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Aspectos da hipótese de incidência do IPI

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Aspectos da hipótese de incidência do IPI/IOF/IR/II/IE
IPI
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) está previsto na Constituição Federal no artigo 153, IV e §3º. Além da sua regulamentação pelo Código Tributário Nacional, com previsão nos artigos 46 a 51 do referido diploma.
O IPI pode ser considerado um imposto de natureza extrafiscal, isso quer dizer que o intuito de sua instituição não é meramente arrecadatório. É um imposto que tem a finalidade de proteger a indústria nacional.
Por ser um imposto com caráter extrafiscal, sua alíquota pode ser alterada por decreto do Chefe do Poder Executivo, sempre respeitando os limites estabelecidos em lei. Dessa forma, não obedece ao princípio da anterioridade clássica, devendo, no entanto, respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.
Ademais, cabe destacar que se trata de imposto de competência da União.
Critério Material: Realizar operações envolvendo produtos industrializados (negócio jurídico oneroso), a lei traz três fatos geradores, quais sejam:
· Desembaraço aduaneiro, quando o produto é de procedência estrangeira.
· Realizar operações com os produtos industrializados.
· Arrematar produtos industrializados, mas que foram apreendidos ou abandonados.
Critério Temporal: Varia conforme as três hipóteses já apresentadas. Veja as possibilidades:
· Momento do desembaraço aduaneiro;
· Saída do estabelecimento do vendedor;
· Arrematação, quando o produto industrializado é apreendido ou abandonado, e levado a leilão.
Critério Espacial: Em termos gerais, é o próprio território nacional.
Critério Pessoal: Trata-se dos sujeitos ativo e passivo.
O sujeito ativo é a União, ente competente para instituir este tributo. Já os sujeitos passivos encontram-se elencados no artigo 51 do CTN, variando de acordo com as materialidades.
Critério Quantitativo: Este formado pela alíquota e base de cálculo.
A base de cálculo, varia conforme com as materialidades. As suas variações encontram-se no artigo 47 do CTN.
A alíquota, por sua vez, variará de acordo com cada produto, sempre obedecendo ao princípio da seletividade.
IOF
Critério Material: o IOF é um imposto de competência federal que possui quatro fatos que desencadeiam sua incidência: operações de crédito, câmbio, seguros, títulos ou valores mobiliários. A incidência recai sobre as operações decorrentes dessas atividades mencionadas. Entende-se por operação todo ato ou negócio jurídico em que ocorre a transmissão de direitos, em que o operador se obriga a uma prestação futura, concernente ao objeto do negócio que se funda apenas na confiança que a solvabilidade do devedor inspira.
Critério Espacial: a) Crédito: nas operações de crédito, são tributadas todas as operações realizadas no território nacional, exceto nas operações de crédito externo; b) Câmbio: nas operações decorrentes de câmbio, a incidência pode se dar tanto em território nacional como na liquidação de contrato de câmbio que fora contratado no exterior, conforme entendimento jurisprudencial; c) Seguros: há apenas incidência de IOF sobre os contratos de seguro firmados em território nacional; d) Títulos de Valores Mobiliários: ante a inexistência de cláusula que admita a extraterritorialidade, incidirá IOF apenas nas operações ocorridas dentro do território nacional.
Critério Temporal: No momento da operação financeira, no momento da ocorrência do fato gerador.
Critério Pessoal: Sujeito ativo: União. A administração, arrecadação e fiscalização são a cargo da Secretaria da Receita Federal do Brasil. A sujeição passiva estabelece contribuintes e responsáveis em cada uma das operações descritas na hipótese de incidência.
Critério Quantitativo: Esse aspecto é identificado pela base de cálculo e alíquotas. A identificação das bases econômicas é distinta para cada situação jurídica definida em lei, todavia, em regra, a base de cálculo é o valor da operação e a alíquota de, no máximo, 1,5% para créditos e títulos imobiliários e até 25% para câmbios e seguros.
IR
No critério material, há referência a um comportamento de pessoas físicas ou jurídicas. Na doutrina tradicional, este critério é quase sempre tratado condicionadamente com o critério espacial e o temporal. Desvinculando-o dos demais critérios, dir-se-á que o material irá designar sempre o próprio comportamento das pessoas, nos casos de “fazer”, “dar” ou simplesmente “ser”. Na verdade, o critério material está ligado a um verbo, seguido de seu complemento, como por exemplo: circular mercadorias, importar produtos industrializados, ou ser proprietário de imóvel em área urbana, etc. Esse critério tem notável importância, quer para a definição da norma-padrão do tributo, quer para permitir o esclarecimento da fenomenologia das isenções tributárias, como sustenta CARVALHO (2007).
No critério espacial, há elementos condicionadores de espaço na norma tributária, os quais nos conduzirão a classificação do gênero do tributo. Isso ocorre porque o legislador, ao elaborar as normas, nem sempre deixa claramente expressos, os locais em que o fato deve ocorrer, para que possa produzir efeitos. Entretanto, quando isso acontecer, mesmo que nos pareça que o legislador se olvidou de mencioná-los, haverá sempre, indicações implícitas que permitirão saber onde se deu o fato que fez nascer o laço obrigacional.
O critério pessoal é o conjunto de elementos colhidos no prescritor da norma, que revela quem são os sujeitos (ativo e passivo) da relação jurídica. Ele definirá a quem foi atribuído o direito de crédito, tendo como contra nota, aquele a quem a norma tributária impõe o dever obrigacional.
O critério quantitativo tratará do objeto da prestação. No caso da Regra-Matriz de Incidência Tributária, o objeto se consubstanciará na base de cálculo do tributo, e na alíquota a ser aplicada. Esse critério refere-se à grandeza mediante a qual, o legislador dimensionou o fato jurídico tributário, definindo a quantia a ser paga pelo devedor, a título de tributo.
