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Aspectos filosoficos

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Capitulo 1 e 2 
pag 13 a 61
 Temas pedagógicos: liberalismo
São características fundamentais do neoliberalismo(o novo): Estado mínimo, mercado livre e maximização das liberdades individuais em paralelo aos fenômenos da globalização econômica e cultural, da pós-modernidade e da intervenção de grandes organizações mundiais nas políticas sociais.
As teorias não surgiram das nuvens, mas do solo das sociedades, do pensamento de sujeitos que indicam e tentam explicar “o que é feito”, “como é feito”, “por que é feito” e “o que pode ser feito” tendo como ponto de partida seu próprio mundo. Os primeiros filósofos, ainda no século VI a.C., não satisfeitos com os mitos, expuseram suas explicações fundamentadas na razão sobre as questões da origem das coisas e de nossa vida.
Tales da cidade grega de Mileto: defendia que todas as coisas têm sua origem na água, ou seja, o elemento fundante e comum a todos os seres vivos é a água.
John Locke: no século XVIII, dentre outros autores, como Thomas Hobbes, sistematizou uma teoria a que podemos chamar de liberalismo, ao conceber os sujeitos como indivíduos livres em suas relações consigo mesmos, com outros indivíduos, também, livres e com o Estado, capaz de se constituir como produtor de seus processos formativos, éticos, políticos, econômicos etc.
vivemos numa sociedade liberal-capitalista
Contexto histórico do liberalismo
O século XVIII foi um período de mudanças significativas, que registraram avanços econômicos em toda Europa. Franco Cambi, situou o nascimento do liberalismo em meio a tais mudanças, revoluções de toda ordem, balizadas pela revolução maior, a Industrial, principalmente na Inglaterra no curso do século XVII-XVIII, epicentro das transformações que direcionaram e nortearam os novos modos de produção capitalista.
Vários esclarecimentos fazem-se necessários.
• A diferença entre “estado feudal” e “monarquia parlamentar” pode ser demarcada: primeiro pela sua organização socioeconômica, tipicamente medieval, formada de governos descentralizados, próprios do que se convencionou chamar de Sistema Feudal ou Feudalismo; segundo pela construção da gênese do Estado Nacional, mesmo que ainda monárquico, mas que superava o que se convencionou chamar de Antigo Regime, com um “rei” forçado a obedecer a leis e admitir a existência do parlamento como poder legislativo eleito, ativo e moderador das suas ações. Tratava-se da descentralização do poder. Este último elemento era muito caro para a compreensão de Estado Republicano, que, por sua vez, caracterizava-se pelas gestões temporárias e pela criação das instituições democráticas, sobretudo pela instauração das eleições, a princípio, censitárias, sendo seletivas e excludentes, ou seja, de acordo com as posses de cada sujeito, e, paulatinamente, universais e secretas.
· A passagem de “país agrícola” a “industrial” é a própria superação das condições sócio-históricas medievais ao adentrar na modernidade. Não se trata de progresso, mas de transformações, sobretudo tecnológicas – principalmente a partir da criação da máquina a vapor – que alteraram profundamente os modos de produção e as relações de poder na sociedade moderna em relação à medieval. Essas transformações foram responsáveis, no século XX, pelo crescente e contínuo processo de urbanização, inicialmente lento, mas desenfreado, desorganizado, desumanizado e utópico.
· O nascimento de novos “grupos sociais” é uma referência à ascensão da burguesia, principalmente da alta burguesia que se consolidou como classe social distinta da monarquia, inicialmente na Europa e, depois, em todo o mundo. Esta nova classe formada, a princípio, por comerciantes e, mais tarde por sujeitos que enriqueceram paralelamente à nobreza impulsionou um novo modelo de organização econômica que lançou suas bases em todos os seguimentos da sociedade.
Aqui no Brasil, a aristocracia rural superou, a atuação da burguesia sendo forçada a compartilhar o poder a partir da década de 1920, principalmente nos grandes centros paulistas e cariocas.
Os ideais burgueses no século XVII e XVIII
Os burgueses afinaram seu discurso com a Igreja ao valorizarem, por exemplo, a família patriarcal formada por pai, mãe e filhos, tida como o núcleo da sociedade e pregarem a igualdade e liberdade de todos os homens, o que contrariava a postura da monarquia que justificava sua existência pela sacralidade da dinastia a que pertenciam.
E é na cidade que a burguesia elaborou sua concepção de educação que pode ser sintetizada da seguinte forma:
self-government – termo em inglês que significa autogoverno ou governo de si mesmo – ou seja, o desenvolvimento da autonomia; 
 o ensino das virtudes sociais, tais como respeito e tolerância, necessárias para a convivência saudável e criativa; 
 educação para a “utilidade”, ou seja, uma educação para a vida prática com vistas a desenvolver a habilidade de decidir pelo mais útil e funcional; 
amplo investimento na formação da consciência moral, isto é, na difusão de valores como a honestidade, lealdade, solidariedade, compaixão etc.;
valorização da razão
=combinação da tríade liberdade, igualdade e fraternidade que sustentou um modelo de sociedade soerguida à luz da individualização dos sujeitos, progressiva liberdade econômica, superação do mercantilismo, da difusão do direito à propriedade privada e do enriquecimento individual por meio da concorrência, elemento saudável e gerador de vigor naquelas sociedades que costumamos chamar de liberais.
O conceito de liberalismo
uma sociedade liberal é aquela formada por indivíduos livres, Segundo a tradição greco-romana, mas também a partir da releitura feita pelos pensadores dos séculos XVII-XVIII, os contratos, negociações, investimentos e a propriedade privada, bem como o direito de participar politicamente da organização e administração da cidade, enquanto instância pública, eram atribuições específicas e condição sine qua non dos homens livres.
O conceito de liberalismo pode ser usado, entendido e aplicado de três formas e em três situações distintas e complementares:
Por se tratar da liberdade, concebe filosoficamente o indivíduo como autônomo, livre e igual a todos os outros pelo nascimento. A desigualdade é explicada pela natureza, ou seja, os mais fortes ganham dos mais fracos, adquirem vantagens, enfim, dominam.
Trata-se de uma teoria política que admite e reconhece a importância do Estado como regulador das vontades individuais e da própria dominação possível e quase inevitável, O Estado deveria, mediar e garantir o cumprimento dos contratos sociais estabelecidos entre os indivíduos.
Pelo viés econômico, o Estado, mesmo em sua função reguladora, minimizaria ao máximo sua intervenção nas relações de mercado. Esse aspecto consolidou a ruptura entre mercantilismo, cujo controle das monarquias imperialistas era marcante, e o liberalismo, que estimulou a minimização do Estado e a maximização do indivíduo, protagonista da geração do mercado livre.
A teoria liberal de John Locke
filósofo inglês, fundador do “empirismo crítico”, nasceu em Wrington no ano de 1632 e faleceu em 1704, os interesses e objetos de pesquisa desse filósofo podem ser divididos em quatro campos:
Gnosiológico – produção de tratados sobre o a origem do conhecimento humano; é por meio deste que encontra-se no empirismo o fundamento de toda sua filosofia. Sua principal obra é o Ensaio Sobre o Intelecto Humano. Opõe-se aos pensadores Bacon e Hobbes em vários aspectos, inclusive na própria teoria política.
Ético-político – campo de pesquisa e especulação de onde gera sua obra Dois Tratados Sobre o Governo, em que temos sua defesa do contrato social.
Religioso- Nas palavras do filósofo: “está claro para mim que temos um conhecimento da existência de Deus que é mais certo do que qualquer outra coisa que os nossos sentidos nos tenham imediatamente manifestado”.
Pedagógico- desenvolveu em Pensamentos Sobre Educação, de forma brilhante, a formação do gentleman, termo inglês usado para identificar o cavalheiro, o sujeito de educação refinada Dentre os muitos aspectos revolucionáriosde toda a produção de Locke, a igualdade entre os homens talvez tenha sido o ponto mais polêmico, além de sintetizar aspectos éticos, políticos e econômicos, os argumentos gerados são capazes de destituir privilégios da nobreza, demonstrando que o poder em torno do trono ou da coroa é constituído de valores passageiros e imperfeitos, sendo de origem humana e não sagrada, podendo por isso ser questionado.
 John Locke acreditava que os homens nasciam com a consciência vazia como uma folha de papel em branco, uma tábula rasa. Para ele, todo conhecimento teria sua origem na experiência sensível ou empírica, isto é, naquela proporcionada pelos cinco sentidos. O empirismo de Locke revoluciona o cenário setecentista pelo seu radicalismo ao determinar que o conhecimento somente é possível pelos sentidos, Tal postura crítica colocava em xeque os privilégios da monarquia que fundamentava a dinastia pela sacralidade de sua linhagem genética ou pela sua genética sagrada.
A gnosiologia lockiana, sua teoria que visava explicar como as pessoas conhecem as coisas, é a porta de entrada para a igualdade entre os homens e a tudo o que isso pode impactar. Todos nascemos iguais e assim, permanecemos até nossa morte.
Da mesma maneira que Locke defende a igualdade essencial entre os homens, percebe que a diferença pode ser entendida e explicada racionalmente pela natureza: existem fortes e fracos.
Somos todos iguais e livres! Porém, a sociedade não pode se constituir com base na espontaneidade absoluta das vontades dos indivíduos, apesar de livres e autônomos; seria extremamente caótico e marcaria o fim da sociedade se as “vontades” individuais se sobrepusessem umas às outras infinitamente.
