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TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 1 Tributação sobre a Produção e o Consumo TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 2 Tributação sobre a Produção e o Consumo 1. Imposto de Importação – II Imposto de Importação - II Competência da UNIÃO FEDERAL Disciplina Normativa Básica CRFB/1988 - Art. 153, I; Lei de Normas Gerais: Lei n° 5.172/1966; Lei instituidora: DL n° 37/1966; Regulamento Aduaneiro - Decreto n° 6.759/2009. Síntese Histórica O referido imposto remonta a Roma e a Grécia antiga, onde eram cobrados dos navios ao cruzarem suas aguas. Na idade média, em especial em Portugal, tornou-se de inegável importância, passando a representar relevante parcela da arrecadação. Conforme ensina o professor Ricardo Lodi Ribeiro1, a partir do século XVI o aludido imposto passa a ser utilizado como uma medida protetiva do mercado nacional, ou seja, passa a ostentar natureza extrafiscal. Em 1808, com a abertura dos portos, d. João VI instituiu no Brasil o imposto aduaneiro, tendo sido previsto na Constituição Federal de 1981 de competência da União e, até o início do século XX, foi uma das principais fontes de arrecadação. Principais Características Exceção ao Princípio da Legalidade Tributária Em razão da natureza regulatória, a extrafiscalidade que prepondera na exação em comento, o Poder Executivo, dentro dos limites previamente estipulados em Lei em sentido formal, pode modificar as alíquotas por ato próprio, ou seja, por Decreto, conforme previsto no art. 153, § 1° da CRFB/1988. 1 RIBEIRO, Ricardo Lodi, Tributos, Teoria Geral e Espécies, p. 75. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 3 Exceção ao Princípio da Anterioridade Tributária Pelas mesmas razões que tornaram o aludido imposto uma hipótese de exceção ao principio da legalidade, sua natureza extrafiscal, ele também não se submete ao princípio da anterioridade, tanto de exercício, quanto à nonagesimal, ou seja, publicado o ato modificativo competente, este passa a produzir efeitos imediatamente. Extrafiscal Tendo em vista a sua função regulatória, onde o principal objeto é estimular ou desestimular a efetiva importação de determinados bens e/ou produtos, a finalidade precípua do aludido imposto é a extrafiscalidade e não a arrecadação em si. Real Diz-se um imposto real na medida em que não leva em consideração características pessoais do contribuinte, mas sim, a riqueza objetivamente considerada. Direto Considera-se direto o tributo em que o ônus tributário recai sobre o próprio contribuinte, não admitindo o fenômeno da repercussão tributária. Proporcional No que tange a relação entre o valor a ser recolhido e o valor atribuído ao bem/produto, é um imposto proporcional, haja vista que o valor arrecadado decorre da variação expressa do valor da base de cálculo, mantendo-se a alíquota em um percentual fixo. Cumpre ressaltar que no caso de adoção da alíquota específica, essa assertiva necessita de complementação, mas, contudo, tendo em vista que não há que se falar em progressividade, pois não existe variação da alíquota em razão do valor da base de cálculo, ainda assim, podemos afirmar se tratar de um imposto proporcional. Lançamento O lançamento do imposto em deslinde é perpetrado mediante a prestação de informações pelo contribuinte a autoridade fazendária competente que, após a devida análise, expede a guia para o recolhimento do imposto devido, se subsumindo, dessa forma, ao previsto no art. 147 do CTN, onde resta consignada a modalidade de lançamento denominada como “Lançamento por Declaração”. Não obstante, já que a hipótese de incidência se reputa ocorrida a cada importação, podemos afirmar que se trata de um fato gerador instantâneo. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 4 Fato Gerador – Elementos Elemento Material A hipótese de incidência sob a ótica material reputa-se ocorrida no momento em que o produto estrangeiro, entra de forma real ou ficta em território nacional, consoante disposto no art. 19 do CTN c/c art. 1° do DL n° 37/1966. Segundo dicção do art. 19 do CTN, o imposto de importação incide sobre a importação de produtos estrangeiros e tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. A primeira consideração pertinente a ser enfrentada são os contornos relativos à expressão “produtos estrangeiros”. Assim, além da literalidade gramatical inequívoca da expressão em comento, há que se verificar a discussão pertinente à incidência sobre produtos que foram exportados preteritamente, nacionais ou nacionalizados, sem previsão de retorno por conta da redação do parágrafo 1° do art. 1° do DL n° 37/1966. Neste ponto, tanto a doutrina quanto à jurisprudência já se posicionaram sobre a matéria no sentido de que tanto a redação do art. 19 do CTN, quanto do art. 1° do DL n° 37/1966 não permitem interpretação extensiva que abarque produto reimportado e, assim, tal hipótese é inconstitucional conforme julgamento do STF no RE 104.306/SP. Não obstante, cumprem trazer a breve exposição os regimes aduaneiros que buscam atender demandas específicas. Admissão Temporária Além da entrada física do bem importado, para que possa ser considerado realmente internalizado, é imprescindível ressaltar a sua incorporação à economia local, consoante ensinamentos do Professor Claudio Carneiro. Dessa forma, a entrada física TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 5 que não seja com animus definitivo não qualifica o fato a subsunção a hipótese de incidência do imposto em análise. Exemplo: Entrada de material para uma exposição. Drawback O Drawback é o regime aduaneiro especial pelo qual a União concede benefícios fiscais concernentes à isenção, suspensão e restituição do tributo. A principal finalidade do regime especial é neutralizar a carga tributária quando a destinação final do produto acabado da operação for à exportação. A modalidade clássica é a suspensão do tributo incidente sobre a operação de importação quando o produto importado for ser utilizado na industrialização de um produto destinado ao mercado externo. Quando tiver ocorrido a cobrança anterior de tributo que se enquadraria na hipótese de suspensão, e por algum motivo a cadeia produtiva não foi beneficiada, na próxima aquisição, para compensar o tributo anteriormente arrecadado, pode-se pleitear a isenção. Não obstante, quando não for o caso de isenção, haja vista que a operação aquisitiva do produto não for mais ocorrer, pode-se requerer a restituição. Exemplo: Entrada de material para produção industrial que será exportada. Elemento Subjetivo Ativo O sujeito ativo é a União Federal de acordo com a dicção do art. 153, I da CRFB/1988. Passivo Contribuinte: Conforme disposto no art. 22 do CTN, o contribuinte do imposto de importação é o importador ou quem a lei a ele equiparar ou o arrematante. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 6 Segundo dicção do art. 31 do DL n° 37/66, o contribuinte é o importador (ou a quem a lei equiparar, ou o arrematante), assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente, o adquirente de mercadoria entrepostada. Responsável: Na forma do previsto no art. 32 do DL n° 37/66, a lei dividiu em dois grupos os responsáveis tributários em relação ao imposto de importação: Os “Responsáveis” e os “Responsáveis solidários”, fazendo crer que os denominados “Responsáveis”, possuem responsabilidade subsidiária, ou seja, somente na hipótese de não cumprimento da obrigação tributária por parte do contribuinte que ocorrerá o deslocamento da sujeição passiva tributária. São responsáveis:o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno, o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro. São responsáveis solidários: o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto, o representante, no País, do transportador estrangeiro, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 7 Urge salientar que no que se refere à responsabilidade do transportador, o STJ já se manifestou em sentido contrário ao dispositivo legal, contando tal entendimento inclusive com assentamento na Súmula 192 do extinto TRF. . Elemento Quantitativo Base de Cálculo Consoante disposto no art. 20 do CTN, a base de cálculo do imposto de importação é a unidade de medida adotada pela lei tributária quando se tratar de alíquota específica, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País, quando se tratar de alíquota ad valorem ou ainda o preço da arrematação, na hipótese de produtos apreendidos ou abandonados. Entretanto, urge salientar que após a adesão do Brasil ao Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), a possiblidade de cobrança do referido tributo por presunção, ou seja, pelo preço presumidamente praticado, restou afastada, passando a vigorar a regra de que a base de cálculo na hipótese de alíquota ad valorem é o valor da operação ou valor aduaneiro, conforme dicção do art. 2° do DL n° 37/66: I - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB); II - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT); III - o preço do produto adquirido em licitação. