Buscar

Prática simulada I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ/RJ
GERSON, brasileiro, solteiro, médico com identidade XXX inscrito no CPF nº XXX com endereço eletrônico XXX, residente na Rua XXX, vem por seu advogado infra-assinado com endereço na Rua XXX e endereço eletrônico XXX propor a presente:
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO
Pelo visto comum em face de BERNARDO, viúvo, residente na Rua XXX Salvador/BA e Janaína, brasileira menor impúbere, neste ato representada por sua genitora XXX, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor.
1-Da gratuidade de justiça art.98 CPC
2-A prioridade de tramitação art.1048 CPC
DOS FATOS
O autor é credor do réu no valor de R$80.000,00 conforme nota promissória emitida em favor do mesmo, vencida em 10/10/2016. O corre que Bernardo, dias após o vencimento da dívida e o não pagamento da mesma, fizera uma doação de seus dois imóveis, um localizado na cidade Aracruz e outro localizado em Linhares, Espirito Santo, no valor de R$300.000,00, para sua filha Janaína, menor impúbere, residente em Macaé/RJ com sua genitora com estabelecimento em cláusula de usufruto vitalício em favor do próprio executado, cumpre ressaltar que as dívidas de Bernardo já ultrapassaram R$400.000,00 e o imóvel doada para sua filha encontra-se alugado para terceiros.
DOS FUNDAMENTOS
O negócio jurídico do caso, não deixa dúvidas sobre passividade de anulação, visto tratar-se de patente meio ilícito utilizado pelo devedor com o fito de resguardar os imóveis de uma possível execução judicial.
Art.158, CPC: “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolência ainda quando o ignore poderão ser anulados pelos credores quirografários, com o lesivo dos seus direitos.
A fraude contra credores é classificada como vício social vez que o devedor, objetivando inadimplir com a obrigação assumida perante seu credor, firma contrato com terceiro alienando bens que garantiriam sua solvência. Fundamental é que se observe o princípio da responsabilidade patrimonial segundo o qual o patrimônio do devedor responde por suas obrigações. Esse patrimônio, se desfalcado maliciosamente, e de tal maneira que torne o devedor insolvente, estará configurada a fraude contra credores. 
A doutrina pondera que: “ A fraude contra credores, ademais, constitui-se, em nosso sistema, um dos chamados vícios sociais, pois nela a vontade do agente existe e funciona normalmente, havendo, inclusive, correspondência entre a intenção interna e a sua declaração, no entanto, ela é avessa à lei ou à boa-fé, eis que orientada no sentido de prejudicar terceiros ou de infringir o Direito ” (LOTUFO, 2003, p. 445 ); ainda segundo Silvio Rodrigues (2007, p. 228) “diz -se haver fraude contra credores, quando o devedor insolvente, ou na iminência de tornar-se tal, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo, desse modo, a garantia que esse representa, para o resgate de suas dívidas”. A respeito da transmissão gratuita de bens, a própria transferência patrimonial unilateral por doação considera-se presunção absoluta de fraude, pois não é razoável que, havendo patrimônio passivo superior ao ativo tenha cabimento a doação de parte deste ativo a terceiros, sendo este mecanismo frequentemente utilizado para afastar de credores o patrimônio ativo remanescente quanto às dívidas existentes. 
De acordo com o art. 161 da Lei Civil, a filha do devedor, menor impúbere, beneficiária da doação fraudulenta, também pode configurar a presente ação, conforme transcrito a seguir:
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Pode ser observado no caso exposto que os réus não guardaram a boa-fé contratual, sendo este um princípio intrínseco aos contratos, conforme o Diploma Civil:
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Restando caracterizada a má-fé por parte dos réus, bem como a inobservância do princípio da responsabilidade patrimonial, o negócio torna-se maculado pelo vício social representado pelo instituto da fraudo contra credores.
A presente ação tem por finalidade a aplicação do princípio da responsabilidade patrimonial do devedor, restaurando-se aquela garantia dos seus bens em favor do autor, credor da dívida inadimplida.
Há que se observar o preceituado no art. 171, inciso II, do Código Civil:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Assim, o ato lesivo praticados contra o autor, qual seja, a doação realizada pelo réu 1 ao réu 2, enseja a presente ação revocatória, sendo uma uma ação de anulação do ato lesivo aos interesses dos credores, tornando-o inoponível ao credor fraudado, o qual poderá agir, na defesa do seu crédito, sobre o bem ou bens transferidos do patrimônio do devedor (réu 1) para o de terceiro (réu 2), partícipe da fraude.
Importante indicar que a ação pauliana ou revocatória é por sua natureza jurídica, ação de anulação de ato(s) jurídico(s) lesivo(s) ao interesse de credores. Nesse sentido é o entendimento de José Arnaldo Vitagliano:
“No sistema do nosso Direito Civil, a ação pauliana é inquestionavelmente uma ação de anulação; destina-se a revogar o ato lesivo aos interesses dos credores, tem por efeito restituir ao patrimônio do devedor insolvente o bem subtraído, para que sobre o acervo assim integralizado recaia a ação dos credores e obtenham estes a satisfação de seus créditos; em suma, a ação pauliana tende a anulação do ato fraudulento, fazendo reincorporar ao patrimônio do devedor o bem alienado.”
A Jurisprudência assevera vigorosamente que a doação na iminência de vencimento de dívida caracteriza a má-fé, no intuito de esvaziamento de patrimônio, afigurando-se o vício que macula o ato:
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO: APL 00022122419988190207 RIO DE JANEIRO ILHA DO GOVERNADOR REGIONAL 2 VARA CIVEL Ementa FRAUDE CONTRA CREDORES - DOAÇÃO NULA - A doação de imóvel pelo devedor aos seus filhos, às vésperas do vencimento do empréstimo levantado junto ao apelado, demonstra inescondível propósito de excluir o bem da excussão judicial constituindo fraude contra credores. A toda evidência, essa manobra configura violação do princípio da boa-fé que deve reger a vida das relações. Presume-se insolvente devedor que, após a doação, permanece com um imóvel penhorado e uma dívida vencida há mais de cinco anos. Presentes os requisitos configuradores de fraude, impõe-se a manutenção da sentença. lmprovimento do recurso.
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
O autor declara não ter interesse em que seja designada audiência de mediação ou conciliação, nos moldes dos arts. 319, inciso VII, e 334, § 5º, ambos do CPC.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer:
1-A citação do réu para comparecer à audiência de conciliação, não havendo acordo iniciará o prazo para contestação na forma da lei.
2-Sejam julgados procedentes todos os pedidos formulados pelos autores e declarados por sentença, anulando o negócio jurídico celebrado entre as partes.
3-Condenação de réu ao pagamento de custas judiciais e os honorários advocatícios na base de 20% sobre o valor da causa.
DO VALOR DA CAUSA
Dar-se o valor da causa R$80.000,00 (oitenta mil reais)
Nestes termos
Pede Deferimento
Macaé, 30 de Abril de 2019
Advogado
OAB/XX

Outros materiais