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<p>A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO</p><p>AULA 2</p><p>Prof. Cassio Gonçalves de Azevedo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Freud não conceitualizou, especificamente, o tema do sujeito, mas, como</p><p>vimos, a partir da clínica psicanalítica, concebe uma estrutura subjetiva da qual</p><p>se pode derivar um sujeito com uma especificidade bastante original. O tema da</p><p>pulsão, com sua montagem excêntrica, nos indica um regime de funcionamento</p><p>distinto do reino animal e das demais concepções sobre a experiência humana.</p><p>O aparelho psíquico, tomado na sua referência ao campo pulsional,</p><p>implica um funcionamento que tem como base exigências de satisfação</p><p>imperiosas e constantes, que não se conformam com as necessidades de</p><p>organização gregária do ser humano civilizado, com sua vida em sociedade e</p><p>com as leis que, em suma, visam renúncias e comedimento.</p><p>As pulsões, em seu estado bruto, desconhecem os princípios morais e</p><p>higiênicos, bem como as boas maneiras e outros limites que lhe são</p><p>recorrentemente impostos, e o recalque sobre elas exerce sua função de</p><p>censura com vistas a inibir o seu curso e seu livre acesso à consciência, via pela</p><p>qual poderiam vir a mobilizar o aparelho psíquico na obtenção de sua satisfação.</p><p>Nesta etapa, compreenderemos melhor como se comporta o aparelho</p><p>psíquico frente a esse conflito, quais as vias que a pulsão adere para driblar a</p><p>censura imposta pelo recalcamento. Iniciaremos pelo campo aberto por Freud</p><p>no que diz respeito ao desejo que se constitui a partir desse estado de coisas.</p><p>Seguiremos conhecendo um pouco melhor quais são as instâncias que a</p><p>divisão psíquica engendra, como o Eu, e qual seu papel nessa questão psíquica.</p><p>Seguiremos com a oposição que lhe foi designada sobre o nome de Isso, para</p><p>compreendermos com mais precisão em que lugar e de que maneira o suposto</p><p>sujeito que a psicanálise visa se apresenta.</p><p>Chegaremos então ao supereu, conceito que se impôs a Freud a partir de</p><p>manifestações clínicas que lhe apresentaram uma outra face do Eu, inconsciente</p><p>e que guarda, com este, um conflito de extensões significativas.</p><p>Por fim, compreenderemos mais a respeito da noção de sujeito na</p><p>psicanálise freudiana, delineando melhor a divisão que lhe é constituinte e que</p><p>preside a subjetividade no interior dessa doutrina.</p><p>Na seção Na Prática, refletiremos sobre as incidências mais imediatas</p><p>dessa emergência do desejo inconsciente e para finalizarmos, na seção</p><p>Finalizando, retomando um pouco do conteúdo aqui esboçado.</p><p>3</p><p>TEMA 1 – FREUD E O DESEJO INCONSCIENTE</p><p>O objeto mais claramente identificável sobre o qual se debruça o campo</p><p>psicanalítico, tal como concebido por Freud, como sabemos, é o inconsciente,</p><p>que, desde tempos antigos, já era suposto e até enunciado por artistas e filósofos</p><p>sem, contudo, ter sido sistematizado. Coube a Freud fazê-lo a partir da</p><p>experiência clínica com mulheres acometidas de sintomas histéricos e da análise</p><p>daquilo que chamou as formações do inconsciente.</p><p>Ora, o que seriam essas formações do inconsciente? Nada mais do que</p><p>indícios de um funcionamento insuspeito, do ponto de vista da consciência.</p><p>Chistes, sonhos, atos falhos, esquecimentos seletivos, equívocos; são</p><p>fenômenos que denotam uma atividade psíquica que destoa da atividade</p><p>consciente, que a esta não se coaduna, lhe causando, inclusive, embaraço e</p><p>constrangimentos variados.</p><p>Análogos aos sintomas, embora diferentes quanto à durabilidade,</p><p>algumas dessas formações inconscientes são comportamentos que o indivíduo</p><p>desempenha e que não lhe ocorre justificá-los com clareza, o que confere a eles</p><p>uma relativa autonomia em relação à intencionalidade do Eu, ou seja, uma</p><p>intencionalidade paralela.</p><p>No livro seminal que inaugura a psicanálise, A interpretação dos sonhos,</p><p>de 1900, Freud os pressupõe, os sonhos, como a realização de um desejo. Ora,</p><p>mas como poderia ser que a realização de um desejo pudesse causar tamanha</p><p>perturbação como, por exemplo, no caso de um pesadelo? De que tipo de desejo</p><p>estaria se referindo Freud? Trata-se, logicamente, de um desejo muito particular,</p><p>recalcado, nos diz Freud.