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Resumo-Direito Penal Especial-Aula 20-Sequestro_Carcere_Violacao_Crimes contra Paz e Fe Publica-Mauro Argachoff

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Delegado de Polícia 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Mauro Argachoff 
Aula: 20 | Data: 09/04/2018 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
1. Sequestro e Cárcere Privado 
 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO 
1. Violação de Domicílio 
 
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 
1. Organização X Associação Criminosa 
2. Constituição de Milícia Privada 
 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
1. Uso de documento falso 
2. Falsa Identidade 
3. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor 
 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
1. Sequestro e Cárcere Privado 
“Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou 
cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) 
Pena - reclusão, de um a três anos.” 
 
Diferença entre Sequestro e Cárcere privado: no sequestro a vítima é colocada em local mais amplo do que no 
Cárcere Privado. 
Crime permanente. 
Dolo. Não há que se falar em culpa. 
Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa, crime comum (inclusive o incapaz de se locomover). 
 
“§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro 
do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela 
Lei nº 11.106, de 2005) 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de 
saúde ou hospital” 
 
 
Qualificadora: 
 ascendente, 
 descendente, 
Inciso I: se a vítima é: cônjuge ou 
 companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10446.htm#art1i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art1
 
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Inciso II: se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital (abrange asilo); 
 
Inciso II: privação durar mais de 15 dias; 
 
Inciso IV: se o crime é praticado contra menor de 18 anos (agente dever ter conhecimento dessa circunstância); 
 
Inciso V: se o crime é praticado com fins libidinosos. 
Lei 11.106/05 revogou o rapto violento do art. 219 do CP, falava-se em “mulher honesta”, sentido de mulher 
virgem. Vítima pode ser homem. Desnecessidade de que o ato libidinoso seja efetivamente praticado, 
consumando-se com a captura. Praticados os atos responde por estupro e sequestro. 
 
 
“III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. 
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) 
anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) 
“V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela 
Lei nº 11.106, de 2005) 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da 
detenção, grave sofrimento físico ou moral: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos”. 
 
Causará grave sofrimento físico ou moral quando a vítima for colocada em local úmido, quente, companhia de 
ratos, falta de alimentação, sofrendo agressões físicas, etc. 
No caso de lesões graves ou morte, responde em concurso com o sequestro. 
Se estiver presente as hipóteses do §1º e § 2º, aplica-se o último parágrafo por ser mais grave. 
 
Lei de Tortura: se praticada mediante sequestro tem pena aumentada de ⅙ a ⅓ (art. 1º, § 4, III, da 9455/97). 
 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO 
 
1. Violação de Domicílio 
 “Violação de domicílio 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou 
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa 
alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.” 
 
A casa é asilo inviolável (CF/88, art. 5º, XI) 
Entrar, permanecer pressupondo que lhe é dado a autorização, clandestinamente (a vítima não percebe, por 
exemplo, muro, janela), astuciosamente, ocorre a fraude (uniforme falso, por exemplo). 
 
Elemento subjetivo: dolo. Não há forma culposa para configurar violação de domicílio. 
Consumação: ocorre quando a pessoa ingressa ou não se retira (mera conduta). 
Tentativa: possível por ser plurissubsistente, ou seja, a conduta se divide em atos. 
 
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar 
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por 
duas ou mais pessoas: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art148§1iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art148§1v
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm#art148§1v
 
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Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena 
correspondente à violência. 
 
Noite: há a qualificadora porque é mais difícil de coibir o indivíduo na prática do delito. Porém, não menciona 
“repouso noturno” conforme no crime de furto. Não se exige repouso. O termo “local ermo” significa local mais 
afastado. 
A expressão “emprego de arma” indefere se a arma é própria ou imprópria. O indivíduo deve fazer a violação do 
domicílio empregando (usando) a arma, o que pode configurar simples porte ostensivo dessa arma. A arma na 
cintura já causa um temor e caracteriza o tipo penal. 
A violência que refere o parágrafo 1º do artigo 150 do CP pode ser contra pessoa ou coisa, por exemplo, porta, 
portão do domicílio. 
Concurso de pessoas: é desnecessário que todos violem o domicílio. Pode ser que um sujeito fique do lado de 
fora e o outro viole o domicílio. 
 
Causas de aumento de pena 
“§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por 
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das 
formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.” 
 