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 8 Alíquota Art. 20 CTN - Conforme legislação de regência, as alíquotas do imposto sobre a importação podem ser específicas ou ad valorem. - Específicas - É a alíquota que é prevista em um valor previamente estipulado a ser recolhido por cada unidade de medida adotada, que pode ser por metragem, peso, etc... Exemplo: R$10,00 (alíquota) por cada tonelada importada de determinado produto. - Ad valorem - Técnica usual que consiste na determinação de um percentual que ira incidir sobre a base de cálculo. Exemplo: 10% (alíquota) sobre R$ 10.000,00 (base de cálculo) = Imposto a recolher R$ 1.000,00. Elemento Temporal Em tese o momento da ocorrência da hipótese de incidência é a entrada real ou ficta da mercadoria/produto em território nacional, mas, contudo, é certo afirmar que o ato com que se reputa efetivamente ocorrida à hipótese de incidência se materializa no desembaraço aduaneiro, decorrente do registro da Declaração de Importação através do SISCOMEX, Sistema Integrado de Comércio Exterior, e/ou na data do lançamento do crédito tributário, na forma do disposto no art. 73 do Decreto n° 6.759/2009 c/c art. 44 do DL n° 37/1966. Elemento Espacial O elemento espacial é aquele que determina fisicamente a interpretação da hipótese de incidência do tributo em questão. Assim sendo, é o local onde segundo a legislação de regência, se reputa ocorrida a hipótese de incidência tributária. Conforme disposto na descrição do elemento material do imposto sobre a importação, é a entrada real ou ficta do produto/mercadoria em território nacional que faz nascer a obrigação tributária, e, para tanto, se faz mister explorar os limites territoriais e as zonas aduaneiras. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 9 O imposto sobre a importação incide na entrada em território brasileiro de mercadoria/produtos estrangeiro. O território nacional é a união do solo, subsolo, espaço aéreo e pelo mar territorial, composto pelas doze milhas marítimas que se iniciam da linha de baixa-mar conforme ensinamentos de Ricardo Lodi Ribeiro. Não obstante, segundo art. 77 da Convenção das Nações Unidas no que tange o Direito do Mar, existe também a zona contigua (ZC) e a zona econômica exclusiva (ZEE), onde o Brasil exerce a sua soberania no sentido exploratório econômico. Dessa forma, é correto asseverar que a hipótese de incidência se reputa ocorrida no local onde a mercadoria/produto adentra no território nacional. Não basta a mera passagem, haja vista que o ingresso não qualificado pela intenção de permanência, desnatura o fato para imposição do tributo. Assim sendo, a extração de produtos/mercadorias oriundas das zonas econômicas sob a soberania brasileira, ao adentrar em território brasileiro em sentido estrito, não perfaz os requisitos para a configuração da hipótese de incidência do imposto sobre a importação. No que tange a administração aduaneira, conforme art. 3° do Decreto n° 6.759/2009, o território aduaneiro resta dividido em duas zonas: primária e secundária: Art. 3o A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro e abrange (Decreto-Lei no 37, de 18 de novembro de 1966, art. 33, caput): I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela autoridade aduaneira local: a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos alfandegados; b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados; e II - a zona secundária, que compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo. Por todo exposto, a delimitação do elemento espacial do fato gerador é de inegável relevância para fins de determinação da jurisdição aduaneira. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 10 2. Imposto de Exportação – IE Imposto de Exportação - IE Competência da UNIÃO FEDERAL Disciplina Normativa Básica CRFB/1988 - Art. 153, II; Lei de Normas Gerais: Lei n °5.172/1966; Lei instituidora: DL n° 1.578/1977; Regulamento Aduaneiro - Decreto n°6.759/2009. Síntese Histórica No Brasil, o imposto em análise foi instituído ainda no império e possuía grande representatividade arrecadatória em razão do extrativismo vigente a época. A despeito da sua eficácia arrecadatória, sempre foi objeto de controvérsia, haja vista reduzir a competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional. Com a promulgação da Constituição de 1981, ele passou a ser de competência estadual, tendo em vista a possibilidade de qualificar como exportação o comercio interestadual e até a década de 30 do século passado, era a principal de fonte de arrecadação dos estados. A competência somente passou a ser atribuída a União, com a EC 18/1965, assumindo a sua função extrafiscal e regulatória do comércio exterior e da própria balança comercial brasileira. Principais Características Exceção ao Princípio da Legalidade Tributária De forma idêntica ao Imposto sobre a Importação, em razão da natureza regulatória, a extrafiscalidade que prepondera na exação em comento, o Poder Executivo, dentro dos limites previamente estipulados em Lei em sentido formal, pode modificar as alíquotas por ato próprio, ou seja, por Decreto, conforme previsto no art. 153, § 1° da CRFB/1988. Exceção aoPrincípio da Anterioridade Tributária Pelas mesmas razões que tornaram o aludido imposto uma hipótese de exceção ao principio da legalidade, sua natureza extrafiscal, ele também não se submete ao princípio da anterioridade, tanto de exercício, quanto à nonagesimal, ou TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 11 seja, publicado ao ato modificativo competente, este passa a produzir efeitos imediatamente. Extrafiscal Tendo em vista a sua função regulatória, onde o principal objeto é estimular ou desestimular a efetiva exportação de determinados bens e/ou produtos, a finalidade precípua do aludido imposto é a extrafiscalidade e não a arrecadação em si. Real Diz-se um imposto real na medida em que não leva em consideração características pessoais do contribuinte, mas sim, a riqueza objetivamente considerada. Direto Considera-se direto o tributo em que o ônus tributário recai sobre o próprio contribuinte, não admitindo o fenômeno da repercussão tributária. Proporcional No que tange a relação entre o valor a ser recolhido e o valor atribuído ao bem/produto, é um imposto proporcional, haja vista que o valor arrecadado decorre da variação expressa do valor da base de cálculo, mantendo-se a alíquota em um percentual fixo. Cumpre ressaltar que no caso de adoção da alíquota específica, essa assertiva necessita de complementação, mas, contudo, tendo em vista que não há que se falar em progressividade, pois não existe variação da alíquota em razão do valor da base de cálculo, ainda assim, podemos afirmar se tratar de um imposto proporcional. Lançamento O lançamento do imposto em deslinde em princípio é perpetrado mediante a prestação de informações pelo contribuinte se subsumindo, dessa forma, ao previsto no art. 147 do CTN, onde resta consignada a modalidade de lançamento denominada como “Lançamento por Declaração”. Contudo, segundo posicionamento esposado pelo professor Ricardo Lodi Ribeiro, tendo em vista que na atualidade o pagamento precede o despacho aduaneiro de exportação, seria correto afirmar que o imposto sobre a TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 12 exportação é lançado por homologação, e não por declaração. Não obstante, já que a hipótese de incidência se reputa ocorrida a cada exportação, podemos afirmar que se trata de um fato gerador instantâneo. Fato Gerador – Elementos Elemento Material A hipótese de incidência sob a ótica material reputa-se ocorrido no momento em que o produto nacional ou nacionalizado sai saída do território nacional com propósito de incorporação a economia externa de pais diverso, consoante disposto no art. 23 do CTN, sendo nacional o produto produzido no próprio país e nacionalizado, o produto que oriundo do estrangeiro que foi internalizado com animus definitivo. Consoante disposto no art. 153, II da CRFB/1988, compete à União instituir impostos sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. Apenas a título de elucidação, a expressão acima grifada que incialmente pode parecer um pleonasmo, se justifica na medida em que no passado, conforme acima explicitado, existia a possibilidade de imposição do imposto sobre a exportação em operações praticadas entre os entes federados. Na mesma linha de raciocínio aplicada ao imposto sobre a importação, a saída para o estrangeiro do bem/produto deve ser qualificada pela finalidade de incorporação a economia distinta, ou seja, a saída temporária com finalidade específica, em regra não é tributada, restando acobertada pelo regime de suspensão. Dessa forma, por exemplo, quando determinado bem sai fisicamente do território nacional para participar de uma exposição de artes, não há que se falar em ocorrência da hipótese de incidência do aludido imposto. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 13 Outro ponto que merece destaque é que ao revés do asseverado no que tange a amplitude interpretativa aplicada ao imposto sobre a importação estar assentada perante os tribunais e perante a doutrina no sentido de não abarcar as hipóteses de importação de produto nacional que foi objeto de exportação, quanto ao imposto sobre a exportação, os bens/produtos de origem estrangeira que tenham sido devidamente incorporados à economia nacional em caso de exportação deverão ser oferecidos à tributação do referido imposto. Com relação à dicção do art. 28 do CTN, onde resta prevista a afetação da arrecadação, há que se asseverar que tal previsão não foi recepcionada pela CRFB/1988, haja vista a vedação expressa quanto à afetação da arrecadação de imposto positivada no art. 167, IV da CRFB/1988. Urge salientar que na maioria dos casos, a alíquota aplicada ao imposto sobre a exportação é zero, figura que não se confunde com isenção ou não incidência, haja vista que o elemento que produz a ineficácia econômica está dentro do elemento quantitativo do fato gerador e não ligado à hipótese de incidência. Elemento Subjetivo Ativo O sujeito ativo é a União Federal de acordo com a dicção do art. 153, II da CRFB/1988. Passivo Contribuinte: Conforme disposto no art. 27 do CTN, o contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar. Assim, quem for o remetente será o contribuinte do imposto de exportação. Não existe necessidade de habitualidade ou intuído de obtenção de lucro, cabendo, apenas, quanto à equiparação, que sejam respeitados os elementos de conexão, entre a figura típica do exportador para fins tributários e aquele a quem a lei equipare a tanto. Responsável: Na legislação de regência do aludido imposto, não existem considerações quanto a figura do TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 14 responsável, deslocamento da sujeição passiva. Entretanto, em razão aplicação subsidiária da legislação atinente ao imposto sobre importação, não resta à afastada a possibilidade da adoção da figura do responsável em relação ao imposto sobre a exportação, art. 8° do DL n° 1.578/77. . Elemento Quantitativo Base de Cálculo Consoante disposto no art. 24 do CTN, a base de cálculo do imposto sobre a exportação, quando se tratar de alíquota específica, a quantidade aferida da unidade de medida adotada. Se se tratar de alíquota ad valorem, a base de cálculo será o preço do produto, ou seu similar, em condições normais sem frete e seguro FOB (free on board). No imposto sobre a exportação, em razão da aplicação do preço normal do produto ou similar e não do valor do negócio jurídico propriamente dito, podem ser utilizadas pautas fiscais com valores mínimos, na forma do disposto no art. 2°, § 2° do DL n° 1.578/1977. É oportuno salientar que o art. 26 do CTN foi parcialmente recepcionado, haja vista que o Poder Executivo não pode mais alterar a base de cálculo por ato próprio por força do previsto no art. 153, § 1° da CRFB/1988. Alíquota Art. 24 CTN - Conforme legislação de regência, as alíquotas do imposto sobre a exportação podem ser específicas ou ad valorem. - Específicas - É a alíquota que é prevista em um valor previamente estipulado a ser recolhido por cada unidade de medida adotada, que pode ser por metragem, peso, etc... Exemplo: R$10,00 (alíquota) por cada tonelada importada de determinado produto. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 15 - Ad valorem - Técnica usual que consiste na determinação de um percentual que ira incidir sobre a base de cálculo. Exemplo: 10% (alíquota) sobre R$ 10.000,00 (base de cálculo) = Imposto a recolher R$ 1.000,00. Elemento Espacial O elemento espacial é aquele que determina fisicamente a interpretação da hipótese de incidência do tributo em questão. Assim sendo, é o local onde segundo a legislação de regência, se reputa ocorrida a hipótese de incidência tributária. Conforme disposto na descrição do elemento material do impostosobre a exportação, considera-se ocorrida a hipótese de incidência no local da efetiva saída do território aduaneiro que, consoante antes explicitado quando abordado o imposto sobre a importação, da mesma forma se trata da apreciação da questão sob a ótica das zonas aduaneiras primárias e secundárias com fito de demarcar a jurisdição aduaneira. Elemento Temporal De forma similar a ocorrida no imposto sobre a importação, em tese o momento da ocorrência da hipótese de incidência é à saída da mercadoria/produto em território nacional, mas, contudo, é certo afirmar que o ato com que se reputa efetivamente ocorrida à hipótese de incidência se materializa no registro da Declaração de Exportação através do SISCOMEX, quando após o recolhimento do tributo que o contribuinte entende devido, a autoridade aduaneira verifica a austeridade da operação em comento. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 16 3. Imposto sobre produtos industrializados - IPI Imposto sobre produtos industrializados - IPI Competência da UNIÃO FEDERAL Disciplina Normativa Básica CRFB/1988 - Art. 155, II e §§ 2°, 3°, 4° e 5° e art. 147; Lei de Normas Gerais: Lei n °5.172/1966; Lei instituidora: Lei n° 4.502/1964; Regulamento do IPI – Decreto n° 7.212/2010. Síntese Histórica O Imposto sobre Produtos Industrializados, anteriormente conhecido como Imposto sobre o Consumo, a despeito da cobrança de impostos incidentes sobre o consumo desde a época do Império, foi inserido pela primeira vez na Constituição Federal de 1934, sendo de competência da União até hoje. Com a EC 18/1965, o IPI passou a ostentar a nomenclatura atual agregando, em seu fato gerador, além da tributação sobre o consumo, a incidência sobre a produção. É oportuno salientar que técnica da não cumulatividade foi inserida pela Lei 2.974/1956. Na inserção da tributação sobre o valor agregado no Brasil, coube a União, no que tange a tributação sobre a circulação de mercadorias em sentido amplo, o IPI, sendo, contudo, ao contrário dos modelos adotados na Europa, um modelo de compensação imposto por imposto, ou seja, na não cumulatividade adotada no Brasil, o que se permite compensar é o imposto pago anteriormente, e não a subtração direta do valor de aquisição em face do valor de alienação, tributando-se a diferença. Tal técnica, em muitos casos, finda por produzir distorções nocivas à produção e circulação de mercadorias. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 17 Principais Características Exceção ao Princípio da Legalidade Tributária Em razão da natureza regulatória, a extrafiscalidade que prepondera na exação em comento, o Poder Executivo, dentro dos limites previamente estipulados em Lei em sentido formal, pode modificar as alíquotas por ato próprio, ou seja, por Decreto, conforme previsto no art. 153, § 1° da CRFB/1988. Exceção ao Princípio da Anterioridade Tributária Pelas mesmas razões que tornaram o aludido imposto uma hipótese de exceção ao principio da legalidade, sua natureza extrafiscal, ele também não se submete ao princípio da anterioridade de exercício, somente a nonagesimal, art. 150, III, “c” da CRFB/1988. Cabendo ressaltar a crítica veemente da doutrina quanto a essa submissão por conta do esvaziamento do efeito regulatório na economia. Extrafiscal Tendo em vista a sua função regulatória, onde o principal objeto é estimular ou desestimular a produção/circulação de determinados bens e/ou produtos, a finalidade precípua do aludido imposto é a extrafiscalidade e não a arrecadação. Entretanto, urge salientar que a arrecadação do IPI é de extrema relevância, não somente para o ente tributante, a União que fica com 42% dos recursos arrecadados, mas também para os Estados e Municípios, que também são destinatários da arrecadação por meio dos fundos de participação dos entes federados em comento. Real Diz-se um imposto real na medida em que não leva em consideração características pessoais do contribuinte, mas sim, a riqueza objetivamente considerada. Indireto Quando a exação permite o fenômeno da repercussão tributária, ou seja, o expurgo para o contribuinte de fato do imposto pago pelo contribuinte de direito, diz-se se tratar de um tributo indireto. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 18 Não cumulativo Trata-se de um imposto submetido ao principio da neutralidade que se perfaz por meio da técnica da não cumulatividade. Esta técnica permite que o sujeito passivo possa abater o valor pago anteriormente do valor a recolher na operação própria, art. 153, § 3° da CRFB/1988. Com relação ao regime de creditamento, é necessário realçar que no IPI foi adotado o regime de crédito físico, ou seja, apenas créditos oriundos de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem podem ser objeto de apropriação para confronto na apuração do imposto devido não obstante a existência dos créditos fiscais oriundos de incentivos, arts. 236 a 239 do RIPI. Proporcional No que tange a relação entre o valor a ser recolhido e o valor atribuído ao bem/produto, é um imposto proporcional, haja vista que o valor arrecadado decorre da variação expressa do valor da base de cálculo, mantendo-se a alíquota em um percentual fixo, independentemente da eventual variação do valor da base de cálculo. Plurifásico Diz-se plurifásico o tributo que incide em todos os elos da cadeia produtiva. Seletivo Conforme doutrina pátria, a seletividade é uma forma de aplicação do princípio da capacidade contributiva, em que se varia a intensidade da tributação em sentido inverso ao da dependência humana em relação ao produto tributado . Ou seja, quanto mais importante for o produto/mercadoria para a vida humana, usando como parâmetro os limites da dignidade da pessoa humana, menor deverá ser a tributação incidente. Assim, seletivo é o tributo em que as alíquotas incidentes são inversamente proporcionais à essencialidade do produto tributado. O IPI é obrigatoriamente seletivo conforme previsto no art. 153, § 3°, I da CRFB/1988. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 19 Lançamento Consoante disposto no art. 19 da Lei n° 4.502/1964, o lançamento do imposto em deslinde é por homologação, ou seja, perpetrado mediante a apuração mensal, consoante dicção do art. 12, I da Lei n° 11.933/2009, por ato unilateral do sujeito passivo, pagamento do valor encontrado e entrega da declaração à autoridade fazendária. A fazenda possui o prazo de cinco anos para se manifestar quanto à austeridade do pagamento. Caso não o faça, o lançamento se reputará homologado tacitamente, na forma do disposto no art. 150, § 4 ° do CTN. A apuração mensal não modifica a certeza de que a hipótese de incidência se reputa ocorrida a cada operação de saída/circulação/desembaraço, cabendo, assim, a afirmação de que se trata de um fato gerador instantâneo. Fato Gerador – Elementos Elemento Material Consoante disposto no art. 46 do CTN, as hipóteses de incidência sob a ótica material são o desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira, a saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51, ou seja, a saída do estabelecimento do importador ou quem a lei a ele equiparar, a saída do estabelecimento do industrial ou quem a lei a ele equiparar, a saída do estabelecimento do comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos ao industrial retro citado e a arrematação, quando decorrente de apreensão ou abandono levado a leilão. Importante salientar que mesmo com a denominação indutiva a interpretação de incidência sobre a produção industrial, o referido imposto revela-se um imposto sobre a circulação e, assim, justifica-se a sua incidência sobre a importação, haja vista que nesta hipótese não ocorreu nenhuma dasmodalidades entendidas como industrialização em sentido estrito. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 20 Conforme disposto no Regulamento do IPI, o RIPI, Decreto n° 7.212/2010, resta previsto no seu art. 4°, para fins de incidência do imposto em análise, o que é considerado um processo industrial: Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único): I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 21 Em sentido oposto, no art. 5° do mesmo diploma legal, restam previstas as exclusões reconhecidas expressamente pela legislação. Existe uma zona de penumbra e aparente interseção entra as hipóteses de incidência do IPI e do ISSQN, haja vista que ambas as exações tratam de processos que findam na produção/elaboração de um produto de forma a lhe modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou ainda que o aperfeiçoe para consumo. Em razão dessa similitude, necessário que sejam delineadas características que sirvam para distinguir uma exação da outra. Segundo José Eduardo Soares de Melo2, a obrigação tributária decorre diretamente da realização das operações em seu sentido jurídico, pertinente a um bem elaborado anteriormente, ou seja, um ato de transferência da propriedade/posse de um bem transformado/modificado por conta do esforço humano perpetrado. Em suma, a obrigação é o “dar o produto industrializado”. A despeito de o produto ser fruto de um esforço humano do qual resultou uma transformação/modificação, a obrigação tem por núcleo essencial a entrega de algo corpóreo, materializado. Podemos concluir que o fato imponível, portanto, do IPI, é um dar um produto industrializado, de que é pressuposto necessário uma obrigação de fazer, materializada na modificação ou aperfeiçoamento de determinado objeto. Diante do caráter misto da industrialização para efeitos de incidência do IPI, o ordenamento tributário passou a segregá-lo das hipóteses de incidência do ISSQN com base na relevância de cada obrigação inserta na relação jurídica. 2 MELO, José Eduardo Soares de, ICMS - Teoria e Prática, p. 75. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 22 Assim, quando se tratar de hipótese de incidência do IPI, mostrar-se-á predominante a entrega do bem industrializado, ou seja, o dar se sobrepõe a antecedência necessária do fazer. Da mesma forma, no caso de hipótese de incidência do ISSQN, será nítida a proeminência do fazer em detrimento do dar, mera consequência natural. Em sentido diametralmente oposto, o elemento material da regra matriz de incidência do ISSQN, segundo voto da lavra do Ministro Luiz Fux, tem por elemento central a obrigação de fazer, não possuindo nenhuma área de interseção com uma obrigação de dar. A entrega do produto depois de cumprida a obrigação de fazer é mero exaurimento, uma consequência natural do serviço prestado. Corroborando com este entendimento ensina José Eduardo Soares de Melo 3 concernente a materialidade do ISSQN, que é certo asseverar que ela não se limita ao serviço, mas sim a prestação do serviço, estando consubstanciada, portanto, em uma obrigação de fazer. Quando o tomador do serviço efetua a contratação, tem por objetivo o resultado do esforço e da capacidade, física ou intelectual, da outra parte, e não simplesmente a apropriação de um bem, ainda que esta contratação tenha como resultado um bem corpóreo. Na seara jurisprudencial, anteriormente, o STJ já havia se posicionado no sentido de que deveriam ser levados em conta alguns elementos /circunstâncias para delinear qual tributo deveria incidir sobre o signo presuntivo de riqueza externado na conduta do agente quando se trata de industrialização por encomenda. 3 MELO, José Eduardo Soares de, ICMS - Teoria e Prática, p. 77. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 23 Assim, em primeiro lugar, para que se pudesse falar em incidência do ISSQN, por força da taxatividade vertical da lista anexa da LC n° 116/2003, a atividade desenvolvida deveria obrigatoriamente estar nela prevista. O segundo ponto que era condição si ne qua non para que se pudesse concluir pelo afastamento da incidência do IPI seria o atendimento as especificidades do bem produzido, haja vista ser produzido sob medida as necessidades do contratante, mas, contudo, esta posição jurisprudencial foi ultrapassada. No âmbito do STF, também se pode encontrar decisões análogas, agregando certas especificidades que merecem destaque. Por exemplo, ao analisar industrialização sob encomenda de embalagens, entendeu o STF que tendo em vista que as mesmas são integradas ao processo de industrialização do encomendante, e que os produtos obtidos seriam comercializados enquanto mercadorias, visando evitar a violação ao princípio da não cumulatividade, ter-se-ia um caso de incidência do IPI e não do ISSQN. “(...) o ISS não incide sobre operações de industrialização por encomenda de embalagens, destinadas à integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização ou de circulação de mercadoria. Presentes os requisitos constitucionais e legais, incidirá o ICMS.” (ADI 4.389-MC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 13- 4-2011, Plenário, DJE de 25-5-2011.) Vide: AI 533.202-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-9-2008, Segunda Turma, DJE de 21-11- 2008.” Quando foi posto a análise o caso da produção de rótulos e etiquetas, findou por decidir em sentido oposto, assentando entendimento de que incidiria ISSQN e não IPI: “Confecção de rótulos e etiquetas sob encomenda. Incidência apenas de ISS, e não ICMS. Precedentes.” (AI 533.202-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30- TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 24 9-2008, Segunda Turma, DJE de 21-11-2008.) Vide: ADI 4.389-MC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 13- 4-2011, Plenário, DJE de 25-5-2011. Em que pese à doutrina e parte da jurisprudência defender que a singularidade do bem, seria elemento capaz de afastar a incidência do IPI, é visível que existe uma mudança de entendimento no sentido de que segundo a literalidade da lista anexa da LC n° 116/2003, quando o material for fornecido pelo próprio contratado, afastada estaria à incidência do tributo municipal. Ademais, outro aspecto levado em conta é se o produto/mercadoria se destina a construção civil, pois, quando produzido fora do canteiro de obras, é pacífico o entendimentoque se submete a tributação do ICMS, sendo, inclusive, caso de subtração do valor da base de cálculo do ISSQN incidente sobre a prestação de serviço. Em decisão recente, o STF no julgamento do ARE: 720274 RS, que teve como relator o Ministro Dias Toffoli, esposou entendimento no sentido de que se a encomenda for parte da cadeia produtiva, não há que se falar em ISSQN, mas sim IPI. Fazendo-se uma leitura teleológica do julgado, podemos verificar que a destinação da produção passou a ser levada em consideração para a decisão exarada no mesmo sentido da decisão exarada em 2011, acima citada. Elemento Subjetivo Ativo O sujeito ativo é a União Federal de acordo com a dicção do art. 153, IV da CRFB/1988. Passivo