No critério temporal, por sua vez, o legislador vai eleger uma ou mais situações jurídicas como sendo o momento preciso da ocorrência do fato jurídico e, consequentemente, o surgimento da obrigação, pressupondo, por óbvio, a transferência de titularidade da mercadoria.
II
 Aspecto Material
O aspecto material de um tributo trata-se de um dos critérios delimitados pelo legislador para identificar e qualificar um fato responsável por dar ensejo a uma relação jurídica tributária. Assim, entende-se que o critério material está diretamente atrelado ao fato gerador do imposto, na medida em que tal aspecto nada mais é do que a descrição do fato jurídico tributário que faz nascer a obrigação atrelada à cobrança do imposto.
Importante ressaltar que no que diz respeito às mercadorias que não se destinam ao mercado nacional, mas tão somente estão de passagem pelo território, o imposto de importação não se faz incidir, assim como não o faz nas situações previstas no artigo 15 do Decreto-Lei nº 37/66 (isenções diversas).
Aspecto Espacial
O aspecto espacial de um tributo delimita o local onde a lei considera consumado o fato gerador.No caso do imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, o mesmo incide sobre a importação de mercadorias estrangeiras e sobre a bagagem de viajante procedente do exterior.
Sendo assim, seu aspecto espacial será o local onde a mercadoria encontra-se armazenada, sob o controle da alfândega (o chamado território aduaneiro). Para esta condição ser verificada, não é relevante que o produto encontre-se na zona primária ou secundária, bastando estar sob o controle da aduana.
O local do fato gerador é verificado pela autoridade através dos documentos “conhecimento de transporte” e “manifesto de carga”, que, além do local alfandegado, igualmente identifica o sujeito passivo da obrigação.
Quando estas informações não puderem ser identificadas, faz-se necessária a instauração de processo administrativo, a ser formalizado pelo sujeito ativo.
Aspecto Temporal
Como se sabe, o Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros está previsto no artigo 153,inciso I da Constituição Federal: “Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros”, estando presente também no artigo 19 e subsequentes do Código Tributário Nacional e, por último, nos Decretos n.6306/2007 e 6.339/2008. A mais importante função do aspecto temporal diz respeito à indicação – necessariamente contida na hipótese de incidência – do momento em que se reputa ocorrido o fato imponível (e, pois, nascida a obrigação tributária)
Aspecto Quantitativo
O Poder Executivo é o ente competente para a alteração das alíquotas do imposto em comento, conforme Constituição, em seu artigo 153, § 1º, dispositivo este que ainda estabelece que serão respeitadas condições e limites de lei.
Aspecto Pessoal
O aspecto pessoal da regra-matriz da incidência tributária é quem define quais são os sujeitos que integram, na qualidade de sujeito ativo e passivo, a relação jurídica tributária.
SUJEITO ATIVO
De acordo com o artigo 119 do Código Tributário Nacional: “O sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir seu cumprimento”.
No Imposto de Importação, temos como sujeito ativo a União, conforme os artigos 153, inciso I da Constituição Federal e do artigo 19 do Código Tributário Nacional.
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo na relação jurídico-tributária dentro do imposto de importação traduz-se na pessoa física ou jurídica, que realiza o aspecto/critério material da hipótese tributária diretamente, ou algum outro determinado por lei.
IE
Aspecto objetivo ou material: Hipótese de incidência. O aspecto objetivo ou material traz a hipótese que, se vier a acontecer, gerará a cobrança do tributo, pois a partir dela nasce a obrigação tributária de pagar. A hipótese de incidência é definida na lei complementar. Obs.: Por meio do nome de determinado imposto previsto na Constituição Federal, é possível saber qual é sua base econômica e qual é seu fato gerador. Ex.: imposto sobre a transmissão de bens imóveis (base econômica = bens imóveis; fato gerador = transmissão). 
 Aspecto quantitativo ou quantificativo: base de cálculo e alíquota. Esse aspecto leva em consideração o quantum devido. A base de cálculo deve ser definida na lei complementar federal. Entretanto, a lei ordinária dos Estados, da União e dos Municípios pode trazer algumas peculiaridades acerca dessa tributação, como ocorre no imposto sobre a exportação. De acordo com o artigo 97 do Código Tributário Nacional, a fixação de alíquota é matéria de reserva legal, salvo os tributos com característica extrafiscal, como o imposto sobre a exportação. O imposto sobre a exportação é totalmente extrafiscal, pois não se deseja arrecadar com ele, mas, pelo contrário, ele é cobrado por exceção. A alíquota é definida em lei, conforme o CTN (Princípio da Reserva Legal).
 Aspecto espacial: esse aspecto também é conhecido como aspecto geográfico. Nele, considera-se o local onde ocorre o fato gerador. O possível fato gerador do imposto sobre exportação acontece em todo o território mundial, com exceção do território aduaneiro brasileiro.
 Aspecto temporal: quando ocorre o fato gerador. Os momentos de ocorrência do fato gerador devem ser definidos em lei. Exemplo: quando um indivíduo se depara com uma carreta que se encontra fora da indústria, cheia de produtos industrializados, o momento da ocorrência do fato gerador já ocorreu, pois ele se dá na saída do produto industrializado. Portanto, a fiscalização já pode ser feita. 
 Aspecto Subjetivo: trata dos sujeitos da relação jurídica obrigacional tributária, que une tanto sujeito ativo quanto sujeito passivo. O sujeito ativo é o fisco. O sujeito passivo, por sua vez, pode ser direto ou indireto. O direto, que tem relação direta com o fato gerador, é o contribuinte; e o indireto é aquele que, mesmo sem ter relação de contribuinte, torna-se responsável tributário em virtude de disposição legal.

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