</p><p>O processo onírico tem permissão para começar como a realização de</p><p>um desejo inconsciente, mas, quando essa tentativa de realização de</p><p>desejo fere o pré-consciente com tanta violência que ele não consegue</p><p>continuar dormindo, o sonho rompe o compromisso e deixa de cumprir</p><p>a segunda parte de sua tarefa. Nesse caso, ele é imediatamente</p><p>interrompido e substituído por um estado de completa vigília. (Freud,</p><p>[1900-1901], 1996, p. 608)</p><p>Mais ou menos como se o indivíduo acordasse para continuar dormindo,</p><p>ou seja, despertasse para não entrar em contato com esse desejo inconsciente</p><p>que lhe constitui, um desejo sexual infantil não mais compatível com os ideais</p><p>de uma consciência amadurecida e que, portanto, sua realização causa nesse</p><p>registro, o da consciência, desprazer, enquanto que no outro, do inconsciente,</p><p>4</p><p>possa causar prazer. Reproduziremos aqui um parágrafo de A Interpretação dos</p><p>Sonhos, de Freud, na íntegra, para compreender do próprio punho dele um</p><p>pouco melhor esse estado de coisas.</p><p>Até o presente momento, os filósofos não tiveram oportunidade de se</p><p>interessarem por uma psicologia do recalcamento. É lícito, portanto, que</p><p>nos permitamos fazer uma primeira abordagem desse tema até hoje</p><p>desconhecido através da criação de uma imagem pictórica do curso dos</p><p>acontecimentos na formação do sonho. É verdade que o quadro</p><p>esquemático a que chegamos – não apenas a partir do estudo dos</p><p>sonhos – é bastante complicado, mas não podemos trabalhar com algo</p><p>mais simples. Nossa hipótese é que, em nosso aparelho anímico,</p><p>existem duas instâncias formadoras do pensamento, das quais a</p><p>segunda goza do privilégio de que seus produtos tenham livre acesso à</p><p>consciência, ao passo que a atividade da primeira é em si inconsciente</p><p>e só pode chegar à consciência por intermédio da segunda. Na fronteira</p><p>entre as duas instâncias, na passagem da primeira para a segunda, há</p><p>um censura que só deixa passar o que lhe é agradável e retém tudo o</p><p>mais. De acordo com nossa definição, portanto, o que é rejeitado pela</p><p>censura fica em estado de recalcamento. Em certas condições, uma das</p><p>quais é o estado de sono, a relação de forças entre as duas instâncias</p><p>se modifica de tal maneira que o recalcado não pode mais ser refreado.</p><p>No estado de sono, isto provavelmente ocorre graças a um relaxamento</p><p>da censura; quando isso acontece, torna-se possível ao que até então</p><p>estava recalcado facilitar-se o caminho para a consciência. Entretanto,</p><p>visto que a censura nunca é completamente eliminada, mas</p><p>simplesmente reduzida, o material recalcado tem de submeter-se a</p><p>certas alterações que atenuam seus aspectos ofensivos. O que se torna</p><p>consciente, nesses casos, é um compromisso entre as intenções de uma</p><p>das instâncias e as exigências da outra. Recalcamento – relaxamento</p><p>da censura – formação de compromisso: este é o modelo básico da</p><p>gênese não apenas dos sonhos, mas também de muitas outras</p><p>estruturas psicopatológicas. (Freud, [1900-1901], 1996, p. 691-692)</p><p>Como podemos notar, o que está em pauta é nada menos que um conflito</p><p>psíquico em que um desejo inconsciente incompatível é afastado (recalque) dos</p><p>ideais da consciência e insiste em retornar sob diferentes formas, o que implica</p><p>um impasse, numa satisfação no mínimo incômoda, às vezes até insuportável.</p><p>Freud pressupunha que a práxis psicanalítica tinha como finalidade</p><p>“tornar consciente o inconsciente” (Freud, [1900-1901], 1996, p. 606), ou seja,</p><p>integrar à consciência uma determinada dimensão da subjetividade que dela fora</p><p>excluída, tendo como efeitos, inclusive, transformações nos dois registros, tanto</p><p>no da consciência quanto no inconsciente, bem como na relação dialética entre</p><p>os dois.</p><p>O que aqui procuramos, então, demonstrar, é que o desejo inconsciente</p><p>é recalcado, e que o retorno do recalcado,</p><p>ou seja, que essas formações do</p><p>inconsciente são algumas das formas de emergência desse desejo. Essa</p><p>emergência nos é particularmente importante no que diz respeito ao sujeito.</p><p>5</p><p>De resto, a análise das posições freudianas de 1900 nos leva à</p><p>hipótese de que o desejo é um dos nomes do sujeito. Do sujeito</p><p>inconsciente. Assumir o desejo inconsciente equivale a subjetiva-lo.