Contribuinte: Consoante disposto no art. 51 do CTN, são contribuintes do IPI: a - o importador ou quem a lei a ele equiparar em relação ao fato imponível relativo ao desembaraço aduaneiro; b - o industrial ou quem a lei a ele equiparar em relação ao fato imponível decorrente da saída do produto que industrializar em seu estabelecimento; TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 25 c - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior no momento da saída do estabelecimento equiparado; d - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Cumpre salientar que ao revés da habitualidade exigida o comerciante e/ou industrial, na hipótese relativa à importação, basta uma única operação para que incida o aludido imposto. Entretanto, no que tange a pessoa física, em razão da impossibilidade do aproveitamento dos créditos, o STJ e o STF já se posicionaram em favor da não incidência. É oportuno asseverar que ao não contribuinte do imposto, ainda que pessoa jurídica, resta aviltado de qualquer forma a cadeia produtiva em razão da ineficácia da técnica da não cumulatividade. Responsável: Os responsáveis tributários no que tange a obrigação decorrente da ocorrência do fato imponível do IPI se encontram elencados no art. 25 do RIPI, respeitados os pressupostos previstos no CTN quanto à vinculação pessoal da pessoa do responsável em relação ao fato gerador relativamente ao contribuinte. Por oportuno, existem também em relação ao IPI os responsáveis solidários que estão elencados no art. 27 do RIPI. . Elemento Quantitativo Base de Cálculo Consoante disposto no art. 47 do CTN, a base de cálculo do imposto, nas operações oriundas do exterior, ou seja, no caso de importação, é o próprio valor aduaneiro, calculado conforme previsto no art. VII do GATT. Nas hipóteses de incidência baseado na saída dos produtos do estabelecimento industrial ou a ele equiparado, a base TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 26 de cálculo é o valor da operação celebrada. Somente na impossibilidade de apuração deste montante, adotar-se-á o preço de mercado normalmente praticado. Por oportuno, em sentido inverso do que ocorre no caso do ICMS, o valor do IPI não compõe o preço do produto, sendo destacado separadamente e acrescido no valor total a pagar pelo adquirente dos produtos. Alíquota As alíquotas relativas ao IPI, que são norteadas pela seletividade, encontram-se previstas na TIPI, Tabela de Incidência do IPI, Decreto n° 6.006/2006, que se encontra elaborada de acordo com o Sistema Harmonizado através da NCM, Nomenclatura Comum do Mercosul, constante no Decreto n° 2.376/1997. Elemento Temporal No que se refere ao elemento temporal, previsto no art. 46 do CTN, o fato imponível se reputa ocorrido no momento do desembaraço aduaneiro dos produtos, quando de procedência estrangeira, na saída do estabelecimento industrial ou a ele equiparado e no momento da arrematação, quando alienado por meio de leilão de produto apreendido ou abandonado. Elemento Espacial O elemento espacial é aquele que determina fisicamente a interpretação da hipótese de incidência do tributo em questão. Assim sendo, é o local onde se reputa ocorrida a hipótese de incidência tributária. Dessa feita, onde ocorrer o fato imponível, ali será interpretado como elemento espacial da exação em comento. Essa assertiva decorre da necessidade de delimitação da autoridade fazendária correlata à exação, ainda que o referido imposto seja de competência da União Federal incidindo de forma uníssona, em princípio, em todo o território nacional. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 27 4. Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação- ICMS Competência dos ESTADOS e do DISTRITO FEDERAL Disciplina Normativa Básica CRFB/1988 - Art. 155, II, e § 2°; Lei de Normas Gerais: Lei Complementar n° 24/1975 c/c Lei Complementar n° 87/1996; Legislação de instituição promulgada por cada ente tributante de forma individualizada; Síntese Histórica O aludido imposto foi criado em substituição ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias, ICM, que por sua vez havia substituído o Imposto sobre Vendas e Consignações, IVC, também de competência estadual, com a edição da Emenda Constitucional n° 18/1965, sendo fruto da fusão de seis impostos a saber: imposto sobre a circulação de mercadorias, sobre minerais, sobre combustíveis líquidos e gasosos, sobre energia elétrica, sobre transportes e sobre comunicações. O ICMS, igualmente a outros tributos não oriundos do Direito Civil, possui contornos que foram delineados pelo constituinte/legislador com olhar na dinâmica do mercado sob um viés jurídico e econômico, de forma concomitante. A manifestação de riqueza vislumbrada como signo presuntivo, não encontra guarita nos institutos tradicionais do Direito Civil. Não se tributa a compra e venda com o ICMS, mas sim a circulação qualificada da mercadoria que, em alguns casos, fisicamente poderá nem vir a ocorrer entre os celebrantes, como no caso da venda a ordem, operação triangular onde o agente intermediário solicita que o alienante primitivo efetue a entrega das TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 28 mercadorias diretamente no estabelecimento do adquirente final, sem passar fisicamente pelo seu estabelecimento. Dessa forma, como será visto adiante, existem inúmeras nuances a serem consideradas na análise do imposto em comento. Outro ponto de ilibada relevância é a competência estadual da referida exação em face da sua natureza nacional, ou seja, ainda que seja de competência estadual e que competência tributária seja irrenunciável, improrrogável, etc, esta competência está subjugada necessariamente a um controle unificado, que se materializa nos ditames impostos pela CRFB/1988, pela LC n° 24/1975 e, por consequência, pelos atos exarados pelo CONFAZ. Urge salientar que ao contrário do que ocorre no IPI quanto à seletividade, onde a sua implementação é obrigatória, no caso do ICMS a seletividade é facultativa, art. 155, § 2°, II da CRFB/88. Entretanto, existe acalorada discussão na doutrina e na jurisprudência quanto ao caso de que se o ente tributante resolver adotar a seletividade seria obrigado a adotar de forma ampla ou poderia adotar de forma pontual. Não obstante, também é motivo de polêmica a questão relativa à possibilidade da adoção de alíquotas em sentido diametralmente oposto ao princípio da seletividade, ou se o ente tributante é livre para dispor sobre as alíquotas da forma que bem lhe aprouver, respeitados os limites mínimos impostos pela Resolução do Senado Federal. Principais Características Fiscal Dentre as características do ICMS, cabe ressaltar a sua natureza fiscal, ou seja, sua principal finalidadeé em regra arrecadatória, podendo, contudo, assumir papel extrafiscal, quando aplicado, por exemplo, a seletividade que se encontra prevista no art. 155, § 2°, II da CRFB/88. Real Diz-se um imposto real na medida em que não leva em consideração características pessoais do contribuinte, mas sim, a riqueza objetivamente considerada. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 29 Indireto Quando a exação permite o fenômeno da repercussão tributária, ou seja, o expurgo para o contribuinte de fato do imposto pago pelo contribuinte de direito, diz-se se tratar de um tributo indireto. Não cumulativo Trata-se de um imposto submetido ao principio da neutralidade que se perfaz por meio da técnica da não cumulatividade. Esta técnica permite que o sujeito passivo possa abater o valor pago anteriormente do valor a recolher na operação própria, art. 155, § 2°, I, da CRFB/1988. Com relação ao regime de creditamento, é necessário realçar que no IPI foi adotado o regime de crédito físico, e no ICMS do crédito financeiro, ainda que de forma atenuada. Outro ponto de distinção entre os regimes de não cumulatividade aplicados ao |I|PI e ao ICMS, se refere ao aproveitamento de créditos na hipótese de presença de isenção, que no IPI continua a permitir o aproveitamento dos créditos preteritamente recolhidos na cadeia, enquanto que no ICMS existe uma ruptura com o regime, considerando-se nulos os créditos anteriormente ostentados. Proporcional No que tange a relação entre o valor a ser recolhido e o valor atribuído ao bem/produto, é um imposto proporcional, haja vista que o valor arrecadado decorre da variação expressa do valor da base de cálculo, mantendo-se a alíquota em um percentual fixo, independentemente da eventual variação do valor da base de cálculo. Plurifásico Diz-se plurifásico o tributo que incide em todos os elos da cadeia produtiva. Facultativamente Seletivo Ao contrário do previsto em relação ao IPI, o ICMS pode ser seletivo, mas, contudo, não é obrigatório. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 30 Lançamento O lançamento do imposto em deslinde é por homologação, ou seja, perpetrado mediante a apuração, em regra mensal, por ato unilateral do sujeito passivo, pagamento do valor encontrado e entrega da declaração à autoridade fazendária. A fazenda possui o prazo de cinco anos para se manifestar quanto à austeridade do pagamento. Caso não o faça, o lançamento se reputará homologado tacitamente, na forma do disposto no art. 150, § 4 ° do CTN. A apuração mensal não modifica a certeza de que a hipótese de incidência se reputa ocorrida a cada operação celebrada, cabendo, assim, a afirmação de que se trata de um fato gerador instantâneo. Existem situações em que a apuração é feita por operação, como por exemplo, nos casos de recolhimento pertinente a diferencial de alíquotas em operações interestaduais, onde o sujeito passivo apura o valor devido na operação e recolhe mediante GNRE, Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais, na mesma data da ocorrência da operação. Fato Gerador – Elementos Elemento Material Consoante disposto no art. 2° da LC n 87/1987, as hipóteses de incidência sob a ótica material são: Operações relativas à circulação de mercadorias; Fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; Prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio; Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 31 A entrada de mercadoria importada do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento ou que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade; O serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; A entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. Com relação às hipóteses de incidência acima elencadas, cumprem algumas considerações. O primeiro ponto a ser enfrentado é relativo à dimensão e contornos que devem ser atribuídos a expressão “Circulação de Mercadorias”. O antigo IVC, predecessor do ICM e, portanto, do ICMS, tinha por pressuposto a operação de compra e venda, ou seja, o negócio jurídico propriamente dito. Quando o IVC foi substituído pelo ICM, adotando-se a técnica da não cumulatividade na perseguição da neutralidade da cadeia produtiva e de consumo, a simples qualificação decorrente do Direito Civil, baseada na tradição do bem a fim de aperfeiçoar o negócio em comento, tornou-se insuficiente, carecendo da delimitação dos contornos próprios da exação em deslinde. Basicamente, podemos resumir em três posicionamentos existentes na doutrina/jurisprudência pátria sobre o assunto em TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 32 comento, prescindindo, entretanto, perpassar pela breve conceituação de “Mercadoria” para chegar aos contornos desejados. Mercadoria, consoante ensinamentos de José Eduardo Soares de Melo4, é um bem corpóreo, objeto das atividades desenvolvidas pelo produtor, industrial e/ou comerciante, qualificada pela sua destinação ao mercado de consumo, elencada no estoque empresarial de forma distinta dos bens destinados ao ativo permanente e/ou uso consumo. É oportuno ressaltar a ampliação objetiva decorrente da redação constitucional na medida em que a energia elétrica, ainda que incorpórea, para fins tributários é um bem móvel e está sob o campo de incidência do ICMS. Ultrapassada esta questão, podemos passar a breve digressão quanto à acepção adequada à hipótese de incidência denominada “circulação de Mercadorias”. Conforme antes exposto, de forma genérica, podemos separar em três os entendimentos existentes no âmbito do Direito Tributário pátrio. Por meio de uma interpretação gramatical/literal, tem-se que bastaria a circulação física de bens juridicamente classificados como mercadoria para se reputar ocorrida à hipótese de incidência com a consequente obrigação tributária. Não há que se olvidar que esta foi, na maioria das vezes, a posição adotada pela autoridade fiscal, haja vista ser a que mais lhe apeteceria, sem, contudo, ter encontrado guarita tanto na doutrina quanto na jurisprudência por carecer de elemento legitimador, conforme bem ressaltado por Aliomar Baleeiro5, se assim o fosse, o furto/roubo do estoque de determinada empresa seria fato apto a ensejar a cobrança da exação em estudo. 4 MELO, José Eduardo Soares. ICMS teoria e Prática, p. 17. 5 BALEEIRO, Aliomar. Direto Tributário Brasileiro, p. 385. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 33 Não obstante a relevância da saída física no que tange ao elemento temporal do aludido fato gerador, a saída despida da devida qualificação de deslocamento subjetivo de propriedade, não é acontecimento hábil a provocar a incidência do ICMS. O segundo entendimento, ao revés do acima esposado, prende-se unicamente ao elemento jurídico da operação, ou seja, reputa ocorrido o fato imponível, a despeitodas demais circunstâncias, com a transferência de propriedade, mantendo-se similar a interpretação atribuída a hipótese de incidência do extinto IVC. Desta forma, há que se considerar que se reputar ocorrido o fato imponível no momento da transmissão da propriedade independentemente de circulação física, mostra-se incorreto. É possível se vislumbrar casos em que realmente o fato imponível se reputa ocorrido antes mesmo da circulação física, como por exemplo, no caso de venda a ordem. Contudo, não se pode olvidar que a celebração do negócio jurídico desassociado da circulação da mercadoria, da mesma forma que acontece com a mera circulação física, carece de um elemento para conformação a hipótese material de incidência. Por fim, existe uma terceira posição que se baseia na circulação econômica da mercadoria. Para tal posicionamento, além da circulação física, necessário é a circulação jurídica, qualificada pela progressão na cadeia produtiva. Assim, para que se repute ocorrido o fato imponível, é imprescindível a presença dos dois elementos de forma concomitante: Circulação física das mercadorias aliado a circulação jurídica. Dentre os entendimentos enfrentados, é possível vislumbrar que a terceira posição se mostra mais coerente, revestida de razoabilidade, se coadunando com os ensinamentos de Ricardo Lodi Ribeiro6. 6 RIBEIRO, Ricardo Lodi, Tributos, Teoria Geral e Espécies, p. 244. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 34 A segunda natureza de hipótese de incidência a ser analisada, se refere a que incide sobre os serviços de comunicação que, até a promulgação da CRFB/1988, era de competência da União. O pressuposto necessário para que se repute ocorrido o fato imponível contido na expressão de prestação de serviços de comunicação se consubstancia na transmissão onerosa, por quaisquer meios, de informação e/ou dados. Assim, no que se refere à participação do prestador, a sua obrigação de fazer se completa no momento em que propicia a interlocução entre os elementos que integram a relação. Importante vislumbrar a nítida diferença entre comunicação, relação estabelecida entre pessoas determinadas, serviço de natureza uti singuli e difusão, mensagem dirigida a pessoas indeterminadas, serviços uti universi. A referida diferença serve para determinar a incidência do ICMS, quando se tratar de pessoas determinadas e ISSQN, quando indeterminadas. Não pode se esquecer da necessária onerosidade, de onde resta assentado o entendimento que nas transmissões de TV aberta, o elemento oneroso está ausente, deslegitimando a cobrança do ICMS, enquanto que na transmissão de TV a cabo, de natureza onerosa, a incidência é inafastável. A hipótese seguinte a ser brevemente analisada, é referente aos serviços de transportes interestaduais e intermunicipais. As hipóteses em apreço eram tributadas antes da CRFB/1988 pelo ISTR, Imposto sobre os Serviços de Transporte Rodoviário de Carga e Passageiros, de competência da União. A incidência é decorrente da prestação de serviços e no caso de transporte de bens próprios, não há que se falar na aludida hipótese. É importante ressaltar que quando o transporte se iniciar no exterior, o Estado de destino será competente para exigir a exação. No que tange a importação, da mesma forma, o Estado de destino será o sujeito ativo da relação decorrente da ocorrência do fato gerador. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 35 Quanto aos casos relativos a petróleo e seus derivados e a energia elétrica, ao contrário da regra geral, o ente tributante competente é o do local onde está sediado o adquirente. Por fim, no que se refere aos bares e restaurantes, ainda que o fornecimento de comidas e bebidas tenha uma relevante parcela de natureza de prestação de serviços, por imposição legal somente incide o ICMS. Quanto às demais situações que importem fornecimento concomitante de mercadorias e serviços, caso não sejam objeto de incidência do ISSQN, a legislação determina que possam ser oferecidas a tributação do ICMS. Elemento Subjetivo Ativo O sujeito ativo são os Estados e o Distrito Federal, a depender do aspecto espacial do fato gerador conforme disposto no art. 155, II da CRFB/1988. Passivo Contribuinte: Consoante disposto no art. 4° da LC n° 87/1996 é: a) A pessoa, física ou jurídica, que promova com intuito comercial e de forma habitual, operações de circulação de mercadorias. b) A despeito da habitualidade ou destinação comercial, na importação, a pessoa física ou jurídica, também será considerada contribuinte. c) A pessoa destinatária de serviços cuja prestação tenha ocorrido no exterior ou que tenha se iniciado no exterior; d) Aquele que tenha adquirido mercadorias oriundas de apreensão ou abandono; TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 36 e) Quem adquira petróleo e/ou seus derivados; f) Quem adquire energia elétrica