Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II RELATÓRIO DE EXPERIMENTO EM LABORATÓRIO TEMA: PÊNDULOS SIMPLES E FÍSICO Nome do Professor Paulo Roberto Magnago, Universidade Federal de Santa Maria Nome do Aluno Ricardo Pavão Madureira, Universidade Federal de Santa Maria Resumo. Encontramos ao nosso redor, com pouco esforço, inúmeros sistemas e fenômenos regidos matematicamente pela modelagem dos pêndulos, realizando movimentos circulares oscilatórios em torno de um ponto fixo: ação das pernas e braços nos animais; comportamento estrutural de aeronaves, navios, prédios e pontes; propagação de ondas sonoras e radiações eletromagnéticas; movimento dos elétrons em um campo elétrico alternado; terremotos. Conhecer e prever como se comportam essas manifestações é parte do esforço que garantiu e ainda garantirá os grandes avanços tecnológicos de nossa civilização, o que, como causa ou consequência, sempre afetará e interessará à Engenharia e seus profissionais e isso, via de regra, começa no ambiente acadêmico, nos laboratórios de Física, com os clássicos experimentos com pêndulos simples e físico, de que trata este relatório de atividades. Palavras-chave: Pêndulo. MHS. Gravidade. 1 INTRODUÇÃO Este relatório descreve um procedimento experimental com pêndulos simples e físico. No tipo mais clássico, seu modelo teórico pode ser representado por um fio inextensível de massa desprezível, cuja extermidade sustenta um corpo massivo e puntiforme. Tal sistema oscila em movimento harmônico simples, definido, simplesmente, como sendo o movimento executado por uma partícula sujeita a uma força restauradora. Os objetivos do experimento em questão compreendem: aplicar as três Leis de Newton ao pêndulo simples; verificar a independência do período do pêndulo simples com sua amplitude e a massa, nas pequenas oscilações; verificar a dependência do período do pêndulo simples com o seu comprimento; calcular a aceleração da gravidade local com o auxílio de ambos os pêndulos; determinar o raio de giração do pêndulo físico. 2 SOBRE OS OMBROS DE GIGANTES A medição do tempo entre os séculos XIV e XVIII acontecia mediante a observação do progresso da vazão de massas de água entre recipientes ou da queima de uma vela graduada com marcas e, mais tarde, com o uso de relógios mecânicos baseados no movimento de engrenagens acopladas a pesos. Nesse contexto, Galileu Galilei (1564- 1642) jamais teve qualquer dispositivo que lhe permitisse medir com razoável grau de precisão a aceleração da gravidade de um corpo em queda livre, o que não o impediu de afirmar que ela era a mesma para todos os corpos e que ela tinha o valor de 4 m/s2. Contemporâneo de Galileu, o padre Marin Mersenne (1588-1648) discordou do valor apresentado por Galileu e calculou que a aceleração da gravidade era de 8 m/s2 (KOYRE, 1988, apud Silveira, 1995). Em 1659, Christiaan Huygens (1629-1695) refez o último experimento de Mersenne e encontrou valores entre 9 e 10 m/s2 (KOYRE, 1988, apud Silveira, 1995). Assinalou que, sem um cronômetro confiável, não poderia medir com precisão o tempo de queda dos corpos. Ainda assim, utilizando um pêndulo de 15,7 cm de comprimento, com 4.464 oscilações de pequena amplitude, ao longo de uma hora, calculou a aceleração gravitacional como sendo de aproximadamente 9,5 m/s2. Isaac Newton (1642-1727), em 1666, ao comparar a aceleração centrípeta de um corpo em rotação na superfície terrestre com a aceleração gravitacional, calculou o seu valor utilizando um pêndulo cônico, medindo 2,05 m, com trajetória circular horizontal e inclinação de 45º (Westfall, 1995, p. 49), e encontrou 10,2 m/s2. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 2 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 3 MODELOS MATEMÁTICOS 3.1 Pêndulo simples Na ausência da força de resistência do ar, são exercidas sobre a partícula que representa a massa do pêndulo simples duas forças: a força gravitacional da Terra - força peso (P) e a força de tensão da corda (T). Figura 1 - Representações gráficas do pêndulo na posição de equilíbrio, com as indicações das interações fundamentais e forças atuantes. (a) (b) (c) Fonte: Autor. Na Fig. 1(a), temos o pêndulo em repouso, na sua posição mais baixa, em equilíbrio. Nesse ponto, é nula a aceleração em qualquer direção. Com a aplicação da 2ª Lei de Newton na direção vertical, a resultante das forças sobre a partícula também é nula: T - P = 0 Considerando somente as interações e forças da Fig. 1(a), caso o fio não seja cortado, o sistema não terá o seu estado de repouso alterado e o pêndulo permanecerá em repouso, com amparo na 1ª Lei de Newton. Nas Fig. 1(b) e 1(c), onde todos os corpos do sistema pêndulo estão isolados e aparecem indicadas as interações existentes, o ponto de suspensão, por intermédio do fio do pêndulo, sustenta-lhe a massa, tracionando-a com T, ao mesmo tempo em que a massa solicita a força (-T) ao ponto de suspensão. De maneira equivalente, temos a massa da Terra atraindo a massa do pêndulo com a força P, ao mesmo tempo em que a massa do pêndulo exerce atração (-P) em relação à Terra, atendendo a 3ª Lei de Newton, ou seja, as forças atuam sempre em pares e para toda força de ação, existe uma força de reação. A posição do pêndulo pode ser descrita por θ, o ângulo entre o fio e a vertical. Figura 2 - Representações gráficas do pêndulo em movimento, com as indicações das interações fundamentais e forças atuantes. (a) (b) Fonte: Autor. Na Fig. 2(a), o pêndulo está em movimento, deslocado de um ângulo θ, após ultrapassar o ponto mais baixo da trajetória, no sentido da direira para esquerda e se aproximando do ponto de amplitude máxima. Na Fig. 2(b), o pêndulo está deslocado de um ângulo θ, após ultrapassar o ponto mais baixo da trajetória, no sentido da esquerda para a direira e se aproximando do ponto de amplitude máxima. Ou seja, as posições indicadas na Fig. 2 são simétricas entre si, onde o movimento oscilatório do pêndulo acontece somente no plano, descrevendo um arco de circunferência de raio L. A força peso pode ser decomposta em componentes tangencial à trajetória, de módulo m.g.senθ, e radial, de módulo m.g.cosθ. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 3 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II A força de tensão T é dirigida radialmente. A 2ª Lei de Newton, mais uma vez, nos permite escrever as equações do movimento: m.ar = - m.L.(dθ/dt) 2 = m.g.cosθ - T (1) m.at = - m.L.(d 2θ/dt2) = - m.g.senθ (2) onde: ar = componente radial da aceleração da partícula at = componente tangencial da aceleração da partícula (dθ/dt) = velocidade angular (w) (d2θ/dt2) = aceleração angular (α) ar = L.(dθ/dt) 2 = L.w2 = v2/L onde: v = velocidade tangencial da partícula v = L.w at = L.(d 2θ/dt2) = L.α A equação para a componente tangencial descreve o movimento do pêndulo simples: (d2θ/dt2) = - (g/L).senθ = - w2.senθ Para ângulos medidos em radianos, valores pequenos de θ permitem senθ ~ θ. E a equação de movimento fica: (d2θ/dt2) = - w2.θ (3) Ou seja, a aceleração angular é proporcional ao deslocamento angular, o que caracteriza um movimento oscilatório do tipo harmônico simples, com solução: θ (t)= θ0 .cos (w.t + ẟ) A partir da equação de movimento na direção radial, é possível calcular o módulo da força de tensão T como função da posição θ. A componente radial da aceleração da partícula é dirigida radialmente para o centro da trajetória (para o ponto de fixação do fio) e possui módulo: ar =v 2/ L O valor da velocidade v como função da posição angular θ pode ser obtido a partir da solução da eq. (2). Do resultado de v (θ) e usando-se a eq. (1) obtém-se o módulo da força de tensão T. O ponto mais baixo da trajetória do pêndulo somente é uma posição de equilíbrio caso o corpo esteja em repouso. Verifica-se que a massa m não aparece na eq. (3), levando-nos a concluir que um pêndulo não depende de sua massa. Combinando w2 = g/L e T = 2.π /w : TS = 2.π.√ L/g (4) (para pequenas oscilações) Concluimos, então, que no movimento do pêndulo simples, sob pequenas oscilações, as variáveis significativas são o comprimento do pêndulo (L) e o valor da aceleração da gravidade (g), mas não a sua massa. De acordo com a eq. (4), quanto maior o comprimento do pêndulo, maior será o período. O período e a frequência são independentes da amplitude de oscilação. 