Locke distingue três tipos de lei: a primeira é a lei natural, considerada universal e comum a todos os indivíduos; a segunda é a “lei positiva”, de caráter particular. É convencional, porém, não menos importante, afinal, nasce a partir de necessidades locais, e a terceira, também universal, é a lei divina, a única, na visão de Locke, revelada a alguns sujeitos no decorrer da história.
Locke afirma que o Estado teria se formado pela necessidade da existência de uma instância reguladora que pudesse assegurar a observância e o cumprimento das leis, naturais, positivas ou divinas, a origem do Estado seria reflexo do contrato firmado eticamente entre indivíduos iguais e livres.
*Hobbes afirmava que o poder deveria estar centralizado nas mãos do Leviatã – o Estado personificado e vivo que se alimentaria dos indivíduos governados – Locke defendia a distribuição do poder e a manutenção da democracia.
A ética sustenta o consenso deste contrato. As relações econômicas eram fundamentadas e se estruturavam na igualdade e liberdade de cada indivíduo, na medida do possível, sem a intervenção estatal. 
A propriedade privada é um direito natural, fruto da capacidade individual de adquiri-la para sanar suas carências.
A descoberta da máquina a vapor, o grande feito do que se convencionou chamar de Revolução Industrial nos anos finais do século XVIII, incrementou as relações de base liberal-capitalista. O liberalismo passou a justificar as relações de exploração.
Locke=filósofo da tolerância, sempre se mostrou contrário ao autoritarismo e às punições corporais, Defendia os princípios da liberdade e da autonomia dos educandos.
Gentleman=homem perfeito, aquele que estaria formado para a sociedade desenvolvida e liberal.
Aulas deveriam ser simples e agradáveis. Locke valorizava os “ornamentos”, o aprendizado de balé, equitação, esgrima e oferecia especial atenção às “viagens culturais”. Jardinagem, carpintaria, trabalho com ferro. “É constante, no curriculum elaborado por Locke, o apelo à curiosidade e à atividade das crianças, bem como seu instinto de jogo”. Esse liberalismo lockiano, influenciou outra geração de pensadores e produziu tendências pedagógicas inovadoras que, foram chamadas de Escola Nova ou movimento escolanovista.
Adolphe Ferrière: nasceu e viveu em Genebra – Suíça (1879-1960), redator dos trinta pontos da Educação Nova europeia. A teoria de Ferrière pautou-se na crítica ao modelo de educação que se convencionou chamar de Escola Tradicional, mostrando a importância de se colocar o aluno no centro do processo. Sua obra, muito sólida, ainda apresenta os princípios e, o que ele denominou, de leis da Escola Nova. Ferrière caracteriza a Escola Tradicional como um lugar sem participação ou prazer, onde a “alegria é pecado”, com o professor em destaque, uma criação encabeçada pelo diabo. Com estas palavras, Ferrière proclama guerra à Escola Tradicional.
A Escola Nova está, pois, baseada na atividade pessoal da criança. Estreita associação possível do estudo intelectual com o desenho e os trabalhos manuais mais diversos.
O ensino está baseado em geral sobre os interesses espontâneos da criança; de quatro a seis anos, idade dos interesses disseminados ou idade do jogo; de sete a nove anos, idade dos interesses adstritos aos objetos imediatos; de dez a doze anos, idade dos interesses empíricos; dos dezesseis aos dezoito anos, idade dos interesses abstratos complexos, psicológicos, sociais e filosóficos.
Para Ferrière, o professor deverá “dominar a ciência da infância, professor deve ser um observador , ser provocador e condutor da espontaneidade das crianças, estar atento para descobrir e despertar o interesse infantil, “ser contido” e não se antecipar às necessidades e interesses das crianças. A criança-aluno é o centro da Escola Nova ou Escola Ativa de Ferrière e o professor deve se tornar um especialista no desenvolvimento infantil. a Escola Nova poderia ser expressa em três termos: ciência, verdade e fé. O autor não pensa “fé” no sentido religioso, mas como uma força de renovação, uma energia revolucionária, era fundamental acreditar no poder de mudança e renovação do mundo, que formaria indivíduos fortes e empreendedores, corajosos e virtuosos, capazes de alterar sistemas inteiros pela formação moral e intelectual. A Escola Ativa, na visão de Ferrière, deveria ser capaz de mudar a sociedade. Ferrière acredita que a criança é criativa por natureza e tem um potencial que precisa ser explorado. O escolanovismo de Ferrière apregoava que a criança assumisse autonomia consentida= quando a criança ainda está no processo de formação de hábitos, autonomia crescente=que se dá quando tal juízo é extensivo à sociedadesabilidades desde cedo.
princípios da Escola Ativa de Ferrière:
mudar a sociedade;
 preservá-la dos malefícios humanos;
 construir, por meio da escola, um “novo mundo”; 
espiritualizar as novas gerações;
 remediar os males sociais e morais.
*o movimento escolanovista teve uma versão norte-americana por meio do pensamento e atuação do educador John Dewey
Manteve, em relação à europeia, a compreensão de que a escola deve oferecer um conhecimento prático, de caráter utilitarista e que servisse para a construção da sociedade democrática. Entendia e defendia que a utopia gerava, normalmente, o ceticismo ou o fanatismo. Dewey não escondia sua postura radicalmente contrária ao totalitarismo, à ditadura em quaisquer formatos e versões. John Dewey (1859-1952) nasceu nos Estados Unidos, foi filósofo, professor, criou escolas e publicou diversas obras, Ele mesmo, optou em chamar sua filosofia de instrumentalismo, por conta de sua visão pragmática da vida, dos sujeitos e da sociedade como um todo e por afirmar que as ideias “são instrumentos para resolver os problemas e para enfrentar um mundo ameaçador e uma existência precária”. Para Dewey, somos seres de relação e a aprendizagem se dá quando acontece o encontro, a educação não ocorre no isolamento. Para ele, ao contrário dos positivistas, a educação não é uma preparação para a vida, mas a própria vida. Não é possível, separar vida de educação, Defendia uma dinâmica ou tendência pedagógica chamada de Progressiva ou Progressivista. o homem se educa “progressivamente”. Dewey defendeu a necessidade de uma Escola Ativa, a aprendizagem se daria na relação entre os educandos e educadores, O professor,na condição de mediador, despertar o interesse do aluno, a avaliação deve ser contínua. Para Dewey, a ideia de “aprender fazendo” é o coração da Escola Ativa, não há sentido, para ele, o investimento na memorização de quaisquer objetos que não tenham relação com a vida prática.
Iluminismo
Foi um movimento que envolveu filósofos, políticos, escritores, cientistas, reis, príncipes e seus conselheiros, suficientemente forte, sólido, a ponto de estabelecer novo paradigma para o mundo ocidental tendo a razão como luz do mundo. O modelo exigia o reconhecimento da autoridade à luz das leis que garantiam sua legitimidade, passou-se a acreditar que o ser humano conseguiria evoluir, tornar- se melhor, desenvolver-se em todos os sentidos, sobretudo tecnologicamente, com vistas a facilitar sua própria vida no planeta se houvesse o empenho para aprimorar sua racionalidade.
O Iluminismo foi um movimento que nasceu na Europa durante o século XVIII, mais precisamente na França, e se espalhou por todo mundo ocidental. Caracterizou- se pela primazia da razão em detrimento à religião, às crendices e às superstições. A partir do Iluminismo, os laços entre Estado e educação, mesmo que paulatinamente, tornaram-se cada vez mais estreitos, até a tão sonhada universalização do acesso aos bancos escolares e permanência neles. Era muito claro que, pela razão, o homem dominaria a terra e seria senhor de si mesmo e de sua história. O ideário iluminista proporcionou ao homem a passagem da minoridade à maioridade intelectual, da dependência à autonomia, das trevas à luz. Cada indivíduo seria capaz de decidir sobre o status de sua própria fé, acreditar ou não em Deus e nos dogmas da Igreja, passando a ser uma escolha e não uma condição existencial. A partir do Iluminismo, Deus, fé e religião passaram a ser elementos distintos que podem ou não ser complementares.
Foi no século XVIII que aconteceram a Revolução Industrial, Independência dos Estados Unidos, Revolução Francesa, movimento enciclopedista e, é claro, o Iluminismo. Era a burguesia que estava em evidência, mais do que a nobreza. Para os iluministas, a educação como instrumento de “formação intelectual e moral” dar-se-ia por meio da enciclopédia. O movimento enciclopedista estimulou o homem moderno a pensar que conseguiria tudo se estivesse devidamente iluminado pela razão.
O ideário iluminista se estendeu às colônias ou países recém-independentes das Américas, inclusive o Brasil, a partir dos anos iniciais do século XIX. Mesmo sendo anterior ao liberalismo, o Iluminismo, foi marcante, sobretudo, no que se refere à capacidade do homem em ter autonomia sobre sua própria história. 
La Chalotais: delineou um modelo de educação que ia ao encontro do espírito burguês, Este modelo visava à formação do cidadão numa perspectiva utilitária à sociedade e ao Estado, Sua crítica referia-se à doutrina cristã que não correspondiam ao desenvolvimento esperado da educação, que deveria ser útil à sociedade e ao Estado. Foi La Chalotais que apresentou um programa moderno e inovador, o qual continha o estudo de Ciência, História e Língua moderna, além de elaborar os princípios da educação nacional.
Denis Diderot (1713-1784) e Jean D’Alembert (1717-1783) mantiveram e reforçaram a ideia de uma educação útil à sociedade e ao Estado. ambos estavam empenhados na dinâmica enciclopedista, defendiam que a escola deveria oferecer uma formação intelectual, de cultura geral, com base no conhecimento universal condensado na enciclopédia. A educação deveria, ser organizada de modo a atender aos critérios higiênicos.
