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AULA 01 IMPRESSÃO - NEUROCIÊNCIA EDUCACIONAL

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NEUROCIÊNCIA EDUCACIONAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Gustavo Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para iniciarmos nossa conversa acerca da neurociência educacional, é 
preciso revisitar todo o potencial histórico desta área tão importante para a 
educação e para a psicopedagogia. Veremos os fundamentos históricos da 
neurociência e sua origem, e, em seguida, trataremos da neurociência celular, 
do sistema nervoso, sua divisão anatômica, suas implicações para a educação 
e estimulação do aprender. Por fim, conversaremos sobre a plasticidade 
cerebral, a capacidade de adaptação e suas implicações no processo de ensino-
aprendizagem. 
TEMA 1 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA NEUROCIÊNCIA 
Antes de conceituarmos e delimitarmos o campo de atuação da 
neurociência educacional, é preciso compreender que esta área possui como 
base teórica a interdisciplinaridade. A neurociência e a neurociência educacional 
buscam bases teóricas em diversas outras áreas, como a filosofia, a psicologia 
cognitiva comportamental, a neurologia, a neuroanatomofisiologia, entre tantas 
outras. Interdisciplinaridade, nesse sentido, significa a condição de pertença de 
duas ou mais áreas de estudo que possuem particularidades em comum, ou 
seja, “comum a duas ou mais disciplinas” (Dicionário Michaelis, 2020). 
Partindo desse conceito, vamos trabalhar a terminologia neurociência. O 
prefixo neuro refere-se ao conjunto de conceitos imbricados nas questões 
anatômicas e fisiológicas do funcionamento cerebral e do sistema nervoso. Já o 
sufixo ciência significa a condição de estar ciente, o ato de conhecer, a aquisição 
do conhecimento. Então, o que é neurociência? Lent (2018), em seu livro 
Neurociência da mente e do comportamento, assim a define: 
A Neurociência, conjunto de disciplinas que tratam do sistema nervoso, 
nasceu da busca das bases cerebrais da mente humana — seja ela 
manifestada apenas mediante a encarnação cerebral de um espírito 
imaterial, como nas primeiras teorias, ou puro resultado do 
funcionamento do CÉREBRO, segundo teorias recentes. (p. 2) 
Na concepção do autor, neurociência é o conjunto das disciplinas que 
estudam, pelos mais variados métodos, o sistema nervoso e a relação entre as 
funções cerebrais e mentais. Assim, são campos de estudo: neuroanatomia, 
neurofisiologia, neurobiologia, neurogenética, neuropsicologia, neurociência 
educacional, neurociência das emoções e da percepção, e, a mais recente, 
 