3.2 Pêndulo físico Figura 3 - Elementos do pêndulo físico. Fonte: Autor. O pêndulo físico, ao contrário do pêndulo simples, é um objeto extenso. Oscila em torno de um ponto P, no eixo de suspensão. Seus outros pontos notáveis são: centro de gravidade (G) e centro de oscilação (O). O centro de oscilação determina o comprimento L do pêndulo simples equivalente, ou seja, de mesmo período do pêndulo físico considerado. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 θ 4 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II Caso coincidam os pontos P e G, o corpo não oscilará, mas somente girará em torno de P. Como o objeto extenso de M está girando em torno de P, a sua equação de movimento é: τ = I.α I.(d2θ/dt2) = τ (d2θ/dt2) = τ/I = - (M.g.h.senθ)/I Para ângulos medidos em radianos, valores pequenos de θ permitem senθ ~ θ. E a equação de movimento fica: (d2θ/dt2) = τ/I = - (M.g.h.θ)/I Combinando w = √(M.g.h)/I e T = 2.π/w : TF = 2.π.√ I/(M.g.h) (5) 3.3 Determinação do pêndulo simples equivalente ao pêndulo físico Para encontrar o comprimento LS do pêndulo simples equivalente ao pêndulo físico LF , igualamos as expressões (4) e (5): TS = TF 2.π.√ L/g = 2.π.√ I/(M.g.h) LS = I/(M.g.h) (6) Assim, considerando h a distância entre os pontos P e G, o pêndulo simples de comprimento L tem o mesmo período do pêndulo físico que esteja sendo estudado. O ponto O, localizado a uma distância L do ponto de suspensão P, sobre a linha que une P e o centro de gravidade G, é denominado centro de oscilação do pêndulo físico. 3.4 Raio de giração Se o momento de inércia de um objeto de massa M em relação ao centro de gravidade G é ICG e o tal objeto é usado como pêndulo físico suspenso por um ponto situado a uma distância h do centro de gravidade, o Teorema dos Eixos Paralelos assegura que o momento de inércia do objeto em relação ao eixo que passa pelo ponto de suspensão é: I = ICG Mh2 Definindo o raio de giração K como: K = √ ICG /M Expressamos o momento de inércia como: I = MK 2 Mh2 = M.(K 2 h 2) (7) Combinando as expressões (5) e (7), obtemos: TF = 2.π.√ (K 2 h 2)/(g.h) (8) 3.5 Estudo da variação do período com a distância do ponto de suspensão do pêndulo ao centro de gravidade Tendo em vista que h é a distância do ponto de suspensão do pêndulo ao centro de gravidade, podemos examinar a variação do período TF com a distância h, por intermédio do gráfico TF × h , representado na Fig. 4. Figura 4 - Período do pêndulo físico como função da distância do ponto de suspensão ao centro de gravidade. Fonte: UFJF. No gráfico da Fig. 4, verificam-se dois ramos simétricos em relação ao centro de gravidade (CG). Com exceção dos pontos de período mínimo, há sempre quatro pontos com o mesmo período de oscilação: dois de um lado do CG e os outros dois simetricamente localizados do outro lado. Os pontos de suspensão P, P', O e O' têm o mesmo período. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 5 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II Os pontos de suspensão K1 e K2, correspondentes ao ponto com período mínimo, aparecem simetricamente dispostos em relação ao CG. Derivando-se o período TF em relação a h na expressão (8) e igualando o resultado a zero, a condição de mínimo da função é obtida nos pontos h = ± K. O ponto P é o conjugado de O. P' é o conjugado de O'. As distâncias PO e P'O' têm o mesmo valor, ambas também iguais a L, que representa o comprimento do pêndulo simples equivalente. Quando o pêndulo físico oscila em torno do eixo horizontal que passa pelo ponto P, este ponto recebe o nome de ponto de suspensão. O ponto O, conjugado de P, recebe o nome de centro de oscilação. Se colocarmos o pêndulo para oscilar em torno do ponto O, ele vai fazê-lo com o mesmo período que oscilava quando estava suspenso pelo ponto P. Nesse caso, O passa a ser o ponto de suspensão e P, o centro de oscilação. O centro de oscilação é chamado também de centro de percussão, porque se o pêndulo receber uma pancada neste ponto, ele vai girar em torno do ponto de suspensão P, e o ponto de suspensão não sentirá nenhuma pancada. Os cabos de martelos e marretas são dimensionados de modo que o centro de percussão O fique localizado na parte metálica e o ponto de suspensão conjugado P na empunhadura. Desse modo, não há vibração no cabo quando o instrumento bate em um prego ou uma pedra. 