, associações como os 
Alcoólicos Anônimos, os Narcóticos Anônimos, comunidades terapêuticas e 
instituições religiosas também podem colaborar para o tratamento dos 
pacientes com uma dependência. Cabe ao médico e a equipe multidisciplinar 
ajudar o paciente a se orientar aos tratamentos que possam ser mais eficazes 
para ele. 
 
 
A PROBABILIDADE DO COMPORTAMENTO 
 
Imagine que vamos estudar um comportamento simples: o 
comportamento de beber um copo de água. Para estudar o comportamento 
humano, na psicologia comportamental ou behaviorismo (behavior significa 
comportamento em inglês) temos que retirar algumas possibilidades de 
resposta que damos no senso comum. Digamos que vamos perguntar para 
alguém que está bebendo água o porque de estar bebendo água. A pessoa 
pode responder: “Eu estou bebendo água porque estou com vontade” ou “Eu 
estou bebendo água porque estou com sede”. 
Ora, estas duas respostas não respondem de verdade a pergunta. 
Na psicologia comportamental, a busca pelas causas do comportamento 
será diferente. Na verdade, ao invés de falarmos de causas falaremos em 
variáveis que (podem ou não) influenciar o comportamento X. Temos então 
dois tipos de variáveis: 
• Variável dependente (o próprio comportamento estudado); 
• Variáveis 
independentes 
(variáveis que podem 
influenciar na 
emissão do 
comportamento). 
Para entendermos esta 
terminologia é simples: o 
que chamamos dependente 
é o comportamento ou 
variável que vai estar em 
função de outras variáveis, ou seja, vai depender de outras variáveis para 
acontecer. 
No exemplo de beber água, a variável beber água vai acontecer 
dependendo de outras variáveis como o calor da sala, a temperatura do corpo, 
a alimentação salgada, etc. 
 
 
 
 
42 
Diz Skinner no Ciência e Comportamento Humano: “Tentamos prever e 
controlar o comportamento de um organismo individual. Esta é a nossa variável 
dependente – o efeito para o qual procuramos a causa. Nossas variáveis 
independentes – as causas do comportamento – são as condições externas 
das quais o comportamento é uma função”. 
Como a variável dependente vai se dar em função de uma ou outra variável 
independente falaremos em psicologia comportamental de análise funcional do 
comportamento. 
 
A probabilidade da emissão de um comportamento 
 
Voltando ao 
nosso exemplo, como 
poderemos saber a 
probabilidade, a chance, 
de uma determinada 
pessoa beber um copo 
de água? Como 
podemos estudar as 
variáveis independentes 
que vão influenciar? 
Bem, podemos fazer um 
experimento em 
laboratório e estudar – 
quantitativamente – a influência do aumento da temperatura na probabilidade 
de alguém beber água. Ou seja, o pesquisador pode estudar com diversas 
pessoas ou com uma mesma pessoa em vários momentos a influência de uma 
variável independente (a temperatura da sala, medida através de um ar 
condicionado) sobre a variável dependente, o comportamento de beber água. 
Alterando a temperatura do ambiente, o pesquisador vai chegar à 
conclusão de que, quanto maior a temperatura maior a probabilidade de um 
sujeito experimental beber água. 
Este, evidentemente, é um exemplo simples mas serve para demonstrar 
como é possível estabelecer variáveis independentes e probabilidades 
estatísticas para o controle, análise e estudo do comportamento dos indivíduos. 
Como temos notado já há muitas décadas desde as primeiras 
elaborações de Skinner, a análise do comportamento vem se mostrando útil 
para a emissão de comportamentos que são benéficos individual e 
socialmente. 
Por exemplo, na Universidade Federal de São João del-Rei, havia um 
programa para treinamento comportamental de autistas graves, ou seja, 
autistas com um grau tão severo da doença que se auto agrediam de forma 
 
 
 
 
43 
violenta. Nestes casos extremos de autismo, a autoagressão é tão séria que o 
indivíduo pode chegar a se matar batendo frequentemente a cabeça na parede. 
Ora, utilizando o modelo simples acima (e com as outras elaborações 
teóricas da psicologia comportamental mais complexas, é claro), os 
pesquisadores estudavam e interviam no comportamento destes indivíduos 
autistas graves. Assim, ao invés de analisar um simples comportamento de 
beber água, eles estudavam a probabilidade de autoagressão, por exemplo. 
Como fazer com que eles parassem de se auto agredir? Como fazer 
para que eles, gradualmente, pudessem sair da clínica e andar normalmente 
de ônibus? Como fazer para que eles ao invés de se auto agredirem para pedir 
comida começassem a verbalizar, a dizer o que estavam querendo? 
Evidentemente que há um salto de um comportamento simples para 
comportamentos complexos nos quais uma série de variáveis estariam 
presentes. Se o comportamento de sair para dar uma volta estava sendo 
mantido através

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