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Cadeia produtiva do turismo Cenários econômicos e estudos setoriais Recife | 2008 Conselho Deliberativo - Pernambuco Banco do Brasil - BB Banco do Nordeste do Brasil - BNB Caixa Econômica Federal - CEF Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco - Faepe Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco - Facep Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco - Fecomércio Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco - Fiepe Instituto Euvaldo Lodi - IEL Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - SDE Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco - Senac/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar/PE Sociedade Auxiliadora da Agricultura do Estado de Pernambuco Universidade de Pernambuco - UPE Presidente do Conselho Deliberativo Josias Silva de Albuquerque Diretor-superintendente Murilo Guerra Diretora técnica Cecília Wanderley Diretor administrativo-financeiro Gilson Monteiro Cadeia produtiva do turismo: cenários econômicos e estudos setoriais Coordenação geral Sérgio Buarque Equipe técnica - Sebrae João Alexandre Cavalcanti (coordenador da Unidade Observatório Empresarial) Ana Cláudia Arruda Equipe técnica - Multivisão Enéas Aguiar Ester Maria Aguiar de Sousa Gérson Aguiar de Sousa Izabel Favero José Thomaz Coelho Valdi Dantas Coordenação da Unidade de Comunicação e Imprensa - Sebrae Janete Lopes Revisão Betânia Jerônimo Projeto gráfico e diagramação Z.diZain Comunicação | www.zdizain.com.br Tiragem 100 exemplares Impressão Reprocenter Sebrae Rua Tabaiares, 360 - Ilha do Retiro - CEP 50.750-230 - Recife - PE Telefone 81 2101.8400 | www.pe.sebrae.com.br 3 Sumário Lista de tabelas e figuras ......................................................................................................5 Palavra do Sebrae ...................................................................................................................7 Apresentação ..........................................................................................................................9 Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva ................................................................ 11 Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil .......................................14 Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco ...........................17 Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco ................................ 21 4.1 Dinamismo futuro da atividade .......................................................................................21 4.2 Perspectiva de encadeamento e adensamento ...............................................................23 4.3 Oportunidades de negócios futuros ............................................................................... 24 Capítulo 5 - Espaços das MPEs na cadeia produtiva .........................................................26 Referências ............................................................................................................................29 Apêndices .............................................................................................................................31 5 Lista de tabelas e figuras Quadros Quadro 1 - Comparativo do fluxo de turistas - Chegada de turistas internacionais (em milhões)....................................................................................................... 15 Mapas Mapa 1 - Portão de entrada dos turistas no Brasil ................................................................ 16 Diagramas Diagrama 1 - Cadeia produtiva do turismo ...........................................................................12 Gráficos Gráfico 1 - Expansão do fluxo global de turistas para Pernambuco e Recife:1998-2003 (mil turistas) .......................................................................................................... 18 Gráfico 2 - Entrada de turistas provenientes da Europa por país de origem em 2003 (%) ...........................................................................................................19 Gráfico 3 - Mercado de emissores de turistas brasileiros para Pernambuco em 2001 (%) ........................................................................................................... 20 Gráfico 4 - Índice de evolução da atividade de alojamento e alimentação (%) ...................20 Gráfico 5 - Evolução de volume de negócios futuros da atividade de alojamento e alimentação (R$ bilhões) ..................................................................................22 Gráfico 6 - Alojamento e alimentação - Evolução do nº de MPEs e da receita de serviços ...........................................................................................................27 7 Palavra do Sebrae Os Cadernos Setoriais resultam do projeto Observatório Empresarial, que se destina a levar tendências e cenários macroeconômicos, com vistas a subsidiar o empresariado com informações sobre o ambiente de negócios. Trazem assim, esses cadernos, a estrutura produtiva do setor, analisan- do as suas características e desempenho, capacidade de competir, dificulda- des, ameaças e oportunidades. Cabe ressaltar, ainda, a importância deste documento como indutor