Voltaire (1694-1778): foi um dos primeiros iluministas a criticar e a se posicionar contrário à educação dos jesuítas e à cultura religiosa. Todo indivíduo deveria ser formado para a vida na cidade, no entendimento sobre seus direitos e deveres, para o cumprimento das leis, reconhecimento da autoridade, cidadão, dotado de igualdade e liberdade. Acreditava, no poder da razão para iluminar os passos do homem na Terra e que, por intermédio dela, a humanidade conseguiria evoluir em todos os sentidos.
Étienne Bonnot de Condillac (1715-1780): foi, um dos criadores e divulgadores do sensacionismo por meio da sua obra Tratado das Sensações. Afirmava que o sistema de educação francês deveria oferecer uma formação de base sensacionista. Condillac afirmava que as ideias seriam formadas com base nas sensações, sendo, um empirista radical, todo conhecimento humano nasce da experiência sensível, ou das experiências, cuja porta de entrada na consciência são os cinco sentidos (tato, visão, olfato, audição, paladar), cabendo à razão a formulação dos conceitos. A educação deveria ser delineada do simples para o complexo.
O Regulamento Escolar de 1763 já prescrevia a obrigatoriedade da educação básica para crianças de 5 a 14 anos.
Johann Bernhard Basedow (1723-1790): idealizou um sistema de educação que atingiu escolas em todos os níveis além das técnicas e profissionais e o Filantrópino. 
A pedagogia iluminista na Itália pode ser caracterizada e sintetizada em três pontos:
A educação deveria ser pública e laica visando ao engajamento civil
Adequação do curriculum, ou seja, do conjunto de disciplinas que compõem determinado curso, nível ou segmento educacional às exigências da ciência moderna e sociedade burguesa.
Implantação e fortalecimento do princípio da utilidade da cultura como contraponto à tradição retóricoliterária, àquela voltada à poesia, literatura e debates distantes da realidade, o que se opera como crítica aos colégios jesuítas.
Antonio Genovesi (1713-1769): defensor do critério igualdade natural entre os homens, defendia a urgente valorização da educação. Para ele, “os homens são ‘aquilo que se tornam por educação’” acreditava que fosse imprescindível a criação da escola elementar gratuita a fim de que todos tivessem acesso a esse nível inicial e básico de educação; a escola secundária, não necessariamente gratuita, ofereceria estudos da área da Matemática e da Física.
Gaetano Filangieri: defendia um modelo de educação “pública, universal, mas não uniforme” acreditava que cada classe social – produtiva e improdutiva – deveria ter uma orientação educacional específica. Em ambos os casos, a formação moral deveria ser extremamente rigorosa, a ausência de moral pode levar a sociedade ao caos. Filangieri já demonstrava preocupações com o que atualmente chamamos de corrupção.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): esteve diretamente vinculado ao Iluminismo francês. fez parte do movimento enciclopedista, em que escreveu sobre música, política e economia. Fundamentou sua filosofia na concepção do “homem naturalmente bom e puro”. Para ele seria função do Estado a difusão de um modelo de educação que mantivesse ou que recuperasse a pureza e bondade originárias do homem por meio de um processo de renaturalização.
O Contrato Social
publicado em 1762, foi uma das obras condenadas pelas autoridades civis e eclesiásticas de Paris e de Genebra (esta última sua cidade natal). É preciso admitir que o homem, anterior a sua condição social, viveu completamente em estado de natureza; este homem é naturalmente bom, livre, sem malícias, ambições, preconceitos, invejas, pecado, possuidor de uma existência física e amoral. Por conta da busca constante pelo bem-estar, isto é, pelo processo de aquisição e acumulação de elementos e produtos que pudessem satisfazer suas necessidades pessoais, foi corrompendo seu coração, na medida em que se abria ao processo de constituição da propriedade privada, passando a ter preocupações com a aparência, espaço e reconhecimento da sociedade (status) e poder. Jamais o homem voltará à pureza originária. É neste momento que emerge a necessidade do contrato social. 
O contrato social para Rousseau é um acordo entre indivíduos para se criar uma sociedade, e só então um Estado, isto é, o contrato é um pacto de associação.
Emílio: o tratado sobre educação
Emílio é o tratado de educação de Jean-Jacques Rousseau. Foi publicada em 1763, um ano após O Contrato Social, pode ter sido fruto das reflexõesdo autor sobre a importância e utilidade da educação para a manutenção da vida social. Uma vez que a sociedade é capaz de corromper a bondade original, faz-se necessário a otimização de um processo educacional que sintetizasse “vida natural” e “vida social”. Rousseau combateu a ideia de que a criança era naturalmente voltada para o mal e de que era um adulto incompleto.
As contribuições da pedagogia de Rousseau para a educação e toda sociedade podem ser sintetizadas em três pontos: “A descoberta da infância como idade autônoma e dotada de características e finalidade específicas; o elo entre motivação e aprendizagem; a atenção dedicada à antinomia entre liberdade e autoridade”.
Experiências pedagógicas: métodos monitorial e intuitivo
No Brasil chegaram em períodos distintos, mas por interesses semelhantes. A difusão da educação escolar: o monitorial por intermédio de Dom João VI e o intuitivo, durante o governo de D. Pedro II, O trabalho com órfãos e a educação das crianças abandonadas são pontos comuns entre os idealizadores desses métodos. A ausência de profissionais especializados foi a principal justificativa para a utilização do método, além da necessidade de se manter a disciplina e controle.
André Bell (1753-1832): dirigiu um orfanato, Os melhores alunos ao se tornarem monitores, escolhidos pelo educador, transmitiam aos demais o que aprenderam com o mestre.
Joseph Lancaster (1778-1838): Criou uma escola mista para pobres em Londres, onde atendia a 800 meninos e a 300 meninas no ano de 1798, Dividiu a escola em várias classes, colocando um monitor em cada turma. Desta forma defendia que um professor poderia instruir até mil alunos.
O método monitorial, ou mútuo, tinha uma dinâmica aparentemente simples: os alunos eram divididos pelo professor, que ficava em destaque e se relacionava com a turma por meio do monitor geral, Iniciavam escrevendo o alfabeto sobre a areia, sílabas na ardósia, até lerem corretamente. O aluno poderia pertencer a várias classes ao mesmo tempo, de acordo com seu aproveitamento. A disciplina, somada à vigilância e ao controle, e estes, associados ao espaço adequado e ao material apropriado, eram ingredientes para o sucesso do método.
Johann Heinrich Pestalozzi (1746- 1827): sempre demonstrou preocupação com o crescente número de órfãos e crianças abandonadas. por conta disso que fundou um orfanato e, posteriormente, uma escola nos quais, durante vinte anos, pôs em prática suas teorias por meio da aplicação do método intuitivo. Argumentava que o educando aprendia pela prática, mas também, pela observação, o que demandava a utilização natural dos sentidos, defendia a individualidade da criança e a possibilidade do seu desenvolvimento integral.
A difusão do método intuitivo se deu, principalmente, por meio das exposições internacionais e conferências de educação que aconteceram em vários países, inclusive no Brasil.
No entanto, diversos foram os obstáculos que inviabilizaram a utilização deste método(monitoral) no Brasil: 
inexistência de prédios escolares adequados;
 escassez de material didático necessário; 
ausência de escolas formadoras para os novos mestres;
 falta de proteção dos poderes públicos, inclusive para o pagamento dos professores.
O ensino monitorial foi substituído pelo método simultâneo a partir do ano de 1854, por meio da Reforma Couto Ferraz. Este método é o que mais se aproxima da escola que conhecemos com aulas expositivas centradas no professor. 
Pag 63 a 116
Positivismo
As versões sobre a confecção de nossa bandeira convergem para o positivismo, A nossa bandeira foi elaborada pelos positivistas Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemos, com o desenho de Décio Villares e a frase “Ordem e Progresso”, proposta por Benjamin Constant Botelho Magalhães, uma adaptação do lema positivista: “amor como princípio, ordem como base, progresso como meta”.
De origem francesa, o positivismo, no início do século XIX, foi apropriado de maneira particular nas versões inglesa, alemã e italiana, estando de acordo com interesses e condições sócio-históricas de cada uma dessas culturas. as diversas apropriações da teoria positivista não nos impedem de identificarmos os elementos que garantiram sua unidade em meio à multiplicidade cultural. São eles:
O primado da ciência e de seu método, sobretudo o das ciências naturais, pois conhecemos somente o que pode ser comprovado;
A identificação das leis causais e seus domínios sobre os fatos, próprias das ciências naturais vale, também, para o estudo da sociedade; 
A sociologia positivista é concebida como ciência dos fatos naturais, ou seja, das relações humanas na sociedade;
A ciência é o único instrumento para produzir conhecimento e resolver os problemas da humanidade;
O pensamento positivista é naturalmente otimista e acredita no progresso como consequência do trabalho humano;
O otimismo positivista adquire um caráter messiânico;
O positivismo guarda estreita relação com o iluminismo por conta de conceber a cultura como laica e puramente humana, a fé na razão científica;
Há uma crença generalizada na estabilidade e crescimento da ciência;
A ciência positivista combate as concepções metafísicas da realidade.
Herbert Spencer (1820-1903). admirador do evolucionista Charles Darwin, aplicou o darwinismo, de fundamento e implicações biológicas extensivas às questões de adaptação às mudanças geológicas, climáticas e ecológicas como um todo, para as dinâmicas sociais valorizando a concorrência e a consequente vitória dos mais fortes. Esta corrente ficou conhecida como darwinismo social.
