Aula Dialogada - Psicanalise e Humanismo

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Mesa Redonda – Psicanálise e Humanismo 
Psicanálise- 
“Psiquismo desejante e ICS” 
 
I - Ser Humano – é um ser mobilizado pela dinâmica do desejo. (Ser humano desejante) 
- O desejo tem uma dimensão que não é inata. 
- O desejo é constituído a partir da relação com o outro. (seja na dimensão interpessoal e na 
dimensão com a cultura) 
- Explora ao máximo a questão das relações interpessoais 
- O desejo se constitui na relação com o outro. 
 
Trabalhou com a questão da infância nos tempos da guerra - Pensa nas crianças no pós guerra 
– a perda dos pais, perda da família, da referencia – pensa a criança na sua relação com o 
outro, as referencias iniciais na vida delas. 
 
II- Constituição do Psiquismo: 
Na constituição do nosso psiquismo desejante há dois momentos: (Lacan e Klein) 
Momento Simbiótico – onde dependemos dessa referencia do outro, nossa própria 
constituição Egóica depende dessa relação com o outro 
 - Lacan trabalha essa dimensão na perspectiva de alienação 
- Klein vai falar da etapa Esquizo - Paranóide – mas que na sua essência é essa relação com o 
outro em termos de uma dependência. Dependemos desse outro para a constituição dessa 
referencia para sobrevivermos, só que a partir de quando vamos nos desenvolvendo enquanto 
sujeitos, o desafio é estabelecer a diferença com o outro. 
 
III- Dinâmica Desejante – cada um vai se posicionar frente a seus objetos de desejo – os 
objetos de desejo são os mais estranhos, diferentes possíveis, não há uma unificação. O 
cenário das escolhas de um objeto são os mais estranhos. O desejo não é marcado por 
questões biológicas. 
 
Freud nos propõe pensar nas nossas diferenças, principalmente diante de uma sociedade que 
nos propõe padronizações – o que é melhor, pior, condenável – por isso o ser humano adoece. 
 
IV - Adoecimento - É desse conflito da convivência entre o ser de desejo e o seu contexto 
social (sua vida em sociedade) que Freud vai entender o sofrimento humano 
Adoecemos porque estamos o tempo todo expostos ao conflito que é como sustentar o nosso 
desejo frente às relações com o outro, frente as relações sociais, a vida em sociedade. 
Adoecer – acontece no conflito entre o seu desejo e a vida em sociedade. Isso é uma dimensão 
Que vai dar suporte ao desenvolvimento de toda a Clinica Psicanalítica. 
 
V - O Sofrimento Psíquico - vem do conflito existencial – eu como ser humano desejante, 
busco me satisfazer (o ser humano não nasceu fadado a sofrer, mas ele faz parte da condição 
existencial porque não conseguimos, enquanto ser desejante, nos satisfazer plenamente. 
Como eu vou viver em sociedade se cada individuo busca se satisfazer planamente? – isso é da 
ordem da impossibilidade,existem regras, leis e limites que vão gerenciando o viver em 
sociedade, nesse sentido o ser humano desejante vai sempre se confrontar com esses limites. 
 
O sofrimento é uma dimensão – não como no discurso medico “Essa doença!!!” – não é uma 
perspectiva medica só no fisiológico. Desconstruir algumas referências do discurso médico – 
Saúde/ Doença 
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Na 2ª tópica Freud mergulha no conflito psíquico e rompe com a posição médica. Psicanálise 
hoje busca romper com o discurso original do Freud - 1ª tópica inicio Sec. 20 avança para 2ª 
tópica – dec. 20 (trazendo a relação com a realidade e vai saindo do discurso médico) . 
 
Freud nos propõe pensar nas nossas diferenças, principalmente diante de uma sociedade que 
nos propõe padronizações – o que é melhor, pior, condenável – por isso o ser humano adoece. 
 
VI - Saúde x Sofrimento Psíquico 
A proposta de idéia de saúde não vai parecer – o Individuo saudável 
O sofrimento está relacionado ao mal estar – mal estar na Civilização, o mal estar do individuo 
viver em sociedade. Matamos o nosso semelhante (Que ódio é esse?), pois não aceitamos as 
nossas diferenças. 
 