 
3 
neuroimunologia, que estuda as semelhanças e diferenças entre os sistemas 
nervoso e imunitário. 
Havendo definido o que é neurociência, é necessário conhecermos suas 
bases historiográficas. Definir o ponto de partida da neurociência é um trabalho 
complexo, tendo em vista que é uma área interdisciplinar, porém podemos 
destacar alguns marcos importantes. Lent (2018, p. 4) afirma que: 
A crença em que o sistema nervoso desempenha algum papel na 
consciência e na cognição começou a se fortalecer no século III a.C., 
quando Herophilus (335-280 a.C.) e Erasistratus (c. 310-250 a.C.), no 
Egito, inauguraram os estudos anatômicos do cérebro, dissecando 
cadáveres, e forneceram as primeiras descrições mais detalhadas do 
cérebro humano, especialmente dos ventrículos cerebrais. 
Podemos perceber um marco inicial da concepção da neurociência no 
século III a.C., quando se começou a estudar os princípios anatômicos do 
cérebro. Séculos depois, esses estudos contribuíram para um mapeamento mais 
efetivo das áreas e das funções cerebrais, como a área da compreensão e 
desenvolvimento da linguagem, a área psicomotora, a área afetiva, entre outras. 
Diferentes autores contribuíram para a neurociência, por exemplo, Broca 
e Wernicke: 
Em 1861, o médico francês Paul Broca descreveu o caso de um 
paciente que chamou de "Tan", pois essa era a única palavra que ele 
falava. Quando Tan morreu, Broca examinou seu cérebro e descobriu 
uma lesão na porção interior do córtex frontal esquerdo. Essa parte do 
cérebro passou a se chamada "Área de Broca". Em 1876 o 
neurologista alemão Carl Wernicke descobriu que a lesão na porção 
posterior do lobo temporal do hemisfério cerebral esquerdo, a Área de 
Wernicke, também causava problemas de linguagem. Os dois 
cientistas foram os primeiros a definir com clareza áreas funcionais do 
cérebro. (PUC-Rio, 2019) 
 Ou ainda, Penfield, que trabalhou com os processos de mapeamento do 
cérebro: 
Os primeiros mapas detalhados da função cerebral humana foram 
feitos pelo neurocirurgião canadense Wilder Penfield. Ele trabalhou 
com pacientes submetidos a cirurgia para o controle de epilepsia. 
Enquanto o cérebro estava exposto e o paciente consciente, Penfield 
investigava o córtex com um eletrodo e observava a resposta do 
paciente enquanto tocava em cada uma das partes. O trabalho de 
Penfield foi o primeiro a revelar o papel do lobo temporal na memória 
e a mapear as áreas do córtex que controlam o movimento e 
fornecem as sensações ao corpo. (PUC-Rio, 2019) 
São inúmeros os autores que contribuíram para o desenvolvimento da 
neurociência da forma como ela é vista hoje, contudo, qual a relação entre a 
neurociência e a educação? 
 
 
4 
A aprendizagem humana passa por diferentes áreas cerebrais. Cada área 
do cérebro é responsável por um tipo diferente de aprendizagem, como se pode 
ver na Figura 1 a seguir. 
Figura 1 – Mapeamento das funções cerebrais 
 
Crédito: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock. 
A neurociência é responsável pelo entendimento das funções cerebrais, 
cognição e sistema nervoso. Na figura anterior, podemos ver as áreas que 
devem ser estimuladas para possibilitar a aprendizagem. Nesse sentido, a 
neurociência educacional busca as interpelações entre a compreensão do 
cérebro e a aprendizagem, em outras palavras, como o cérebro aprende. Por 
exemplo, se o sujeito, possuir uma lesão na área responsável pelos cálculos 
matemáticos, muito provavelmente ele terá algum distúrbio ou transtorno 
específico de aprendizagem, como a discalculia. Já se um sujeito possui uma 
lesão na área motora, ele terá dificuldade em segurar objetos, como o lápis, 
afetando a aprendizagem da escrita. 
De acordo com Russo (2015), neurociência e aprendizagem apresentam 
significativa aproximação na medida em que o cérebro possui grande significado 
no processo de aprendizagem do indivíduo. Assim, avanços nas neurociências 
possibilitam abordagens mais epistemológicas e científicas do processo de 
ensino-aprendizagem fundamentado na compreensão da cognição. Russo 
 