</p><p>Um efeito que se traduz na assunção de uma posição subjetiva cuja</p><p>característica é a de existir, apesar da consciência. Dessa maneira,</p><p>resta a evidência de que o sujeito é uma versão – um dos nomes – do</p><p>desejo inconsciente. (Cabas, 2009, p. 53)</p><p>Chamamos atenção, então, e mais uma vez, que a psicanálise opera uma</p><p>ruptura com as concepções anteriores a ela no que diz respeito à estruturação</p><p>da subjetividade. No que diz respeito ao sujeito moderno, por exemplo, o sujeito</p><p>cartesiano, o sujeito é tido como autoconsciente e autônomo, que coincide</p><p>consigo próprio em com suas ações, acessível, inclusive, por meio da sua</p><p>capacidade reflexiva de livre pensar; pois, o que o campo desbravado por Freud</p><p>nos indica é uma tal definição da subjetividade como que dotada de uma divisão</p><p>constitutiva, despojada de unidade e que traz em si mesma o germe do conflito</p><p>intrapsíquico que lhe é inerente. Essas proposições, como havemos de notar,</p><p>diferem-se também e significativamente do sujeito da filosofia política, em que a</p><p>questão recai sobre a estrutura social que compõe os sujeitos, tema que também</p><p>se ocupa a psicanálise ao interrogar o Outro sobre seu desejo, porém, a ele não</p><p>se limita, deixando entrever o aspecto da cisão intrapsíquica desses sujeitos que</p><p>compõem essa estrutura.</p><p>Essa divisão psíquica entre a consciência e o inconsciente vai sendo</p><p>desenvolvida e elaborada por Freud a partir do aprofundamento das questões</p><p>relativas à pulsão.</p><p>TEMA 2 – O EU</p><p>No texto O Narcisismo, de 1914, Freud postula que uma unidade do tipo</p><p>do ego não pode existir desde o início no indivíduo, que ela precisa ser</p><p>desenvolvida, mas, desde os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, de</p><p>1905, Freud já apontara para o fato de que as manifestações sexuais infantis</p><p>comportam um autoerotismo, por exemplo, quando os bebês tomam seu próprio</p><p>corpo como objeto de prazer, por meio do ato de sugar com deleite o próprio</p><p>dedo, por exemplo.</p><p>Essa primeira etapa, na qual o próprio corpo é tomado como objeto de</p><p>prazer, investido de libido, Freud chamou de narcisismo primário, em oposição</p><p>à escolha objetal anaclítica, ou seja, do investimento de libido direcionado aos</p><p>objetos externos e que tem nos pais sua matriz. Assim, a libido poderia ser</p><p>6</p><p>investida no Eu ou nos objetos externos, sendo que os pais seriam a matriz dos</p><p>“objetos” externos.</p><p>A autoestima, segundo Freud, “expressa o tamanho do ego”, o nível dos</p><p>investimentos pulsionais que o tomam, de modo que “Tudo o que uma pessoa</p><p>possui ou realiza, todo remanescente do sentimento primitivo de onipotência que</p><p>sua experiência tenha confirmado, ajuda-a a aumentar sua autoestima (Freud,</p><p>[1914-1916], 1996, p. 104).</p><p>Mas o fato é que as funções do ego vão muito além, no que diz respeito</p><p>à manutenção dessa autoimagem. No texto sobre O Eu e o Isso (E Ego e o Id</p><p>na tradução inglesa), de 1923, Freud o define como sendo uma parte do Isso</p><p>que se diferenciou, relacionando-o ao sistema perceptual e à consciência, bem</p><p>como atribuindo a ele o controle sobre a motilidade do indivíduo. Nesse texto,</p><p>Freud deixa entrever uma característica importante a respeito da constituição</p><p>dessa instância, a saber, sua relação com a imagem do corpo.</p><p>Um outro fator, além da influência do sistema Pcpt., parece ter</p><p>desempenhado papel em ocasionar a formação do ego e sua</p><p>diferenciação a partir do id. O próprio corpo de uma pessoa e, acima</p><p>de tudo, a sua superfície, constitui um lugar de onde podem originar-</p><p>se sensações tanto externas quanto internas. Ele é visto como</p><p>qualquer objeto [...]</p><p>O ego é, primeiro e acima de tudo, um ego corporal; não é</p><p>simplesmente uma entidade de superfície, mas é, ele próprio, a</p><p>projeção de uma superfície. (Freud, [1923-1925], 1996, p. 39)</p><p>Essa característica imagética do eu terá repercussões importantes para o</p><p>desenvolvimento posterior desse conceito como uma estrutura integradora, que</p><p>visa sintetizar e organizar as tendências parciais das pulsões bem como as</p><p>incoerências, por assim dizer, do aparelho psíquico.