Adoecimento = Mal estar 
Saúde = Bem estar 
– Bem estar possível para cada um construir (sem padronizar) - de prazer, de satisfação, na 
suas relações com o outro, nas suas escolhas de objeto de satisfação – diz respeito as suas 
escolhas de trabalho, de parceiros, aos projetos de vida. 
Que a pessoa possa amar, produzir e se satisfazer. Não é apenas se adaptar, mas que possa 
nas suas escolhas e posicionamentos, sustentar esse desejo de alguma forma. 
Porque nos posicionando dessa forma frente ao outro. (Não estuda o crescimento humano) 
 
VII - Clinica Psicanalítica – Trabalha a questão do desejo 
- Não é abrir mão do desejo 
- Não é adaptar o desejo à sociedade - Criticas de Lacan ao discurso americano do American 
Way of Life – Vamos nos adaptar ao sistema! - Anna Freud – Discurso Psicanalítico americano 
(essa idéia fez muito sucesso nos EUA) – vamos trabalhar o EU, as defesas do Eu para adaptar 
esse Eu à sociedade. Essa é a grande critica que Lacan faz; para ele aí acaba a psicanálise nos 
EUA – para ele esse caminho é produzir sofrimento. 
- O desafio de nos posicionar em relação ao nosso desejo e fazer algo com isso. – à partir das 
nossas escolhas, nossos trabalhos, nossos projetos sustentar nossos desejos. 
- Cada um reconhecer o seu desejo, o que eu quero – da minha relação com o outro, no meu 
trabalho, nas minhas construções relacionais, a partir do que o outro também diz de mim. 
- A nossa idéia não é ser igual ao outro. A idéia de construir as diferenças 
- Pensar nesse cenário contemporâneo do ódio as diferenças e de construir padronizações que 
vão refletir na clinica 
- o sofrimento mobiliza todo o trabalho. (quero saber sobre meu sofrimento)A leitura da 
questão do desejo. O sofrer é trabalhado não com o objetivo de produzir saúde, mas que o 
sujeito pense o que ele quer nessa relação com o outro da sua relação com o outro. Como 
ele funciona a partir dessa dinâmica desejante. O analista não vai responder as demandas, ele 
vai confrontar o sujeito para que ele entenda o que ele quer dessas relações (o que eu quero 
desse outro, o que busco nessa relação) à partir da relação com o analista. Ele vai buscar no 
próprio analista o objeto perfeito. O analista vai provocar... você quer um pai, uma mãe. 
Para que o individuo faça suas escolhas, entendo como você funciona com o outro – sair da 
posição “Eu sofro por causa do outro! Não. Você está envolvido nessa história, tem algo que 
você quer.” 
- A clínica é singular – o jeito e o tempo de cada um. 
 
 
 
 
 
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Lacan e Klein - Dois autores que são referencia nas escolas de formação dos analistas 
Produção sustentada dentro dos princípios Freudianos 
Trabalham o aprofundamento do Psiquismo Ics. Esta é a marca da Psicanálise. 
Psiquismo desejante e ICS 
 
VII - Lacan – 
- A Psicose é uma temática que Freud não aprofundou em termos de sua clinica que 
trabalhava nas neuroses, fobias. 
- Lacan é um articulador da questão da linguagem e da cultura no discurso psicanalítico. 
- Discute essa relação com o outro na dimensão interpessoal, essa questão com a linguagem e 
com a cultura é muito marcada em seu discurso. 
- Aprofunda a Clinica com relação à Psicose e vai dentro da sua teorização desenvolver eixos 
que Freud não desenvolveu. 
Começa a pensar na dinâmica psíquica, na relação com o outro, na relação cultural, não em 
questões sobre o desenvolvimento 
- Pensa no viés do sofrimento psíquico, no confronto com a civilização em relação com a 
cultura, não em uma perspectiva de crescer, mas na minha relação com o outro desde a minha 
origem, o que eu quero ( o que eu quero quando me expresso na sala de aula? Quero que o 
outro me escute? Quero que o outro me reconheça, me olhe? )Uma representação muito mais 
contemporânea. 
- Lacan – Real, Simbólico, Imaginário – Não é só a minha imagem. Não é só o que eu faço. Mas 
as escolhas que eu fizer 
Um desejo perverso, aquele que me faz mal, não é fácil ser reconhecido - 
 
VIII - Melanie Klein - Teve uma influencia do pensamento Freudiano, trabalhar com crianças 
propiciou um aprofundamento que Freud apenas sinalizou em relação às crianças. 
Constrói produções originais e próprias que permitemir além do discurso Freudiano. 
 