de políticas públicas capazes de criar um ambiente favorável à solução de eventuais dificuldades no pleno desenvolvimento de cada um dos setores estudados. Murilo Guerra Superintendente do Sebrae em Pernambuco 9 Este documento apresenta uma análise da cadeia produtiva do turismo em Pernambuco, procurando identificar as futuras oportunidades de negócios e os espaços para micro e pequenas empresas. Faz parte do projeto “Cená- rios e estudos de tendências setoriais” do Sebrae Pernambuco. Além desta cadeia, o estudo analisou 12 outras cadeias produtivas: avicultura, constru- ção civil, têxtil e de confecções, indústria naval, produtos reciclados, refino de petróleo, poliéster, indústria sucroalcooleira, indústria metalúrgica e produtos de metal, indústria de material plástico, indústria madeiro-moveleira e logís- tica. Para cada uma foi produzido um relatório semelhante de análise da dinâ- mica futura, das oportunidades de negócios e dos espaços para as pequenas e microempresas de Pernambuco. Cadeia produtiva é entendida, neste trabalho, como a malha de inte- rações seqüenciada de atividades e segmentos produtivos que convergem para a produção de bens e serviços (articulação para frente e para trás), arti- culando o fornecimento dos insumos, o processamento, a distribuição e a comercialização, e mediando a relação do sistema produtivo com o mercado consumidor. A competitividade de cada uma das fases da cadeia e, princi- palmente, do produto final, depende do conjunto dos seus elos e, portanto, da capacidade e eficiência produtiva de cada um deles. Apresentação 10 Embora na literatura contemporânea o conceito de competitividade sistêmica (apoiado na concepção de cluster de Michael Porter) destaque que a eficiência produtiva da cadeia depende de um conjunto de fatores e condições externas à mesma (externalidades) — oferta de infra-estrutu- ra adequada, regulação da produção e comercialização, disponibilidade de tecnologia e de mão-de-obra qualificada, sistema financeiro, entre outras, a análise da cadeia está concentrada no processo de produção para identifica- ção dos elos de maior oportunidade de negócios no futuro da economia de Pernambuco. Como o objetivo do estudo não é promover o desenvolvimento da cadeia produtiva, mas identificar na cadeia as oportunidades de negócios, especialmente para as MPEs, partindo da hipótese sobre a sua evolução futu- ra, não será relevante analisar os fatores sistêmicos. A análise da cadeia produtivafoi feita com base em duas fontes princi- pais de informação, dando tratamento técnico e organizando e confrontando dados secundários e informações bibliográficas sobre o tema (ver referências), além da visão de empresários e técnicos expressa em entrevistas semi-estru- turadas (ver lista de entrevistados). Com esses procedimentos, foi produzido um material analítico preli- minar, apresentado e submetido à crítica de empresários e técnicos especia- lizados no turismo, parte dos quais tinha sido entrevistada na primeira fase dos trabalhos. Esta versão apresenta o resultado final da análise da cadeira produtiva do turismo e já incorpora as recomendações da oficina realizada específica sobre o tema. O documento está estruturado em cinco capítulos: o Capítulo 1 apre- senta uma caracterização descritiva da cadeia produtiva e dos seus elos mais importantes (cadeia principal, cadeia a montante e cadeia a jusante), numa abordagem teórica geral, ainda não identificando os elos presen- tes e importantes em Pernambuco; no Capítulo 2, uma análise do desem- penho recente das principais atividades da cadeia produtiva no Brasil, detalhada para o Estado de Pernambuco no Capítulo 3; o Capítulo 4 procura explorar as perspectivas futuras da cadeia produtiva nos próxi- mos 13 anos (com base na trajetória mais provável) e avança na iden- tificação das grandes oportunidades de negócios que se abrem; no Capítulo 5, uma focalização dos espaços que as MPEs podem ocupar dentro da evolução futura da cadeia produtiva do turismo. 11Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva O produto turístico é um conjunto composto de bens e serviços — tan- gíveis e intangíveis — organizados de maneira que possam satisfazer às per- cepções e expectativas dos visitantes. Esses bens e serviços são produzidos nas diversas unidades econômicas, mas vão sendo enriquecidos, ao longo da cadeia até o consumidor final (turista), ao serem postos em destaque nos atra- tivos turísticos. O produto turístico é o resultado da soma de recursos naturais e culturais e serviços produzidos por uma pluralidade de empresas, algumas das quais operando a transformação da matéria-prima em produto acabado e outras oferecendo seus bens e serviços já existentes. O turismo tem como dife- rencial o fato de ser produzido e consumido no mesmo local, de modo que o consumidor se desloque para a área de destino ou consumo (Beni, 2003). De acordo com os especialistas, o turismo é uma atividade econômica que interage com 52 outras atividades produtivas da economia, constituin- do, portanto, uma malha ampla e complexa de encadeamento. Como cadeia produtiva, o turismo foi organizado em três grandes blocos. O conjunto de atividades diretamente vinculadas ao negócio turístico expressa um enca- deamento que tem como âncora a atividade definida pelo IBGE como “Alo- jamento e alimentação”. Esta cadeia principal gera várias demandas de insumos e serviços, a montante, e promove diferentes desdobramentos a jusante. Capítulo 1 Caracterização da cadeia produtiva 12 Cadeia produtiva do turismo Antes de analisar os blocos e elos que formam a cadeia produtiva do turismo, é interessante destacar que na cadeia principal existe uma gran- de diversidade de segmentos turísticos — lazer, aventura, negócios, cultu- ral e científico, terceira idade etc — que apresentam um perfil diversificado de demanda a montante, bem como desdobramentos igualmente diversos a jusante. Outra característica do turismo que o diferencia das outras cadeias produtivas é a sua baixa tendência à concentração no território, como cos- tuma ocorrer com as cadeias industriais, não por inexistência da economia de aglomeração e sim pela distribuição de atrativos e produtos turísticos no espaço territorial. Em certa medida, isto indica que a cadeia do turismo ganha características específicas e diferenciadas nos diversos pontos do território, uma vez que representam perfis distintos de turismo1. A cadeia produtiva do turismo explicita a relação entre a cadeia princi- pal e as cadeias a montante e a jusante, detalhadas nos elos produtivos que expressam o fluxo de produtos e serviços. A cadeia principal converge para as atividades hoteleiras e bares e restaurantes (o que o IBGE classifica como “Alojamento e alimentação”), articuladas e alimentadas pela infra-estrutura turística, pelas agências receptivas e operadoras de viagens, e pelos organi- zadores de eventos. A comercialização do produto turístico é resultado das atividades de promoção e marketing turístico e divulgação e vendas dos atra- tivos e produtos turísticos (Diagrama 1). Na cadeia a montante constam as atividades de patrimônio natural, histórico e cultural, transporte, construção civil, equipamentos de hotelaria, indústria moveleira e de confecções, produção e fornecimento de alimentos e bebidas, e indústria de toucador. Já a cadeia a jusante utiliza os produtos turísticos e, principalmente, presta serviços aos turistas, agregando valor à economia e contemplando o comércio em geral, a cultura e o artesanato, os serviços terceirizados, as empresas de entretenimento, a publicidade. 1 Essa idéia sobre a distribuição territorial da cadeia do turismo foi formulada na oficina com empresários e especialistas do turismo em Pernambuco, levando à recomendação de um trabalho posterior do Sebrae para regionalizar a análise da cadeia produtiva. 13Capítulo 1 - Caracterização da cadeia produtiva Cadeia produtiva do turismo14 No período de 1995 a 2000, o fluxo internacional de turistas apresentou um crescimento anual da ordem de 4,8%. Este crescimento sofreu um decrés- cimo nos anos subseqüentes, em função da tragédia ocorrida no dia 11 de setembro em Nova York. No qüinqüênio 2000-2005, o crescimento foi da ordem de 3,4%. Ao longo dos últimos dez anos (1995- 2005), a taxa média de crescimento mundial foi da ordem de 4,1%. Houve uma recuperação no crescimento do fluxo internacional de turistas no mundo, o que registrou um crescimento de 9,9% (2003-2004) e 5,5% (2004-2005). Este contexto de crescimento da atividade no mundo aponta para uma tendência, obser- vada ao longo dos últimos anos, de desconcentração dos fluxos interna- cionais de turistas, com a inclusão de novos destinos nessas rotas. Com efeito, os dados do Quadro 1 mostram que a tendência apontada vem sendo de fato confirmada, uma vez que o Brasil vem se destacando na recepção do fluxo de turistas no cenário mundial. Enquanto as chegadas internacionais em todo o mundo tiveram um crescimento da ordem de 50%, no período de 1995 a 2005, no Brasil cresceram cerca de 170%. Esta performance, no entanto, foi sufi- ciente apenas para dar ao Brasil uma participação modesta de 0,67% (5,4 milhões no país contra 808,0 milhões no mundo) no Capítulo 2 Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil 15Capítulo 2 - Desempenho recente da cadeia produtiva no Brasil fluxo mundial de turistas, conforme dados da Organização Mundial de Turismo. A despeito da situação no momento, a expectativa é de crescimen- to da participação nos próximos anos. Para se ter uma idéia da conjuntura de baixa atração de turistas do Brasil, a França recebeu, em 2004, por volta de 75 milhões de turistas, apre- sentando o maior fluxo do mundo. A Espanha ficou em segundo lugar, com 52,4 milhões de visitantes, e o México destacou-se com um movimento de 20,6 milhões de turistas (mais de quatro vezes o movimento turístico para o Brasil). Em termos econômicos, cabe registrar que o valor bruto da produção da atividade turística no Brasil, em 2004, esteve estimado em US$ 48,2 bilhões, equivalentes a 7,2% do PIB brasileiro, gerado pelo fluxo de quase cinco milhões de visitantes estrangeiros. A Europa continua sendo o continente de maior contribuição na emissão de turistas estrangeiros para o Brasil. Desde 2000, a Argentina é o país com o maior número de visitantes parao Brasil. O turismo nacional também vem despertando um interesse crescente de Portugal, que já é o terceiro país maior emissor, resultado de competentes campanhas publici- tárias realizadas naquele mercado, associadas aos baixos custos de viagem e às promoções de hotéis de todas as categorias com foco nesta demanda. O principal portão de entrada de turistas estrangeiros no Brasil é o Esta- do de São Paulo que, em 2004, registrou 2.180.711 desembarques. Esta mar- ca é resultado da diversificada oferta de vôos internacionais com conexões nacionais do aeroporto de Guarulhos, que funciona como um hub para a dis- tribuição de turistas, aliada ao fato da capital paulista ser o grande centro econômico-financeiro do país (Mapa 1). 