Auguste Comte: tido como o “pai da sociologia e do positivismo” Uma de suas principais obras é o Curso de Filosofia Positiva, em seis volumes, publicados a partir de 1830.” foi a partir do contato direto com o filósofo Saint-Simon, que Comte começou a aproximar os conceitos de “amor”, “ordem” e “progresso”, os quais, segundo ele, se devidamente combinados e ligados por processos promissores, conduziriam a humanidade a resultados positivos.
Comte defendia, basicamente, que a humanidade caminhava para o progresso, desde que houvesse esforços para a manutenção dos processos positivos, mesmo que dependesse de diversos fatores. 
Dentre os conceitos básicos do positivismo encontramos a Lei dos três estados: Os três estados ou estágios de se conceber a realidade seriam: mítico ou teológico; filosófico ou metafísico; científico ou positivo.
Ao estágio teológico, corresponde a supremacia do poder militar (é o caso do feudalismo); ao estágio metafísico, corresponde a resolução (que começa com a Reforma Protestante e termina com a Revolução Francesa); ao estágio positivo, corresponde a sociedade industrial.
O primeiro estágio, considerado o mais baixo, é o mítico ou teológico. Esse estado possui diferentes fases: fetichismo, politeísmo e monoteísmo. 
O fetichismo era considerado o nível mais primitivo, porque neste as pessoas viviam um modelo tribal de organização social, quase totalmente desprovido de racionalidade, no qual a divinização da natureza era o que justificava sua própria existência.
sociedades politeístas = eram aquelas que admitiam a existência de vários deuses e apresentavam avanços significativos em relação ao primeiro nível.
sociedades monoteístas= tinham em sua base religiões que pregavam a existência de um só deus.
O segundo estágio é o filosófico ou metafísico, Trata-se da transição do mito à razão por conta da insatisfação do homem grego (ou de qualquer outro) com as explicações mágicas sobre as questões que afligem toda humanidade, “quem sou, de onde vim, para onde vou, o que faço aqui”. Pela filosofia há a criação de argumentos que constroem e asseguram a fé, bem como, no sentido inverso, vozes convictas que se levantaram contrárias à existência de Deus, deuses, divindades ou seres sobrenaturais, ou até mesmo, quaisquer entidades transcendentais.
o Científico ou Positivo, É somente no estágio positivo que o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter conhecimentos absolutos, renuncia a perguntar-se qual é a sua origem, qualo destino do universo e quais as causas íntimas dos fenômenos para procurar somente descobrir, com o uso bem combinado do raciocínio e da observação, as suas leis efetivas, isto é, as suas relações invariáveis de sucessão e de semelhança.
Os positivistas entendem a sociedade como um organismo vivo, se cada um desempenhasse bem seu papel na sociedade, haveria um movimento em que as ações dos indivíduos se complementariam de modo a caminharmos todos para o progresso. Podemos dizer que a desigualdade social tem uma função positiva. É necessário que haja sapateiros, motoristas, metalúrgicos, médicos, arquitetos, indivíduos responsáveis pela limpeza das vias públicas, todos com a mesma dignidade. 
Dois outros conceitos nos ajudam a entender a sociedade como organismo vivo: estática social e dinâmica social.
A estática social significa a distribuição de cada sujeito na sociedade, de acordo com as necessidades desta e as habilidades de cada um.
A dinâmica social, trata do progresso, o movimento positivo; assim, só é positiva a dinâmica se a estática assim o for. “a estática social indaga sobre as condições da Ordem: a dinâmica estuda as leis do Progresso”.
Na maioria das vezes, o positivismo é contra o liberalismo, O positivismo, ao perceber que a liberdade individual defendida pelo liberalismo, poderia sobrepor o bem comum, veria ferida a estática social. Posiciona-se, também, contrário à monarquia, pois compreende o risco do monarca se transformar num tirano e obter privilégios que venham a contrariar a dinâmica social, logo o progresso, apesar de admitir a necessidade de um ditador forte que conseguisse eliminar o egoísmo originário de cada um. a concepção positivista afirmava que temos o direito de ter deveres e é nosso dever cumpri-los. As relações sociais são fundamentas no dever, eliminando o conceito de direito em si mesmo. Todos devem zelar pela moral e contribuir para o bom andamento da política.
altruísmo =(amor ao próximo)
A educação, para os positivistas, ocupa lugar privilegiado no organismo social, Levando o indivíduo a entender seu papel na sociedade, Os positivistas defendiam a confecção de uma pedagogia científica aliada à fisiologia e à sociologia, a educação deveria ser direito do cidadão e dever das sociedades modernas.
Ensino da primeira e segunda infância – seria responsabilidade das mães o ensino de uma educação estética.
Ensino da adolescência- teria o objetivo de oferecer uma formação filosófica e dar continuidade à formação moral do nível anterior. Os adolescentes teriam contato com Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia entre outras. É fundamental que, nesta idade, o jovem tenha conhecimento sobre o mundo, a sociedade e o homem. A transmissão desse conhecimento seria responsabilidade do poder espiritual ou de líderes da Religião da Humanidade – a religião positivista, racionalista por excelência. Este é um dentre os vários pontos de conflito entre as concepções positivistas e a Igreja Católica.
Ensino profissional – este ensino não estaria nas mãos das escolas profissionalizantes, pois acreditava-se que eram desvinculadas da realidade; deveriam se consolidar na prática efetiva e cotidiana, no exercício das diversas funções, em contato direto com as experiências dentro da própria sociedade em que cada sujeito vive.
A formação de profissionais não poderia desequilibrar ou ferir a harmonia do organismo social. Se houvesse excesso de profissionais numa área em detrimento de outra, o desequilíbrio social poderia ser visto, tanto pelo desemprego, uma vez que o mercado não conseguiria assimilar a todos, como pela dificuldade de desenvolvimento, pela falta de mão de obra qualificada. Quanto mais desemprego, menos a roda do mercado vai girar, num ciclo vicioso. A desigualdade social é positiva e natural e, por isso, era preciso que se formassem profissionais que ocupassem todas as funções investigadas na estática social. Segundo a teoria positivista nem todos teriam o mesmo interesse e, mesmo que tivessem, não eram dotados da mesma capacidade para atingir os níveis mais altos da intelectualidade, havendo o equilíbrio entre os que pensam e os que fazem.
Auguste Comte depositava na ciência a esperança de tirar a humanidade da crise que, segundo ele, há muito tempo estava mergulhada. Comte não admitia reduzir a ciência aos problemas práticos por perceber a importância de sua natureza teórica. Somente as ciências positivas são hierarquizadas.
Cosmologia é o nome dado às primeiras investigações filosóficas sobre a origem, ordem e harmonia do universo.
Ontologia é o estudo do “ser enquanto ser”, da abstração mais profunda que a mente humana tenta atingir, aquilo que está para além da física (metafísica).
Émile Durkheim: Foi durante o século XIX, que nasceu o estatuto epistemológico da educação, A sociologia da educação é uma ciência que privilegia o fenômeno educativo. Émile Durkheim (1855-1917) foi um sociólogo francês que acompanhou, em parte, as reflexões de Augusto Comte, o “pai do positivismo”. Apesar de perceber que a sociedade exerce determinada força sobre o indivíduo, não admite que a Sociologia fosse uma física social e que seu papel seria especificar leis para a estática e dinâmica social, ou seja, descrever e evidenciar teorias explicativas, tanto na colocação e posição de cada indivíduo na sociedade (estática) como nas suas relações e interposições (dinâmica). Sua vida profissional foi voltada ao magistério sendo professor de Sociologia.
O conceito de educação: Para Durkheim, o fenômeno educativo, independentemente de estar amarrado à disciplina escolar ou de apresentar-se de forma difusa no cotidiano, demanda inspiração e habilidade, além de técnica para que se efetive o processo de ensino e aprendizagem. Por este viés a educação é arte. Mas também, é ciência como teoria prática.
A educação é de fato, uma “ação exercida pelas gerações adultas sobre as que não estão ainda maduras para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que a ela são solicitados tanto pela sociedade política em seu conjunto quanto pelo ambiente particular ao qual é destinada de modo específico.
A educação é imposição do adulto sobre as crianças e jovens. Durkheim afirma que as gerações mais jovens ainda não estão preparadas para viver numa sociedade que já existia ao nascerem. Durkheim, também, como sociólogo, pensou numa sociedade real composta pela sociedade política, ou seja, o Estado como um todo, com a função de impor leis e deveres aos indivíduos e garantir-lhes seus direitos. A educação deve garantir que tais leis e deveres sejam assimilados por todos, de modo que as cumpramos, mesmo nos ambientes particulares. Não concebe a escola como espaço de mudança, mas de manutenção da ordem, além de apresentar uma função reprodutora por promover a distribuição dos indivíduos na sociedade de acordo com a função de cada um, com potencial redentor, instituição capaz de salvar a sociedade de suas mazelas. É a educação, segundo ele, que garante a harmonia entre as gerações adultas e maduras e as outras que ainda não estão preparadas para a vida social. Por fim, a formação profissionalizante, assistida por um profissional, reforça a moralidade responsável pela “ética do dever”. Nosso sociólogo afirmava que todos nós somos dotados de um ser individual e um ser social. A escola trabalharia diretamente na formação do ser social e indiretamente na do ser individual.