em ente federado diverso exceto quando se destine a comercialização ou industrialização; Responsável: Os responsáveis tributários no que tange a obrigação decorrente da ocorrência do fato imponível, conforme disposto no art. 121 do CTN e no art. 6° da LC n° 87/1996, é aquele que possuindo vínculo com o fato gerador, à lei lhe imponha tal condição. Essa questão será melhor abordada quando se enfrentar adiante o regime de substituição tributária. . Elemento Quantitativo Base de Cálculo Em regra, consoante disposto no art. 13 da LC n° 87/1996, a base de calculo é o valor da operação praticada adicionando-se o valor do seguro, do frete quando prestado pelo próprio contribuinte ou por sua conta e ordem e os descontos condicionais. Cumpre salientar que o IPI, quando incidente na operação, nos casos em que a mercadoria não se destine a industrialização e/ou comercialização, também integrará a base de cálculo do ICMS. Alíquota As alíquotas relativas ao ICMS necessitam ser analisadas de forma individualizada para as operações internas e operações interestaduais. Quanto às operações internas, em regra, já que o ICMS é um imposto de competência estadual/distrital, o ente tributante tem a liberdade de estabelecê-las na medida dos seus interesses. Contudo, conforme previsto no art. 155, §2°, VI da CRFB/1988, o valor mínimo não pode ser inferior do que o aplicado às operações interestaduais que tem as TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 37 suas alíquotas determinadas por Resolução do Senado Federal. Conforme redação contida na EC n° 87/2015, as operações interestaduais praticadas com não contribuintes, seguirão a regra de partilha crescente com fito de equalizar a arrecadação entre os Estados eminentemente produtores e os demais Estados. Cumpre salientar a possibilidade de aplicação do principio da seletividade, majorando a alíquota em sentido diametralmente oposto a essencialidade do bem tributado. Com relação à base de cálculo, é imprescindível adentrar a tortuosa questão relativa à integração do próprio ICMS em sua base de cálculo. A doutrina e a jurisprudência, em regra, asseveram que o ICMS é calculado por dentro, ou seja, na verdade o valor do imposto integra a sua própria base de cálculo. Dessa forma, para calcular o referido imposto, se faz necessário a aplicação da seguinte fórmula: 1 - Alíquota nominal / 100 = Y 2 - 100 - alíquota nominal = X 3 - ( Valor das mercadorias / X ) *100 = Base de cálculo 4 - Base de cálculo * Y = Valor do imposto 5 - Valor do imposto / Valor das mercadorias = Alíquota real Exemplo: Alíquota nominal = 19% Valor das mercadorias = R$ 100,00 1 - 19 / 100 = 0,19 2 - 100 - 19 = 81 3 - ( 100 / 81 ) * 100 = 124 4 - 124 * 0,19 = 23,56 TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 38 5 - 100 / 23,56 = 23,26 Dessa forma, se formos verificar,é uma afronta inequívoca ao princípio da transparência a imposição da integração do próprio imposto em sua base de cálculo. Ver (TJ-SP - APL: 181554320108260053 SP 0018155-43.2010.8.26.0053, Relator: Décio Notarangeli, Data de Julgamento: 14/12/2011, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 15/12/2011) Não obstante, a despeito do pronunciamento do STF no sentido de que o ICMS realmente integra a sua base de cálculo, na prática, não é muito comum se ver o indigitado imposto calculado dessa forma. Outro ponto de inegável relevância são as modificações implementadas pela EC n° 87/2015 no que tange as operações interestaduais a não contribuintes. Quando se celebra uma operação de circulação de mercadorias interestadual onde o destinatário é contribuinte, não pairam dúvidas que a alíquota a ser praticada é a determinada pelo Senado Federal, ou seja, 12% ou 7%, dependendo do estado de destino. Com relação aos não contribuintes, quando estes eram os destinatários, a alíquota aplicável era a mesma utilizada para as operações internas, ou seja, a integralidade de tributação ficava no Estado de origem da operação. Após a entrada em vigor da aludida Emenda Constitucional, as regras mudaram, e agora, existe uma tabela progressiva onde parte da tributação continua a ser recolhida em favor do Estado de origem, mas uma parte passou a ser recolhida em favor do Estado de destino. A parte que passou a ser partilhada é o resultado do diferencial de alíquota em face ao confronto da alíquota interestadual e a alíquota interna do Estado de destino para as mercadorias objeto da operação. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 39 ANO ESTADO DE ORIGEM ESTADO DE DESTINO 2016 60% 40% 2017 40% 60% 2018 20% 80% 2019 0% 100% Matéria que estava pacificada contando, inclusive com verbete sumular, é a referente às empresas de engenharia quando adquirem insumos para emprego nas obras que executa. Conforme verbete da Súmula 432 do STJ, não há que se falar em cobrança de diferencial de alíquotas, mas sim, por aplicação analógica em razão da posição de não contribuinte ostentada quando pratica tais operações, a imposição da alíquota interna do Estado de origem como medida de justiça fiscal. Entretanto, em razão da modificação legislativa implementada pela referida Emenda Constitucional, certamente deverão ocorrer novas ponderações por conta dos contribuintes. É plausível asseverar e mesmo esperar que as cortes mantenham a exegese anterior, em razão do sentido outrora esposado, na medida em que a mudança tem caráter distributivo, e não de majoração tributária. Urge salientar que até mesmo a entrada em vigor da referida Emenda foi causa de profunda dissenção, haja vista que previa implementações no próprio exercício em que foi editada, e no final, contava a sua submissão ao princípio da anterioridade de exercício de forma expressa. Elemento Temporal No que se refere ao elemento temporal, previsto no art. 12 da LC n° 87/1996, o fato imponível se reputa ocorrido basicamente sob três planos. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 40 Sobre a circulação de mercadorias, é possível aglutinar as hipóteses que se referem à saída da mercadoria do estabelecimento em conjunto com a que trata da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém-geral ou depósito fechado e ainda a que se refere à transmissão da propriedade nos casos em que a mercadoria não transite pelo estabelecimento do adquirente. Nas situações acima aventadas, podemos asseverar que se reputa ocorrido o fato imponível no momento da saída, física, do estabelecimento, nos dois primeiros e no terceiro caso, com a emissão do competente documento fiscal que acobertar a operação. Nos casos relativos a fornecimento de alimentos e bebidas em restaurantes ou similares, é oportuno asseverar que se reputa ocorrido o fato imponível no momento em que se apura o valor devido. Referente às operações de transporte reputa-se ocorrido o fato imponível no momento em que se inicia a prestação de serviços, exceto no que se refere ao transporte iniciado no exterior, invertendo-se para o destino o elemento temporal. No que se refere aos serviços de comunicação, estes se reputam ocorridos com o ato praticado propriamente dito. Quanto às hipóteses de fornecimento em conjunto com serviços, na forma do previsto na LC n° 116/2003, este se reputa ocorrido quando do efetivo fornecimento das mercadorias. Com relação às operações de importação, o fato imponível se reputa ocorrido no momento do desembaraço aduaneiro. No que tange aos serviços que se iniciaram ou foram integralmente prestados no exterior, reputa-se ocorrido o fato imponível com o efetivo recebimento. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 41 Nos casos relativos a operações com petróleo e derivados, assim como a energia elétrica que não seja destinada a comercialização ou industrialização, se reputa ocorrido o fato imponível no momento da entrada no território do ente tributante de destino. Elemento Espacial O elemento espacial é aquele que determina fisicamente a interpretação da hipótese de incidência do tributo em questão. Assim sendo, é o local onde se reputa ocorrida a hipótese de incidência tributária. Dessa feita, onde ocorrer o fato imponível, ali será interpretado como elemento espacial da exação em comento. Essa assertiva decorre da necessidade de delimitação da competência tributária em razão da mesma ser Estadual/distrital, e, assim, é imprescindível a determinação espacial. Em regra, o elemento espacial estará umbilicalmente ligado com o local onde se encontra instalado o estabelecimento de onde seja deflagrada a operação de circulação, haja vista que a saída física, circunstância crucial para a ocorrência do fato imponível na grande maioria das hipóteses de incidência. Quando se tratar dos casos relativos aos derivados de petróleo e energia elétrica, o elemento espacial se confundirá com o elemento temporal na medida em que por se tratar de uma exceção à regra de incidência na origem, restará o destino como elemento espacial do fato gerador do aludido imposto. Essa exceção à regra também merece atenção quando se trata da discussão sobre a redistribuição dos Royalties oriundos da extração de petróleo, haja vista que a lógica adotada para transposição do elemento espacial ser decorrente do aspecto de que na