1995 2003 2004 2005* %1995-05 %2003-05 %20004-05 Mundo 538 697,0 766,0 808,0 50,2 15,9 5,5 Europa 309 408,6 425,6 443,9 43,7 8,6 4,3 Ásia e Pacífico 85 114,2 145,4 156,2 83,8 36,8 7,4 Américas 109 113,1 125,8 133,1 22,1 17,7 5,8 América do Sul 12 13,7 16,0 18,0 50,0 31,4 12,5 Brasil 2 4,1 4,8 5,4 170,0 31,7 12,5 África 20 30,7 33,3 36,7 83,5 19,5 10,2 Oriente Médio 14 30,0 35,9 38,4 174,3 28,0 7,0 Quadro 1 • Comparativo do fluxo de turistas - Chegada de turistas internacionais (em milhões) * Dado preliminar Fonte: Organização Mundial do Turismo - OMT, 2006 e Anuário Estatístico Embratur, 2001. Cadeia produtiva do turismo16 Segundo o Ministério do Turismo2,não obstante a crise do setor aéreo nacional desde o início de 2006, somada à crise da Varig e ao câmbio des- favorável (que favorece muito mais a saída do que a entrada de turistas), o setor de turismo vem reagindo significativamente e apresentando resul- tados que representam uma superação. De acordo com o Banco Central, os gastos de estrangeiros no Brasil, em setembro de 2006, atingiram o recorde de US$ 314 milhões. De janeiro a setembro de 2006, os turis- tas estrangeiros gastaram US$ 3,207 bilhões (12,74% a mais do que no mesmo período de 2005), valor próximo ao recorde alcançado nos nove primeiros meses de 2004 (US$ 3,222 bilhões). As estimativas de receita para 2006 são de US$ 4,350 bilhões, aproximadamente, superando os US$ 3,861 bilhões alcançados em 2005, melhor marca até então. Estima-se para os próximos anos um desempenho ainda melhor do setor, com reflexos positivos na geração de empregos e na dinamização dos negócios por toda a cadeia produtiva. 2 Boletim de Desempenho do Setor Turismo, FGV/Ebape, 2006. 17Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco Capítulo 3 Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco Segundo dados da Empresa Pernambucana de Turismo, a entrada de turistas no Estado alcançou, em 2003, cerca de 3,3 milhões de visitantes (nacionais e estrangeiros), resultado de um movimento moderado, mas con- tinuado de expansão — apenas 300 mil deles são estrangeiros. Como mostra o Gráfico 1, em 1998 o volume de visitantes ao Estado foi de menos de dois milhões de pessoas, apresentando um crescimento de 74% ao longo de cin- co anos. Como porta de entrada de turistas estrangeiros, Pernambuco apresen- tou recentemente um crescimento de quase 20%, passando de 48.522, em 2002, para 57.214, em 2003, situando o Estado abaixo da Bahia, com 59.827, e acima do Rio Grande do Norte, com 41.778, mas bem abaixo do Ceará, com 76.795 visitantes. São Paulo lidera neste sentido, tendo registrado, em 2003, mais de 1,99 milhão de chegadas, três vezes mais que o Rio de Janeiro, em segundo lugar, com quase 630 mil. É importante considerar, contudo, que o desembarque de turistas no Recife não significa obrigatoriamente o interes- se dele neste destino. Vários deles desembarcam e embarcam imediatamen- te por outro meio de transporte para o litoral sul de Pernambuco (principal- mente Porto de Galinhas), litoral norte de Alagoas e Fernando de Noronha. Isto demonstra que Recife se consolida como destino, predominantemente, com interesse de negócios, mas outros destinos têm a capacidade de pulve- Cadeia produtiva do turismo18 rizar a permanência do turista em solo pernambucano. O perfil do turismo em Pernambuco combina o turismo de lazer (sol e praia) com o turismo de negócios, que representa 20,74% do receptivo local — mais de 860 visitan- tes com interesse profissional, mas também buscando a cultura e o patri- mônio histórico do Estado. A maior parte dos turistas estrangeiros que entram por Pernambu- co é proveniente da Europa, representando 96% do total; dos europeus, a liderança é dos portugueses (41%), seguida da Itália (19%) e da Alema- nha (11%), de acordo com o Gráfico 2. Os turistas norte-americanos (a maioria dos Estados Unidos) são apenas 2% do total de visitantes que entram por Pernambuco. Da América do Sul, Pernambuco recebe turis- tas principalmente da Colômbia e da Argentina. No turismo interno, Pernambuco tem um grande atrativo para residentes em outros Estados do Nordeste, o qual representa, em média, 30% do total de turistas brasileiros. Este percentual deu um grande salto em 2002, alcançando 58% de todos os brasileiros que visitaram Pernambuco. Cerca de um terço dos turistas de outras regiões do Brasil vem de São Paulo e Rio de Janeiro (2001), como indica o Gráfico 3. Em termos de valor de produção, não existem estimativas para o segmento turístico de Pernambuco. Entretanto, o IBGE 19Capítulo 3 - Desempenho recente da cadeia produtiva em Pernambuco utiliza o segmento “Alojamento e alimentação” para expressar a atividade- âncora do turismo (hotéis e pousadas, restaurantes e bares), calculando o desempenho da mesma no passado recente da economia pernambucana. Como uma proxy da evolução recente do