</p><p>Formamos a ideia de que em cada indivíduo existe uma organização</p><p>coerente de processos mentais e chamamos a isso o seu ego. É a esse</p><p>ego que a consciência se acha ligada: o ego controla as abordagens à</p><p>motilidade – isto é, a descarga de excitações para o mundo externo.</p><p>Ele é a instância mental que supervisiona todos os seus próprios</p><p>processos constituintes e que vai dormir à noite, embora ainda exerça</p><p>a censura sobre os sonhos. Desse ego procedem também as</p><p>repressões, por meio das quais procura-se excluir certas tendências</p><p>da mente, não simplesmente da consciência, mas também de outras</p><p>formas da capacidade e atividade. Na análise, essas tendências que</p><p>foram deixadas de fora colocam-se em oposição ao ego, e a análise</p><p>defronta-se com a tarefa de remover as resistências que o ego</p><p>apresenta contra o preocupar-se com o reprimido. (Freud, [1923-1925],</p><p>1996, p. 31)</p><p>Em 1923, Freud diferencia o aparelho psíquico denominando de Eu (ego)</p><p>da parte que se origina da percepção-consciência e de Isso (Id) a porção restante</p><p>7</p><p>e inconsciente (Cabas, 2009, p. 82): “O ego representa o que pode ser chamado</p><p>de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões” (Freud,</p><p>[1923-1925], 1996, p. 39).</p><p>A importância funcional do ego se manifesta no fato de que,</p><p>normalmente, o controle sobre as abordagens à motilidade compete a</p><p>ele. Assim, em sua relação com o id, ele é como o cavaleiro que tem</p><p>de manter controlada a força superior do cavalo, com a diferença de</p><p>que o cavaleiro tenta fazê-lo com a sua própria força, enquanto que o</p><p>ego utiliza forças tomadas de empréstimo. A analogia pode ser levada</p><p>um pouco além. Com frequência um cavaleiro, se não deseja ver-se</p><p>separado do cavalo, é obrigado a conduzi-lo onde este quer ir; da</p><p>mesma maneira, o ego tem o hábito de transformar em ação a vontade</p><p>do id, como se fosse sua própria (FREUD, [1923-1925], 1996, p. 39).</p><p>Não obstante essa pretensa posição de cavaleiro que o ego enseja e que</p><p>o privilegia quanto ao controle da motilidade, na medida em que avançam as</p><p>descobertas e conclusões a que a psicanálise conduz, verificamos, com Freud,</p><p>que esse mesmo ego também é “uma pobre criatura que deve serviços a três</p><p>senhores e, consequentemente, é ameaçado por três perigos: o mundo externo,</p><p>a libido do id e a severidade do superego” (Freud, [1923-1925, 1996, p. 68).</p><p>Veremos essas outras instâncias que participam da estruturação da</p><p>subjetividade freudiana a seguir.</p><p>Antes, porém, importante ressaltar que em 1920 Freud vai mais além na</p><p>consideração das ressonâncias que as pulsões representam para a vida anímica</p><p>ao se deparar com os fenômenos de repetição. Ao identificar o Eu como a sede</p><p>das resistências, a compulsão à repetição será abordada, a partir de então, como</p><p>a insistência de satisfação pulsional.</p><p>Por ora, contudo, nos cabe inferir, inclusive, que o Cogito cartesiano, o</p><p>sujeito de Descartes, coincide com o Ego freudiano, na medida em que é a</p><p>instância psíquica que Freud identifica com a razão (Freud, [1923-1925], 1996,</p><p>p. 39), e que “supervisiona todos os seus próprios processos constituintes” (Ibid,</p><p>1996, p. 31), ou seja, dotada de autorreflexão.</p><p>Notamos, portanto, e desde já, o quão mais complexa a noção de sujeito</p><p>aberta pela psicanálise implica em relação ao sujeito moderno, na medida em</p><p>que são inseridas outras instâncias psíquicas para além do Eu, que vivem ao</p><p>largo da consciência e da razão como, por exemplo, o Isso.</p><p>TEMA 3 – O ISSO</p><p>8</p><p>Ora, sendo o Eu a instância subjetiva</p><p>mais próxima das percepções e da</p><p>realidade exterior, o Isso será definido como seu oposto, ou seja, como a sede</p><p>das pulsões parciais. Diferenciando-o do Eu, Freud afirmou que “as percepções</p><p>têm para o ego a mesma significação que as pulsões têm para o id” (Freud,</p><p>[1923-1925], 1996, p. 53).</p><p>A máxima repetida ao longo de diferentes textos e em diferentes</p><p>momentos de sua obra, sobre o fundamento da prática clínica de tornar</p><p>consciente o inconsciente, tomará, depois da segunda tópica freudiana, a forma</p><p>seguinte: “A psicanálise é um instrumento que capacita o ego a conseguir uma</p><p>progressiva conquista do id” (Freud, [1923-1925], 1996, p. 68). Importante já</p><p>esclarecer que essa progressiva conquista não é o mesmo que superá-lo, mas</p><p>antes “incorporá-lo” à consciência, ou melhor, subjetivá-lo, assimilando-o. Esse</p><p>adendo é importante para nos advertir sobre o que se seguiu no pós-freudismo,</p><p>ou seja, pelos autores que vieram após a morte de Freud, e que passaram a</p><p>supervalorizar o Eu em detrimento do Isso.