 
 
HUMANISMO 
 
I - Histórico 
Final da dec. 50 inicio Dec. 60 
Estados Unidos – contrapor as idéias do Behaviorismo e da Psicanalise na clinica e no campo 
experimental. 
Não há o Pai do humanismo, ele é uma junção de varias pessoas que trabalharam e tinham 
uma idéia em comum – na Europa (Alemanha) e EUA 
O movimento se concretizou nos EUA, mas a Gestalt já acontecia na Alemanha 
concomitantemente. 
Influencias Filosóficas – Existencialismo e a Fenomenologia 
 Arvore – Tronco – Humanismo 
 Galhos – Diversas Abordagens – ACP, Gestalt Terapia, Psicodrama, Psicologia Positiva 
 Raízes – Existencialismo e Fenomenologia 
 
II - Criticas a Psicanálise e Behaviorismo 
- Visão de homem muito limitada: Só comportamento ou ênfase demais no ICS 
 
 
 
 
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III- Visão de Homem – 
 
- Holístico, Integrado - O fisiológico interfere no psicológico e vice-versa 
- Marco – Psicologia para a Saúde – A Psicologia deveria se interessar em estudar os 
indivíduos saudáveis para compreender o funcionamento saudável do ser humano e não focar 
em suas patologias e limitações. Proposta inovadora ao que se tinha também foco de grandes 
criticas que o humanismo recebeu 
 
- Focar no homem que é: Autônomo, livre e ao mesmo tempo responsável pela sua liberdade. 
 
-Foco é a consciência - trazer a Cs o que esse ser humano está experienciando e o que vivencia 
e entendendo que quanto mais clara e Cs for essa experiência, maior a possibilidade de saúde 
o indivíduo tem. 
 
III- Rogers – “Tendência Atualizante” - Homem dotado de um potencial inato para se 
desenvolver e crescer – Rogers chamou esse potencial de Tendência Atualizante – potencial 
inato que todos os seres vivos tem – uma capacidade para se desenvolver- crescer, satisfazer 
suas necessidades, buscar sua auto realização - e uma tendência para desenvolver essa 
capacidade 
 
IV- Maslow – Contribuições Psicologia do Ser e Psicologia da saúde 
- Formação BEHAVIORISTA 
- Realizou experimentos empíricos para compreender o funcionamento saudável – elegeu 
algumas pessoas contemporâneas a ele e históricas para embasar o seu estudo , seleciona 
características que ele considera comuns a essas pessoas com bons ajustamento psíquico e 
emocional. 
 
1- Características Bom Ajustamento Psíquico e Emocional. 
– Criatividade, Autonomia, Liberdade, Priorizar-se 
Saúde emocional – o indivíduo estar em contato com sua própria experiência, ser autentico na 
sua vivencia, 
Rogers – Estruturou uma proposta de Teoria, de Psicoterapia – ACP 
 
2- Tendência Atualizante – presente em tds os seres vivos, mas não se desenvolve de forma 
automática, depende das condições externas, das relações que esse indivíduo estabelece 
 
Visão de Homem – 
- Também um ser relacional – eu me conheço, me construo e me transformo estando em 
relação. Se as condições dessas relações forem favoráveis para esse potencial de 
desenvolvimento que esta latente vai se desenvolver. 
 
- Condições Favoráveis – Clima de liberdade experiencial, de aceitação, livre de ameaças ou de 
qualquer experiência a tudo que esse homem vivencia internamente – Quanto mais essa 
experiência pode ser simbolizada, trazida à cs de forma congruente, maior chance de saúde 
emocional e possibilidade de se desenvolver. 
Relações que proporcionam a liberdade de acessar suas experiências sem restrições. Admitir-
se como um ser cheio de possibilidades de vivencias e de sentimentos e incorporá-las ao meu 
EU. 
 
- Eu Real – é aquele que vivencia situações que são agradáveis, mas que também são 
desagradáveis 
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Quanto mais congruente eu estou, quanto mais Cs das minhas experiências e mais receptivo a 
elas, maior possibilidade de me desenvolver de forma saudável. 
 
- Pessoas Critério – importantes especialmente na infância, mas também ao longo da nossa 
vida adulta, 
Desenvolvimento saudável – Quanto mais maduro eu sou menos importância tem as pessoas 
critério, 
Na infância – a promessa de afeição por essas pessoas critério são determinantes para suas 
ações. 
A criança se distancia de suas próprias experiências, pela possibilidade de receber afeição das 
pessoas critério. Quanto mais distantes da própria experiência, maior chance de adoecimento 
emocional. 
 