turismo em Pernambuco, o Gráfico 4 apresenta o crescimento da atividade-âncora (a partir do índice de 1996), demonstrando um moderado e contínuo crescimento no período. Em oito anos, o valor da produção da atividade “Alojamento e alimentação” cresceu 42,9%, abaixo da média dos setores de comércio e serviços, de modo a decli- nar levemente sua participação relativa no total setorial. Cadeia produtiva do turismo20 21Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco O crescimento futuro da economia pernambucana, segundo a trajetó- ria mais provável3, promoverá uma mudança da sua estrutura produtiva pela distribuição desigual do dinamismo nos setores e atividades de produção. Por diferentes razões, algumas atividades tenderão a crescer mais que outras, acima ou abaixo da média de expansão do PIB pernambucano. O turismo é uma cadeia produtiva que deverá se expandir de forma significativa, estimu- lado pelo efeito combinado da elevação da renda mundial e nacional, pelo envelhecimento da população, pela diminuição dos custos de transporte e pelo interesse generalizado pela diversidade cultural e ecológica. No caso específico de Pernambuco, o turismo também será beneficiado pela expansão dos negócios, principal segmento turístico do Estado. Esta análise coincide com a percepção da maioria dos entrevistados — empresários do turismo e técnicos em turismo, entre os quais predomina um grande otimismo em rela- ção ao futuro da atividade em Pernambuco. 4.1 Dinamismo futuro da atividade De acordo com as hipóteses da trajetória futura mais provável, a estru- tura produtiva da economia pernambucana passará por uma importante mudança para ampliar o peso relativo da indústria e diminuir os setores de Capítulo 4 Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco 3 Sebrae/Multivisão. Cenários alternativos de Pernambuco. Recife, 2007. Cadeia produtiva do turismo22 comércio e serviços, que não obstante continuarão sendo os maiores no PIB de Pernambuco. No entanto, dentro destes setores, a atividade “Alojamento e alimentação” (âncora do turismo) deverá registrar um crescimento superior à média setorial. Enquanto os setores indicam um crescimento do produto em torno de 5,65% anuais, no período 2007-2020,a atividade crescerá a uma taxa de 7,74% ao ano. Esta taxa média deve ser modesta no início, mas aumentará na medida em que amadurecem as mudanças no contexto mundial e nacional, especialmente a elevação da renda, e os investimentos na infra-estrutura turís- tica e nos empreendimentos privados de alojamento e alimentação. A taxa de crescimento da atividade propiciará uma ampliação do valor da produção nos próximos 13 anos, passando de R$ 1,33 bilhão, em 2007, para cerca de R$ 2,86 bilhões, em 2020, mais do que dobrando no período — em 2010 ainda deverá flutuar em torno de R$ 1,48 bilhão4. Esta expectativa de crescimento do turismo (a partir da evolução estimada da atividade-âncora) é compartilhada pela maioria absoluta dos empresários e técnicos de turismo no Estado. Os atrativos turísticos locais serão destacados cada vez mais nos meios de divulgação (institucionais ou não), uma vez que os investimentos nos pon- tos turísticos em Pernambuco deverão consolidar e ampliar os pólos de atração turística no Estado (Gráfico 5). Como afirmava um dos entrevistados, “o destino de Porto de Galinhas surgiu sem planejamento e sem infra-estrutura urbana, e hoje ainda é inca- paz de atender às exigências do setor. Mas corrigindo-se esta distorção, é uma praia com potencial enorme e que deve crescer muito mais até atingir 4 ra mais detalhes sobre a metodologia de simulação, ver Apêndice B. 23Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco escala internacional”. Além de Porto de Galinhas, os entrevista- dos citam o arquipélago de Fernando de Noronha que, apesar das limitações no número de desembarque, garante 100% de ocu- pação em quase todo o ano. Outros destinos emergentes e novos atrativos já sinalizam com boas perspectivas para o turismo regio- nal, tais como o enoturismo (rota do vinho), o turismo rural e o Cir- cuito do Frio. Quando expressam alguma dúvida no futuro do turismo, os entrevistados destacam a pouca infra-estrutura social e urbana, o pre- cário estado das estradas, a insegurança pública e a ausência de políticas públicas, assim como a descontinuidade das mesmas, como fatores que, segundo as hipóteses da trajetória mais provável, deverão ser enfrenta- dos a médio e longo prazos. Um dos entrevistados comenta que “o exem- plo mais claro de descontinuidade das políticas públicas voltadas para o turismo ocorre no litoral norte do Estado, onde o destino de Itamaracá nau- fragou assim como as praias de Goiana e Paulista. O único sobrevivente é a praia de Maria Farinha, que ainda tem alguns bons empreendimentos”. É importante considerar, contudo, que a infra-estrutura urbana — esgotamen- to sanitário e abastecimento de água — no litoral norte, a exemplo de Pau- lista, está cerca de 20 anos mais avançada em relação ao litoral sul. Com um ritmo de crescimento médio superior ao dos setores de comércio e serviços, a atividade experimenta um aumento da participação relativa no produto seto- rial, sobretudo a partir de 2010, finalizando com 5% de participação em 2020. 