- Fora dos casos legais: ingresso no domicílio sem mandado. 
- Formalidades em lei: por exemplo, há mandado, mas o ingresso ocorre em período não permitido (noite). 
- Abuso de poder: o funcionário extrapola o tempo necessário para cumprir o mandado. 
- Funcionário público: divergência 
 a) só abuso de autoridade – Lei 4.898/65; 
 b) violação simples e abuso de autoridade; * PREVALECE 
 c) violação do §2º, mais abuso de autoridade 
 
“§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia 
ou em suas dependências: 
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para 
efetuar prisão ou outra diligência; 
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está 
sendo ali praticado ou na iminência de o ser.” 
 
 
Excludente de ilicitude 
Prisão em flagrante: qualquer hora do dia ou da noite. 
 
“§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce 
profissão ou atividade. 
 
 
Considera-se “casa”: sala da gerência de uma loja, parte interna de oficina ou de um bar, quarto do hotel 
ocupado, do motel ocupado, gabinete do Delegado de Polícia. 
 
 
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“§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, 
quanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.” 
 
Não é considerado “casa”: “taverna” significa o bar, casa de jogo, casa de prostituição (localidade, em tese, onde 
se pratica crime habitual, conforme artigo 229 do CP). 
 
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 
 
1. Organização X Associação Criminosa 
 
Associação Criminosa, artigo 288, CP 
 
Alterado pela Lei Organização Criminosa. 
 
Organização X Associação Criminosa 
 
A organização criminosa, prevista na lei 12.850/13, exige 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenadas e com 
divisão de tarefas, para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superior a 4 anos ou de carátertransnacional. 
 
Basta apenas um dos membros armado. 
 
Roubo com uso de arma X aumento de pena da associação armada: o STF e o STJ entendem não haver bis in idem, 
pois trata-se de Delitos autônomos e com bens jurídicos diversos. 
 
2. Constituição de Milícia Privada 
 
Difere de associação criminosa. 
Crimes previstos neste Código e não em leis extravagantes. 
Não possui número mínimo de integrantes. 
Tem pena maior que a associação criminosa. 
 
 “DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 
Incitação ao crime 
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
Apologia de crime ou criminoso 
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de 
autor de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
 
Associação Criminosa 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim 
específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 
2013) (Vigência) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27
 
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei 
nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é 
armada ou se houver a participação de criança ou 
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 
2013) (Vigência) 
 
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, 
de 2012) 
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear 
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a 
finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste 
Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela 
Lei nº 12.720, de 2012)” 
 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
 
1. Uso de documento falso (artigo 304, CP) 
 
Dúvida quanto à falsidade: pode caracterizar dolo eventual. 
 
Apresentação espontânea X exigência pela autoridade. 
 
Caracteriza o delito tanto a apresentação espontânea quanto a decorrente de exigência pela autoridade STF e STJ. 
 
Encontro casual do documento em poder de alguém: divergência. Entendimento de que não caracteriza o tipo, 
pois o mesmo fala em “fazer uso”. 
 
Concurso com o crime de falsidade – 3 correntes: 
a) o uso absorve o falso (majorado); 
b) concurso de crime; 
c) o falso absorve o uso. 
 
2. Falsa Identidade (artigo 307, CP) 
 
Identidade: conjunto de caracteres da pessoa que permite caracterizá-la. 
 
Atribui-se falsa identidade para não ser preso: constitui o tipo penal. Impossibilidade de alegação do direito de 
não se autoincriminar – STF, repercussão geral, 2011. 
 
3. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (artigo 311, CP) 
 
Número de chassi suprimido: há entendimento que não configura, pois não há adulteração ou remarcação. Mas 
existe entendimento em contrário. 
 
Placas do veículo: caracteriza. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4
 
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Adulteração de placa com fita isolante: por ser grosseira e não permanente há entendimento de que não 
caracteriza. O STJ e o STF já entenderam ser o tipo. 
 
Se praticado por funcionário público na função: aumento de ⅓ sobre a pena. 
 
“Uso de documento falso 
 Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, 
a que se referem os arts. 297 a 302: 
 Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.” 
 
“Falsa identidade 
 Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para 
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano 
a outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não 
constitui elemento de crime mais grave. 
 
 Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, 
caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia 
ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa 
natureza, próprio ou de terceiro: 
 Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não 
constitui elemento de crime mais grave. 
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei 12.550. 
de 2011) 
 
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Redação 
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal 
identificador de veículo automotor, de seu componente ou 
equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)) 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei 
nº 9.426, de 1996) 
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou 
em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei 
nº 9.426, de 1996) 
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui 
para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou 
adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação 
oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12550.htm#art19
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12550.htm#art19
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1

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