O ser individual diz respeito a cada um de nós; nossos pensamentos, sonhos, projetos, desejos etc. Ou seja, a escola, ao trabalhar o ser social, vai moldando o ser individual. Sendo assim, os gostos, sonhos e desejos vão se alterando de acordo com o amadurecimento proporcionado no ambiente escolar.
ser social, É tudo que expressa em nós os grupos de que fazemos parte, a sociedade em que vivemos, a cultura que partilhamos. A escola prepara o indivíduo para sociedade, para cumprir as leis, para a socialização propriamente dita. A formação do ser social atinge as formasde pensar e agir de cada um. 
fatos sociais: conforme o conceito de Durkheim, exteriores aos indivíduos, ou seja, não dizem respeito a nossa vontade ou inclinações, desejos ou angústias, apenas são “assim” e pronto. O autor percebeu que somos pressionados, pelo poder de coerção do fato, a agir da maneira que a sociedade espera que se aja. A escola é um fato social porque impõe comportamentos, hábitos e costumes, respeito à hierarquia, normas e leis, ritmos sociais.
Foi a fundação da Sociedade Positivista no Rio de Janeiro, em 1876, que marcou a opção ideológica de alguns intelectuais como Antônio Carlos de Oliveira Guimarães, Benjamin Constant, Teixeira Mendes e Miguel Lemos, além da divulgação formal das ideias de Auguste Comte por meio dos cursos científicos que promovia. É este mesmo grupo que, pouco tempo depois, criou o Apostolado positivista e edificou a primeira Igreja positivista no Brasil, que sediou a Religião da Humanidade em nosso país, o braço místico do positivismo comtiano.
Ora os positivistas se aproximavam dos liberais e abolicionistas ora se afastavam, como podemos ver em duas teses que dizem respeito à área da educação.
• “Resistência à obrigatoriedade do ensino”: por motivos diferentes, liberais e positivistas não concordavam com a obrigatoriedade da educação resultando na sua desobrigação presente na primeira Constituição Federal Republicana de 1891; pois, para os positivistas, a “resistência” se referia ao valor dado à educação, oferecida pela família durante a primeira infância, sendo que para os liberais, era a crença de que quaisquer imposições poderiam ferir a liberdade do indivíduo. 
• “Liberdade de ensino”: Para os positivistas, por conta da valorização da família, a “liberdade de ensino” representava o evidente conflito, primeiro com o Estado, motivo de crítica dos liberais que defendiam a escola pública mantida pelo Estado, e com a Igreja Católica, o que, nesse caso, era um ponto comum com os liberais, que defendiam a laicidade na educação. 
Seus ideais tiveram maior penetração nas escolas não confessionais, principalmente as de organização militar. O Positivismo teve significativa predominância no Rio de Janeiro, com sistemática presença nos espaços militares de formação e um grande número de professores que defendiam seus ideais. O Positivismo se manteve influente mais no Rio de Janeiro do que em São Paulo. Este último sempre se inclinou para o liberalismo. O positivismo no Brasil se deu por mais de meio século, principalmente a partir da fundação da Sociedade Positivista em 1876 e consequente criação da Igreja da Religião da Humanidade. O sucesso da publicidade positivista se deu pelo Apostolado Positivista, pelas estreitas relações com os militares e engenheiros, pelo vínculo com clubes republicanos, mas, sobretudo, pela crença e empenho pessoal de alguns indivíduos que se destacaram na história brasileira pela carreira profissional e intervenção nas políticas públicas. Dentre eles está o militar Benjamin Constant.
O general de exército Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1838- 1891), apesar de sua infância pobre e orfandade precoce, estudou no Mosteiro de São Bento após ter tido acesso às primeiras letras com o vigário da localidade onde morava, entrando posteriormente na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, na qual também, foi professor. Teve promissora carreira no magistério e na política. Lecionou na Academia Militar de Engenharia, foi responsável pelo Ministério da Guerra e, mais tarde, pela Pasta da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, criada em 12 de abril de 1890 (anos iniciais do período republicano), além de responder pela direção do Instituto de Meninos Cegos, também no Rio de Janeiro. Benjamin Constant era positivista convicto. Esteve vinculado à Sociedade Positivista do Rio de Janeiro desde sua fundação, sendo membro também da Igreja da Religião da Humanidade e, fiel escudeiro do Apostolado Positivista. A ortodoxia do Apostolado impelia Benjamin a implementar e protagonizar reformas estruturais no Estado a partir da Pasta que respondia, o que iria desencadear verdadeira revolução no Governo Provisório e colocaria em xeque a existência da novíssima república brasileira. 
Este conflito ocasionou o afastamento de Benjamin Constant do Apostolado, mesmo mantendo suas convicções e demonstrando grande admiração pela obra de Auguste Comte. 
Reformas educacionais: foram três as reformas educacionais durante a Primeira República que marcaram a presença e influência positivista: Benjamin Constant (1890), Rivadávia Correia (1911) e Carlos Maximiliano (1915). O intuito dos idealizadores de tais reformas, responsáveis pela educação oficial e pública na época, era atingir toda a nação brasileira. Porém, por conta do estadualismo e descentralização, características peculiares do período, as reformas educacionais em pauta acabaram por atingir somente a capital do país e seus arredores, de modo que, no estado de São Paulo, por exemplo, as políticas educacionais foram balizadas pelo ideário iluminista e liberal, tendo pouco espaço para as reflexões positivistas. 
Na primeira reforma, Benjamin Constant em 1890, “introduziu os estudos científicos pretendendo conciliá-los com os literários” nos ensinos Primário e Secundário. A reforma de Rivadávia Correia foi mais incisiva ao garantir a liberdade de ensino, tese defendida pelos positivistas. “desoficializou totalmente o ensino concedendo-lhe plena autonomia didática e administrativa”, além de tirar das mãos do Governo Federal o direito de intervir nas contas dos institutos de educação, mantendo nas mãos do Estado a obrigação de custear o sistema público de educação. Essa reforma ia ao encontro de objetivos ainda mais radicais como a desqualificação do diploma como garantia de emprego. Segundo Tambara (2005, p. 177): “A questão do ensino deveria depender da iniciativa particular. O importante era que fosse universalizado, sem discriminação de forma alguma, o direito de estruturar estabelecimentos de ensino de maneira como melhor aprouvesse a cada um”. Carlos Maximiliano, que apesar de reoficializar o Ensino Secundário manteve a “seriação das disciplinas hauridas na classificação das ciências de Auguste Comte” que ia da Matemática à Sociologia. Porém, viu-se obrigado a exigir o diploma do Ensino Secundário para prosseguimento nos estudos em nível superior. 
Marxismo: socialismo, comunismo, esquerda, materialismo, revolução, ateísmo, sindicalismo etc. Todos esses termos foram assimilados e estão presentes ou subentendidos na teoria marxista, mas nenhum deles define ou sintetiza tal teoria. 
Utópico: refere-se aos pensadores franceses, Saint-Simon defendia que a história é regida pela lei do “progresso”, resultado de momentos de crise e de harmonia (períodos orgânicos e críticos). Fourier afirmava que a organização social deveria satisfazer as paixões humanas. Proudhon acreditava que a propriedade era sempre um furto, um roubo, uma vez que era fruto da exploração do trabalhador. O termo utópico considera que “utopia” é “o que ainda não existe em lugar nenhum, a proposta de nova sociedade era utopia, mas não um sonho”.
 O socialismo político ou real: foi aquele que existiu e deu sentido à criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922-1992) que, por sua vez, teve suas bases na Revolução Russa de 1917. Foi o socialismo aplicado, na maioria das vezes, de forma equivocada, pela ditadura extremista e cruel de Stalin que mandara matar cerca de 11 milhões de pessoas.
O socialismo científico. Este se refere e pode ser usado como sinônimo de marxismo, pois diz respeito ao conjunto de teorias elaborado por Karl Marx .Seus seguidores costumam ser divididos entre “marxianos”, aqueles que se utilizam de sua teoria original, independentemente do tempo e lugar a ser aplicada, e “marxistas”, autores que tem como a base de suas reflexões a teoria marxista, mas com a preocupação de atualizá-la à realidade analisada. 
Karl Marx: origens do marxismo
O marxismo é uma derivação do nome de Marx, o autor contou com colaboradorese, dentre eles, o maior, foi Friedrich Engels (1820-1895). O trabalho conjunto durou mais de três décadas sendo interrompido com a morte de Marx em 1883. Juntos escreveram A Ideologia Alemã e O Manifesto Comunista e, com a contribuição de Engels, Marx publicou O Capital. Trata-se de uma trilogia que condensa todos os fundamentos do socialismo/comunismo ou crítica da economia burguesa e liberal-capitalista. É preciso considerar que Marx e Engels viveram em plena Revolução Industrial, com o nascimento das fábricas, dos bairros operários nos subúrbios londrinos e desvalorização do campo. Visualizaram famílias inteiras sendo exploradas no interior das indústrias de propriedade dos burgueses e vivenciaram a concorrência que se instalara na sociedade em nome da liberdade e dos benefícios da propriedade privada. Testemunharam, na Inglaterra do século XIX, o fascínio pela máquina, paradigma de modernidade, a crença de que o homem tinha chegado ao ápice do domínio das forças naturais. Parecia que já não havia mais alternativa de vida, a não ser a aceitação do domínio daquela classe que consolidara seu processo de ascensão: a burguesia. Os socialistas utópicos, principalmente Proudhon, com o qual Marx teve alguma convivência, caracterizaram-se como uma das principais influências, do ponto de vista da crítica ao capitalismo industrial, para o nascimento do marxismo. Marx desnaturalizou a miséria, a exploração, a carência ultrapassando a crítica dos utópicos dando ares científicos às análises, às críticas e aos conceitos a respeito da sociedade em que vivia. Outra influência marcante na origem do marxismo foi a esquerda hegeliana. É preciso admitir que a esquerda hegeliana, pelo menos até 1843, foi um dos grupos intelectuais mais vivos e combativos da Europa. 