época da elaboração da CRFB/1988 não pairavam dúvidas quanto aos destinatários das TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 42 compensações decorrentes das atividades de exploração dos produtos em comento. Assim, os efeitos de uma discussão, deverá obrigatoriamente reabrir a discussão quanto à outra: se há redistribuição dos valores pagos a título e compensação, também é necessário que se reveja o elemento espacial do fato gerador do ICMS relativo ao petróleo e seus derivados. Fiscalização Estadual do ICMS O Estado ou o Distrito \federal, enquanto ente competente no que tange ao ICMS possuem amplos deveres/poderes para fiscalizar e autuar o contribuinte e/ou responsável, quando cabível, quanto às operações objeto de incidência do referido imposto. Paulatinamente, a Administração Fazendária Estadual, em âmbito nacional, veio evoluindo suas ações, em especial com a adoção dos documentos fiscais eletrônicos e as declarações prestadas também na modalidade eletrônica. Atualmente o fiscal não carece, na maioria das vezes, de comparecer fisicamente para perpetrar uma análise perfunctória da austeridade das operações celebradas pelos contribuintes/responsáveis. Ademais, mediante o cruzamento das informações prestadas pelos diversos participantes das operações celebradas, a cada dia ficam mais evidentes os erros e desacertos praticados peloscontribuintes/responsáveis. Assim, além das certezas assentadas nos entendimentos pacificados nos tribunais, por exemplo, no que tange do não cabimento dos efeitos da denúncia espontânea nos tributos lançados por homologação devidamente declarados, outras passam a se mostram cada vez mais nítidas. Foi-se o tempo em que as obrigações instrumentais praticadas careciam da presença física do Fiscal para serem analisadas. Hoje, quando e empresa é intimada a apresentar documentos, na maioria das vezes, são para mera constatação e produção de lastro probatório com fito de consubstanciar. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 43 Apenas para ilustração, com a NFE, Nota Fiscal Eletrônica, que não se deve confundir com o DANFE, Documento Auxiliar da Nota Fiscal, impresso para acompanhamento das mercadorias e positivação do recebimento destas no que tange a efetiva produção do Título de Crédito pertinente, todos os dados são imediatamente informados as Receitas envolvidas, ou seja, a Receita Federal do Brasil, as Receitas Estaduais/Distrital. Assim, de posse das informações de cada elemento participante da cadeira produtiva, estoques, valor, tributos incidentes, origem, destino, aplicabilidade da mercadoria, etc..., restando evidente que a eficácia da fiscalização se multiplicou de maneira incomensurável, cabendo, aos tributaristas e colaboradores, a tarefa de traduzir em ações e comportamentos, medidas aptas a cumprir as exigências legais, assim como, atenuar a carga tributária por meio de atitudes lícitas na persecução da dinâmica necessidade que o mercado contemporâneo impõe. Substituição Tributária Progressiva Na forma do disposto no art. 121, parágrafo único, I do CTN, contribuinte é a pessoa que por possuir uma relação pessoal e direta com o fato gerador, tem a responsabilidade originária no que tange a obrigação tributária, enquanto responsável, conforme dicção do art. 121, parágrafo único, II e no art. 128, ambos do CTN, é aquele que, mesmo sem revestir a condição de contribuinte, tem a obrigação decorrente de lei. A obrigação tributária, dessa forma, pode ser oriunda da prática do fato imponível, contribuinte, ou por imputação legal, responsável. No CTN encontramos a possibilidade de responsabilidade por transferência e por substituição. Enquanto que na responsabilidade por transferência, a obrigação nasce para o contribuinte, mas por conta de fato superveniente, ela se desloca para a figura do responsável, na responsabilidade por substituição, a obrigação nasce diretamente para o responsável. TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 44 No estudo relativo ao ICMS, a problemática reside na modalidade por substituição. O regime de substituição tributária é na verdade uma técnica aplicada à forma arrecadatória que visa eficácia fiscal no sentido de concentrar em determinadas pessoas integrantes da cadeia produtiva, a obrigação de apurar e recolher a tributação incidente sobre operações praticadas por terceiros integrantes da cadeia. Ela pode ocorrer em relação a operações antecedentes, concomitantes ou futuras. O regime de substituição tributária para trás ou antecedente, é a hipótese em que resta concedido o diferimento na apuração e/ou no pagamento do imposto, ou seja, o fato imponível já ocorreu, mas a apuração e/ou o recolhimento foram postergados para um elo seguinte na cadeia produtiva, como por exemplo, nas cooperativas de leite, onde os produtores rurais, no momento em que fazem circular a sua mercadoria na medida em as entregam nas cooperativas, não recolhem o imposto devido, cabendo às cooperativas apurar e recolher, além do imposto devido na operação própria, quando faz circular a mercadoria após o devido tratamento, o imposto relativo ao produtor rural que praticou o fato imponível anteriormente. Esta modalidade não é objeto de maiores digressões, haja vista que como o fato gerador já ocorreu, e o fisco estipulou a sua apuração e recolhimento para um momento posterior, nada há que se falar em sentido contrário, de forma diversa da substituição progressiva que trabalha em cima da ideia de fato gerador presumido. A segunda espécie de substituição é a relativa a operações concomitantes. Conforme previsto no art. 6°, §1° da LC n° 87/1996, pode a legislação estatual atribuir responsabilidade a terceiro sobre operações concomitantes, sem, contudo, especificar as hipóteses. Em uma análise perfunctória, não parece razoável provocar o deslocamento da sujeição passiva sem motivo robusto. Quando se tratam de operações concomitantes, em regra, não se mostra razoável a modificação subjetiva por ausência de legitimação, mas, contudo, cumpre salientar que a dicção contida na TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 45 aludida norma estabelecedora das regras gerais do ICMS é clara em permitir tal regime de substituição. O regime de substituição tributária progressiva, regime que realmente é objeto de profunda controvérsia e de ampla aplicabilidade no imposto em deslinde, tem por fundamento a redação esculpida no art. 150, § 7° da CRFB/1988, que trata do fato gerador presumido. Não obstante o STF já ter se posicionado quanto à constitucionalidade do aludido dispositivo, assentou também o entendimento de que somente nos casos de inocorrência absoluta do fato gerador presumido é que o contribuinte/responsável teria direito a restituição7. Fato gerador presumido é aquele que a despeito de ainda não ter ocorrido no mundo fenomênico, com base em projeções obtidas por meio de análises estatísticas de mercado, aplicando-se uma denominada “Margem de Valor Agregado”, MVA, ao valor da operação própria, obtém-se uma base de cálculo projetada como se fosse o valor final da cadeia, onde se calcula o imposto que seria devido e o arrecada de forma antecipada a efetiva ocorrência do fato imponível. É de extrema relevância ressaltar que somente há que se falar em substituição tributária progressiva, na forma do disposto no art. 150, § 7° da CRFB/1988, nos casos em que a mercadoria for destinada a revenda, haja vista que o que se presume é a futura ocorrência de nova operação de circulação, fato que por si só é capaz de afastar a incidência nos casos de mercadoria para uso/consumo, insumo para a construção civil e industrialização propriamente dita. Para fins de melhor compreensão, segue abaixo exemplo de como se calcula o imposto sobre a operação própria e sobre as subsequentes em uma operação submetida ao 7 STF. RE 373.011-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 17-6-2008, Segunda Turma, DJE de 1º-8- 2008.Disponível na Internet em http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID = 539233. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC& TRIBUTAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO 46 regime de substituição tributária progressiva em uma operação interna onde vigore o Princípio do Término da Tributação8: Valor da operação própria = R$ 1.000,00 Alíquota do ICMS = 18% Margem de Valor Agregado - MVA - 42% Base de cálculo ICMS ST = MVA aplicado sobre o valor da operação primitiva Valor da operação própria R$ 1.000,00 A ICMS Operação própria R$ 180,00 B = 18% * A Base de cálculo ICMS ST R$ 1.420,00 C = A *1,42 (MVA) ICMS projetado R$ 255,60 D = 18% * 1.420,00 ICMS ST R$ 75,60 E = D - B Valor total da NFE R$ 1.075,60 Total = A + E Sobre o aludido regime, cabem considerações no sentido de que se por um lado, a fiscalização se tornar indubitavelmente mais eficiente, alcançando até mesmo o mercado informal, por outro lado, ela impõe um preço médio, agindo quase como um tabelamento, haja vista que na medida em que u pago o imposto sobre uma base fictícia, projetada, e não tenho a oportunidade de me ressarcir no caso de praticar preços abaixo dos esperados, a liberdade
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