</p><p>Mas voltemos à Freud, que, em meados de 1920, como dito acima, se</p><p>deparava com duas grandes questões teóricas provindas da clínica, “a função</p><p>da repetição na cura analítica e o estatuto da repetição na economia subjetiva”</p><p>(Cabas, 2009, p. 77). No que diz respeito à compulsão à repetição, fato clínico</p><p>amplamente observável, “o que a pulsão repete é um imperativo, uma exigência</p><p>de satisfação que não tem fim (Cabas, 2009, p. 79). Trata-se, portanto, de</p><p>sabermos “que o imperativo da repetição incide no processo da constituição</p><p>subjetiva e é determinante na consolidação da posição do sujeito” (Cabas, 2009,</p><p>p. 77).</p><p>A partir daí impõem-se a evidência de que o sujeito é dividido, embora</p><p>o que, por ora, importe a Freud não seja propriamente a dimensão</p><p>epistemológica e tampouco a ideia de determinar a densidade teórica</p><p>dessa noção, nem, portanto, a necessidade de forjar um novo termo –</p><p>por exemplo, o termo “sujeito” – capaz de reunir essas conclusões.</p><p>Para ele, o importante é registrar que a divisão subjetiva é estrutural e,</p><p>a seguir, estudar a natureza das duas dimensões que compõe a</p><p>dissociação da personalidade psíquica: o Eu e o Isso. Só que, para</p><p>abordar essa divisão, ele repete um procedimento que lhe é</p><p>característico: assim como quando queria investigar o inconsciente ele</p><p>partia dos dados da consciência por serem mais familiares, ao</p><p>investigar o Isso elege como ponto de partida o Eu, o mais conhecido.</p><p>(Cabas, 2009, p. 81)</p><p>O uso do pronome impessoal Isso (das Es’, ou Id do latim, considerado na</p><p>tradução inglesa) remonta a Nietzsche, mas Freud explica que seu emprego da</p><p>palavra derivou de Georg Groddeck, com vistas a superar os problemas do</p><p>9</p><p>emprego do termo inconsciente como meramente descritivo, especificando,</p><p>portanto, o inconsciente sistemático e econômico, das pulsões e do recalcado</p><p>(Freud, [1923-1925], 1996, p. 37). Essa nova distinção que vai sendo introduzida</p><p>se deve também ao fato de que uma nova dimensão do Eu, inconsciente, será</p><p>agora distinguida, a saber, o Supereu.</p><p>TEMA 4 – O IDEAL DE EU: SUPEREGO</p><p>No texto sobre o Narcisismo, Freud já aborda essa outra instância</p><p>psíquica que também participa da estruturação da subjetividade e que é o Ideal</p><p>de Eu, Supereu, ou Superego. Freud inicialmente o conceitua como herdeiro do</p><p>final do Complexo de Édipo, porém, a partir d’O Ego e o Id, uma vertente do</p><p>Supereu atrelada ao Id é apresentada:</p><p>O superego, contudo, não é simplesmente um resíduo das primitivas</p><p>escolhas objetais do id; ele também representa uma formação reativa</p><p>enérgica contra essas escolhas. A sua relação com o ego não se</p><p>exaure com o preceito: ‘Você deveria ser assim (como o seu pai)’. Ele</p><p>também compreende a proibição: ‘Você não pode ser assim (como o</p><p>seu pai), isto é, você não pode fazer tudo o que ele faz; certas coisas</p><p>são prerrogativas dele’. Esse aspecto duplo do ideal do ego deriva do</p><p>fato de que o ideal do ego tem a missão de reprimir o complexo de</p><p>Édipo; em verdade, é a esse evento revolucionário que ele deve a sua</p><p>existência. É claro que a repressão do complexo não era tarefa fácil.</p><p>Os pais da criança, e especialmente o pai, eram percebidos como</p><p>obstáculo a uma realização dos desejos edipianos, de maneira que o</p><p>ego infantil fortificou-se para a execução da repressão erguendo esse</p><p>mesmo obstáculo dentro de si próprio. Para realizar isso, tomou</p><p>emprestado, por assim dizer, força ao pai, e este empréstimo constituiu</p><p>um ato extraordinariamente momentoso. O superego retém o caráter</p><p>do pai, enquanto que quanto mais poderoso o complexo de Édipo e</p><p>mais rapidamente sucumbir à repressão (sob a influência da autoridade</p><p>do ensino religioso, da educação escolar e da leitura), mais severa será</p><p>posteriormente a dominação do superego sobre o ego, sob a forma de</p><p>consciência (conscience) ou, talvez, de um sentimento inconsciente de</p><p>culpa. Dentro em pouco [pág. 61] apresentarei uma sugestão sobre a</p><p>fonte de seu poder de dominar dessa maneira – isto é, a fonte de seu</p><p>caráter compulsivo, que se manifesta sob a forma de um imperativo</p><p>categórico. (Freud, [1923–1925, 1996, p. 47)</p><p>Chama atenção que essa instância que representa a introjeção no</p><p>indivíduo da Lei possa se tornar uma instância compulsiva, imperativa e feroz.