 
5 
(2015) aponta ainda que a neurociência educacional tem grande importância 
para os profissionais que trabalham com a interface da saúde e da educação, 
pois essas áreas subsidiam informações acerca do funcionamento cerebral e 
neurológico. Conceitos de suma importância quanto à plasticidade cerebral, 
desenvolvimento e maturação do cérebro são informações valiosas que auxiliam 
a aprendizagem humana. 
A educação e sua interface com a neurociência tem se debruçado no 
estudo do cérebro e do comportamento humano, dos fatores que interferem na 
aprendizagem e das técnicas de reabilitação cognitiva (Russo, 2015). Esta é a 
base da neurociência educacional que iremos abordar durante toda essa 
disciplina. Agora, após termos apontado os principais conceitos acerca da 
neurociência, conversaremos acerca da neurobiologia celular, uma área que 
busca convergir neurociência, comportamento e aprendizagem. 
TEMA 2 – NEUROCIÊNCIA CELULAR 
Para iniciarmos a conversa acerca da neurociência educacional, é preciso 
introduzirmos os conceitos fundantes desta disciplina. Primeiramente, falaremos 
da estrutura neuroanatômica do neurônio e sua fisiologia. Como todos os outros 
sistemas do corpo humano, o sistema nervoso é composto por células, que, em 
conjunto, devem trabalhar para que todo o sistema funcione adequadamente. 
Partindo desse pressuposto, surgem as neurociências celulares, as quais 
Abordam o estudode como todas essas moléculas trabalham em 
conjunto para conferir aos neurônios suas propriedades especiais. 
Entre as perguntas formuladas nesse nível temos: quantos diferentes 
tipos de neurônios existem e como eles diferem em suas funções? 
Como os neurônios influenciam outros neurônios? Como os neurônios 
se interconectam durante o desenvolvimento fetal? Como os neurônios 
realizam as suas computações? (Mark, 2017, p. 13) 
O sistema nervoso possui dois tipos de células básicas: os neurônios e as 
glias, sendo que nossos corpos possuem aproximadamente 85 bilhões de cada. 
Os neurônios são os responsáveis pelas sensações do corpo e por um grande 
número de atividades que o sistema nervoso realiza. Por exemplo, quando 
passamos por mudanças climáticas, são os neurônios os responsáveis por 
informar essas mudanças ao corpo, que, por sua vez, vai sentir a mudança de 
temperatura. Já a glia “contribui para as funções neurais, principalmente por 
meio do efeito isolante, de sustentação e de nutrição dos neurônios vizinhos” 
 
 
6 
(Mark, 2017, p. 24). Veja a estrutura celular e anatômica do neurônio 
apresentada na Figura 2 a seguir. 
Figura 2 – Estrutura anatômica do neurônio 
 
Crédito: Grayjay/Shutterstock, 2020. 
Os neurônios possuem uma estrutura anatômica e fisiológica, isto é, de 
funcionamento. O primeiro componente dos neurônios são os dendritos, 
“prolongamentos finos, geralmente ramificados, que recebem e conduzem os 
estímulos provenientes de outros neurónios ou de células sensoriais” (Moreira, 
2013, p. 1). Os dendritos têm a função de receber e transferir informações, ou 
seja, sinais de outros neurônios, que vão sendo transferidos para todo o corpo. 
Temos ainda nos neurônios os axônios e a bainha de mielina, que: 
é o prolongamento, geralmente, mais longo que transmite os impulsos 
nervosos provenientes do corpo celular. O comprimento do axónio 
varia muito entre os diferentes tipos de neurónios. Nos vertebrados e 
em alguns invertebrados os axónios são cobertos por uma bainha 
isolante de mielina, tomando a designação de fibra nervosa. (Moreira, 
2013, p. 1) 
A bainha de mielina tem a função principal de proteger todo o corpo dos 
axônios, promovendo também a aceleração da condução dos impulsos 
nervosos. Continuando na estrutura anatômica do neurônio, temos o núcleo, que 
se encontra dentro do corpo neuronal, no centro da célula, responsável por 
mantê-la viva. Ele contém informações importantes, como os genes e o DNA. Já 
o soma, também conhecido como corpo neuronal, se configura como 
 
