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Prática V - Caso Concreto 12

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CASO CONCRETO – AULA 12 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... 
 
Processo nº... 
 
JOSÉ... , já qualificado nos autos da ação popular movida em face 
de PRESIDENTE DO BANCO X e EMPRESA W, por seu advogado que esta 
subscreve, com endereço profissional na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., local 
indicado para receber as devidas intimações nos termos do artigo 106, do Código 
de Processo Civil/2015, vem, inconformado com acórdão de folhas nº..., proferido 
por esse Tribunal de Justiça, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, 
inciso III, alínea ?a?, da Constituição Federal/88 e artigo 1.029 da Lei nº 13.105/15, 
interpor 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
para o Supremo Tribunal Federal, cujas razões seguem em anexo, deixando o 
recorrente de preparar o recurso, considerando que é beneficiário da Gratuidade de 
Justiça, conforme se verifica nos autos à fl. ..., requerendo, seja estendida a 
gratuidade ao presente recurso, haja vista não possuir condições financeiras de 
arcar com o pagamento das custas e dos honorários advocatícios, sem prejuízo do 
próprio sustento e de sua família 
Requer, que se digne Vossa Excelência a determinar a intimação da parte recorrida, 
facultando-lhe a apresentação de contrarrazões no prazo legal, sob pena de 
preclusão, consoante o artigo 1.030 do novo CPC. 
Por fim, requer após as formalidades legais que seja deferido o processamento, 
com consequente remessa do presente recurso ao Supremo Tribunal Federal. 
Termos em que 
pede deferimento. 
 
Local..., data... 
 
Assinatura do Advogado 
OAB/UF 
(PEÇA DE RAZÕES DO RECURSO) 
 
 RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. MINISTRO PRESIDENTE DO STF 
RECORRENTE: José.... 
RECORRIDO: Presidente do Banco x e Empresa W 
AÇÃO: Popular 
JUIZO:... 
 
Egrégio tribunal, 
Nobres julgadores 
 
Não merece prosperar o venerando acórdão que negou provimento ao recurso de 
apelação, uma vez que a decisão viola princípios constitucionais. 
DA TEMPESTIVIDADE 
Facilmente se depreende do quadro abaixo a tempestividade na interposição do 
presente recurso extraordinário, uma vez que foi protocolizado dentro do prazo de 
15 (quinze) dias definido no Código de Processo Civil. 
O acórdão ora guerreado foi publicado no dia ..., tendo, todavia sido opostos pela 
parte autora, ora recorrente, embargos de declaração no dia..., sendo certo que 
o prazo para os embargos expiraria em ..., portanto, tempestivos os embargos. 
Imprescindível trazer à baila a norma contido no artigo 1.026 da Lei 13.105/2015 
(novo CPC), o qual determina expressamente que: ?Os embargos de declaração 
não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de 
recurso. ? 
Assim, considerando a interrupção do prazo mediante a oposição dos embargos de 
declaração, não há dúvidas de que a contagem para o presente recurso teve seu 
início da publicação do acórdão que julgou os embargos de declaração. 
DA REPERCUSSÃO GERAL 
Atendendo aos preceitos legais instituídos pelo artigo 102, § 3º da CRFB/88, o 
recorrente vem demonstrar que a questão discutida nos autos possui repercussão 
geral apta a ensejar admissibilidade do apelo extraordinário por essa Corte. 
No caso em apreço, é nítida a repercussão geral diante do interesse econômico e 
jurídico que ultrapassam questões subjetivas da causa, tendo em vista o prejuízo 
ao erário e a violação à moralidade administrativa, pois a manutenção da lei 1234 
gera violação aos princípios constitucionais e à lei infraconstitucional, atingindo a 
coletividade. 
DO PREQUESTIONAMENTO 
Verifica-se que o venerando acórdão se manifestou expressamente sobre a questão 
constitucional debatida no recurso de apelação, diante do que se conclui que se 
encontra preenchido o requisito legal do prequestionamento. 
 