</p><p>Isso se dá em virtude de que o Superego, ao proibir os fins pulsionais mais</p><p>primitivos no indivíduo, ou seja, o incesto e o parricídio, deles se alimenta em</p><p>termos econômicos para investir sobre Eu, erigindo uma culpa neurótica.</p><p>Freud identifica, assim, uma relação estreita entre o Supereu e o Id:</p><p>A análise acaba por demonstrar que o superego está sendo</p><p>influenciado por processos que permaneceram desconhecidos ao ego.</p><p>10</p><p>É possível descobrir os impulsos reprimidos que realmente se acham</p><p>no fundo do sentimento de culpa. Assim, nesse caso, o superego sabia</p><p>mais do que o ego sobre o id inconsciente. (Freud [1923-1925],1996,</p><p>p. 64)</p><p>TEMA 5 – O “SUJEITO” FREUDIANO</p><p>Chegamos a um ponto de melhor vislumbrar, portanto, que o que se</p><p>instaura é um regime conflitante, em que “a divisão da personalidade psíquica</p><p>repousa sobre o funcionamento simultâneo e concomitante de dois princípios tão</p><p>distintos que resultam opostos” (Cabas, 2009, p. 84).</p><p>O princípio da cura analítica, acima referido, de tornar consciente o</p><p>inconsciente, agora, será enunciado como “Onde o isso era, Eu devo advir”, ou</p><p>seja, “se trata de levar o Eu a subjetivar o Isso, isto é, a reconhecer o que se</p><p>expressa como demanda vinda do mais íntimo do ser [...]” (Cabas, 2009, p. 86).</p><p>Eis o modo freudiano de se referir à noção de sujeito: situando o traço</p><p>que lhe é constitutivo – a divisão – sem, contudo, atribuir-lhe um nome</p><p>próprio fora do jargão consagrado. Eis porque essa é uma dimensão</p><p>que, doravante, a história da transmissão da psicanálise identificará</p><p>como o “sujeito freudiano”. (Cabas, 2009, p. 86)</p><p>Conforme demonstra esse autor, a elaboração freudiana segue um curso</p><p>em que se busca definir a experiência subjetiva, com o propósito de responder</p><p>à questão sobre o autor dos atos humanos (Cabas, 2009, p. 89), ou seja, de</p><p>responder à questão sobre quem realmente somos. Eis a questão sobre o</p><p>sujeito, a do sujeito em questão.</p><p>Tomemos como exemplo a experiência do sonho. E, para começar,</p><p>lembremos que é o inconsciente que comanda a cena do sonho, tanto</p><p>e a tal ponto que podemos dizer que o autor é o inconsciente. Ou seja,</p><p>essa dimensão que surge no trabalho da análise como um núcleo de</p><p>desejos sexuais infantis recalcados. Equivale a dizer que o querer</p><p>inconsciente é o sujeito gramatical da frase onírica. Por lógica</p><p>consequência, esse desejo (do qual o Eu pouco ou nada sabe) é –</p><p>propriamente – o sujeito da questão. (Cabas, 2009, p. 86)</p><p>A máxima que citamos acima, de que “A psicanálise é um instrumento que</p><p>capacita o ego a conseguir uma progressiva conquista do id” (Freud, [1923-</p><p>1925], 1996, p. 68), se coaduna com esta: “Onde o Isso era, Eu devo advir”</p><p>(Freud, citado por Cabas, 2009, p. 86).</p><p>Desde a concepção da pulsão, com sua excentricidade no que diz respeito</p><p>à satisfação, passando pela sua repulsa por meio do processo de Recalque, até</p><p>a entrada dos atores Eu e Supereu, e suas relações com o Isso, o que se</p><p>depreende é uma estrutura psíquica extremamente fragmentada, dividida entre</p><p>11</p><p>instâncias que não convergem entre si e que só cooperam umas com as outras</p><p>por conveniência circunstancial.</p><p>No fim, se o sujeito freudiano for “algo”, esse “algo” é a repetição. A</p><p>repetição d’Isso que se impõe. Donde o sujeito se define em relação</p><p>ao Isso. Significa que não existe por si. Sua chance (mas para tanto é</p><p>necessário um trabalho analítico) é advir ali onde o Isso era. A tal ponto</p><p>que se fosse “alguém” e se apresentasse falando na primeira pessoa,</p><p>ele – o sujeito freudiano – diria: “Isso sou”. (Cabas. 2009, p. 86)</p><p>Assim, concluímos que o sujeito implicado na prática psicanalítica</p><p>freudiana não existe a priori, ele não prescinde da prática analítica para advir, ou</p><p>seja, é necessário que um trabalho de análise seja realizado a partir de uma</p><p>questão, e essa questão que precipita o sujeito num tratamento dessa natureza</p><p>é uma questão que se apresenta sob a forma de angústia. Isso porque o sujeito</p><p>do inconsciente emerge como o retorno do recalcado, como um sintoma e/ou</p><p>outras formações do inconsciente que não coincidem com a harmonia almejada</p><p>pelo Eu e, portanto, à sua revelia, causando, neste registro, desprazer.