4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1 Considerações iniciais A atividade reuniu dois experimentos, pêndulos simples e pêndulo físico, que foram conduzidos no Laboratório (sala 1303, CCNE). Iniciada às 10h00, as práticas foram concluídas às 12h15, no dia 23/08/2018. Os experimentos em questão, segundo os recursos materiais disponíveis no Laboratório, envolveram algumas tarefas simultâneas, que os faziam impossíveis de serem conduzidos por um único operador. Diante disso, as atividades aconteceram sob o regime de grupos de trabalho, com cinco alunos, cada, que conduziram a prática e geraram uma massa de dados única, distribuída posteriormente localmente aos integrantes, no âmbito de cada grupo. Por outro lado, coube a cada aluno o processamento dos dados coletados coletivamente e a produção do seu próprio relatório. Os materiais e recursos computacionais empregados na atividade foram: pêndulo simples; pêndulo físico; cronômetros digitais (precisão milimesimal), App smartphone, tipo cronômetro (precisão centesimal), trena com 5 m (graduada em mm); transferidor; software SciDAVis. A preparação prévia para a atividade, a cargo do autor, deu-se com o estudo do tema nos livros Fundamentos de Física, Vol. 2, de Halliday - Resnick, e Física para Cientistas e Engenheiros, Vol. 1, de Tipler, inclusive com a preocupação de reunir conhecimentos que contribuíssem para a melhor realização da experimentação no Laboratório, observando o conteúdo das fichas com orientações da atividade distribuídas pelo Prof. Magnago. 4.2 Pêndulo simples No Laboratório, encontramos os pêndulos simples já montados, distribuídos por grupos de trabalho, nas mesas, juntamente com os cronômetros. Após a inspeção do pêndulo e demais materiais, levantamento das tarefas e análise das linhas de ação possíveis para conduzir o experimento, decidimos por nos organizarmos em duplas executivas para cada tarefa, a saber: ajuste do comprimento L do pêndulo e serviços gerais; cronometragem; anotação e crítica das medições. Foi fixado um anteparo de papel branco A4, com 40 cm de altura (2 folhas coladas), imediatamente atrás do plano deoscilação do pêndulo, onde foram riscadas as linhas de suporte de um ângulo medindo 6º (seis graus), com vértice no eixo (ponto) de suspensão do pêndulo. Com isso, foi possível referenciar, facilmente, a posição do fio do pêndulo em movimento, a qualquer instante, com claras FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 6 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II vantagens no acionamento dos cronômetros para as medições do período de oscilação. Fruto da preparação teórica prévia, já havia uma expectativa a respeito dos valores que surgiriam ao longo do experimento, pois foram calculados. Nessa condição, além de haver descartado números desconformes, atuamos junto aos operadores dos cronômetros para corrigir-lhes as condutas inadequadas, logo no início dos trabalhos. Apesar da boa qualidade dos resultados apurados, pagamos o preço no aumento do tempo da execução do experimento. O apoio mútuo e a dupla cronometragem foram, também, aspectos que contribuíram para a qualidade das medições. Sequência das ações (passos) nas medições: (1) ajustadores: ajustar o comprimento L (cm) do pêndulo, conforme a ficha de orientação, utilizando a trena, medindo do ponto de suspensão até a marca lateral da massa do pêndulo, indicativa da posição do CM; (2) cronometradores: posicionar, com o auxílio de um tubo de caneta, a massa do pêndulo na posição indicada pela linha base da referência do ângulo de 6º (seis graus) e, ao comando de voz de um dos operadores dos cronômetros, abandonar a massa e acionar simultaneamente os cronômetros; (3) cronometradores: aguardar dez oscilações completas e, ao comando do mesmo operador do passo (2), interromper os cronômetros; (4) registrador: receber as duas medições dos cronometradores, dividi-las