 
7 
 a “fábrica” do neurônio. Ele produz todas as proteínas para os 
dendritos, axônios e terminais sinápticos, e contém organelas 
especializadas tais como mitocôndrias, aparelho de Golgi, retículo 
endoplasmático, grânulos secretórios, ribossomos e polissomos para 
fornecer energia e agrupar as partes em produtos completos. (Portal 
São Francisco, 2019) 
Por fim, temos as sinapses nervosas, que ocorrem quando um neurônio 
se interliga com outros, fazendo a transmissão de informações e mensagens, 
por meio dos impulsos nervosos. Sabe-se que os impulsos nervosos são reações 
a determinados sinais que ocorrem em nosso corpo, como quando sentimos frio, 
calor, ou quando nos machucamos e sentimos dor. Esses impulsos nervosos 
passam de uma célula a outra, ou melhor dizendo, de um neurônio a outro, por 
meio das sinapses – lembrando que os neurônios são interligados entre o axônio 
de um neurônio e o dendrito de outro. 
TEMA 3 – SISTEMA NERVOSO: BASES ANATÔMICAS 
 Antes de iniciarmos nossas conversas acerca da divisão anatômica do 
sistema nervoso, veja a Figura 3 a seguir. 
Figura 3 – Sistema nervoso: base anatômica 
 
Crédito: Systemoff/Shutterstock. 
 O sistema nervoso é um dos sistemas do corpo humano responsável por 
fazer com que os seres humanos se adaptem ao meio em que estão. Ele tem a 
Sistema 
Nervoso 
Central 
Sistema 
Nervoso 
Periférico 
 
 
8 
função primordial de verificar como estão as condições ambientais externas e 
desenvolver respostas para esses estímulos ambientais, fazendo adaptações. 
O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e 
Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é todo o conjunto do sistema nervoso 
contido em caixas ósseas, isto é, crânio e coluna vertebral. Já o SNP distribui 
seus elementos em todo o organismo. Veja na Figura 4 a distribuição anatômica 
do SNC. 
Figura 4 – Sistema nervoso central 
 
Fonte: Moreira, 2013, p. 21. 
 O sistema nervoso periférico é formado por nervos cranianos, nervos 
raquidianos e terminações nervosas, com a função principal de receber e 
interpretar as informações recebidas pelos órgãos periféricos e levá-las ao SNC. 
TEMA 4 – SISTEMA NERVOSO: BASES FISIOLÓGICAS 
 A fisiologia é a área que estuda os componentes do sistema nervoso, seus 
funcionamentos e funções. O sistema nervoso central, como vimos, se subdivide 
em encéfalo e medula espinhal, os quais possuem a proteção de caixas ósseas, 
sendo o encéfalo protegido pelo crânio e a medula pela coluna vertebral. O 
encéfalo é dividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico, cada um possuindo 
uma função dentro do sistema nervoso central. 
 O cérebro é o órgão mais importante do sistema nervoso e tem diferentes 
funções, como fazer a gestão da coordenação motora, percepção dos estímulos 
sensoriais, coordenação da fala, do processo de ensino-aprendizagem, 
equilíbrio, atos voluntários, memória, entre tantos outras. O cérebro ainda é 
dividido em dois hemisférios, o direito e o esquerdo, sendo que o direito controla 
o lado esquerdo do corpo e o esquerdo controla o lado direito do corpo. 
Vejamos as funções dos lobos cerebrais: 
 