</p><p>O indivíduo é assim obrigado a reconhecer que uma alteridade o atravessa,</p><p>alteridade que ele experimenta como estranha ao seu Eu. O que sou? Quem em</p><p>mim agiu de tal forma? Como pude agir assim? Por que me repito dessa</p><p>maneira? São questões que denotam uma divisão e representam a via de acesso</p><p>a esse sujeito que será sublinhado e trazido à fala pela escuta psicanalítica.</p><p>Enquanto isso, para Freud, esse campo (que não por acaso será</p><p>conhecido como campo freudiano) se define como constituído em torno</p><p>de um ponto abissal. É o sujeito – uma referência constante que a</p><p>clínica nos impõe e que a teoria recolhe, atribuindo-lhe o estatuto de</p><p>uma pergunta vinda do mais íntimo de si. Portanto, como uma questão</p><p>que pressupõe um desejo estranho e estrangeiro ao Eu. Estranho</p><p>porque inconsciente; estrangeiro porquanto oriundo dos imperativos da</p><p>pulsão. (Cabas. 2009, p. 92)</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Uma questão prática sobre a qual podemos aplicar os conhecimentos aqui</p><p>reunidos, dentre muitas outras, por exemplo, são as formações do inconsciente</p><p>reunidas no livro de Freud Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana, de 1901.</p><p>Freud ali obnubila os limites entre o normal e o patológico ao sugerir que os</p><p>efeitos inconscientes na vida humana não apenas se manifestam em quadros</p><p>patológicos, mas espraiam-se pela vida cotidiana.</p><p>Tomemos, então a título de exemplo, um ato falho produzido por um</p><p>paciente que narrava um encontro casual com uma desconhecida. Quando esta</p><p>12</p><p>lhe disse seu nome, este lhe pareceu muito feio, porém, visando produzir uma</p><p>imagem de simpático ou agradável, a despeito do que realmente achou,</p><p>ambicionou dizer que havia achado o nome belo. O resultado da frase foi: “Que</p><p>nome feio esse seu” (!!!), ao que se corrigiu instantaneamente, como se costuma</p><p>fazer, “Quer dizer, bonito”.</p><p>Ora, o próprio senso comum já consagrou a compreensão do que se</p><p>passa em uma situação dessas. A verdade está no que foi proferido de forma</p><p>instantânea, para embaraço do Eu que tinha ambições de se fazer simpático, de</p><p>administrar aquela situação social e talvez até se dar bem com isso.</p><p>No contexto específico de uma análise, pôde-se investigar mais a fundo</p><p>de que forma o sujeito emergiu nesse enunciado, em forma de “equívoco”. Aqui,</p><p>porém, nos contentaremos em constatar apenas que uma divisão se operou, e</p><p>que um sujeito indesejado, mas desejante, emergiu na frase.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Vimos que as formações do inconsciente bem como os sintomas denotam</p><p>um funcionamento psíquico paralelo em relação à consciência, uma outra cena,</p><p>e que ela como que apresenta uma relativa autonomia em relação aos preceitos</p><p>conscientes.</p><p>No que diz respeito ao sonho, pudemos verificar que Freud os pressupôs</p><p>como realizações de desejos e que, dada sua não rara produção de desprazer,</p><p>fomos levados a concluir que a estrutura psíquica humana é passível de sentir</p><p>prazer e desprazer simultaneamente, dependendo do registro psíquico em que</p><p>uma determinada ideia ou afeto se processa. A realização de um desejo</p><p>inconsciente que realizaria no registro inconsciente uma sensação de prazer, na</p><p>medida em que incompatível com os ideais da consciência poderia, neste último,</p><p>o registro da consciência causar desprazer.</p><p>Não apenas nos sonhos, mas em geral nas formações do inconsciente e</p><p>nos sintomas, em sentido analítico, o desejo inconsciente é recalcado e o retorno</p><p>do recalcado se dá sob várias formas. Trata-se da emergência desse desejo, e,</p><p>como vimos, essa emergência correlata ao sujeito do inconsciente.</p><p>Também tivemos a oportunidade de verificar que, em 1923, Freud</p><p>diferencia o aparelho psíquico denominando de Eu (ego) a parte que se origina</p><p>da percepção-consciência e de Isso (Id) a porção restante e inconsciente</p><p>(Cabas, 2009, p. 82), e que “O ego representa o que pode ser chamado de razão</p><p>13</p><p>e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões” (Freud, [1923-</p><p>1925], 1996, p. 39).