DO CABIMENTO 
É cabível o presente recurso nos termos da Constituição Federal, artigo 102, III, ?a? 
CRFB /88. Verifica-se que o Egrégio Tribunal de Justiça ao manter em última 
instância a decisão proferida pelo d. magistrado de primeiro grau em descompasso 
com a Constituição, abriu precedente que autoriza a interposição do presente 
Recurso Extraordinário na forma da Lei. No caso em questão é nítida violação aos 
artigos 37 caput, da CRFB/88, bem como ao artigo 22, art. 22, inciso XXVII 
estabelece competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de 
licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de licitação acabou por 
ferir a competência exclusiva da União, com usurpação da competência. 
DO MÉRITO 
Trata- se de ação popular ajuizada por José... em face do Presidente do Banco X e 
da Empesa W perante o Juízo de 1ª instância da capital do Estado Y. 
Com fundamento na recente Lei n. 1.234, do Estado Y, que exclui as entidades de 
direito privado da Administração Pública do dever de licitar, o banco X (empresa 
pública daquele Estado) realizou a contratação direta de uma empresa de 
informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco. O caso veio a 
público após a revelação de que a empresa contratada pertence ao filho do 
presidente do banco e que esta nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor 
pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado, do que vem 
sendo praticado por outras empresas. 
O recorrente pleiteou em primeira instância a declaração de invalidade do ato de 
contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 
1º, parágrafo único da Lei n. 8.666/1993 (norma geral sobre licitação e contratos) e 
a diversos princípios constitucionais. 
A sentença, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado na petição inicial, 
afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, 
pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da 
lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados. 
Pelo, ora recorrente, foi interposto recurso de apelação, ao qual foi negado 
provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. 
Após interpostos os embargos declaratórios que foram rejeitados, o recorrente não 
viu outra saída senão a interposição do presente recurso. 
Diante dos fatos, resta cristalino que o v. acórdão não julgou consoante o 
entendimento dos Tribunais Superiores, pois de acordo com o demonstrado no 
curso da ação, a Lei nº 1234, editada pelo Estado Y viola frontalmente o texto 
constitucional no que se refere aos princípios basilares da administração pública, 
bem como ultrapassou os limites da competência do estado. 
A doutrina esclarece quanto à matéria: 
?...caberá recurso extraordinário contra acórdão que julgar 
válida lei local contestada em face de lei federal. É que, nesse 
caso, a controvérsia que se põe não concerne meramente à 
legislação infraconstitucional. Em verdade, a disputa diz 
respeito à distribuição constitucional de competência para 
legislar: se alei local está sendo contestada em face de lei 
federal, é porque se sustnta que ela tratou de matéria que, por 
determinação constitucional, haveria de ser disciplinada pelo 
legislador federal? (RECURSOS- AÇÕES AUTÔNOMAS DE 
IMPUGNAÇÃO José Miguel Garcia Medina- Tereza Arruda 
Alvim Wambier- editora Revista dos Tribunais-2008- pág.214.) 
É, pois, flagrante a violação ao princípio da legalidade previsto no art. 37, caput, da 
CRF/88, pois a lei 8.666/93, lei de Licitações, é a competente para dispor sobre 
licitação e contratos, bem como suas dispensas no âmbito da administração. 
Foram vilipendiados também os princípios da moralidade e impessoalidade 
constantes do artigo 37, caput da Carta Magna, pois com a contratação da empresa 
W, sem experiência técnica no setor, de propriedade do filho do presidente do 
Banco, com dispensa de licitação tornou evidente a gravidade dos atos praticados. 
Acrescenta- se que o custo do serviço contratado foi bem superior aovalor de 
mercado. 
A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro é majoritária no mesmo 
sentido de condenar violações aos princípios da administração pública: 
0010138-11.2012.8.19.0031 ? APELACAO 
Des. marcia alvarenga - julgamento: 06/08/2014 - decima 
setima camara cível. Apelação cível. ação civil pública. 
improbidade administrativa. hipótese de violação dos 
princípios da economicidade, moralidade e legalidade. 
sobrepreço praticado em licitação. dano ao erário demostrado 
através do relatório do tce/rj que considerou ilegal o contrato 
celebrado entre o apelante na qualidade de prefeito do 
município de maricá e a empresa rsi de maricá comércio de 
produtos alimentícios ltda.constatação do sobrepreço 
praticado em licitação, cujo objeto era a aquisição de gêneros 
alimentícios para o 1º semestre de 2008, em atendimento ao 
programa municipal de ensino incluindo-se jovens e adultos e 
projeto guarda-mirins, para atendimento de 100 dias letivos, 
em que foi verificado, através do voto prolatado no processo 
nº 242.928-0/08, pelo tce/rj, a ocorrência do dano ao erário 
público. recurso de apelação a que se nega provimento. 
 
Ademais, a Lei nº. 1234 ao ser editada contrariou dispositivo constitucional. O art. 
22, inciso XXVII estabelece competência privativa da União para legislar sobre 
normas gerais de licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de 
licitação acabou por ferir a competência exclusiva da União, com usurpação da 
competência. 
Assim, na esteira dos fundamentos acima expostos, aguarda o recorrente o 
provimento do presente recurso, como medida da mais lídima Justiça! 
PEDIDOS 
Diante do exposto requer aos Nobres Julgadores que o presente recurso 
extraordinário seja CONHECIDO e PROVIDO, a fim de que seja reformado o 
Venerando Acórdão no sentido de invalidar o ato de contratação entre os recorridos, 
condenando-os ao pagamento de perdas e danos ao erário, pelos prejuízos 
causados. 
Nestes termos, pede deferimento. 
Local..., data... 
Advogado... 
 OAB/UF n.º...

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