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Universidade Estácio de Sá Direito do Trabalho I - Professora: Rosemary Caetano Diante do exposto, no que se refere aos institutos de Direito do Trabalho abordados no caso concreto trata-se do Artigo 469 (“Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio..”) e 470 (“Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.”) da CLT - Da transferência provisória do empregado. Nesse contexto, é importante esclarecer que tem direito ao adicional de transferência toda mudança necessária de residência do empregado, e, que o critério determinante da obrigatoriedade do adicional reside no caráter provisório do mesmo. Não restam dúvidas de que no caso de João de Alencar ficaram plenamente configurados os requisitos para a concessão do adicional de transferência. Com efeito, o pagamento do adicional, previsto no Art. 469 da CLT, decorre, essencialmente, do aumento das despesas do empregado. Ademais, o fato de o empregador fornecer o local para moradia do empregado (apartamento de propriedade da empresa) não afasta o direito ao pagamento do adicional. Ressalta-se, ainda, que o 1º,2º e 3º §§ da CLT (“§1º Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. §2º É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.”), elencam situações que constituem legitimidade à transferência, porém não suprime a necessidade de pagamento do respectivo adicional. Além de João não se encaixar em nenhuma das hipóteses dos parágrafos de legitimidade de transferência mencionados, conforme se verifica, o empregador alterou provisoriamente a residência do empregado e não fez jus ao pagamento suplementar obrigatório de, pelo menos, 25% dos salários. Assim sendo, é ilícita a determinação do empregador de transferir o empregado para prestar serviços em outra localidade, fora das hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º, do mencionado artigo. Oportuno, ainda, trazer à luz o entendimento sedimentado nas Súmulas e ressaltar que o empregado confere suporte legal, também, às Súmulas nº 221 do STF (“A transferência de estabelecimento, ou a sua extinção parcial, por motivo que não seja de força maior, não justifica a transferência de empregado estável”); Súmula nº 29 do TST (“Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte”) e Súmula nº 43 do TST (“Presume- se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço”). Dessa forma, diante das razões acima expostas, poderá João de Alencar pleitear judicialmente as verbas trabalhistas referentes á transferência provisória, requerer pagamento de aviso prévio indenizado, devendo ainda, estas verbas serem compensadas com os devidos juros de mora e correção monetária para que seja devidamente indenizado por todo transtorno causado pela falta de pagamento durante todo pacto laboral em outra localidade.
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