</p><p>No que diz respeito ao Eu, vimos que se diferencia do Id e que pode ser</p><p>tomado como investimento das catexias pulsionais como se fosse um objeto que</p><p>emana do sistema perceptual e mantém íntima relação com a consciência, bem</p><p>como com o controle motor, sobre o qual se efetuam as descargas pulsionais.</p><p>Vimos também que mantém íntima relação com a imagem que projeta de si e</p><p>que, não obstante sua pretensa posição de cavaleiro que controla o acesso à</p><p>consciência, bem como sua motilidade, converte-se numa “pobre criatura que</p><p>deve serviços a três senhores e, consequentemente, é ameaçado por três</p><p>perigos: o mundo externo, a libido do id e a severidade do superego” (Freud,</p><p>[1923-1925, 1996, p. 68).</p><p>Progredimos assim para o que se chamou de Isso, ou Id, diferenciando-o</p><p>do Eu, de acordo com as afirmações de Freud de que “as percepções têm para</p><p>o ego a mesma significação que as pulsões têm para o id” (Freud, [1923-1925],</p><p>1996, p. 53).</p><p>A máxima repetida ao longo de diferentes textos em diferentes momentos</p><p>de sua obra, sobre o fundamento da prática clínica de tornar consciente o</p><p>inconsciente, tomou, depois da segunda tópica freudiana, a forma seguinte: “A</p><p>psicanálise é um instrumento que capacita o ego a conseguir uma progressiva</p><p>conquista do id” (Freud, [1923-1925], 1996, p. 68).</p><p>Sempre com o intuito de rastrear a noção de sujeito desde Freud,</p><p>verificamos que como a sede das pulsões, o Id tem importância capital no que</p><p>diz respeito à compulsão a repetição, e “que o imperativo da repetição incide no</p><p>processo da constituição subjetiva e é determinante na consolidação da posição</p><p>do sujeito” (Cabas, 2009, p. 77).</p><p>Passamos assim para a consideração do Supereu como a instância que,</p><p>a partir das identificações primárias do indivíduo, se forma a partir do Eu como</p><p>um Ideal de Eu, e que tem como função não apenas apresentar a ele a distância</p><p>que o separa do ideal, mas também interditá-lo no que diz respeito às</p><p>prerrogativas do objeto da sua identificação, primordialmente referenciadas ao</p><p>pai. Essa instância, que é o corolário do complexo de Édipo e a quem compete</p><p>repreendê-lo, recebe catexias do Id e guarda com esse uma relação íntima. Suas</p><p>investidas tornam-se hostis ao Eu, que as sente como culpa.</p><p>14</p><p>E chegamos assim a ter uma visão mais nítida da divisão constitutiva que</p><p>a teoria freudiana confere à subjetividade humana, identificando nessa fenda a</p><p>posição radicalmente cindida que o sujeito psicanalítico adquire.</p><p>O que dali depreendemos</p><p>foi a ruptura freudiana com as concepções</p><p>anteriores, de um sujeito unitário, autoconsciente e autônomo, que coincide</p><p>consigo próprio em com suas ações, acessível, inclusive, por meio da sua</p><p>capacidade reflexiva de livre pensamento; bem como com o sujeito da filosofia</p><p>política em que a questão recai sobre o Outro da organização social, da qual o</p><p>sujeito é um efeito.</p><p>A noção de subjetividade que a psicanálise implica comporta uma</p><p>subversão em relação ao sujeito, tal como concebido anteriormente, na medida</p><p>em que o refere às exigências de satisfações mais primitivas das pulsões do Isso</p><p>e não lhe confere nenhuma substância material ou ontológica, nenhuma</p><p>materialidade positiva ou consistência biológica, mas, antes, ressalta sua</p><p>“estrutura” de falta.</p><p>15</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CABAS, A. G. O sujeito na psicanálise de Freud a Lacan: da questão do</p><p>sujeito ao sujeito em questão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.</p><p>FREUD, S. (1900-1901). A Interpretação dos Sonhos. Edição standard</p><p>brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 5. Rio de</p><p>Janeiro: Imago, 1996.</p><p>_____. (1914-1916). A História do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre a</p><p>Metapsicologia e outros trabalhos. Edição standard brasileira das obras</p><p>psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 14. Rio de Janeiro: Imago, 1996.</p><p>_____. (1923-1925). O Ego e o Id e outro trabalhos. Edição standard brasileira</p><p>das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 14. Rio de Janeiro:</p><p>Imago, 1996.</p>