4.2 Perspectivas de encadeamento e adensamento A cadeia produtiva do turismo em Pernambuco já apresenta um nível satisfatório de encadeamento, principalmente a montante, com o fornecimen- to de grande parte dos bens e serviços pelas empresas localizadas no Estado. Todos os entrevistados afirmaram que as atividades tradicionais como os meios de hospedagem, bares e restaurantes, transporte e receptivos, operadores e agências de viagem, assim como as atividades que surgiram mais recente- mente como alguns serviços especializados, e o fornecimento de insumos dife- renciados têm grandes perspectivas de encadeamento produtivo no Estado. Cada vez mais as atividades da cadeia principal terceirizam e demandam das cadeias a montante e a jusante. Os empresários do setor chegam a reivindi- car o surgimento de mais e melhores opções, de forma que concentrem suas energias e recursos no foco dos seus respectivos negócios. De acordo com um dos entrevistados, “compra-se tudo nesta cadeia. Muitos dependem inclusi- Cadeia produtiva do turismo24 ve desse encadeamento e voltam sua produção e suas habilidades para aten- der o setor. Se o turismo cresce, todos crescem juntos e solidários”. Essa impressão - manifestada pela maioria dos entrevistados — con- firma que há uma forte integração das atividades que dão apoio ao turismo em Pernambuco com o mercado produtor local. Estudo recente aponta que 78% dos insumos utilizados naquelas atividades eram adquiridos no próprio município, ou em municípios vizinhos. De forma desagregada, 59% deles são comprados no próprio município, 19% em municípios vizinhos e 20% dentro do Estado. Portanto, residualmente, apenas 2% dos insumos utilizados nas ati- vidades ligadas ao turismo eram comprados em outros Estados do país (Maia Gomes; Barbosa; Salazar, 2006). De acordo com os autores, o fornecimento de insumos tem uma articulação maior ainda com os produtores do Estado, limitando-se a compras externas apenas ao “aparelhamento dos estabeleci- mentos e à administração dos empreendimentos”, com a presença de impor- tantes grupos hoteleiros e cadeias de restaurantes de porte nacional e mesmo internacional. 4.3 Oportunidades de negócios futuros O crescimento do turismo nos próximos anos, acompanhando a expan- são do volume de negócios estimado para a atividade-âncora, provocará uma ampliação das oportunidades de negócios em todos os elos da cadeia produ- tiva. Partindo desse dinamismo e analisando o conjunto da cadeia produti- va do turismo, poderão ser identificadas grandes oportunidades de futuro, mapeando os elos mais frágeis (ou sem chance em Pernambuco) e desta- cando os de maior potencial de futuro no Estado. Esse mapeamento foi complementado pela interpretação dos empresários e técnicos entrevis- tados, apontando as perspectivas de negócios na cadeia produtiva e nos seus elos. Diretamente nos elos da cadeia principal do turismo, foram destaca- das as seguintes oportunidades de negócios no futuro de Pernambuco: • agência de receptivos (transporte de turistas/hospedagem/city tour/trilhas alternativas); • turismo de segunda residência; • turismo de esportes vinculados a eventos esportivos (motoci- clismo, vaquejada, equitação, golfe etc); • empresas organizadoras de eventos, acompanhando a vocação de Pernambuco para o turismo de negócios; 25Capítulo 4 - Dinamismo futuro da cadeia produtiva em Pernambuco • hotéis e pousadas, principalmente no litoral sul e no interior, voltados para o turismo rural, histórico, cultural, religioso e de aventura, além do enoturismo; • bares e restaurantes aproveitando a vocação que favorece o fortalecimento do pólo gastronômico, com destaque para restaurantes de comidas regionais e exóticas, bares alter- nativos, botecos e outras unidades nos principais destinos turísticos. Na cadeia a montante, as maiores oportunidades de negócios serão encontradas nos seguintes elos produtivos: • construção civil para atender à demanda reprimida de infra-estru- tura urbana e turística, e restauração e manutenção de hotéis com mais de 15 anos; • distribuição de alimentos e bebidas prontos, semiprontos e perecí- veis (frutos do mar, carnes em geral, pastelaria, comidas regionais) para hotéis, pousadas, restaurantes e bares; • indústria de confecções (cama, mesa e banho) para hotéis, pousa- das, restaurantes e bares; • indústria moveleira para abastecimento e renovação dos móveis de hotéis, pousadas, restaurantes e bares; • indústria de produtos para toucador para abastecimento de hotéis; • serviços de manutenção e gestão de reservas de turismo ecológico; • indústria de equipamentos e máquinas e produtos de cutelaria. Na cadeia a jusante, as melhores oportunidades deverão surgir nas seguintes atividades produtivas: • serviços de manutenção de imóveis (especialmente hidráulicos e elé- tricos); • serviçosde manutenção de equipamentos eletro-eletrônicos e mecâ- nicos; • serviços de limpeza, vigilância, jardinagem, ambientação, lavanderia, decoração e floricultura; • dinamização do comércio; • produção de artesanato em geral (especialmente cerâmica, couro, palha, bordado, tecelagem); • atividades culturais para promoção de eventos folclóricos e culturais (ciranda, maracatu, caboclinho, frevo, forró etc); • publicidade para divulgação da cultura e dos produtos turísticos; • produção de softwares especiais para atividades turísticas e assistên- cia técnica