 
9 
• Lobo frontal: está localizado na parte frontal do cérebro, onde se localiza 
a testa, sendo responsável pelas ações motoras e ações que requerem 
abstração; 
• Lobos occipitais: conhecidos comumente como córtex visual, pois 
controlam e trabalham com as ações e estímulos visuais; 
• Lobos parietais: relacionados com as questões corporais, percepção da 
imagem e do espaço; 
• Lobos temporais: localizados acima das orelhas, trabalham sobretudo 
com o controle dos estímulos auditivos. 
O cerebelo é dividido entre córtex e núcleos profundos, e, segundo a 
origem latina da palavra, significa “pequeno cérebro”. Sua principal função é a 
manutenção do equilíbrio, postura corporal, controle dos tônus musculares e a 
aprendizagem psicomotora. Já o tronco encefálico se divide em mesencéfalo, 
ponte e bulbo. É a parte mais primitiva e rudimentar do sistema nervoso, 
responsável pela respiração, pelo pensamento abstrato, pelo batimento 
cardíaco, entre outras funções. Trata-se de um 
pequeno talo que une a medula espinhal com a parte mais rostral do 
SNC. Sua forma é grosseiramente a de um tronco de cone invertido, 
mais fino inferiormente. A face dorsal é parcialmente coberta pelo 
cerebelo. [...] Movimentos como a deglutição, o espirro, a tosse e o 
vômito, que podiam ser provocados, respectivamente, pela 
estimulação sensorial da faringe, das cavidades nasais, da glote ou da 
raiz da língua também são movimentos controlados pelo tronco 
encefálico. (Lent, 2018, p. 11) 
Por fim, a medula espinhal, que também constitui parte importante do 
sistema nervoso central, 
fica alojada dentro da coluna vertebral e mantém a forma anatômica 
tubular desde as fases embrionárias precoces. Seu comprimento, 
entretanto, não acompanha inteiramente o comprimento da coluna 
vertebral, porque o crescimento desta, durante o desenvolvimento, é 
maior do que o da medula. Assim, a medula se estende 
aproximadamente até o nível da segunda vértebra lombar, ficando o 
restante do canal vertebral abaixo desse nível ocupado por um 
conjunto de filetes nervosos. (Lent, 2018, p. 24) 
 As principais funções da medula espinhal são os atos reflexos e a 
recepção de diferentes informações vindas de diferentes partes do corpo, sendo 
responsável porlevá-las até o encéfalo. 
 
 
 
10 
TEMA 5 – BASES DA NEUROPLASTICIDADE 
A neuroplasticidade é a capacidade do ser humano, por meio do sistema 
nervoso e do cérebro, de se readaptar a determinadas situações. Por exemplo, 
em uma pessoa com deficiência auditiva, o cérebro compreenderá essa 
patologia e fará a neuroplasticidade, para que sua aprendizagem se dê de outras 
formas: leitura, escrita e/ou comunicação. Existem cinco tipos de 
neuroplasticidade: dentífrica, axônica, sináptica, somática e regenerativa. 
Nesse sentido, define-se neuroplasticidade como: 
propriedade do sistema nervoso de alterar a sua função ou a sua 
estrutura em resposta às influências ambientais que o atingem. Tanto 
as alterações plásticas quanto as influências ambientais que as 
provocam podem variar bastante, de muito fortes a extremamente 
sutis. Por exemplo: em um dos extremos, uma lesão traumática, 
cirúrgica ou congênita no cérebro pode levar a mudanças de posição 
de setores funcionais com o redirecionamento de circuitos neurais, 
ambos detectáveis experimentalmente em animais, ou por meio de 
técnicas de neuroimagem em seres humanos; no outro extremo, um 
simples fato novo que presenciamos pode resultar em alterações 
sinápticas moleculares capazes de possibilitar a memorização daquele 
fato por um longo tempo durante a vida. Em ambos os casos, bem 
como nas numerosas possibilidades intermediárias, trata-se de 
neuroplasticidade. (Lante, 2018, p. 112) 
 À medida que nos desenvolvemos e ganhamos idade, nosso cérebro nos 
ajuda a desenvolver nossas atividades cotidianas, mas, com o envelhecimento, 
vamos perdendo a capacidade da neuroplasticidade. Assim, uma pessoa que 
desenvolve Alzheimer, uma doença neurodegenerativa, perde progressivamente 
suas funções de plasticidade; no início o indivíduo esquece onde colocou objetos 
pessoais, senhas do computador etc., e, com o avanço da doença, perde 
totalmente a capacidade de gerir sua vida. 
Por esse motivo, exercitar o cérebro, com atividades que trabalhem os 
diferentes lados e funções cerebrais é de suma importância para o 
desenvolvimento pleno de uma vida saudável. Ou seja, a neurociência também 
se ocupa das da estimulação cognitiva e da perda de funcionalidades. Nesse 
sentido, existem alguns testes e questionários que podemos realizar para avaliar 
e detectar perdas das funções cognitivas, assim como estimulá-las e reabilitá-
las. 
 
