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Resumo-Direito Penal Especial-Aula 04-Furto Simples-Victor Goncalves

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Delegado Civil e Federal 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Penal Especial 
Professor: Victor Gonçalves 
Aula: 04 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
 
SUMÁRIO 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
1. Furto Simples (Art. 155-CP) – (continuação) 
 
 
 Título II – Dos crimes contra o Patrimônio 
 
Capítulo I – Do Furto 
 
1. Furto (art. 155-CP): (continuação) 
 
 O desvio de água encanada caracteriza furto, porque esta água tem dono, ou seja, é a concessionária 
que explora esse bem (SABESP). Quando o agente desvia a água ou a energia elétrica, de modo a não 
ser registrada no medidor, o crime é de furto. 
 
 Também ocorre crime de furto quando é empregada fraude no medidor para que o consumo seja 
registrado em quantidade menor (furto qualificado pela fraude). 
 
 Por fim, quando o consumo é registrado regularmente no medidor, mas depois disso o agente emprega 
uma fraude neste para que a conta tenha um valor menor, o crime é o de estelionato. 
 
 Está pacificado o entendimento de que: no caso de furto de água e energia, o pagamento integral gera 
a extinção da punibilidade, por aplicação analógica da legislação tributária, com o argumento de que 
água e energia são preços públicos. 
 
 
 
 
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 O credor quando subtrai bem do devedor para se auto ressarcir de dívida vencida não paga, comete o 
crime de Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345-CP). Embora tenha havido subtração de coisa 
alheia o crime não é o de furto, em razão da ausência de intenção de locupletamento ilícito. 
Art. 345-CP: Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 Qual é o crime contra o patrimônio que não exige a intenção de locupletamento ilícito? 
Crime de dano. 
 
 Ânimo de assenhoreamento definitivo do bem, para si ou para outrem: elemento subjetivo. 
 
 O instituto do furto de uso não é previsto na legislação, mas a doutrina e a jurisprudência reconhecem 
o instituto do furto de uso, em que o fato é considerado atípico, desde que presente 2 requisitos: 
 
a) Requisito subjetivo: intenção de uso momentâneo do bem alheio. Não é requisito do furto de uso 
que a subtração tenha ocorrido para afastar uma situação de perigo, porque para estes casos aplica-
se a excludente do Estado de Necessidade; 
 
b) Requisito objetivo: é a efetiva e integral devolução do bem. Haverá crime se o agente retirar alguma 
peça ou acessório antes de devolver o objeto principal. 
 
Ex. 1: pegar o carro, devolvê-lo, mas retirar o estepe. Haverá furto do estepe e furto de uso do 
carro. 
Ex. 2: Se o agente usa e devolve o veículo com muito menos combustível, responde pelo furto do 
combustível. 
 
 Objetividade Jurídica: o patrimônio. Trata-se de crime simples, porque afeta um único bem jurídico. 
 
 Sujeito Ativo: crime comum – qualquer pessoa, exceto o dono. 
 
 
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 O funcionário público que se aproveita de facilidade decorrente do cargo para subtrair bem público ou 
bem particular que está sob a custódia da Administração pratica peculato-furto (art. 312, § 1°-CP). 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse 
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não 
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para 
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de 
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
 Se por erro, plenamente justificável pelas circunstâncias, o agente se apossa de bem alheio, pensando 
que lhe pertence e o leva embora, não se configura o crime de furto por falta de dolo. Ocorreu nesse 
caso o chamado erro de tipo. 
 
 Sujeito Passivo: dono da coisa, além do possuidor/detentor que sofrer prejuízo econômico. 
 
 Posse ilegítima: ladrão que furta ladrão (a vítima é a dona da coisa). Quem subtrai objeto anteriormente 
furtado por outra pessoa comete crime de furto, mas nesse caso a vítima é apenas o proprietário, e não 
o primeiro furtador. 
 
 Pessoa Jurídica: tem patrimônio próprio e, por isso, pode ser sujeito passivo do crime de furto.