em informática. Cadeia produtiva do turismo26 A cadeia produtiva do turismo é formada por atividades e elos produ- tivos que, na sua maioria, oferecem grandes espaços para as MPEs, con- siderando a moderada escala mínima eficiente e as pequenas barreiras à entrada que predominam nas mesmas. De fato, segundo os dados e os depoimentos dos entrevistados, as MPEs já estão presentes em quase todos os elos e têm espaço e trânsito livre para ampliar sua participação. Depoi- mento de um dos entrevistados indica que “as MPEs estão presentes em quase todas as atividades. A cadeia é grande e dinâmica e tem espaço para todos. O segmento de hotelaria e resorts é o único que não dá espa- ço às MPEs, porque os monopólios dos grandes grupos cada vez mais dominam esta área. Mas, nos demais elos, todos têm chances desde que tenham competência”. De acordo com dados da Rais5, em 2004 operavam, em Per- nambuco, 5.719 micro e pequenas empresas na atividade-âncora da cadeia do turismo. Considerando que as MPEs mantenham a mes- ma participação no valor total da produção desta atividade, o volu- me de negócios que podem ser explorados pelos pequenos empre- endedores elevou-se de R$ 236 milhões, em 2004, para R$ 256 milhões, em 2007, e para R$ 285 milhões, em 2010, com ape- nas quatro anos de maturação de investimentos e de amplia- Capítulo 5 Espaços das MPEs na cadeia produtiva 5 De acordo com o manual de instrução de preenchimento da Rais, devem declarar anualmente, entre outros estabelecimentos e entidades do setor formal, todos os estabelecimentos inscritos no CNPJ, com ou sem empregados. Assim, os estabelecimentos que não mantiveram vínculos empregatícios ou mantiveram suas atividades paralisadas, durante o ano-base, estão obrigados a entregar a Rais denominada “negativa”. A base estatística Estabelecimento (ESTB), utilizada neste estudo e distribuída no âmbito do Programa de Disseminação de Estatísticas do MTE, considera todos os estabelecimentos declarantes com ou sem empregados. 27Capítulo 5 - Espaços das MPEs na cadeia produtiva ção do fluxo turístico (Gráfico 6). Nos dez anos finais da tra- jetória (2011-2020), os fatores estimuladores do turismo serão acelerados, promovendo uma expansão significativa do volume de negócios para as MPEs. Segundo estimativa que decorre da participação no total do valor da produção do setor, em 2020 os pequenos empreendimentos em “Alojamento e alimentação” pode- rão ter uma receita de R$ 550 milhões, aproximadamente, dobrando os negócios6. A expansão dos negócios reflete-se na abertura de oportunidades para implantação de novas MPEs na atividade-âncora como expressão da cadeia de turismo. De acordo com as estimativas e supondo que no futuro se mantenha a mesma relação de receita por empresa, o número de empreendimentos de pequeno porte crescerá de 5.719, em 2004, para 6.192, em 2007, e para 13.304, em 2020. Desta forma, poderão ser criadas, no período, cerca de 7.112 novas empresas de pequeno porte, o que repre- senta uma média de 547 MPEs criadas por ano. O volume de negócios que podem ser aproveitados pelas MPEs se multiplicará quando forem analisados os outros elos da cadeia produtiva do turismo com características adequadas aos pequenos negócios (escala efi- ciente relativamente baixa, reduzida barreira à entrada, limitado domínio de marcas e tecnologias). 6 Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação, ver Apêndice C. Cadeia produtiva do turismo28 De forma qualitativa, serão destacadas as seguintes oportunidades nas áreas que crescem com a cadeia produtiva e no movimento indicado pela atividade “Alojamento e alimentação”: • pousadas rurais (engenhos, enoturismo e turismo de aventura); • pousadas de charme em destinos emergentes, com ênfase nas praias do Paiva e Carneiros, além de Gravatá e Caruaru; • receptivo e transporte especial para turistas, inclusive táxis especia- lizados para este serviço; • restaurantes, bares e similares (incluindo bares alternativos e botecos); • produtos alimentares industrializados e artesanais (doces, pastelaria etc); • distribuição de comidas e bebidas e venda de alimentos acondiciona- dos e semiprontos; • indústria de confecções (cama, mesa e banho e fardamentos); • indústria moveleira; • serviços de manutenção de imóveis; • serviços de manutenção de equipamentos eletro-eletrônicos e mecâ- nicos; • serviços de segurança patrimonial e seguros de acidentes e de vida; • comércio de comidas e bebidas; • lojas especializadas em produtos regionais; • empresas de entretenimento; • indústria de produtos para toucador; • contratação de mão-de-obra temporária; • agência de viagens; • serviços de vigilância, jardinagem, lavanderia, decoração e flo- ricultura; • atividades culturais e artesanato; • LAN house; • serviços de assistência médica; • empresas de capacitação com certificação; • escolas de idiomas. 29 AGUIAR, Edvânia Torres . Diagnóstico do turismo nos municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e São José da Coroa Grande. BARROS JÚNIOR, Norberto F. A dinâmica espacial e a reorganização territorial do litoral de Ipojuca - A emergência de um espaço turístico. Recife: UFPE, 2002. 152p. EMBRATUR. Caracterização e dimensionamento do turismo doméstico no Brasil. 