Um dos mais influentes pensadores de toda Alemanha foi Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), criador do que se convencionou chamar de idealismo alemão. Em linhas gerais, o filósofo afirmava que a realidade era o espírito, o pensamento e o sujeito. Por isso, seria um processo e automovimento. Segundo Hegel, todo momento é essencial para o outro, sendo determinação e determinante em que tudo se encerra no Espírito Absoluto que é Deus. Foi ele que afirmou que “tudo aquilo que é real é racional, tudo aquilo que é racional é real” Defensor da fé cristã, teve extensa obra de cunho teológico, além, é claro, de produções filosóficas pelas quais é mais conhecido. Explicava o movimento da realidade pela dialética: tese–antítese–síntese. Para todo positivo existe o negativo que gerará desse encontro outra realidade nem mais positiva e nem negativa. É o equilíbrio que se desequilibra e se equilibra novamente. Para todo “sim” existe o “não” e, ao contrário do que possa parecer, é desse encontro que há a evolução do espírito em direção à perfeição. 
Karl Marx nasceu na cidade de Tréveros, na Alemanha, em 1818 e faleceu em Londres no ano de 1881. juntamente com Engels foi o criador do marxismo. A década de 1840 foi bastante fecunda para o autor, que chegou a ser redator-chefe do jornal Gazeta Renana. Esteve vinculado aos grupos da esquerda hegeliana e apreciou as obras dos socialistas utópicos, mas aos poucos se distanciou de ambos na medida em que sua própria teoria foi tomando consistência. Karl Marx, de Francis Wheen, é uma das mais precisas dentre as biografias existentes. Empenhou-se em organizar o movimento operário inglês, fundando em 1864 na cidade de Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores, que durou quase uma década. As obras de Marx sempre foram extremamente conceituais e científicas. O autor teve o cuidado de organizar sua teoria a partir da realidade em que vivia, sendo assim, podemos afirmar que o marxismo é o vivido por Marx. Ao criticar Hegel e todo seu legado idealista, acusando-o de inverter a realidade, “tornando o sujeito predicado”, em Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, Marx afirma: “como não é a religião que cria o homem, mas o homem que cria a religião, da mesma forma não a constituição que cria o povo, mas o povo que cria a constituição”. Para Marx, a materialidade era o ponto de saída e de chegada. Afirmava que “as relações entre mercadorias” defendida pelos economistas liberais eram, na verdade, relações entre sujeitos, homens, trabalhadores, força de trabalho, exploração e, sobretudo, relações de poder. Nesta mesma linha, sem contradições, impôs sua clara oposição à religião que, segundo ele, é o “ópio do povo”, uma espécie de alucinógeno que impedia que a realidade fosse vista com clareza, dinâmica que estava em favor da burguesia dominante. Para Marx, sem revolução não há mudanças, há continuidade. 
Fundamentos do marxismo 
 O trabalho é a capacidade humana de transformar a natureza e a si mesmo. Por onde o homem passa deixa suas marcas humanas, mesmo que avaliemos essas marcas negativamente em diversas situações: poluição, desmatamento, guerras etc. Somente o homem humaniza seu lugar/espaço e a si mesmo. Na sociedade capitalista, cujos modos de produção se caracterizam pela divisão do trabalho, Marx denuncia a conformação do trabalho alienado ou da alienação. alienado significa “o que é do outro” logo, o operário que aperta parafusos sem ao menos refletir sobre o objetivo de um projeto que nem participou da elaboração, não é dono do produto, nada lhe pertence, e sua força de trabalho é revertida em salário, transformada também em mercadoria. Quanto mais produz, mais coisa se torna. Todo “bom capitalista” lucra com seu empregado. No trabalho alienado, o operário (proletário) pagará ao patrão (burguês) seu próprio salário, as despesas geradas na fábrica para trabalhar, o desgaste das ferramentas, a matéria-prima que usou e, ainda, acreditem, o lucro livre, com todas as despesas da produção pagas, que o patrão receberá, o que Marx chamou de mais-valia. Todos os empregados nas sociedades capitalistas trabalham, todos os meses, “de graça”, para gerar mais-valia ao patrão, ao empregador. Marx fala do homem real, do trabalhador real, do pobre real, do explorado e alienado. Outro importante conceito marxista é o de materialismo histórico. A sociedade capitalista é dividida em duas grandes classes sociais que estão na sua base, na estrutura econômica e em constante desacordo ou conflito: burguesia, caracterizada pela classe dos proprietários, dos donos das indústrias, das máquinas, das ferramentas, dos produtos, projetos, e o proletariado, a classe dos trabalhadores, daqueles que vendem sua força de trabalho. Marx percebeu que, se pela revolução, houver mudança na base econômica, na estrutura real da sociedade, outra superestrutura será edificada pelos novos condicionamentos dos novos modos de produção que se instalarão no lugar dos antigos. Não são os sonhos e os pensamentos que movem o mundo, é a matéria condicionada nas relações de poder entre burguesia e proletariado, até que tais relações se rompam por meio da revolução, pela luta de classes de forma consciente. Assim, a moral, a religião e a ideologia não têm vida própria, não existiriam sem sua base material e histórica ou de história material. Foram Marx e Engels que afirmaram: “As ideias dominantes de uma época foram sempre as ideias da classe dominante” Esse conjunto de ideias da burguesia, ou seja, da classe dominante, pode ser chamado de ideologia.
 A ideologia é o véu que encobre a realidade e impede que os sujeitos de determinada sociedade consigam ver com clareza a desigualdade social, a exploração que sofrem, a alienação concretizada na falta de condições materiais para resolver os problemas da educação, saúde, moradia, segurança e, sobretudo, a despolitização das consciências. Trata-se de um conjunto de ideias que indicam sonhos e mobilizam esforços individuais levando os sujeitos a acreditarem que seu fracasso é apenas seu, desvinculados da conjuntura sócio-histórica em que vive e de sua classe social de origem. São as mesmas ideias que dão sentido ao consumismo, às horas extras, à profissionalização e produz culpas ao miserável pela miséria, ao desempregadopelo desemprego, de modo a desconfigurar o que Marx chamou de materialismo dialético. Marx sustenta que a dialética é a lei do desenvolvimento da realidade histórica e que essa lei expressa a inevitabilidade da passagem da sociedade capitalista para a sociedade comunista, com consequente fim da exploração e da alienação. O movimento material da história não poderia ser por meio das predeterminações ou imposições ideais: a moral não é autônoma, a religião também não é, nem as ideias, nem a criatividade, as formas de justiça, política ou educação.
A concepção marxista de educação está diretamente vinculada e presente, sem nenhuma inconsistência teórica, em várias de suas obras. No Manifesto Comunista Marx afirma que, uma vez feita a revolução e com o proletariado assumindo o poder, deveria ser garantida uma “Educação pública e gratuita de todas as crianças. Abolição do trabalho das crianças nas fábricas na sua forma atual. Unificação da instrução com. a produção material”. Seria um sistema de educação unificador, mantido pelo Estado, pois, segundo Marx, somente o Estado estaria desvencilhado dos vícios capitalistas ou burgueses, presentes na condição anterior à revolução que gerou a luta de classes. Uma vez instaurado o novo Estado proletário, a educação se daria enquanto sistema e não como experiências particulares de interesse privado. Deveria refletir os interesses universais da humanidade, sem interpretações de partido ou de classe.
A passagem do capitalismo ao comunismo não é equivalente à ideia de progresso dos socialistas utópicos, onde todos viveriam em perfeita harmonia sem as ambições capitalistas e, muito menos, dos positivistas, cujo progresso seria resultado da ordem social. É certo que sistema capitalista era o nível mais baixo das relações humanas que passaria pelo socialismo, no qual se justificaria a ditadura do proletariado que teria uma função pedagógica, chegando ao comunismo que revelaria a maturidade construída historicamente. Mas este processo não seria linear e não aconteceria se não fosse mediante a luta de classe e intervenção consciente do proletariado após a tomada do poder por meio da revolução, ou seja, da tomada do poder pelos trabalhadores e formação de um novo Estado. 
Os cinco pontos da pedagogia marxista são: 
1. Conjugação dialética entre educação e sociedade – a classe que governa impõe seus interesses e valores ligados à estrutura econômico-política. A rachadura na estrutura econômica capitalista seria alavanca para o novo modelo de superestrutura, uma vez que, pelo conceito de materialismo dialético, a transitoriedade e inconsistência da permanência permitem o “fazer histórico” dinâmico e processual.
 2. Vínculo entre educação e política – as práticas educativas devem recorrer à ação política, à práxis educativa.
3. Centralidade do trabalho na formação do homem – considera que o homem se humaniza pelo trabalho, este como práxis e como ação transformadora consciente, sem abismos e dicotomias, isto é, sem separar ou isolar a teoria da prática; assim, é completamente diferente a “educação para o trabalho” como proposta marxista e a “escola técnica ou profissionalizante” oriunda do liberalismo, de onde se espera uma educação para entrar no mercado de trabalho, servir à burguesia e reproduzir a desigualdade. 
4. Formação integral – o homem “multilateral”, livre das condições culturais de submissão e da alienação. além de afirmar sobre a importância das crianças dos nove aos dezessete anos de idade estarem devidamente divididas em três classes orientadas por um programa, em que houvesse instrução intelectual, física e tecnológica, inclusive a união entre o trabalho remunerado e instrução intelectual. Por instrução nós entendemos três coisas: primeira: instrução intelectual; Segunda: educação física, assim como é ministrada nas escolas de ginástica e pelos exercícios militares; Terceira: treinamento tecnológico, que transmita os fundamentos científicos gerais de todos os processos de produção e que contemporaneamente introduza a criança e o adolescente no uso prático e na capacidade de manusear os instrumentos elementares de todos os ofícios.