por dez, calcular a média aritmética entre ambas, comparar a medição com o valor previamente calculado (teórico) e, no caso do resultado apresentar erro superior a 1%, descartar; (5) registrador: em ligação com os cronometradores, informá-los se houve ou não a aceitação da medição e buscar a possível causa do erro, se houver; (6) registrador: se o quantidade de medições aceitas para L alcançou dez, informar o novo o valor de L aos ajustadores e repetir os passos (1) a (6) até completar todas as medições previstas na ficha de orientação; (7) registrador: fazer cópia das medições e distribuir aos demais integrantes do grupo de trabalho; (8) todos: encerrar o experimento; processar dados em casa; elaborar relatório com o auxílio do SciDAVis. 4.3 Pêndulo físico A exemplo do que foi anteriormente descrito para o experimento com o pêndulo simples, valem integralmente do mesmo modo para a prática do pêndulo físico as seguintes observações e procedimentos: pêndulo já montado no Laboratório; organização e distribuição das tarefas; instalação de anteparo branco com marcas para balizar acionamentos dos cronômetros; cálculo prévio teórico dos parâmetros, com vista a expurgar resultados desconformes ainda na fase da coleta de dados. Quanto à sequência das ações para as medições, descritas anteriormente para o pêndulo simples, valem parcialmente para o pêndulo físico, com as ressalvas que seguem: (1) e (6) - ajustar h (cm), distância entre o eixo de suspensão e o centro de gravidade, ao invés do comprimento L (cm) do pêndulo; (2) a (5), (7) e (8) - idem. Figura 5 - Pêndulos simples e físico. Fonte: Autor. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 7 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 5 DADOS, ANÁLISE E RESULTADOS 5.1 Pêndulo simples Tabela 1 - Dados experimentais do período do pêndulo simples em função do comprimento do seu fio, medido para oscilações de 6º na amplitude L (cm) Período (s) T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T = T ± σx 20 0,890 0,904 0,898 0,895 0,909 0,906 0,896 0,892 0,891 0,902 0,898 ± 0,007 40 1,274 1,264 1,271 1,272 1,268 1,274 1,269 1,259 1,263 1,268 1,268 ± 0,005 60 1,549 1,563 1,547 1,549 1,553 1,552 1,547 1,563 1,547 1,560 1,553 ± 0,007 80 1,785 1,798 1,797 1,794 1,797 1,797 1,794 1,796 1,792 1,790 1,794 ± 0,004 100 2,006 1,998 1,998 2,005 2,009 2,013 2,014 2,007 2,012 2,009 2,007 ± 0,006 Fonte: Autor. Na Tabela 1, o desvio padrão (σ) e o erro padrão da média (σx), correspondente a cada um dos valores de L, com N = 5, foram calculados com: σ Gráfico 1 - Período (T) do pêndulo simples em função do comprimento do seu fio (L), tipo linear Fonte: Autor. O autor, em algumas passagens deste texto, emprega TS ao referir-se ao pêndulo simples, bem como TF para o pêndulo físico. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 σσ x 8 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II Tabela 2 - Dados experimentais do período do pêndulo simples em função do comprimento do seu fio, medidos para oscilações de 6º na amplitude L (cm) T (s) T2 (s2) 20 0,898 0,807 40 1,268 1,608 60 1,553 2,412 80 1,794 3,218 100 2,007 4,028 Fonte: Autor. Gráfico 2 - Variável dependente T2 do pêndulo simples em função da variável independente L, tipo linear Fonte: Autor. O ajuste linear do Gráfico 2 com o SciDAVis reportou os seguintes parâmetros: Regressão linear - Pêndulo Simples, T2 x L, função tipo A*x+B, SciDAVis B (interceptação em y) = -0,00114203199999987 +/- 0,00331152448179714 A (inclinação) = 0,040265599 +/- 4,9923109955442e-05 Chi^2 = 2,99078028914778e-05 e R^2 = 0,99999538837285 Com o valor da significância (Chi^2) próximo de zero e o da linearidade (R^2) tendendo a 1 (um), a função foi considerada adequada à linearização e o resultado está aceitável. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 9 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II Assim, os coeficientes angular (A) e linear (B) obtidos da linearização da função são: A = 0,0403 e B = - 0,0011 A partir da expressão (4), da página 3, escrevemos T2 = f (L): Substituindo A = 0,0403 na expressão anterior, obtemos a aceleração da gravidade do experimento do pêndulo simples (gPS): gPS = 9,796 m/s2 Em 1930, em Estocolmo, Suécia, a International Union of Geodesy and Geophysics (IUGG) adotou a fórmula internacional da gravidade para o cálculo da aceleração da gravidade local, em função da latitude e altitude relativa ao nível do mar. Apesar de, atualmente, haver sido substituída por técnicas e equipamentos de maior precisão, pode e será empregada em nosso experimento: g (θ,h) (m) = 9,780327.(1 + 0,0053024.sen 2θ - 0,0000058.sen22θ) - 0,000003086.h (9) Coordenadas geográficas e altura em relação ao nível do mar da cidade de Santa Maria (RS): latitude = - 29º 41' 03" S (~ 29,68º) ; longitude = 53º 48' 25" O e altitude = 151 m. Substituindo a latitude e a altitude na expressão (9), obtemos o valor de referência da aceleração da gravidade para o experimento: gR = 9,792 m/s 2 Comparando gPS = 9,796 m/s2 com gR = 9,792 m/s 2, encontra-se erro relativo de 0,041% no valor de gPS, considerado aceitável. Gráfico 3 - Período (T) do pêndulo simples em função do comprimento do seu fio (L), tipo di-log Fonte: Autor. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 10 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II O Gráfico 1 e o Gráfico 3 referem-se às mesmas variáveis: período (T) do pêndulo simples, que depende do comprimento do seu fio (L). Todavia, enquanto o primeiro foi construído em escalas lineares, o outro o foi em escalas logarítmicas. O ajuste linear do Gráfico 3 com o SciDAVis reportou os seguintes parâmetros: Regressão linear - Pendulo simples, T x L, função tipo A*x+B, SciDAVis B (interceptação em y) = 0,6808 +/- 0,0589837265692834 A (inclinação) = 0,01372 +/- 0,000889213135305591 Chi^2 = 0,00948839999999998e R^2 = 0,98755525010427 Com o valor da significância (Chi^2) próximo de zero e o da linearidade (R^2) tendendo a 1 (um), a função foi considerada adequada à linearização e o resultado está aceitável. Para a determinação da função T = f(L), partiremos da expressão (4), na página 3: Operando a expressão com logarítmo, em ambos os membros: Obtemos, Ts = f(L): Da comparação com y = A.x + B, obtemos: A = 1/2 B = log (2.π/√g) No caso de ser substituido o corpo preso ao fio do pêndulo por outro de massa muito maior, mantendo inalterado o comprimento do fio, é certo que não haverá qualquer alteração no período do pêndulo, haja visto que, para pequenas oscilações, depende somente do comprimento do fio e do valor da aceleração da gravidade local, mas não da massa do corpo, como aparece na eq. (4): TS = 2.π.√ L/g FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 log T= y log L=x 11 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 5.2 Pêndulo físico Tabela 3 - Dados experimentais do período (T) do pêndulo físico em função da sua distância do ponto de suspensão ao centro de gravidade (h), medido para oscilações de 6º na amplitude h (cm) T (s) h2 (cm2) T2h (s2 x cm) 5 2,373 25,000 28,156 10 1,783 100,000 31,791 15 1,544 225,000 35,759 20 1,464 400,000 42,866 25 1,439 625,000 51,768 30 1,448 900,000 62,901 35 1,487 1225,000 77,391 40 1,526 1600,000 93,147 44 1,547 1936,000 105,301 Fonte: Autor. Gráfico 4 - Período (T) do pêndulo físico em função da sua distância do ponto de suspensão ao centro de gravidade (h), tipo linear Fonte: Autor. Da Seção "3.4 Raio de Giração", página 4, temos que o raio de giração (K) é o valor da abscissa do ponto de mínimo do "Gráfico 4 - T x h". Inspecionando o gráfico, encontramos: FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 12 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II KG = 25 cm Temos que: Combinando as expressões anteriores: Substituindo L = 90 cm, encontramos: KC = 25,98 cm Comparando-se o valor do raio de giração calculado (KC) com aquele extraído graficamente (KG), verifica-se que o erro relativo é de 3,92%. Por mais expressivo que o valor do erro relativo possa parecer, deve ser considerado que KC = 25 cm, no universo de 9 valores avaliados no pêndulo físico, é aquele que está mais próximo do ponto de mínimo no "Gráfico 4 - T x h". Assim, o resultado é satisfatório. Gráfico 5 - Variável dependente (T2h) do pêndulo físico em função