2006. FADE/UFPE/SEPLANDES/CONDEPE/IPEA. Estudo dos impactos sócio- econômicos e espaciais do projeto de duplicação da BR-232: identificação de clusters. Recife, 2002. FAPEC/SEBRAE. Proposta de elaboração de estudo da cadeia produtiva do turismo. 2005. FGV/EBAPE. Boletim de Desempenho Econômico do Setor de Turismo. 2006. FONTENELLE GORINI, Ana Paula; FONSECA MENDES, Eduardo. Setor de turismo no Brasil: segmento de hotelaria. 2005. GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO/SECRETARIA DE CIÊN- CIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE. Perfil do turista de Fernando de Noronha. 2004. IBGE. Cadastro Central de Empresas. 2004. Referências 30 MAIA GOMES, Gustavo; BARBOSA, Maria de Lourdes; SALAZAR, Vivia- ne. Turismo. Relatório setorial integrante do projeto “Economia de Pernam- buco: uma contribuição para o futuro”. Recife: Governo do Estado/Secreta- ria de Planejamento/Promata, 2006. MINISTÉRIO DO TURISMO. Relatório de gestão. 2005. OMT/EMBRATUR. Estatísticas básicas de turismo. 2006. SEBRAE/MULTIVISÃO. Cenários alternativos de Pernambuco. Recife, 2007. ______. Evolução da estrutura produtiva futura de Pernambuco. Recife, 2007. UNWTO. Tourism market trends. 2005. 31 Apêndices A - Lista de entrevistados Elder Lins Teixeira (diretor da ELT Consultoria) Roberto Pereira (secretário executivo da CTI Nordeste) Marcos Tiburtius (presidente da Associação de Hoteleiros de Porto de Galinhas) José Otávio Meira Lins (presidente do Recife Convention & Visitors Bureau) Gustavo Luck (vice-presidente do Recife Convention & Visitors Bureau) Luiz Guilherme Pontes (diretor executivo do Grupo Pontes Hotéis) 32 B - Metodologia de simulação macroeconômica Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação da evolução futura da participação dos setores produtivos no PIB agregado, sugerimos a leitura do texto “Desempenho econômico e desempenho industrial no Bra- sil”, de Regis Bonelli e Armando Castelar (IPEA, 2003), no qual os autores destacam que a distribuição setorial de longo prazo do PIB segue um padrão de mudança onde, num primeiromomento, as atividades agropecuárias per- dem peso em relação à indústria que, mais à frente, perde espaço para o setor de serviços. Ademais, a intensidade e o ritmo da transformação estrutural da economia pernambucana foram condicionados pelo resultado combinado de cinco processos referidos na trajetória futura mais provável: a distribui- ção setorial dos investimentos produtivos; os impactos previsíveis dos gran- des investimentos na estrutura produtiva; os investimentos em infra-estrutu- ra previstos influenciando a competitividade de atividades e potencialidades de Pernambuco; os fatores externos (mundiais e nacionais) com impacto na estrutura produtiva do Estado; e a distribuição da demanda de bens e serviços de consumo final, que resulta da renda gerada na economia (efeito renda). C - Metodologia de simulação do market share das MPEs A metodologia de simulação da expansão do número de empresas e do volume de vendas em cada segmento foi construída a partir dos dados disponíveis nas seguintes fontes: Rais/MTE, ano-base 20047; PAS/IBGE, ano-base 2004 e PIA/IBGE, ano-base 2004. Estes relatórios forneceram os dados relativos ao número de empresas (com ou sem empregados), ao volume de vendas e ao valor da produção no ano-base 2004. A estimativa do volume de vendas futuras de um dado segmento produtivo ‘i’, em um ano ‘j’, foi obtida multiplicando-se o PIB do segmento ‘i’ (importado das simulações macroeconômicas), no ano ‘j’, pela relação entre o volume de vendas e o PIB do segmento ‘i’, no ano-base 2004 (obtido das fon- tes citadas). Tal relação, para simplificação, foi considerada constan- te ao longo do horizonte. A simulação da evolução futura do núme- ro de empresa do segmento ‘i’, no ano ‘j’, foi, por sua vez, obtida dividindo-se o valor do volume de vendas do segmento ‘i’, no ano ‘j’, pelo valor médio das vendas do segmento no ano ‘j’, o qual foi estimado como uma proporção da receita média do setor, no ano ‘j’. Esta proporção (dada pela relação entre as vendas do seg- 7 De acordo com o manual de instrução de preenchimento da Rais, devem declarar anualmente, entre outros estabelecimentos e entidades do setor formal, todos os estabelecimentos inscritos no CNPJ, com ou sem empregados. Assim, os estabelecimentos que não mantiveram vínculos empregatícios ou mantiveram suas atividades paralisadas, durante o ano-base, estão obrigados a entregar a Rais denominada “negativa”. A base estatística Estabelecimento (ESTB), utilizada neste estudo e distribuída no âmbito do Programa de Disseminação de Estatísticas do MTE, considera todos os estabelecimentos declarantes com ou sem empregados. 33 mento ‘i’ e as vendas do setor em 2004) foi mantida constante ao longo do horizonte. A simulação da evolução do contingente de MPEs e dos respectivos volumes de negócios para o segmento ‘i’, no ano ‘j’, foi feita multiplicando-se os valores alcançados para o segmento ‘i’, no ano ‘j’, pelas relações de participação das MPEs no número de empresas e no volume de negócios, verificadas em 2004. Vale mencionar que a participação no número total de empresas foi mantida constante ao longo da projeção, mas a participação nas ven- das evoluiu linearmente ao longo do horizonte, partindo, em 2004, de 14,9% para 20%, em 2020.
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