 5. Oposição ao espontaneísmo e naturalismo ingênuo – é a ênfase na disciplina e no esforço, na “conformação” que se trata, pela concepção marxista, do amadurecimento do sujeito que se percebe membro de uma sociedade, cujo objetivo e razão de sua existência é o bem comum. É o contrário da ideologia burguesa, cujo resultado é a alienação, a submissão e a cegueira diante dos mecanismos de exploração instituídos pela classe dominante.
A pedagogia marxista no século XX 
Muitos teóricos marxistas despontaram durante o século XX, sobretudo por conta da Revolução Russa de 1917 quando acontece a derrubada dos czares e a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922. O autor russo Vygotsky (1896-1934), ao defender que a educação é um processo social, sempre evidenciou a ideologia socialista em suas publicações. Outros expoentes da pedagogia marxista, também merecem nosso destaque: Clara Zetkin (1857-1933) que defendia a separação definitiva entre escola e igreja, melhorias econômicas aos professores etc.; o austríaco Max Adler (1873-1937), que não admitia a neutralidade na prática educativa que, por sua vez, deveria formar a criança para o comunismo; Rodolfo Mondolfo (1877-1976) que, na Itália, conseguiu enxergar as possibilidades de um ensino médio único e o controle da escola privada pelo Estado; Wladimir Lenin (1870-1924) que defendia a instrução politécnica e a estreita relação entre educação e política. 
A teoria pedagógica de Makarenko: Anton Semionovitch Makarenko (1888-1939) foi um educador ucraniano, pedagogo, que compilou suas obras após sua experiência como professor e diretor da Colônia Gorki, um instituto de órfãos de guerra. Makarenko escreveu Poema Pedagógico, O Ofício dos Pais e Bandeiras sobre as Torres que se tornaram acessíveis em diversos países e línguas por todo mundo. Makarenko concluiu que nenhuma pedagogia deve ser dogmática, pois é dialética, fazendo-se e refazendo-se em um processo aberto de avaliação e reavaliação. O autor defendia que não há verdades prontas, mas construídas de acordo com a materialidade disponível, com as relações e experiências. Durante o tempo que esteve à frente da colônia Gorki, viu-se na difícil tarefa de “reeducar” os meninos abandonados. Adotou como princípio educativo o “coletivo do trabalho” e do “ trabalho produtivo”. O “coletivo” é um “organismo social vivo”, colocado, ao mesmo tempo, como meio e fim da educação. É um “conjunto finalizado de indivíduos” ligados entre si “mediante a comum responsabilidade sobre o trabalho e a comum participação no trabalho coletivo. Somente através do “coletivo” é possível formar aqueles “homens novos”, engajados e socialistas, que são requeridos para a criação e o desenvolvimento da sociedade revolucionária. O conceito de trabalho produtivo não se refere a fábricas capitalistas, cuja divisão de trabalho aliena e coisifica o operário. Ao contrário, nasce da consciência coletiva, da percepção das formas pelas quais pode contribuir para o crescimento da sociedade como um todo. Não se trata de crescimentos individualizados, isolados, mas do bloco coletivo, forte e naturalmente produtivo pela consistência e interação harmônica entre os sujeitos que o compõem. Nas sociedades capitalistas, trabalhamos para o enriquecimento pessoal e, para tanto, contribuímos para o aumento da desigualdade social, pois sempre haverá perdedores. Pela proposta de Makarenko, o “trabalho produtivo” amplia o compromisso com a melhoria da sociedade como um todo. Por exemplo, um jovem capitalista estuda para melhorar seu currículo e se tornar mais competitivo, enquanto que, em uma perspectiva dos ideais da colônia, seu estudo teria valor se promovesse o bem comum, desenvolvendo uma vacina que combateria uma epidemia, ou nova metodologia para o ensino da tabuada. Makarenko valorizava a família e via o afeto como elemento imprescindível na educação. Porém, afamília também precisava passar por um processo educativo de modo a eliminar os vícios capitalistas e os egoísmos liberais. O “coletivo” de Makarenko deveria estar nas relações de qualquer natureza: intelectual, fabril, artesanal, artística etc. Por fim, é importante deixar claro que não se trata da diluição do sujeito em meio a um processo de massificação, mas do nascimento de uma nova consciência que consegue enxergar sua realização na totalidade, no trabalho coletivo.
A teoria pedagógica de Antonio Gramsci
 Antonio Gramsci (1891-1937), filósofo e educador italiano, foi um dos fundadores do Partido Comunista Italiano e em 1919 criou o periódico L’Ordine Nuovo (Ordem Nova). Trabalhou em Moscou e Viena. Perseguido pela política fascista de Benito Mussolini foi encarcerado em 1928, falecendo no hospital de uma prisão de Roma. Foi na cadeia, em meio à carência de toda espécie, nas mais desfavoráveis condições, que nasceram seus Cadernos do Cárcere. Mas, sua produção é ainda mais vasta: Cartas do Cárcere, Concepção Dialética da História, Os Intelectuais e a Organização da Cultura, Literatura e Vida Nacional, Poder, Política e Partido e diversas publicações em periódicos da época. A teoria de Gramsci oferece uma reflexão profunda sobre o modus vivendi da sociedade capitalista, ou seja, sobre a maneira em que as pessoas vivem dentro do capitalismo, e propõe a superação da consciência ingênua e religiosa pela filosófica ou crítica. pela concepção marxista, o fundamento do capitalismo está na exploração e dominação da burguesia sobre o proletariado e demais classes subalternas, cuja estrutura dessa sociedade é o conflito entre as classes. Gramsci, também estruturalista, admite a existência da superestrutura conforme Marx, mas fazendo sua própria leitura.
A superestrutura é dividida em sociedade civil e sociedade política que é o próprio Estado com seus mecanismos repressores e controladores como a polícia, as forças armadas e o poder judiciário. A sociedade civil é que merece, em se tratando de nossa análise sobre educação, maior atenção e cuidado. Configura-se como pré-estatal, uma vez que está antes do Estado e, ao mesmo tempo, prepara os membros que o compõem, sendo formada pela família, escola, igreja, arte e outras instâncias formadoras de cultura. Alguns esclarecimentos tornam-se necessários: a expressão “igreja” deve ser ampliada para “religião”; outro ponto é a “arte”, também de forma ampla, pode ser lida como o teatro, mas também como a imprensa de maneira geral ou o que chamaríamos hoje de mídia; A “escola”, além do prédio (e da diferença de “prédios escolares” de acordo com sua localização), deve ser lida como “sistema de educação” que delineia o currículo, o tempo escolar, metodologia, material didático entre outros. Este desenho estático de estrutura e superestrutura é dinamizado pela ideologia. O autor dá importância à ideologia ao concebê-la como representação das classes burguesa e proletária, diferenciando-se da perspectiva de Marx, que a via como um conjunto de ideias da classe dominante imposta às classes subalternas pelos diversos mecanismos controlados pela própria burguesia. Para Gramsci, a ideologia é o cimento que une a superestrutura à estrutura; é por ela que as pessoas aprendem a sustentar a base dos modos de produção capitalista. Nesse sentido, se aprendemos ser capitalistas na família, na escola, na Igreja e pelos aparelhos estatais, podemos, com a mesma intensidade, aprender os processos de negação desse modus vivendi. Daí a importância do intelectual orgânico neste processo, pois seria o sujeito que iria atuar na sociedade civil, com o objetivo de educar os indivíduos de todas as classes e promover a integração social, ou seja, o fim da desigualdade social, o que seria a morte do capitalismo. 
Na filosofia de Gramsci, o intelectual orgânico tem lugar privilegiado, uma vez que é categorizado como educador coletivo, capaz de liderar as classes subalternas elevando-as da condição de “massa” à condição de “povo”. É orgânico porque não se afasta, não perde o vínculo visceral com sua classe de origem, ao contrário dos intelectuais tradicionais que não estabelecem proximidades com nenhuma classe e, por isso, estão a serviço da dominação. Gramsci não admite o intelectual–educador–orgânico desprovido do compromisso com a transformação social, que é aquele sujeito que sai das classes subalternas e se eleva intelectualmente a ponto de enxergar com clareza os processos de dominação e volta às origens a fim de trabalhar na organização da cultura. Este trabalho de organização da cultura, ao contrário do que possa parecer, não trata da imposição de novos padrões, mas da superação do senso comum e bom senso, a fim de atingir a clareza da consciência filosófica. O senso comum na concepção de Gramsci é uma concepção de mundo que se encontra ainda em nível elementar, repleto de impressões religiosas/folclóricas e ingênuas, incapaz de desvendar a dominação e exploração, típicas da sociedade capitalista. O bom senso, para o mesmo autor, é o “núcleo sadio do senso comum”, ou seja, há o reconhecimento de que a visão de mundo originariamente popular não é totalmente alienada, pois existem elementos revolucionários implícitos. 
É função da escola, em diálogo com outras instâncias da sociedade civil, trabalhar na formação do intelectual orgânico e superação das concepções de mundo mais ingênuas. A escola enquanto sistema de educação é, para Gramsci, o espaço privilegiado de conscientização das massas; é o locus – termo que vem do latim e significa lugar de forma ampla, inclusive como espaço – de atuação do educador, mesmo que, enquanto intelectual orgânico, este não se limite aos sistemas de educação abrangendo toda sociedade civil. Gramsci percebe que é na escola que nascem e passam todos os sujeitos que compõem o Estado e a classe dominante. Daí a necessidade de ela ser única ou unitária; o consenso, tão precioso à conformação cultural perpassa à dinâmica escolar que se reveste de autoridade pré-estatal. 