da variável independente (h2), tipo linear FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 13 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II Fonte: Autor. O ajuste linear do Gráfico 5 com o SciDAVis reportou os seguintes parâmetros: Regressão linear - Pendulo fisico, T2h x h2, função tipo A*x+B, SciDAVis B (interceptação em y) = 26,9036119373961 +/- 0,365337780689238 A (inclinação) = 0,04078275903403 +/- 0,000360745538978818 Chi^2 = 3,39789293186884 e R^2 = 0,999452594733046 Com o pequeno valor da significância (Chi^2) e o da linearidade (R^2) tendendo a 1 (um), a função foi considerada adequada à linearização e o resultado está aceitável. Para a determinação gráfica do valor da aceleração gravidade com o pêndulo físico, necessitamos da função: TF 2h = f (h2). Assim: O que nos leva a: Da comparação TF 2h = f (h2) com y = A.x + B, obtemos: A = (4.π2/g) (coeficiente angular) Do ajuste linear do Gráfico 5, página 12, temos que A=0,0408. Fazendo A = 4.π2/g, obtemos o valor da aceleração da gravidade do experimento do pêndulo físico (gPF): gPF = 9,676 m/s 2 Comparando gPF = 9,676 m/s2 com gR = 9,792 m/s 2 encontra-se erro relativo de 1,18% no valor de gPF, considerado aceitável. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 14 FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 6 CONCLUSÃO Da análise do Gráfico 1, foi possível concluir que o período do pêndulo simples varia com o comprimento do seu fio, ou seja, T = f(L). Todavia, essa função, pelo formato da curva, não representava uma função de 1º grau. Com o exame do Gráfico 2 concluiu-se que T2 = f(L) era uma função linear. Do seu coeficiente angular, foi calculado o valor da aceleração da gravidade local (gPS). Encontrou- se para o experimento gPS = 9,796 m/s2 , que comparado com o valor de referência gR = 9,792 m/s2, apresentou um erro relativo de, somente, 0,041% . O Gráfico 3, por sua vez, resultou de T = f(L) diretamente, sem que a variável dependente devesse ser um potência de 2 para a função se comportar como uma de 1º grau, como aconteceu no Gráfico 2. O artifício empregado foi outro, o de apoiarmos as variáveis em escalas logarítmicas, linearizando-as, posteriormente. O Gráfico 4 proporcionou o estudo da relação do período (T) do pêndulo físico com a distância entre o seu ponto de suspensão e o centro de gravidade (h). Do gráfico, obteve-se o raio de giração (K) correspondente ao ponto de mínimo da função T = f(h). Do Gráfico 5, T2h = f(h2), extraiu-se o valor da aceleração da gravidade local, gPF = 9,676 m/s2. Comparado com o valor de referência (gR), encontrou-se um erro relativo de 1,18%, considerado aceitável. Para a construção dos gráficos, análise e ajustes lineares deste relatório, empregou-se, sem qualquer restrição e com excelentes resultados, o software SciDAVis. A título de oportunidade de inovação e melhoria, a utilização de sensores eletrônicos, tipo foto-emissor e foto-receptor, traria grandes benefícios a esse tipo de experimento, pois diminuiria a contribuição do erro humano na contagem do tempo, essência do experimento, sem qualquer prejuízo à aprendizagem da disciplina. Este aluno considera que todos os objetivos do experimento foram alcançados. 7 REFERÊNCIAS HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. vol. 2. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009. SILVEIRA, Fernando Lang. Determinando a aceleração gravitacional. Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/2 37747971_Determinando_a_aceleracao_gravit acional_1>. Acesso em: 27 set. 2018. TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física para Cientistas e Engenheiros. vol. 1. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Departamento de Física. Laboratório de Física II. Pêndulos. Disponível em: <http://www.ufjf.br/fisica/disciplinas/roteiros -dos-laboratorios/laboratorio-de-fisica-ii/>. Acesso em: 26 set. 2018. WESTFALL, Richard S. A Vida de Isaac Newton. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira, 1995. FSC1025 - FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2/2018 Paulo Roberto Magnago, Universidade Federal de Santa Maria
Compartilhar