 
 
 
11 
NA PRÁTICA 
 Nesta aula, tratamos das neurociências aplicadas à educação, 
neuroplasticidade, perdas das funções cognitivas e reabilitação neurocognitiva, 
No questionário a seguir, você pode avaliar seus resultados e discutir com os 
colegas. 
Questionário de atividades funcionais 
Avalie a capacidade da pessoa em realizar as tarefas a seguir. Após fazer 
suas considerações, indique a seguinte pontuação ao lado de cada afirmação. 
• Dependente = 3 
• Precisa de ajuda = 2 
• Tem dificuldade mas consegue fazer sozinho = 1 
• Sem dificuldade = 0 
• Nunca fez atividade mas poderia fazer agora = 0 
• Nunca fez e teria dificuldade em fazer agora = 1 
1. Preencher cheques, pagar contas, controlar as necessidades financeiras; 
2. Fazer seguro de vida, de carro, de casa, lidar com negócios ou 
documentos, fazer imposto de renda; 
3. Comprar roupas e utilidades domésticas e artigos de mercearia sozinho; 
4. Jogar baralho, xadrez, fazer palavras cruzadas, trabalhos manuais ou ter 
algum outro passatempo; 
5. Esquentar água, fazer café ou chá e desligar o fogão; 
6. Preparar uma refeição completa, por exemplo, carne, frango, peixe 
legumes e sobremesa; 
7. Prestar atenção, entender e comentar novelas, jornais ou revistas; 
8. Acompanhar os eventos atuais no bairro ou nacionalmente; 
9. Lembrar de compromissos, tarefas domésticas, eventos familiares, 
aniversários e medicações; 
10. Sair do bairro, dirigir, andar, pegar ou trocar de ônibus trem ou avião. 
Soma total dos pontos: 
Resultado: faça a soma dos pontos e insira a pontuação total. O resultado 
a partir de 9 pontos indica deficiência em alguma função ou possível declínio 
cognitivo. Quanto mais alta a pontuação geral, maior é o grau de dependência 
 
 
12 
na execução de atividades instrumentais de vida diária, necessitando de 
exercícios de estimulação cognitiva para melhoria da plasticidade. 
FINALIZANDO 
 Nesta aula, conversamos sobre as bases históricas da neurociência e 
definimos e conceituamos esta área multidisciplinar, que engloba também a 
filosofia, a educação, a medicina, a psiquiatria, entre tantas outras áreas. 
Conversamos ainda sobre as bases anatômicas e fisiológicas do sistema 
nervoso, e discutimos sobre a neuroplasticidade e a capacidade de aprender. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
LENT, R. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2018. 
LOURENCETI, M. D. Neurologia infantil. São Paulo: UNESP, 2015. 
MICHAELIS. Interdisciplinaridade. Disponível em: 
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/interdisciplinar/>. Acesso em: 13 maio 2020. 
MOREIRA, C. Neurônio. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, 2013. 
PSF. Neurônios. Disponível em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/corpo-
humano/neuronios>. Acesso em: 13 maio 2020. 
PUC RIO. História da neurociência. Disponível em: <http://bio-neuro-
psicologia.usuarios.rdc.puc-rio.br/a-hist%C3%B3ria-da-
neuroci%C3%AAncia.html>. Acesso em: 13 maio 2020. 
RUSSO, R. M. T. Neuropsicipedagogia clínica: introdução, conceito, teoria e 
prática. Curitiba: Juruá, 2015 
SILVA, F.; MORINO, C. R. A importância das neurociências na formação de 
professores. Revista Momento, Rio Grande, v. 21, n. 1, p. 29-50, 2012.

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