De acordo com Gramsci, O advento da escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial não somente na escola, mas em toda vida social. O princípio unitário se refletirá, portanto, em todos os organismos de cultura, transformando-os e dando- -lhes um novo conteúdo. Uma vez entendida a educação como práxis social, é possível afirmar que é papel da escola inserir o sujeito em sua cultura, mas não mais a ingênua e folclórica respaldada pelo senso comum, mas aquela eminentemente crítica, capaz de trabalhar na formação dos intelectuais orgânicos. A ferramenta utilizada por educadores, dentro e fora da escola, seria a filosofia da práxis. A filosofia da práxis é um instrumento de transformação e controle da realidade. É o aparelho que possibilita a passagem do senso comum à consciência filosófica porque, na concepção gramsciana, contrapõe-se a todo saber positivista e empirista. Uma vez que concebe a realidade como um processo histórico-dialético, afirma que a mesma pode ser dirigida por homens mediante um projeto, filosoficamente confeccionado, criticamente avaliado pela dinâmica dessa práxis. Para Gramsci é “a atividade humana que interpreta e transforma o real, submetendo-o ao controle da ação e aos processos de racionalização que ela introduz” É por meio da filosofia da práxis que Gramsci se desprendeu do marxismo clássico. Arriscando-se no universo complexo da dialética materialista, propondo novas possibilidades para a efetivação da revolução. Para nosso filósofo, a formação da consciência já é revolucionária a ponto de possibilitar aos sujeitos, enquanto membros de uma classe, conseguirem estabelecer novos modelos de relação fundamentados na crítica dos processos reais e dos mecanismos de exploração, geradores da desigualdade social e dominação. pela teoria gramsciana, podemos afirmar que não há sociedade ideal, desvinculada do “chão da fábrica”, da pobreza da favela, da escola sem as mínimas condições de trabalho. A pobreza e a desigualdade socialsão criadas, pensadas e mantidas para sustentar o sistema, pois a distribuição igualitária de bens e serviços geraria, na visão dos capitalistas, uma carência de mão de obra nos serviços básicos, o que seria um caos. É por isso que, segundo Gramsci, a revolução não começaria na estrutura econômica, mas na superestrutura, pois é necessária uma revolução das mentalidades. Enquanto Gramsci retomou uma visão otimista da escola e da possibilidade de a revolução começar na sociedade civil, outros autores, sobretudo os franceses, apresentaram críticas contundentes em relação aos processos de dominação do capitalismo.
As teorias crítico-reprodutivistas
 É durante o Regime Militar, período entre os anos de 1964 a 1985, que se organiza a pós-graduação no Brasil, baseada na experiência norte-americana. Havia uma paradoxal preocupação com o desenvolvimento da pesquisa e formação de docentes, com o objetivo de se alavancar o ensino superior no país. E justamente em meio às mobilizações de protestos contrários ao Regime, seguidas de prisões de professores, sobretudo da área das humanidades, é que foram produzidos inúmeros trabalhos preocupados com a questão dos processos de dominação e sua reprodução.
 Dermeval Saviani (2011), por exemplo, destacou o trabalho de Betty Oliveira, em Política de Formação de Professores do Ensino Superior, de 1972 a 1978, que apresentava os resultados equivocados desse processo de formação, uma vez que se formavam professores “agentes dos interesses dominantes” e, por outro lado, “conscientes da situação” e, por isso, acabam por demonstrar uma “postura crítico-reflexiva”. Foi em meio a essa dinâmica acadêmica, oriunda da pós-graduação, que se constituiu uma tendência crítica uma vez que se demonstrava engajamento e compromisso, coragem e ousadia paralelamente à tendência tecnicista, predominante na época. A esse grupo de pesquisas geradas nesse turbilhão de contradições chamou-se de crítico-reprodutivistas. Trata-se de uma tendência crítica porque as teorias que a integram postulam não ser possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais. [...] mas é reprodutivista porque suas análises chegam invariavelmente à conclusão que a função básica da educação é reproduzir as condições sociais vigentes. 
Bourdieu e Passeron: A reprodução Com base na obra 
A Reprodução os autores Bourdieu e Passeron produziram a teoria da escola enquanto violência simbólica. Os autores focalizaram o trabalho, a educação formal, institucional e escolar; não sendo objeto de seus estudos as outras formas de educação em espaços não escolares. Os autores mantêm o conceito marxista embutido na afirmação de que as ideias dominantes são as ideias da classe dominante, para sustentarem que a ação pedagógica consiste em um processo de imposição arbitrária, por isso, é entendida como violência. É pertencente aos códigos culturais, por isso simbólica e da classe dominante. O trabalho pedagógico (TP) é necessário, pois não se trata de golpes intermitentes, mas de um processo contínuo em que a presença da autoridade pedagógica é imprescindível. “O TP que se institucionaliza no Sistema de Ensino (SE) como Trabalho Escolar (TE), ao reproduzir a cultura dominante, contribui para reproduzir a estrutura das relações de força sociais”. A perspectiva reprodutivista fica evidente na medida em que não são apresentadas brechas no sistema. A diferença material entre as escolas que servem às classes mais abastadas, em relação àquelas de comunidades periféricas, não são evidenciadas, sendo todas colocadas e classificadas como “escolas oficiais” que, por sua vez, mostra-se articulado e resistente. É como se houvesse uma rede conspiratória que de forma uníssona trabalha incessantemente na alienação construída pela ininterrupta inculcação ideológica. Sendo assim, o jovem que terminou seu ensino médio em uma escola de periferia tem um diploma com o mesmo valor daquele de outra escola central e bem estruturada, mascarando as diferenças reais de conhecimento que irá se transformar em oportunidades de inserção no mercado de trabalho. 
Louis Althusser: escola como aparelho ideológico do Estado
 Ao analisar a estrutura do Estado Moderno, principalmente o francês, com o objetivo de entender as relações de poder, dominação, vigilância e controle vigentes nas sociedades capitalistas, percebe-se que é constituído e trabalha a favor da classe dominante, por meio de diversos mecanismos que se configuram como aparelhos. Tais aparelhos são verdadeiros instrumentos de controle e poder estatal que podem ser divididos em aparelhos repressores, quando se utilizam de força e coerção física para efetivar seu empreendimento, e aparelhos ideológicos, que lançam mão de outras ferramentas para o controle das mentes. Entre os aparelhos ideológicos está a instituição escolar. Trata-se, na direção de Bourdieu, de um sistema de educação mantido e devidamente vigiado pelo Estado, a fim de que tudo o que for distribuído aos membros de determinada sociedade, reforce e mantenha a dominação. Em outras palavras o Estado se utiliza da escola, enquanto sistema, para imprimir seus interesses de forma generalizada e eficiente, no tocante à vigilância e controle de toda população. 
Baudelot e Establet: teoria da escola dualista
Com base nos estudos apresentados em L’école capitaliste em France, os autores afirmam que “a função precípua da escola é a inculcação da ideologia burguesa”. Trata-se de uma visão pessimista em relação à autonomia da escola. Em outras palavras, os autores não acreditam que a escola, na condição de instituição social, controlada pelo Estado, sendo este composto, basicamente, por indivíduos oriundos da elite, tenha forças para difundir outras ideias e interesses a não ser a da burguesia, ou seja, da elite da sociedade. Esse processo se dá pelos diversos mecanismos de imposição da ideologia da classe dominante, inclusive a apresentada pelos livros didáticos, que difundem ideais de trabalho, concorrência e individualismo. Percebemos que há, por parte de Baudelot e Establet, uma leitura do conceito da ideologia de Gramsci como representação das classes burguesia e proletariado. Os autores denunciam que existem duas redes de escola: uma primária profissional destinada às classes menos favorecidas ou dos operários, ou seja, do proletariado; e outra secundária superior que visa atender aos interesses da burguesia. Está posta a “teoria da escola dualista”! O sistema de educação camufla o dualismo em meio ao discurso unificador, mas o concretiza ao aniquilar, quase que totalmente, as insatisfações e possibilidades de mobilizações dos membros do proletariado, sendo porta-voz da ideologia dominante. Em todas as teorias aqui chamadas de crítico-reprodutivistas vemos uma visão pessimista do Estado como refém da classe dominante. 
Pedagogia marxista no Brasil
 Na década de 1980 e 1990 foram produzidas importantes reflexões de base marxista, por pesquisadores de formação e de origem diversas que apontaram para uma perspectiva transformadora da educação. Mesmo utilizando-se fontes que, por vezes, antecederam a este período, a produção filosófica, sociológica e da história da educação ganharam nova configuração, de modo que, em meio e, talvez, motivados pelo clima de redemocratização do Brasil (o que para nosso país foi extremamente significativo), as análises do sistema educacional brasileiro foram críticas, mantendo a inquietude e indignação próprias do marxismo frente à dominação e exclusão, e, ao contrário dos reprodutivistas, recuperaram a perspectiva revolucionária da ação dos agentes sociais, educadores e professores, de forma ampla. Vamos apresentar três dessas tendências às quais se convencionou chamar de progressistas transformadoras, por conta dos trabalhos de Dermeval Saviani, José Carlos Libâneo e Cipriano Carlos Luckesi. 
A tendência libertadora: Esta tendência pedagógica tem como base os estudos e atuação do educador Paulo Freire que desenvolveu trabalho com a educação de jovens e adultos, sobretudo durante o período que antecedeu

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