 
Clinica – PCP 
 
-Objetivo - Que se consiga propiciar o clima favorável para que as pessoas acessem sua 
experiência, tenham maior receptividade para consigo mesmas, maior aceitação de si, maior 
aceitação de sua própria experiência. 
 
- A idéia de Saúde – sempre esta relacionada à fluidez, a abertura à experiência, fertilidade 
dessa experiência, aceitação de si, 
 
- Adoecimento emocional – relacionado à rigidez, a fechamento, a não fluidez, as reservas que 
faz tudo o que é não vivido e não acessado faz parte do adoecimento emocional. 
Convite a congruência e para trazer a Cs, simbolizar a experiência de forma irrestrita, aberta, 
para que nos tornemos cada vez mais autênticos, mais inteiros, saudáveis e consigamos 
estabelecer relações mais saudáveis também. 
 
Psicanálise x Humanismo 
 
I- Psicanálise (porque) x Humanismo (o que) 
 
Psicanálise – busca entender o porquê dos fenômenos, como eles aconteceram 
Humanismo – quer entender o que (qual é essa experiência) não quer saber o porquê, importa 
com o que está ai. 
Humanismo - Não desconsidera o passado por achá-lo irrelevante, mas esse passado só é 
levado em consideração quando ele surge no momento presente. – então ele é um passado 
que se torna presente. Não há uma postura de investigação para a compreensão disso 
 
II - Noção do EU 
 - Fenômeno é o mesmo sob lentes diferentes 
O Eu é o mesmo, mas a noção do eu é diferente 
Psicanálise – o Eu é uma instancia muito marcado pela alienação, o Eu funciona muito pelo 
discurso do outro. Devemos pensar no sujeito. 
Se tornar mais atento do que se quer em uma relação. 
A realidade Psíquica é a referencia 
 
Humanismo – fazer suas escolhas levando em conta o referencial interno. Acessar a 
experiência, simbolizar essa experiência, trazer a CS e vivenci- la num clima de liberdade 
experiencial (não no sentido de efetivar isso, mas poder falar isso e vivenciar a nível interno 
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isso – é o que se faz, isso é propor do desenvolvimento e do crescimento. É vivenciar o que 
estou vendo, não preciso fazer nada com o que estou percebendo. 
 
Psicanálise - Há pessoas que nem se identificam sofrendo. Nem todos passam pela processo 
de diferenciação do outro, tem pessoas que precisam desse espelho, isso não é uma questão 
para ele. 
Na origem precisamos desse espelho, precisamos do outro porque não temos referencias, mas 
a medida que as relações vão se tornando cada vez mais complexas, saio do núcleo originário e 
vou estabelecendo relações com outros cenários e pessoas diferentes,entrando em relação 
com a cultura e instituições, o desafio passa a ser como eu vou estar confrontando esses 
referenciais, e outros referenciais vão surgindo. Depende muito dessas relações - A medida 
com que o outro com que me relaciono de alguma forma abre espaço para a riqueza de 
conhecer as diferenças, de poder reconhecer, entrar em contato e se fazer diferente, ou se 
vou ficar preso a esse espelho (pessoas critério). Se eu fico preso no espelho quem deseja é o 
outro. 
 
III – Falta (Psicanálise) e Saciação (Humanismo) – 
 
Psicanálise – o que nos mobiliza é a falta. O silencio é riquíssimo na analise representa a falta. 
A fala não vai ser cheia de sentido, não vai saciar. 
 
Humanismo – o que nos mobiliza é a saciação. Passamos de fase a partir da saciação 
(pirâmide das necessidades de Maslow), sempre parcial. 
Quanto mais seguro estou, aí que vou ousar arriscar. Se há saciedade o movimento vai 
acontecer porque tendemos ao crescimento e não a estagnação. 
A realização plena nunca vai acontecer – a vida plena é uma direção, é um caminho, é um 
processo infindo – é pleno no aqui e agora - não é um lugar é o momento vivido plenamente 
aqui e agora – é um caminho, é um processo infindo.IV - Semelhanças Humanismo x Psicanálise 
 
- Mesmo Objeto de estudo – O ser Humano 
- O Referencial Interno 
- Realização Plena – nunca vai acontecer 
- Reconhecer o ser humano como um ser relacional 
- Se constrói e se reconhece nas suas relações 
- Não está pronto (mesmo que haja a questão inata no Humanismo, mas como uma tendência) 
 
* Escolha da Abordagem vai muito da escolha da identificação pessoal (Fran)